caracterizado pelo mais baixo nível educativo da Europa, esse «défice democrático» de que Portugal sofre gravemente tem sido uma, entre muitas, das sequelas do conluio constitucional entre os dois partidos de governo – até agora o PS e o PSD, amanhã se calhar o PS sozinho
chamada democracia portuguesa não é mais que o banal resultado do golpe militar acabar a guerra colonial. Esse golpe foi, aliás, combinado secretamente com as potências estrangeiras e com as magras oposições liberais da altura, mantendo deliberadamente sob interdito decisões da maior importância para o país cujo acesso foi e continua a ser proibido à generalidade dos eleitores!
É falso, portanto, que Portugal tenha sido libertado do chamado fascismo por uma qualquer «revolução política» destinada a repor mais do que o liberalismo da República velha então de quase 70 anos. Quanto ao regime parlamentar demo-liberal que se seguiu ao golpe militar, não é mais do que a restauração do regime republicano em condições nacionais e internacionais reconhecidamente melhoradas pelo tempo. Nada menos mas também
nada mais.
Por seu turno, o PCP cumpriu a triste missão ditada pela URSS de entregar as colónias africanas ao domínio soviético. Na ordem civil, o PS tinha sido fundado no exterior poucos meses antes do golpe, não por acaso na Alemanha, enquanto o PPD era criado a partir da «Ala Liberal» e o CDS foi repescado com a bênção da Igreja entre os «marcelistas católicos» recentemente excluídos da representação parlamentar…