Porque os suíços gostam tanto de se exilar na França
A Alemanha também é próxima geográfica e culturalmente da Suíça. No entanto, ela tem duas vezes menos suíços em seu solo
Muitos são descendentes de comerciantes suíços que vieram se instalar em Lyon. No século 16, a cidade se tornou, como na época romana, um dos grandes centros do mundo e atraia negociantes de toda a Europa. Atualmente, a regional é de indústria química e farmacêutica de ponta, atraindo um grande número de especialistas suíços. Nas estatísticas, acrescenta-se também milhares de suíços que vieram morar na França vizinha porque as casas e apartamentos são mais baratos mas que continuam a trabalhar do outro lado da fronteira.
Mas outros tipos de migrações menos conhecidas vão se enraizar na França: durante a guerra dos Cem Anos (1337-1453), suíços partiram colonizar as regiões norte e leste da França atingidas pelas destruições e o êxodo demográfico. A mesma coisa se repetiu durante a guerra de Trinta Anos (1618-1648) : são então os suíços-alemães que não tem acesso à terra na Suíça que vão se instalar massivamente do outro lado do Reno
o primeiro século antes de Cristo! Considerando que a Suíça era muito pequena para eles, uma centena de milhares de helvéticos desembarcaram na planície do Ródano. Julio César foi forçado a intervir: é começo da guerra dos Gaules. Certas imagens da imigração suíça posteriormente marcaram os espíritos, especialmente as dos temidos mercenários que se tornaram Guardas suíços a serviço dos reis da Franç
Isso está ligado à tradição migratória entre a Suíça e a França, que remonta praticamente à Antiguidade. Ao longo de séculos, as famílias traziam seus parentes, formando uma verdadeira cadeia migratória entre os dois países.
É preciso lembrar que a fronteira, tão importante atualmente, é uma construção política relativamente nova. Antes de 1914, o passaporte não existia. A fronteira era muito permeável e a circulação entre a Suíça-francesa e a França era muito importante. Vendedores, artesões e comerciantes foram, desde o século 14 numerosos a viajar e se instalar do outro lado da fronteira.
Uma malha comunitária muito forte se instala a partir do século 19. As elites suíças que moram em Paris exercem m um controle sobre a população suíça com o objetivo de preservar sua boa reputação. Surgem cervejarias, corais, clubes de ginástica ou ainda jornais. Uma política de retorno incita os elementos mais incômodos e voltarem para o país.
Esses laços comunitários ainda são muito fortes hoje. A Revista dos Suíços do Estrangeiro é muito lida na França, muitas associações helvéticas continuam a existir. Essa necessidade de conservar laços com o país de origem manifesta-se sobretudo entre os binacionais que não têm mais vínculos fortes a Suíça
Toda essa história migratória ainda é relativamente desconhecida, mas um capítulo particular continua ignorado, o das jovens mães que, no século 19, partiram para dar à luz em Paris para evitar zombarias e a exclusão em suas comunidades de origem. Esse é um exemplo de migração único na Europa. Nem as italianas e as alemãs fizeram isso.
perfil das pessoas que migram por razões profissionais evidentemente mudou. Não são mais os artesãos que partem, mas pessoas que pretendem ocupar cargos de alta responsabilidade, em setores de alta tecnologia por exemplo. Encontramos também entre os novos migrantes jovens aposentados que pretendem ter uma vida mais agradável na França. A semelhança com as vagas migratórias do passado são as numerosas idas e vindas entre os dois países.