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Autor Tópico: Portugal Esquecido  (Lida 4691 vezes)

kitano

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Re: Portugal Esquecido
« Responder #20 em: 2018-03-23 07:50:31 »
Os pobres são efectivamente pobres porque não trabalham e não produzem para os outros, senão não seriam pobres.

Não acredito ser os uma sociedade assim tão desigual e acredito que somos sim uma sociedade forçada a uma elevada solidariedade. Em cada ordenado de 5000 eur uns 2500 eur vão diretinhos para a solidariedade.

Forçar a mais solidariedade é o Estado criar entraves à produção de riqueza.

Isso é a epiderme do problema. É preciso perceber as causas de não trabalharem e não produzirem. Não vai 50% do rendimento para a solidariedade, porque quem paga impostos usufrui das estradas, segurança, hospitais, universidades.

Podes continuar à procura das causas e descobrir 1000 motivos, a verdade é que sem trabalharem e sem produzirem provavelmente continuarão pobres, só não serão mais pobres devido à solidariedade. Obrigar a mais solidariedade é Colocar entraves à riqueza dos outros.
Quanto a estradas universidades etc, eu também pago IUC IVA ISP IMI IMT IS propinas taxas moderadoras etc etc.
"Como seria viver a vida que realmente quero?"

meopeace

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Re: Portugal Esquecido
« Responder #21 em: 2018-03-23 12:04:37 »
[ ] A riqueza não vem da boa vontade, a riqueza vem de as pessoas verem um motivo para se esforçarem e produzirem para os outros.

E, se produzirem para si próprias,
não produzem!? E se produzirem
mais do que consomem, tiram-lhes
o que produzem?

E se produzirem para si próprias e para os outros,
sem exigirem nada em troca, não produzem? Não criam riqueza?

A comunidade Linux produz para si própria e para os outros sem exigirem nada em troca.
Como se mede essa produção e riqueza criada quando o valor dela é zero porque gratuita?
Embora possa ser paga...

São questões interessantes...


Justamente, não se mede. É esse um dos erros desviantes da absurda predilecção ignorante na comunicação de números, estatísticas disto, daquilo e daqueloutro, sem uma palavra, sem um texto, sem uma observação inteligente.

Então, os da comunicação social, esses são ridículos: meros acessórios de máquinas, botões de dispositivos estandardizados, não são gentes, são periféricos biológicos de automatismos tecnológicos. Uma miséria.

De facto, é preciso dar força à territorialização da política económica; não uma mera municipalização do governo, que é o que Costa e o Rio sabem fazer, gerir câmaras, - mas gerir câmaras nada tem a ver com governar um pais, uma população, um território. Dar competências a municípios é simplesmente esbanjar dinheiro em salários de quadros que não vão fazer nada. É a actividade económica em cada região que fará renascer o Interior e a Raia do nosso país, empregando gente e atraindo-a a fixar-se no território.

Eu gostava de exemplificar com alguma  actividade específica em dada região, propor, descobrir um negócio que mostrasse poder prosperar muito mais no Interior do que no Litoral. Sei que o Estado pode muito bem induzir a relocalização de actividades por discriminação positiva de incentivos e instalação de serviços. Mas a força nuclear da movida tem de ser o interesse próprio, a vantagem das pessoas com os recursos locais. Sugestões, precisam-se. E abolição dos desmandos monopolistas da intermediação comercial do campo para a cidade, também.


Eu chego a pensar que existe muito mais produção no mundo do que aquela que está reportada nos números do PIB mundial
porque não se tem em conta a produção sem valor (que é gratuita, que se pode adquirir sem trocar por algo).

Se pensarmos na produção de tudo o que é verde - árvores, florestas - cujo impacto se reflecte na limpeza do ar que respiramos, na renovação do ar que respiramos, nos 'stocks' de oxigénio ao nível global e muitos, mas muitos outros aspectos ecológicos, sendo isso produzido gratuitamente, qual seria o impacto nos custos dos cidadãos se se acabasse com essa produção (que não aparece nos números do PIB) sem ter em conta, obviamente, os impactos ecológicos que daí decorriam e que até poderiam ser mais dramáticos.

O homem continua a sua caminhada a destruir essa 'produção' verde:
- floresta amazónica cada década que passa com menos área verde.
- Pelos vistos a floresta europeia, em nome das renováveis também em risco segundo um documentário recente na RTP1.

