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Autor Tópico: O Cantinho do Paulo Rosa  (Lida 1204 vezes)

Counter Retail Trader

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O Cantinho do Paulo Rosa
« em: 2018-01-12 21:59:45 »
Por vezes damos demasiada atenção a quem não merece , e deveriamos por vezes dar mais valor ao que tem mais qualidade.
Fiz aqui o cantinho do Paulo Rosa (sem interesse meu , apenas didatico)  , que pode ser util a todos , visto que por vezes tem textos mais avançados e outros mais acessiveis.

Paulo Rosa, Semanário "Vida Económica", 12 de janeiro 2018

A MORTE DA FAMOSA CURVA DE PHILLIPS


A famosa curva de Phillips, teoria desenvolvida pelo economista neozelandês William Phillips há 60 anos, relaciona a descida da taxa de desemprego com a subida da taxa de inflação de preços no consumidor e vice-versa. Essa teoria explica a correlação negativa entre as duas variáveis macroeconómicas. O curioso é que esta relação não se tem verificado nos últimos oito anos, nomeadamente na economia norte-americana. A taxa de desemprego desceu dos 10% em 2010 para 4.1% e a taxa de inflação manteve-se baixa. Na economia alemã também temos observado uma descida significativa da taxa de desemprego a par de uma baixa taxa de inflação.

Na década de 70, essa teoria deixou de ser verificada empiricamente, principalmente devido ao choque petrolífero, quando assistimos a altas taxas de inflação e de desemprego. Os economistas norte-americanos Milton Friedman e Edmund Phelps chegaram à conclusão que determinante é a variação da inflação e não a taxa, depois de terem em conta o método das expectativas adaptativas para a inflação. No longo prazo a inflação observada será igual à esperada, e não se verificará nenhuma relação inversa entre a inflação e o desemprego.

Os países desenvolvidos são pautados por baixas taxas de inflação e de desemprego. Mais produção é sinónimo de descida de preços, logo uma descida da taxa de desemprego é sinónimo de uma descida da inflação de preços no consumidor e vice-versa. A Suíça, o Japão, a Alemanha, os EUA, entre outros países desenvolvidos, têm taxas de desemprego baixas. Estão praticamente em pleno emprego e a inflação é também baixa. Já em países subdesenvolvidos, muitas vezes devido à política dos governos - como a Venezuela e outros países da América Latina e do continente africano - observamos taxas de desemprego elevadas e taxas de inflação também bastante altas. Sem produção, a taxa de desemprego é elevada e como não existe nada para comprar, os preços dos bens e serviços sobem.

Perante a inversão da curva de Phillips, com taxas de desemprego e de inflação baixas, temos assistido a máximos históricos diariamente, nos últimos meses, em várias das principais bolsas mundiais, desde a principal bolsa de ações germânica (Frankfurt) aos máximos históricos diários dos índices norte-americanos, S&P500, Nasdaq100 e Dow Jones 30.

No curto prazo haverá alguma relação negativa entre estas variáveis macroeconómicas. Mas no longo prazo a taxa de inflação não influencia o nível de emprego. No muito longo prazo quase que poderemos afirmar que as economias com baixas taxas de desemprego, ou seja as economias mais desenvolvidas do mundo, estão associadas a baixas taxas de inflação, e por arrasto a baixas taxas de juro também, logo a curva de Phillips não fará qualquer sentido.

vbm

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Re: O Cantinho do Paulo Rosa
« Responder #1 em: 2018-01-12 22:11:40 »
Eu imagino que, com o aumento da produtividade do trabalho,
o número de dependentes por cada trabalhador no activo
irá aumentar substancialmente, sem que possa
propriamente chamar-se  desemprego
a muitos desses conjuntos
de, - como chamar-lhes? -,

familiares?
assistentes?
secretários?
domésticos?
colaboradores?
artistas?

you name it

Counter Retail Trader

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Re: O Cantinho do Paulo Rosa
« Responder #2 em: 2018-02-09 15:21:19 »

"As quedas atraem quedas: seja pelo nível de preços, seja pela elevada volatilidade [muito sobe e desce de valor], há vendas automáticas, isto é vendas de fundos que têm determinados critérios, a partir dos quais têm mesmo que vender, o que vem amplificar a queda e a volatilidade”, esclarece de Paulo Rosa, negociador sénior e economista do Banco Carregosa.

