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Autor Tópico: Portugal falido  (Lida 3461182 vezes)

Incognitus

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Re: Portugal falido
« Responder #4360 em: 2013-08-06 02:29:01 »
A concorrência também leva a que se alguém está a tratar algo de forma crónica, um competidor pode obter vantagem em tratar definitivamente.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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hermes

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Re: Portugal falido
« Responder #4361 em: 2013-08-06 08:39:20 »
A concorrência também leva a que se alguém está a tratar algo de forma crónica, um competidor pode obter vantagem em tratar definitivamente.

A palavra chave é a concorrência, ou melhor: a falta de estímulos. Ao fim e ao cabo, a gestão racional é seguir linhas de investigação de cuidados paliativos de doenças crónicas e não linhas que curem essas doenças.

O desenho actual do sistema é tal e qual o dilema do prisioneiro sem prémio, pois a cura de doenças crónicas equivale a não ter uma galinha dos ovos de ouro e sim a comê-la. Pior ainda, os concorrentes poderiam vingar-se e matar-te as outras galinhas dos ovos de ouro.

Corolário: Não vai acontecer.

Agora se o prémio for bom, por exemplo as patentes para a cura de doenças crónicas terem o dobro da duração, aí já é capaz de resultar. Ou seja, o problema é um sistema mal desenhado que não premeia o resultado pretendido.
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kitano

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Re: Portugal falido
« Responder #4362 em: 2013-08-06 10:50:37 »
Caros, infelizmente não tenho muita disponibilidade para discutir o tema...mas deixo só a informação de que os preços dos medicamentos inovadores/novidades, são baseados em ICER/QUALYs.

http://en.wikipedia.org/wiki/Quality-adjusted_life_year

É dessa forma que se avalia a custo-efectividade de uma nova terapêutica.
« Última modificação: 2013-08-06 10:52:17 por kitano »
"Como seria viver a vida que realmente quero?"

Incognitus

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Re: Portugal falido
« Responder #4363 em: 2013-08-06 11:38:51 »
A concorrência também leva a que se alguém está a tratar algo de forma crónica, um competidor pode obter vantagem em tratar definitivamente.

A palavra chave é a concorrência, ou melhor: a falta de estímulos. Ao fim e ao cabo, a gestão racional é seguir linhas de investigação de cuidados paliativos de doenças crónicas e não linhas que curem essas doenças.

O desenho actual do sistema é tal e qual o dilema do prisioneiro sem prémio, pois a cura de doenças crónicas equivale a não ter uma galinha dos ovos de ouro e sim a comê-la. Pior ainda, os concorrentes poderiam vingar-se e matar-te as outras galinhas dos ovos de ouro.

Corolário: Não vai acontecer.

Agora se o prémio for bom, por exemplo as patentes para a cura de doenças crónicas terem o dobro da duração, aí já é capaz de resultar. Ou seja, o problema é um sistema mal desenhado que não premeia o resultado pretendido.

Isso não funciona assim num país como os EUA, porque existem muitas pequenas empresas com apenas uma tentativa de produto - ora, curar uma doença que seja tratada como crónica seria o suficiente para uma dessas empresas fazer uma fortuna.

Não existe qualquer dilema - é um falso problema.
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hermes

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Re: Portugal falido
« Responder #4364 em: 2013-08-06 12:07:00 »
A concorrência também leva a que se alguém está a tratar algo de forma crónica, um competidor pode obter vantagem em tratar definitivamente.

A palavra chave é a concorrência, ou melhor: a falta de estímulos. Ao fim e ao cabo, a gestão racional é seguir linhas de investigação de cuidados paliativos de doenças crónicas e não linhas que curem essas doenças.

O desenho actual do sistema é tal e qual o dilema do prisioneiro sem prémio, pois a cura de doenças crónicas equivale a não ter uma galinha dos ovos de ouro e sim a comê-la. Pior ainda, os concorrentes poderiam vingar-se e matar-te as outras galinhas dos ovos de ouro.

Corolário: Não vai acontecer.

Agora se o prémio for bom, por exemplo as patentes para a cura de doenças crónicas terem o dobro da duração, aí já é capaz de resultar. Ou seja, o problema é um sistema mal desenhado que não premeia o resultado pretendido.

Isso não funciona assim num país como os EUA, porque existem muitas pequenas empresas com apenas uma tentativa de produto - ora, curar uma doença que seja tratada como crónica seria o suficiente para uma dessas empresas fazer uma fortuna.

Não existe qualquer dilema - é um falso problema.

O problema é tão falso quanto o de não se poder fazer omeletes sem ovos [vulgo dinheiro].
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Re: Portugal falido
« Responder #4365 em: 2013-08-06 12:29:02 »
As pequenas não podem ter esse objectivo porque implica avultados investimentos sem retorno durante uma década ou mais. As pequenas dedicam-se a produzir genéricos ou então a fazer pequenas modificações nos já existentes, como por exemplo melhorar a cinética do medicamento ou então tornar as tomas mais confortáveis diminuindo a frequência, passando de doses diárias para semanais, etc.