E se tivermos em conta a desestabilização do clima mundial (que 3% dos cientistas negam e os restantes 97% confirmam) e cujos custos para o cidadão já começam a aparecer mas ainda longe do seus custos totais...

...Uma questão interessante será saber se o custo de vida vai aumentar ou diminuir nas próximas décadas tendo em conta todas as dinâmicas pró e contra. Eu não sei a resposta a esta questão.

  :D

Incognitus

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Re: Portugal Esquecido
« Responder #22 em: 2018-03-23 12:05:45 »
O que se auto-alimenta é a riqueza ... fazer para os outros requer fazer mais para os outros requer fazer mais para os outros (para trocarem uns com os outros, para portanto acederem ao que os outros fazem). Para a pobreza basta não fazer nada.

O Estado consegue redistribuir riqueza, mas nem por isso a cria. A riqueza não vem da boa vontade, a riqueza vem de as pessoas verem um motivo para se esforçarem e produzirem para os outros.

Tanto se auto-alimenta a riqueza como a pobreza. A probabilidade do filho de um pobre vir a ser pobre é maior do que a do filho de um rico. Entenda-se por rico aquele mais educado, mais integrado socialmente, mais realizado profissional e pessoalmente, mais consciente e informado sobre aspectos da saúde.

O presidente já percebeu o problema quando diz que

"É preciso criar na sociedade portuguesa a noção da responsabilidade colectiva. Temos de ser capazes de fazer chegar à sociedade portuguesa a seguinte mensagem: ninguém é feliz ou pode ser feliz fingindo que não existe pobreza ao seu lado. Ou, dito de outra forma: é uma vergonha nacional sermos, em 2017, e agora já em 2018, das sociedades mais desiguais e com tão elevado risco de pobreza na Europa. Eu tenho vergonha. É urgente juntar ao crescimento e ao emprego uma estratégia autónoma nacional de combate à pobreza, para a sua erradicação, não esperando que um dia os avanços da economia cheguem àqueles que, nessa altura, ou não pertencerão já ao número dos vivos, ou cuja pobreza é tal que toda a recuperação é inviável."

A educação que faz falta não é só a dos pobres, é também a educação dos ricos (dos filhos destes) para os tornar sensíveis ao problema da pobreza, para que sejam incomodados pela pobreza que os rodeia. Para que lhes seja incutido o valor da solidariedade, e não a ideia errada de que os pobres são pobres porque não trabalham, porque não produzem para os outros. Os pobres, são pobres, ponto, e precisam de ajuda para sair do ciclo de pobreza.

Precisam de ajuda para subsistir. Não para sairem do ciclo de pobreza. Ninguém saí da pobreza com ajudas que o façam sair da pobreza. E a sociedade como um todo ficará francamente mais pobre se for possível sair da pobreza à base exclusivamente de ajudas.

Isto talvez se altere no futuro, podemos estar próximos de uma revolução de importância igual à agrícola, mas para já é assim que funciona o sistema.

Além disso a pobreza tem outro problema: está definida de forma relativa e é um alvo móvel. A pobreza deveria ser definida de forma aboluta, não faz sentido um pobre dos EUA ser média-alta classe noutro local. A pobreza, definida de forma absoluta, é passível de ser combatida com ajudas (ainda que estas devam ser desagradáveis).

Por fim, é completamente inaceitável que existam pessoas a contarem quantos filhos podem ter a contribuirem fiscalmente para que outros não tenham essa preoupação. Não me perguntem como resolver isso, mas isso deveria ser resolvido. O resultado disso não ser resolvido é disgenia, que deveria ser tão preocupante (ou mais) que a eugenia.
« Última modificação: 2018-03-23 12:06:36 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Re: Portugal Esquecido
« Responder #23 em: 2018-03-23 12:13:49 »
Os pobres são efectivamente pobres porque não trabalham e não produzem para os outros, senão não seriam pobres.

Não acredito ser os uma sociedade assim tão desigual e acredito que somos sim uma sociedade forçada a uma elevada solidariedade. Em cada ordenado de 5000 eur uns 2500 eur vão diretinhos para a solidariedade.

Forçar a mais solidariedade é o Estado criar entraves à produção de riqueza.