Numa semana o Dow Jones, o principal índice norte-americano, perdeu 8,5% e esta quinta-feira voltou a descer 4,15%. Por arrasto, o principal índice chinês, o Shanghai Compósito, desvalorizou 4,05% e o Nikkei225 2,3%. Contas feitas uma queda semanal de 12% e 8%, respectivamente.

Esta queda é um forte sinal de alerta para os investidores. A subida nos últimos meses, nomeadamente nas bolsas dos EUA, tinha sido exponencial com máximos históricos consecutivos, e a par das várias bolhas maduras que existem nos mercados, desde o acionista ao imobiliário, as correções eram inevitáveis”, diz Paulo Rosa.

Acrescentado que “esta correção é um aviso para fortes ajustamentos bolsistas que mais cedo ou mais tarde irão surgir.”

Não há nada que possa alimentar os mercados acionistas nos próximos tempos, a não ser fortes ajustamentos para permitirem novas entradas bastante mais abaixo espelhadas num equilíbrio entre o valor de uma empresa e a sua cotação”, diz o economista.

No sell-off da passada segunda-feira grande parte dos investidores que saiu das ações e refugiou-se nas obrigações do tesouro norte-americano, num “flight to quality”, com a dívida pública a servir de alternativa o que está espelhado na queda das yields da treasuries a 10 anos de 2,84% para 2,70%. No sell-off de ontem, quinta-feira, já não verificou essa estratégia e a palavra chave foi a preferência por liquidez”, conclui o especialista.

Elder

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Re: O Cantinho do Paulo Rosa
« Responder #3 em: 2018-02-09 15:50:17 »
Quanto mais volatilidade, mais as máquinas dos parity funds têm de vender ações no mercado (e eles têm 100 bn USD de ativos).

Hoje ainda pensei que esperassem pelo fecho da europa para rebentarem, mas nem isso conseguiram aguentar!  :o

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Re: O Cantinho do Paulo Rosa
« Responder #4 em: 2018-02-10 00:00:57 »
Paulo Rosa, In Jornal "Vida Económica", 9 de fevereiro 2018

REPENSAR OS MERCADOS PERANTE UM "BULL MARKET" DURADOURO

Após subidas muito rápidas e exponenciais, como foram as do início do ano 2017, um verdadeiro "efeito janeiro", os mercados registaram nos últimos dias fortes quedas que já não se observavam há bastante tempo. Para já, o "bull market" continua, apesar de muitos sinais de exaustão. As subidas das bolsas norte-americanas têm sido exponenciais nos últimos meses, algo que é insustentável no médio/longo prazo. A subida das rentabilidades das obrigações do Tesouro — as "bunds" alemãs e das "Treasuries" norte-americanas a 10 anos - devido ao receio de um aumento da inflação e subida das taxas de juro, acabou por ser uma justificação, ou mesmo um pretexto, para uma correção há muito aguardada...

O "bull market" permanece, apesar de o sentimento do mercado ser negativo no início de fevereiro, algo que não se verificava desde junho de 2016. No entanto, as bolhas (os preços dos ativos bastante acima do seu valor real) vão-se agudizando em vários mercados, desde o acionista ao obrigacionista, passando pelo imobiliário e dívidas soberanas. A política orçamental expansionista dos EUA forneceu o "combustível" necessário para a manutenção deste longo "bull market". No final do milénio passado assistimos a um "bull market" de 8 anos, o que levou muitos investidores e analistas a garantir que os ciclos económicos tinham acabado e que não haveria lugar a recessões e correções nas bolsas. O mesmo acontece hoje em dia. Mas as contas públicas norte-americanas voltam a estar desequilibradas, com o agravamento do défice orçamental.

