Não descuro a incerteza e a indeterminação no saber.
Para mim, quando há uns vinte anos me disseram pela primeira
vez que a matéria atómica, estelar, que nos constitui, não é mais
do que 4.5% do total da matéria do universo, sendo o restante
energia e matéria não-atómica que se ignora o que seja,
pensei a enormidade da nossa fé que imaginou
o taumaturgo que declarou. -«Haja luz.»,
e fez-se luz! Fez!? 4.5%!? E isso é luz?
ou não passa de «um coto de vela»
como o dos romances
de Dostoiévski?
De modo que a energia e a matéria escura,
necessárias existir para o que se conhece
faça sentido e se avere possível, têm ainda
de ser descobertos, conhecidos e reconhecidos
para que tudo se conjugue e compreenda.
E há um detalhe que nunca alcançaremos:
- Saber, conhecer, o que causa realmente
algo que suceda, é simplesmente impossível,
não só para nós, mas até para qualquer Deus
omnisciente que congeminemos! E isto porque
não há causalidade específica nenhuma
de não importa que acontecimento
singular! Não há. Logo,
é incognoscível.
O mais que podemos abarcar, conhecer,
são as regularidades de causa-efeito
de tipos de fenómenos e
não fenómenos individuais.
O que não nos impede de afirmar
só nos interessam narrativas
explicativas do mundo
que não encerrem
no seu discorrer
contradição
insanável.
Esse, o único dogmatismo a que me atenho.
Quanto a tudo mais, por mim pode ser o que é,
ou positivamente o seu contrário, que o aceitarei
de boamente sem o repudiar. Compreender, porém,
[só sem contradição.