Isso é a epiderme do problema. É preciso perceber as causas de não trabalharem e não produzirem. Não vai 50% do rendimento para a solidariedade, porque quem paga impostos usufrui das estradas, segurança, hospitais, universidades.

Mas o acesso a esses bens públicos diminui extremamente a desigualdade efectiva, e isso mesmo quando não são "means tested". Nunca deveriam ser "means tested", de resto, pois isso pode colocar famílias contribuintes líquidas a terem um nível de vida efectivo INFERIOR a famílias recipientes líquidas. Isso deveria ser estruturalmente inaceitável.

O combate à pobreza deveria passar por existir um nível mínimo absoluto a que todos teriam direito. E esse mínimo deveria assegurar a subsistência a nível de comida, abrigo, vestuário, etc, para lá da já existente saúde, educação, etc. Porém, e infelizmente, esse nível deveria ser desagradável -- de tal forma desagradável que, tendo todos a ele acesso (sem means test, ou seja, quem NÃO precisasse também poderia usufruir), quem não necessitasse não usasse.

Sujeitar crianças (que não têm culpa da situação) a isso seria um problema óbvio. Portanto ainda mais importante seria que não andasse para aí a fazer filhos quem só os pode ter sustentado por outros que se controlam porque acham não conseguirem sustentar mais filhos.
« Última modificação: 2018-03-23 12:14:14 por Incognitus »
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Re: Portugal Esquecido
« Responder #24 em: 2018-03-23 12:13:56 »
[ ] A riqueza não vem da boa vontade, a riqueza vem de as pessoas verem um motivo para se esforçarem e produzirem para os outros.

E, se produzirem para si próprias,
não produzem!? E se produzirem
mais do que consomem, tiram-lhes
o que produzem?

E se produzirem para si próprias e para os outros,
sem exigirem nada em troca, não produzem? Não criam riqueza?

A comunidade Linux produz para si própria e para os outros sem exigirem nada em troca.
Como se mede essa produção e riqueza criada quando o valor dela é zero porque gratuita?
Embora possa ser paga...

São questões interessantes...

o socialismo  e mais para  dar  uns e tirar outros  porque eles querem ir  governo fazer leis socialistas....para sacar riqueza

isso do linux e malta quer alternativas  codigo aberto    que windows e mac nao tem   nem sequer  tem ir governo para fazer isso... porque nao e considerado riqueza
« Última modificação: 2018-03-23 12:22:59 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

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Re: Portugal Esquecido
« Responder #25 em: 2018-03-23 12:16:15 »
[ ] A riqueza não vem da boa vontade, a riqueza vem de as pessoas verem um motivo para se esforçarem e produzirem para os outros.

E, se produzirem para si próprias,
não produzem!? E se produzirem
mais do que consomem, tiram-lhes
o que produzem?

E se produzirem para si próprias e para os outros,
sem exigirem nada em troca, não produzem? Não criam riqueza?

A comunidade Linux produz para si própria e para os outros sem exigirem nada em troca.
Como se mede essa produção e riqueza criada quando o valor dela é zero porque gratuita?
Embora possa ser paga...

São questões interessantes...

A riqueza é uma medida do crédito que tens sobre outros por produzires para os outros em excesso do que consomes dos outros.

O rendimento é uma medida do crédito que tens sobre outros, fruto de lhes venderes algo.

Portanto, produzir para o próprio tem valor para o próprio mas NÂO gera rendimento nem riqueza.

----

Se dás algo aos outros, obviamente não geras para ti nem rendimento nem riqueza ao fazê-lo. Porém, estás a dar algo que os outros valorizam (ou nem fariam o esforço para o obter, ainda que gratuito).

É fácil de car na falácia "pah isto tem valor apesar de eu o dar, portanto ALGUÉM deveria ser FORÇADO a dar-me alguma coisa". É porém uma coisa sem sentido.
« Última modificação: 2018-03-23 12:19:01 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Re: Portugal Esquecido
« Responder #26 em: 2018-03-23 12:17:58 »
https://pt.wikipedia.org/wiki/Disgenia

Por isso é que faz muito bem ir a treinar à chuva e ao frio a cerca de 0 graus centígrados, abdicar do aquecimento em casa deixando as janelas abertas no Inverno para arejar a casa com o ar poluído da rua. O organismo adapta-se a estas contrariedades, fortalece o sistema imunitário e reduz a factura eléctrica. É só vantagens.