Os balanços dos principais bancos centrais precisam, mais cedo ou mais tarde, de um saneamento, depois de acumularem ativos, alguns com uma solvabilidade creditícia algo duvidosa, durante vários anos, com os programas de compras de ativos, designadamente através dos "Quantitative Easings". O Dow Jones desceu quase 2,6% a 2 de fevereiro, a maior queda desde junho de 2016. Na segunda-feira, 5 de fevereiro, perdeu 4,6%, depois de ter estado a cair 6,3%, a maior queda desde agosto de 2011. A volatilidade medida pelo índice norte-americano VIX atingiu os 50 pontos nesse mesmo dia, algo que não acontecia desde agosto de 2015. Mas uma andorinha não faz a primavera, e serão precisas mais quedas significativas para validar uma mudança de tendência, e dar início a um "bear market" nas principais bolsas mundiais.

Este pode ser o primeiro sinal de exaustão do mercado nos últimos dois anos, desde a queda das bolsas chinesas, e os investidores não devem ficar alheios a estes sinais de alerta para não serem apanhados no meio de uma verdadeira e forte correção dos mercados e inversão de tendência para negativa, que irá acontecer mais cedo ou mais tarde. O PSI-20 perdeu mais de 9% desde as últimas sessões de janeiro, algo que não acontecia desde o dia da votação do "Brexit-, em junho de 2016, anulando todos os ganhos do primeiro mês do ano. Até 6 de fevereiro, o BCP caiu cerca de 16%, depois de seis sessões consecutivas a perder, numa tomada de mais-valias por parte dos investidores após um fulgurante início do ano com ganhos de mais de 20%. O maior banco privado português há um ano que não registava uma queda tão rápida e desta dimensão.

Na passada segunda-feira, já apelidada de negra, assistimos a um significativo "sell-off" nas praças norte-americanas, que se repercutiu nas restantes principais praças mundiais. Bastaram algumas palavras como "panic sell", "sell-off", "stop loss" nas notícias para os algoritmos dispararem as vendas e amplificarem a queda. Contas suportadas por crédito foram obrigadas a vender e as ordens de "stop loss" foram ativadas.

vbm

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Re: O Cantinho do Paulo Rosa
« Responder #5 em: 2018-02-10 09:34:36 »
Não sei se os algoritmos não estão já calculados para o que
o neo-liberal diz andarem os mercados já a fazer
antes da confirmação da queda firme
num chão sustentável:

engonhar, engonhar...

vbm

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Re: O Cantinho do Paulo Rosa
« Responder #6 em: 2018-02-10 13:09:34 »
<Bastaram algumas palavras como "panic sell", "sell-off", "stop loss" nas notícias
para os algoritmos dispararem as vendas e amplificarem a queda.>

________________________________________________________________________

Será? Não haverá uma programação suavizante de engonhar!?

Counter Retail Trader

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Re: O Cantinho do Paulo Rosa
« Responder #7 em: 2018-03-10 10:58:48 »
Paulo Rosa, Jornal Semanário "Vida Económica", 9 março 2018

ADAM SMITH BEM AVISOU QUE NAS GUERRAS COMERCIAIS NÃO HÁ VENCEDORES

Os mercados acionistas mundiais, incluindo os norte-americanos, reagiram negativamente às restrições de importação anunciadas pela administração de Donald Trump, que irão criar uma tarifa alfandegária de 25% sobre o aço e outra de 10% na importação de alumínio. Estas medidas podem causar danos não só fora dos EUA, mas também na própria economia norte-americana, nomeadamente nos setores automóvel e construção civil que utilizam o alumínio e aço como matéria-prima essencial. Apenas 200 mil americanos trabalham no setor do aço, alumínio e ferro.