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Re: Portugal falido
« Responder #4366 em: 2013-08-06 12:30:38 »
As pequenas não podem ter esse objectivo porque implica avultados investimentos sem retorno durante uma década ou mais. As pequenas dedicam-se a produzir genéricos ou então a fazer pequenas modificações nos já existentes, como por exemplo melhorar a cinética do medicamento ou então tornar as tomas mais confortáveis diminuindo a frequência, passando de doses diárias para semanais, etc.

Não convém possuir opiniões que são directamente contraditas pelos factos - uma consulta ao sector biotech cotado mostra-te dezenas, centenas, de pequenas empresas a desenvolver produtos inovadores...
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Re: Portugal falido
« Responder #4367 em: 2013-08-06 12:44:13 »
E esses produtos "inovadores" têm o objectivo da cura?

Incognitus

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Re: Portugal falido
« Responder #4368 em: 2013-08-06 12:46:47 »
E esses produtos "inovadores" têm o objectivo da cura?

Todos os medicamentos visam criar uma situação melhor do que a que existe sem o medicamento, e são testados para esse fim. Não existe necessariamente a hipótese de eliminar as causas de algo, é uma questão em certa medida absurda.

Trata-se o que se consegue tratar, não o ideal, face a determinada situação. Não existe uma opção consciente para "tratar pior" ou "tratar de forma crónica". Qualquer pequena empresa, no mínimo, tentará obter o melhor tratamento possível - e não um sub-óptimo. Até porque mesmo o "melhor possível" pode não passar nos testes.
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Re: Portugal falido
« Responder #4369 em: 2013-08-06 12:50:23 »
Nota que existem instâncias daquilo que dizes (tratamentos de forma crónica em algo que se veio a provar ser tratável de forma definitiva). Mas isso são excepções, são raridades. Não são uma regra.

A diversidade de comportamentos humanos faz com que consigas encontrar exemplos de quase tudo, mas não é boa ideia estar a confinar todo esse comportamento apenas porque descobriste um exemplo de um comportamento desagradável.
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vbm

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Re: Portugal falido
« Responder #4370 em: 2013-08-06 13:48:35 »
[ ] As melhores universidades do mundo [ ] não são pertença de clubes privados ou empresas. Na sua fundação constitucional têm como lema apenas o servir a sociedade e torná-la melhor e mais justa. [ ] recebem grandes donativos da sociedade, e são instituições milenares. [ ] Conhecem alguma empresa milenar?

:))

Se apodarmos de "empresas" os cobradores de impostos e as igrejas, há-as milenares! :) Produtoras de bens e serviços, há-as seculares. Os correios, os caminhos de ferro, e cá no burgo, as criadas pelo Marquês de Pombal.

Lembro-me de uma observação curiosa, dos idos de 70, proferida por um director de banco comercial, que a um pedido de financiamento a um fabrico de wagons para a CP, declarou que sim — o que me surpreendeu um bocado, pois a única garantia era um contrato-promessa de compra de um equipamento por fabricar —; explicou-me: «Sabe, o negócio é seguro, porque a CP já cá estava há 100 anos, e daqui a 100 anos, ainda cá está. Não há perigo de fugir para o Brasil!»
« Última modificação: 2013-08-06 13:50:27 por vbm »

hermes

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Re: Portugal falido
« Responder #4371 em: 2013-08-08 09:17:44 »
Nota que existem instâncias daquilo que dizes (tratamentos de forma crónica em algo que se veio a provar ser tratável de forma definitiva). Mas isso são excepções, são raridades. Não são uma regra.

A diversidade de comportamentos humanos faz com que consigas encontrar exemplos de quase tudo, mas não é boa ideia estar a confinar todo esse comportamento apenas porque descobriste um exemplo de um comportamento desagradável.

À primeira vista parece ser um argumento sensato. O problema emerge quando se constata que essa diversidade de comportamentos humanos não é de um indivíduo, mas sim de uma indústria inteira, como por exemplo o tratamento de úlceras gástricas ainda à 20 anos com paliativos, quando afinal estas eram provocadas pela bactéria Helicobacter pylori e que por isso bastava administrar antibióticos para curá-las, como se faz actualmente.
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Incognitus

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Re: Portugal falido
« Responder #4372 em: 2013-08-08 11:12:11 »
O tratamento de ulceras gástricas é um desses exemplos raros. Agora dá mais 20 exemplos, já que existem milhares de medicamentos ...
« Última modificação: 2013-08-08 11:12:33 por Incognitus »
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kitano

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Re: Portugal falido
« Responder #4373 em: 2013-08-08 11:22:19 »
O tratamento das ulceras mostra que a descoberta do tratamento é favorecida face aos paliativos.
"Como seria viver a vida que realmente quero?"