Ah... esqueci-me dos duches de água fria, poupa-se no gás ou na electricidade.

Sem saber tenho combatido a minha disgenia e os meus descendentes também.

  :)

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Re: Portugal Esquecido
« Responder #27 em: 2018-03-23 12:19:38 »
https://pt.wikipedia.org/wiki/Disgenia

Por isso é que faz muito bem ir a treinar à chuva e ao frio a cerca de 0 graus centígrados, abdicar do aquecimento em casa deixando as janelas abertas no Inverno para arejar a casa com o ar poluído da rua. O organismo adapta-se a estas contrariedades, fortalece o sistema imunitário e reduz a factura eléctrica. É só vantagens.

Ah... esqueci-me dos duches de água fria, poupa-se no gás ou na electricidade.

Sem saber tenho combatido a minha disgenia e os meus descendentes também.

  :)

Não se vê a relação. Mas é um bocado óbvio que se quem consegue providenciar limita o número de descendentes por achar que não consegue providenciar para mais, é depois obrigado a dar parte dos seus recursos para que quem não consegue providenciar tenha quantos filhos quiser, o resultado é disgenia.
« Última modificação: 2018-03-23 12:20:43 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Re: Portugal Esquecido
« Responder #28 em: 2018-03-23 12:22:17 »
Justamente, não se mede. É esse um dos erros desviantes da absurda predilecção ignorante na comunicação de números, estatísticas disto, daquilo e daqueloutro, sem uma palavra, sem um texto, sem uma observação inteligente.

Então, os da comunicação social, esses são ridículos: meros acessórios de máquinas, botões de dispositivos estandardizados, não são gentes, são periféricos biológicos de automatismos tecnológicos. Uma miséria.

De facto, é preciso dar força à territorialização da política económica; não uma mera municipalização do governo, que é o que Costa e o Rio sabem fazer, gerir câmaras, - mas gerir câmaras nada tem a ver com governar um pais, uma população, um território. Dar competências a municípios é simplesmente esbanjar dinheiro em salários de quadros que não vão fazer nada. É a actividade económica em cada região que fará renascer o Interior e a Raia do nosso país, empregando gente e atraindo-a a fixar-se no território.

Eu gostava de exemplificar com alguma  actividade específica em dada região, propor, descobrir um negócio que mostrasse poder prosperar muito mais no Interior do que no Litoral. Sei que o Estado pode muito bem induzir a relocalização de actividades por discriminação positiva de incentivos e instalação de serviços. Mas a força nuclear da movida tem de ser o interesse próprio, a vantagem das pessoas com os recursos locais. Sugestões, precisam-se. E abolição dos desmandos monopolistas da intermediação comercial do campo para a cidade, também.

Não se mede nem tem que se medir. Qual a dúvida? Isto não é sobre números, mas sobre transacções voluntárias entre pessoas. Se não há transacção, não há nada para "medir", não se cria um crédito de um sobre outro. Podes fazer quantos castelos de areia quiseres, e achá-los os mais bonitos e valiosos do mundo, mas isso não te cria um crédito sobre outra pessoa excepto pelo cano de uma arma. Ora, se é assim, porque é que perderias tempo a fazer os castelos de areia e não partirias logo para apontar o cano da arma, poupando esforço e passos?

O que obterias com "medir"? Um crédito sobre terceiros sem estes voluntariamente o reconhecerem? É absurdo, em nada difere de roubo.
« Última modificação: 2018-03-23 12:23:57 por Incognitus »
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Re: Portugal Esquecido
« Responder #29 em: 2018-03-23 12:28:41 »
[ ] A riqueza não vem da boa vontade, a riqueza vem de as pessoas verem um motivo para se esforçarem e produzirem para os outros.

E, se produzirem para si próprias,
não produzem!? E se produzirem
mais do que consomem, tiram-lhes
o que produzem?

E se produzirem para si próprias e para os outros,
sem exigirem nada em troca, não produzem? Não criam riqueza?

A comunidade Linux produz para si própria e para os outros sem exigirem nada em troca.
Como se mede essa produção e riqueza criada quando o valor dela é zero porque gratuita?
Embora possa ser paga...

São questões interessantes...


Justamente, não se mede. É esse um dos erros desviantes da absurda predilecção ignorante na comunicação de números, estatísticas disto, daquilo e daqueloutro, sem uma palavra, sem um texto, sem uma observação inteligente.