Bruxelas lamentou as medidas protecionistas e prometeu “reagir com firmeza”, segundo palavras do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Mas se a União Europeia (UE) quiser aumentar as tarifas e barreiras alfandegárias aos produtos norte-americanos, os EUA podem retaliar com um imposto sobre os carros europeus. Atualmente, os EUA impõem uma tarifa de 2,5% sobre as importações de automóveis da UE. A UE impõe uma tarifa de 10% sobre as importações de automóveis dos EUA. A Alemanha exporta anualmente 25 mil milhões de dólares em automóveis, nomeadamente das marcas Mercedes, BMW e Porsche muito apreciadas pelos norte-americanos.

No entanto, entre as grandes economias do mundo, a dos EUA é das menos protecionistas, e esse facto está bem refletido no enorme défice comercial à volta dos 3.5%, cerca de 40 mil milhões de dólares mensais. Os EUA são muito mais abertos que a Europa, o Japão e especialmente a China. E parece um pouco hipócrita para os EUA que as nações mais protecionistas se queixem das ações de uma nação menos protecionista.

Os EUA consomem grande parte dos produtos fabricados no mundo que são pagos com dólares, grosso modo a “maior exportação” dos EUA. Para colmatar o défice comercial os EUA têm um eficiente mercado financeiro que equilibra a balança de pagamentos através da emissão de dívida pública que, no entanto, não para de crescer e em 2017 fixou-se nos 105% do PIB, valores só verificados no pós-II Grande Guerra. Em 2008 era de 67%, em 1980 de 35%.

A China tem metade da capacidade de produção mundial de aço, grande parte da qual é excessiva e desnecessária, devido aos estímulos estatais de 2008 que reforçaram a sua capacidade industrial. Esta capacidade excedentária chinesa culminou com exportação de aço para o resto do mundo a preços muito baixos, no que alguns consideraram “dumping”. Além disso, tanto os EUA como a UE partilham a ideia de que a China ainda não é uma economia baseada no mercado, devido aos amplos e persistentes subsídios governamentais, explícitos e implícitos, e outras formas de apoio do setor público que se traduzem em produtos chineses com uma competitividade falseada.

Mas a UE e, em parte, os EUA não são uma economia aberta, e o livre mercado não existe em nenhuma parte do mundo. A Europa já impôs dezenas de medidas “anti-dumping” contra as exportações chinesas de aço. Qual é, então, a diferença substancial entre as medidas da UE e as atuais tomadas pela Administração dos EUA, que a Europa diz que vai retaliar? Se a UE fosse tão aberta, por que é tão complexo o Brexit e a incapacidade do Reino Unido para voltar a ter acesso ao mercado europeu? A Noruega e a Suíça pagam uma fortuna e têm de cumprir mais de uma centena de diretivas europeias para poderem ter acesso ao mercado único.

A globalização além de ter dado oportunidade a muitos países de saírem da pobreza, tal como referia Adam Smith, com as vantagens absolutas ao nível do comércio, e mais tarde David Ricardo, com as vantagens comparadas, permite que muitos países, mesmo que não sejam competitivos na produção de nenhum bem, continuem a especializar-se em produzir aquilo que fazem de melhor. É uma mais-valia preciosa para o bem-estar mundial que políticas protecionistas não devem por em causa. A economia portuguesa, como é uma das mais abertas, será também das mais penalizadas com um aumento do protecionismo.

D. Antunes

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Re: O Cantinho do Paulo Rosa
« Responder #8 em: 2018-03-11 23:29:20 »
Eu sou tendencialmente a favor do livre comércio. Contudo, parece-me evidente que alguns países (como a China) ganham mais com o comércio livre do que os EUA e a Europa. O que significa que são possíveis acordos que distribuam os benefícios de modo mais equitativo.
“Price is what you pay. Value is what you get.”
“In the short run the market is a voting machine. In the long run, it’s a weighting machine."
Warren Buffett

“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."
René Descartes

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Re: O Cantinho do Paulo Rosa
« Responder #9 em: 2018-12-21 14:59:55 »
Paulo Rosa, Semanário "Vida Económica", 21 dezembro 2018

SEI O QUE MARIO DRAGHI QUER NO PRÓXIMO VERÃO...

