Não vai haver segunda vaga grande, creio. Vai haver uma série de vagas pequenas, diferentes de país para país, mas que não vão chegar à desgraça da primeira vaga.
Digo isto por várias razões.
Primeiro, há a tal "matéria escura":
- pessoas que têm resistência genética ao vírus
- pessoas que têm anticorpos úteis por terem recebido certas vacinas como a BCG ou da gripe
- pessoas que têm anticorpos úteis por terem apanhado muitas constipações
- pessoas que pelos seus comportamentos, estão pouco expostas
Segundo, os modelos que diziam que era precisa 60% de infectados para a imunidade de grupo são errados. É muito menos que isso.
Terceiro, o uso de máscaras em grande escala é uma vantagem decisiva. Foi estúpido a OMS não as recomendar desde o início. O uso de máscaras desde o início pode simplesmente ser o segredo dos sucessos dos países asiáticos em Março.
Quarto, as regras de distanciamento, que se vão manter muito depois dos lockdowns, nos restaurantes nas lojas, nos ajuntamentos. Essas regras já foram interiorizadas pela população, a maioria das pessoas vai segui-las naturalmente, mesmo que não haja leis a impor. Como exemplo, quando eu vou a andar na rua e passo por um grupo de tipos sem máscara e a falarem muito alto, ou me desvio alguns metros, ou sustenho a respiração enquanto passo por eles. Há muita gente a fazer coisas destas.
Notar que os restaurantes e cafés abriram há 1 mês e meio, a maioria das lojas também, e não há quase nenhuns novos casos em Portugal adquiridos por essa via. O foco na região de Lisboa está associado a trabalhadores que não estão a cumprir as regras, como os das obras que andam de carrinha e sem máscara.