Então, os da comunicação social, esses são ridículos: meros acessórios de máquinas, botões de dispositivos estandardizados, não são gentes, são periféricos biológicos de automatismos tecnológicos. Uma miséria.

De facto, é preciso dar força à territorialização da política económica; não uma mera municipalização do governo, que é o que Costa e o Rio sabem fazer, gerir câmaras, - mas gerir câmaras nada tem a ver com governar um pais, uma população, um território. Dar competências a municípios é simplesmente esbanjar dinheiro em salários de quadros que não vão fazer nada. É a actividade económica em cada região que fará renascer o Interior e a Raia do nosso país, empregando gente e atraindo-a a fixar-se no território.

Eu gostava de exemplificar com alguma  actividade específica em dada região, propor, descobrir um negócio que mostrasse poder prosperar muito mais no Interior do que no Litoral. Sei que o Estado pode muito bem induzir a relocalização de actividades por discriminação positiva de incentivos e instalação de serviços. Mas a força nuclear da movida tem de ser o interesse próprio, a vantagem das pessoas com os recursos locais. Sugestões, precisam-se. E abolição dos desmandos monopolistas da intermediação comercial do campo para a cidade, também.


Eu chego a pensar que existe muito mais produção no mundo do que aquela que está reportada nos números do PIB mundial
porque não se tem em conta a produção sem valor (que é gratuita, que se pode adquirir sem trocar por algo).

Se pensarmos na produção de tudo o que é verde - árvores, florestas - cujo impacto se reflecte na limpeza do ar que respiramos, na renovação do ar que respiramos, nos 'stocks' de oxigénio ao nível global e muitos, mas muitos outros aspectos ecológicos, sendo isso produzido gratuitamente, qual seria o impacto nos custos dos cidadãos se se acabasse com essa produção (que não aparece nos números do PIB) sem ter em conta, obviamente, os impactos ecológicos que daí decorriam e que até poderiam ser mais dramáticos.

O homem continua a sua caminhada a destruir essa 'produção' verde:
- floresta amazónica cada década que passa com menos área verde.
- Pelos vistos a floresta europeia, em nome das renováveis também em risco segundo um documentário recente na RTP1.

E se tivermos em conta a desestabilização do clima mundial (que 3% dos cientistas negam e os restantes 97% confirmam) e cujos custos para o cidadão já começam a aparecer mas ainda longe do seus custos totais...

...Uma questão interessante será saber se o custo de vida vai aumentar ou diminuir nas próximas décadas tendo em conta todas as dinâmicas pró e contra. Eu não sei a resposta a esta questão.

  :D

A floresta Europeia tem estado a crescer nos últimos 100 anos, e tendencialmente nos países desenvolvidos a floresta cresce.

O clima passou toda a história do planeta a alterar-se, e as alterações foram extraordinariamente dramáticas SEM humanos (sem actividade industrial, entenda-se). Os níveis do mar subiram mais de 100 metros em 20,000 anos. Os humanos devem ter um impacto sobre o clima, certamente, mas a questão está em saber a magnitude. Certamente que os humanos actuais são mais adaptáveis do que os de há 20,000 anos, pelo que se 100 metros não foi o apocalipse para os anteriores, certamente que 1-2-10 não o seria para os actuais.

O principal problema das alterações climáticas coloca-se essencialmente se isto tendesse para Venus ou algo assim, de forma descontrolada. Mas é de referir que as estimativas das alterações têm-se tornado progressivamente mais suaves, não mais agressivas.

É sempre de combater poluição, seja como for (mas CO2 não é poluição, e já agora as plantas adoram -- razão para o crescimento da florestação nos últmos 100 anos). Ainda assim, certamente que a evolução tecnológica a favor de renováveis e EVs vai a prazo resolver parte do problema das emissões de CO2.
« Última modificação: 2018-03-23 12:29:10 por Incognitus »
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Re: Portugal Esquecido
« Responder #30 em: 2018-03-23 12:51:39 »

Não se mede nem tem que se medir. Qual a dúvida? Isto não é sobre números, mas sobre transacções voluntárias entre pessoas. Se não há transacção, não há nada para "medir", não se cria um crédito de um sobre outro. Podes fazer quantos castelos de areia quiseres, e achá-los os mais bonitos e valiosos do mundo, mas isso não te cria um crédito sobre outra pessoa excepto pelo cano de uma arma. Ora, se é assim, porque é que perderias tempo a fazer os castelos de areia e não partirias logo para apontar o cano da arma, poupando esforço e passos?