Na ultima reunião do Banco Central Europeu (BCE), a 13 de dezembro, Mário Draghi confirmou o fim do programa de compras no final do ano, apesar de ter baixado as previsões para a taxa de inflação do próximo ano, em 0.1 pontos percentuais, de 1,7% para 1,6%. A estabilidade de preços - ou seja, uma inflação em torno dos 2% - é o objetivo primordial do BCE.

Aparentemente, esta revisão em baixa da inflação, que tem sido penalizada pela baixa do preço do petróleo, não veio alterar os planos. Aliás, mesmo que em 2019 se confirme um abrandamento económico na Europa, o BCE parece estar firme na intenção de inverter a política monetária expansionista para contracionista, já a partir do final do próximo verão, com uma subida de taxas de juro.

Mas Draghi deixa uma porta entreaberta: a subida de taxas e regularização do balanço do BCE podem ficar para mais tarde se as bolsas norte-americanas e, por arrasto, as bolsas mundiais continuarem a perder terreno, culminando numa estagnação da economia dos EUA.

O mandato do BCE tem um objetivo primordial: a estabilidade de preços. E o crescimento económico e o emprego? Na Europa, subentende-se que esses são assegurados pelo Estado social. Nos EUA, um país que não é conhecido por ser um Estado social, a Reserva Federal tem como principais objetivos também o emprego e o crescimento.

As políticas monetárias têm mais sucesso nos EUA devido à flexibilidade do mercado labora, e ao crescimento e rejuvenescimento populacional. O cenário na Europa é precisamente o oposto. A população está envelhecida, além de existir resistência à entrada no mercado de trabalho devido à rigidez do mercado. Há décadas que a taxa de desemprego é significativamente mais elevada na Europa que nos EUA.

O dinheiro não cria riqueza, apenas o trabalho é produtivo. O dinheiro poderá estimular o trabalho, mas se existe uma pirâmide demográfica invertida, o dinheiro de nada vai adiantar sem uma política de natalidade ou de imigração.

Um sinal muito importante para avalizarmos o comportamento futuro de uma economia é o declive da curva de rendimentos. A "Yield Curve" norte-americana tem diminuído nos últimos tempos e está quase horizontal, continuando o movimento de alisamento. A rentabilidade da obrigação do tesouro dos EUA a 2 anos é já superior à rentabilidade da obrigação do tesouro a 5 anos. Este facto é um indício de abrandamento ou mesmo estagnação ou contração económica. Temos taxas de juro de curto prazo altas que pressionam o crédito concedido e o honrar dos compromissos e observamos taxas de juro de longo prazo aos mesmos níveis, relativamente baixas, que indiciam baixa inflação no futuro, o que é um sinal de abrandamento económico, porque, como o rendimento disponível será menor, os agentes económicos irão comprar menos, não havendo pressão sobre os preços.

As bolsas têm mostrado algum nervosismo e muita volatilidade. Existe uma grande incerteza sobre uma correção nos mercados. Desde o início de 2018 que a Reserva Federal norte-americana começou a reduzir e estabilizai' o seu balanço, e o efeito na queda das bolsas e na diminuição da liquidez foi imediato, nomeadamente nos mercados emergentes. No último trimestre de 2018, as quedas chegaram às bolsas ocidentais e às praças norteamericanas. Por isso, muitos analistas adiantam que a Reserva Federal em 2019 deverá ser mais contida na subida de taxas de juro.

O abrandamento económico na Europa não dá tréguas. O setor automóvel na Europa, que, tal como o do imobiliário, é usado para aferir o crescimento económico, cai pelo terceiro mês consecutivo, penalizando as grandes construtoras francesas, alemãs e a italiana Fiat. O setor automóvel do índice Stoxx 600 perde cerca de 25% desde o início do ano.