Concentrados na defesa mas com pouca imaginação no ataque
A selecção joga um pouco à imagem do que era o Paulo Bento como jogador. Ele era um médio centro defensivo. Jogava concentrado na defesa e sem imaginação no ataque. E, como treinador, limita-se a escolher os jogadores e a organizar a equipa defensivamente. Não há imaginação no ataque, não há jogadas estudadas, não há lances de bola parada (cantos ou livres indirectos) estudados.
Jogamos um futebol previsível que depende da inspiração dos nossos jogadores do ataque.
Quando as jogadas diferentes surgiram, a selecção criou perigo. O Miguel Veloso deslocou-se para uma zona não habitual, próximo da linha lateral, centrou a bola, e o Ronaldo apareceu no centro da área (zona não habitual) e marcou golo.
Pouco tempo depois, o Hugo Almeida deslocou-se próximo da linha lateral (zona não habitual), centrou a bola e o Ronaldo apareceu novamente no centro da área e atirou de cabeça à trave.
São estas movimentações diferentes que a selecção devia fazer mais vezes.
O Hugo Almeida entrou na segunda parte mas esteve nos dois lances de maior perigo do jogo.
Foi o Hugo Almeida que passou a bola para o Miguel Veloso antes de ele fazer o centro para a cabeça do Ronaldo que deu golo, e foi ele que centrou a bola que o Ronaldo atirou de cabeça à trave.
O Hugo Almeida movimenta-se de forma diferente do Postiga, desloca-se mais para a esquerda e, com isso, o Ronaldo aparece mais no centro da área, o que confunde os defesas centrais adversários, e o Ronaldo cria oportunidades de golo na área. Este não é um movimento trabalhado pelo Paulo Bento, mas sim um movimento que vem do tempo do Carlos Queiroz. O Ronaldo antes dizia ao Carlos Queiroz que assim não dava, não gostava de jogar no centro da área, mas o tempo demonstrou que o Carlos Queiroz tinha razão.
O Ronaldo dentro da área é um perigo para as defesas adversárias.
O Miguel Veloso tem um pé esquerdo muito bom, coloca muito bem as bolas, é um dom que ele tem, mas só me lembro de o ver centrar uma vez a bola em todo o jogo e, por acaso, foi golo.
Se ele tem um bom pé esquerdo porque é que os movimentos de ele se aproximar mais da linha lateral para centrar não surgem mais vezes?! É como ter uma vantagem e raramente a usarmos.
Os centrais (Pepe e Bruno Alves) fizeram um grande jogo. Marcaram muito bem o Ibrahimovic. E quando o Ibrahimovic descia mais no terreno até à linha do meio campo para fugir da marcação, o Miguel Veloso ia sempre com ele. O Ibrahimovic foi marcado durante o jogo todo e não criou perigo. Estes movimentos da defesa foram muito bem trabalhados pelo Paulo Bento, mas faltou trabalhar os lances de ataque.
Foi um futebol muito previsível no ataque.
Ganhamos 1-0. Marcar só um golo foi pouco. Mas foi muito melhor do que os franceses fizeram, que perderam por dois golos fora de casa. Se os franceses não forem ao Brasil é quase certo que o Ronaldo será o melhor do mundo este ano. E o nosso golo vale por dois porque eles não marcaram nenhum.
No próximo jogo, eles vão atacar mais, e vai ser um pouco mais difícil defender. Mas como eles vão atacar mais, vai ser mais fácil marcarmos golos, o que quer dizer que podemos marcar um golo. E se marcarmos um golo, se eles marcarem 2 golos, nós somos apurados. Se marcarmos, eles têm de marcar 3 para nos eliminar, o que é muito difícil se jogarmos como jogamos neste jogo, concentrados na defesa.
Continuo a achar que vamos estar no Brasil.