O que obterias com "medir"? Um crédito sobre terceiros sem estes voluntariamente o reconhecerem? É absurdo, em nada difere de roubo.

Tu tens razão nisso que dizes e eu sei-o muito bem.
Mas há erro na comparação entre países e modos de vida.

Por exemplo, se correlacionares o desenvolvimento de cada país
como o consumo de electricidade, Portugal dispensa uns 7 a 8 %
de gasto, em comparação com países do norte, por ter essa energia
de graça dada pelo sol e pelo clima. Logo, os números comparativos
não dispensam cuidados de interpretação verbais e escritos.

Também, o autoconsumo tem de ser estimado quando
se comparam rendimentos médios per capita
entre os países, porque não é só o consumo
de bens transaccionados que somam
a produção e o consumo total
de uma população.

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Re: Portugal Esquecido
« Responder #31 em: 2018-03-23 12:56:35 »
isso ser "graça" e para rir

a factura subiu 50% so por ser de "graça"
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Re: Portugal Esquecido
« Responder #32 em: 2018-03-23 13:11:44 »
Os pobres são efectivamente pobres porque não trabalham e não produzem para os outros, senão não seriam pobres.

Não acredito ser os uma sociedade assim tão desigual e acredito que somos sim uma sociedade forçada a uma elevada solidariedade. Em cada ordenado de 5000 eur uns 2500 eur vão diretinhos para a solidariedade.

Forçar a mais solidariedade é o Estado criar entraves à produção de riqueza.

Isso é a epiderme do problema. É preciso perceber as causas de não trabalharem e não produzirem. Não vai 50% do rendimento para a solidariedade, porque quem paga impostos usufrui das estradas, segurança, hospitais, universidades.

Mas o acesso a esses bens públicos diminui extremamente a desigualdade efectiva, e isso mesmo quando não são "means tested". Nunca deveriam ser "means tested", de resto, pois isso pode colocar famílias contribuintes líquidas a terem um nível de vida efectivo INFERIOR a famílias recipientes líquidas. Isso deveria ser estruturalmente inaceitável.

O combate à pobreza deveria passar por existir um nível mínimo absoluto a que todos teriam direito. E esse mínimo deveria assegurar a subsistência a nível de comida, abrigo, vestuário, etc, para lá da já existente saúde, educação, etc. Porém, e infelizmente, esse nível deveria ser desagradável -- de tal forma desagradável que, tendo todos a ele acesso (sem means test, ou seja, quem NÃO precisasse também poderia usufruir), quem não necessitasse não usasse.

Sujeitar crianças (que não têm culpa da situação) a isso seria um problema óbvio. Portanto ainda mais importante seria que não andasse para aí a fazer filhos quem só os pode ter sustentado por outros que se controlam porque acham não conseguirem sustentar mais filhos.


acima tudo nao compensa ser mais classe media

se fores pobre  pagas menos luz  imi  tem mais subsidios e tal  ate podem ter mais filhos  ter saude sem taxas  escolas  habitaçao mais barata etc

classe media nao tem nada disto  e tem mesmas regalias  nos paises modernos


alem disso salario minimo + subsidios ja esta quase nivel salario medio...  frança por exemplo...
« Última modificação: 2018-03-23 13:34:21 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

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Re: Portugal Esquecido
« Responder #33 em: 2018-03-23 15:34:57 »

Não se mede nem tem que se medir. Qual a dúvida? Isto não é sobre números, mas sobre transacções voluntárias entre pessoas. Se não há transacção, não há nada para "medir", não se cria um crédito de um sobre outro. Podes fazer quantos castelos de areia quiseres, e achá-los os mais bonitos e valiosos do mundo, mas isso não te cria um crédito sobre outra pessoa excepto pelo cano de uma arma. Ora, se é assim, porque é que perderias tempo a fazer os castelos de areia e não partirias logo para apontar o cano da arma, poupando esforço e passos?

O que obterias com "medir"? Um crédito sobre terceiros sem estes voluntariamente o reconhecerem? É absurdo, em nada difere de roubo.

