Durante o período Napoleónico e no seguimento das ideias científica da revolução foi decidido elaborar tabelas matemáticas com extensão e precisão inauditas até à época.
Quem ficou encarregado disso foi o engenheiro ou matemático G. Prony. Aconteceu que o Prony na fase inicial descobriu numa livraria de Paris o livro do Adam Smith "A riqueza das Nações" e ficou fascinado com a eficiência que pode resultar da divisão do trabalho. Inspirado por esse capítulo concebeu uma organização baseada em 3 níveis:
No primeiro nível 3-4 matemáticos de topo que definiam as tabelas e apresentavam as fórmulas que permitiam obter os valores
No segundo nível meia dúzia - uma dezena de matemáticos de nível intermédio que convertiam as fórmulas numa sequência de somas.
Finamente no 3º nível havia as pessoas que calculavam as somas, e para a tarefa em questão apenas precisavam dessa competência.
Essa divisão do trabalho efectuada por Prony levou Babbage a propor a primeira arquitectura daquilo que se pode chamar um computador para substituir as pessoas do terceiro nível. Isso não aconteceu logo no tempo do Babbage mas por volta de 1950-60 os computadores da época já permitiam libertar os humanos das tarefas de 3º nível.
Hoje em dia com a IA ou ChatGPT há a possibilidade de na matemátiva ir muito para além do cálculo numérico bem como de em programação escrever código que resolva uma tarefa especificada. Se há a possibilidade de se livrar da tarefa de escrever código, mais uma vez os humanos poderão se concentrar nas tarefas de nível superior ou seja elaborar as especificações
e se for coisa de grande complexidade particionar o problem em sub-tarefas até chegar a um nível em que haja uma aplicação que seja capaz de lhe fornercer um código que execute essa tarefa ou sub-tarefa.
No ensino penso que pelo menos no curto prazo o ChatGPT até pode ser benéfico. Permite fazer pesquisas de informação e portanto vai inviabilizar avaliações baseadas no decoranço, permite resolver problemas de física, química ou matemática do nível do ensino secundário ou mesmo alguns do superior e portanto vai inviabilizar um ensino baseado na exposição de métodos bem definidos e avaliação baseada na destreza na ultilização desses métodos. Agora onde o ChatGPT não é muito bom é a responder a porquês. O método de ensino e avaliação terá de se basear nisso ou seja alcançar aquilo que os grandes pedagogos sempre preconizarem que é o desenvolvimento do espírito crítico.
A longo prazo claro que IA pode ser terrível. Se pensarmos em máquinas que se auto-replicam podemos ter uma explosão de inteligência e os humanos relegados à casta mais baixa dos seres pensantes