Automek

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Re: Portugal falido
« Responder #4374 em: 2013-08-08 12:11:27 »
À primeira vista parece ser um argumento sensato. O problema emerge quando se constata que essa diversidade de comportamentos humanos não é de um indivíduo, mas sim de uma indústria inteira, como por exemplo o tratamento de úlceras gástricas ainda à 20 anos com paliativos, quando afinal estas eram provocadas pela bactéria Helicobacter pylori e que por isso bastava administrar antibióticos para curá-las, como se faz actualmente.
Hermes, o teu post tem implícito que há 20 anos se conhecia a cura e esta não se aplicou intencionalmente. Existem evidências disso ?

hermes

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Re: Portugal falido
« Responder #4375 em: 2013-08-08 14:27:18 »
O tratamento de ulceras gástricas é um desses exemplos raros. Agora dá mais 20 exemplos, já que existem milhares de medicamentos ...

Acabo de me dar conta que desde Dezembro de 2007 deve ser mais difícil encontrar exemplos, pois entrou em vigor nova legislação sobre segundas aplicações médicas de medicamentos [cf. Patents Act 1977: Second medical use claims] que permite a extensão de 5 anos para patentes em vigor [cf. Pharmaceutical Patenting], desde que sejam submetidas segundas aplicações médicas do medicamento simples ou em combinação com outros antes da patente expirar.

Como os últimos anos das patentes farmaceuticas são os mais vailosos, esta medida acaba por ter os efeitos práticos da medida que estava a defender [pelo menos nos casos em que para a segunda aplicação clínica só sobre a cura de uma doença crónica], além de ter a vantagem de agitar as águas no que concerne a melhores tratamentos de outras doenças [crónicas].

Hermes, o teu post tem implícito que há 20 anos se conhecia a cura e esta não se aplicou intencionalmente. Existem evidências disso ?

Já conheço esse caso há muito tempo, mas não sei mais detalhes sobre ele. Tal não obsta que não saiba a actitude racional [em termos económicos] que uma farmaceutica deve tomar [no que concerne à divulgação, caso tivesse descoberto] perante a seguinte escolha: uma semana de antibióticos [provavelmente já sem patentes] ou uma vida inteira de antiácidos e medicamentos para os nervos [provavelmente ainda protegidos por patentes].
« Última modificação: 2013-08-08 14:37:22 por hermes »
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cp

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Re: Portugal falido
« Responder #4376 em: 2013-08-08 15:11:50 »
Num país completamente FALIDO, gastar rodos de dinheiro em campanhas eleitorais é no mínimo apelar à população ao NÃO VOTO.

Acabei de passar por um carro de 2013/06 com campanha alusiva ao PSD, com o nome do candidato ao município em questão! Quem paga este esbanjar de dinheiro???

Caso a via de financiamento seja o Orçamento de Estado, ou por outra via de dinheiros públicos, em que de momento os juros são pagos a peso de ouro, se é mesmo assim, este pessoal que anda a utilizar o dinheiro público desta forma merece no mínimo porrada....

Fiz uma pesquisa no site ISP por matrícula, e a viatura em questão nem sequer tem seguro! BRUTAL, só neste país!
« Última modificação: 2013-08-08 15:31:16 por cp »
http://multigestao.com

"Concentre-se nos pontos fortes, reconheça as fraquezas, agarre as oportunidades e proteja-se contra as ameaças."  (Sun Tzu, 500 a.C.).

hermes

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Re: Portugal falido
« Responder #4377 em: 2013-08-08 16:42:05 »
São os custos da democracia. Porém, duvido que fique mais barato quando são alguns privados a pagar...
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Tranquilo

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Re: Portugal falido
« Responder #4378 em: 2013-08-08 16:58:57 »

cuidado, pode haver um seguro de frota por detrás...
A Bolsa ou a Vida !? A Vida porque a Bolsa faz-me falta...

Luisa Fernandes

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Re: Portugal falido
« Responder #4379 em: 2013-08-08 18:22:41 »
INE
Portugal só conseguiu criar emprego mal remunerados, nos salários abaixo do nível de pobreza, abaixo dos 310 euros.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), a destruição de postos de trabalho por conta de outrem entre o segundo trimestre de 2012 e igual período deste ano foi de 4% (ou menos 146 mil empregos em termos líquidos). Todos os escalões de rendimento contribuíram para a descida exceto o dos salários líquidos inferiores a 310 euros, o qual registou um aumento de 5,2% (mais oito mil casos).


Empreendedor
Tenho 50 empregados e piam todos fininho. Sabem que para manter o posto de trabalho têm que calar a boca e receber aquilo que posso pagar. Horas extra não há, trabalham até ser preciso. Gravidez e trabalhadores-estudantes não pode ser, logo quando são admitidos ficam avisados disso. Assim é que se avança e se tira Portugal da crise.
« Última modificação: 2013-08-08 18:25:07 por Luisa Fernandes »
Quem não Offshora não mama...