Tu tens razão nisso que dizes e eu sei-o muito bem.
Mas há erro na comparação entre países e modos de vida.

Por exemplo, se correlacionares o desenvolvimento de cada país
como o consumo de electricidade, Portugal dispensa uns 7 a 8 %
de gasto, em comparação com países do norte, por ter essa energia
de graça dada pelo sol e pelo clima. Logo, os números comparativos
não dispensam cuidados de interpretação verbais e escritos.

Também, o autoconsumo tem de ser estimado quando
se comparam rendimentos médios per capita
entre os países, porque não é só o consumo
de bens transaccionados que somam
a produção e o consumo total
de uma população.

Para os usos que depois são dados ao PIB, o autoconsumo e uma série de outras coisas "não vale a pena medir" porque não geram recursos para pagar contas. Vale mais a pena medir actividades ilícitas ou náo-declaradas, mas que geram recursos.
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Re: Portugal Esquecido
« Responder #34 em: 2018-03-23 15:36:42 »
O que se auto-alimenta é a riqueza ... fazer para os outros requer fazer mais para os outros requer fazer mais para os outros (para trocarem uns com os outros, para portanto acederem ao que os outros fazem). Para a pobreza basta não fazer nada.

O Estado consegue redistribuir riqueza, mas nem por isso a cria. A riqueza não vem da boa vontade, a riqueza vem de as pessoas verem um motivo para se esforçarem e produzirem para os outros.


Tanto se auto-alimenta a riqueza como a pobreza. A probabilidade do filho de um pobre vir a ser pobre é maior do que a do filho de um rico. Entenda-se por rico aquele mais educado, mais integrado socialmente, mais realizado profissional e pessoalmente, mais consciente e informado sobre aspectos da saúde.



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Re: Portugal Esquecido
« Responder #35 em: 2018-03-23 17:30:31 »
Taxa de resíduos sólidos, taxa de saneamento, contribuição audiovisual...
"Como seria viver a vida que realmente quero?"

Incognitus

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Re: Portugal Esquecido
« Responder #36 em: 2018-03-23 17:36:03 »
A probabilidade de um filho pobre ser pobre e de um rico ser rico terá vários tipos de origens:
* O ambiente em que ambos se desenvolvem.
* Os contactos a que cada um tem acesso.
* Uma componente genética.
* Etc

No meio disso tudo não é claro que existam muitos pontos onde as regras -- que se pretendem iguais para todos -- possam fazer grande intervenção. Os ambientes comuns providenciados pelo Estado, escolas, já serão iguais para todos (excepto na medida em que os próprios os deterioram).

« Última modificação: 2018-03-23 17:36:52 por Incognitus »
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Re: Portugal Esquecido
« Responder #37 em: 2018-03-23 17:54:02 »
A probabilidade de um filho pobre ser pobre e de um rico ser rico terá vários tipos de origens:
* O ambiente em que ambos se desenvolvem.
* Os contactos a que cada um tem acesso.
* Uma componente genética.
* Etc

No meio disso tudo não é claro que existam muitos pontos onde as regras -- que se pretendem iguais para todos -- possam fazer grande intervenção. Os ambientes comuns providenciados pelo Estado, escolas, já serão iguais para todos (excepto na medida em que os próprios os deterioram).
E diga-se que para isto não há grande solução.

O estado, ao proporcionar ensino gratuito, bem como manuais e materiais gratuitos, refeições gratuitas, abonos, saude gratuita, apoios sociais de diversa ordem na luz, água, etc. já está a actuar naquilo que pode.
Além disso, hoje já se vai mais longe com aulas de substituição, aulas de apoio, planos de recuperações, ensino profissional, etc.

Agora não se pode proibir o rico de meter o filho na escola privada, não proporcionando ao pobre a convivência de ambos, de pagar ao filho um mestrado ou um mba, de lhe emprestar dinheiro para iniciar um negócio, de o apresentar aos amigos que, provavelmente, têm mais poder de decisão em empresas do que os amigos do pai pobre, de lhe oferecer uma casa ou um carro, aliviando-o desse custo mensal, etc.

Já nem vou para a parte genética por ser tão discutível e já ter dado páginas e páginas de discussão.

Eu gostava que o Visitante apresentasse propostas concretas para serem debatidas porque isto de falar em erradicação da pobreza é muito vago.

Incognitus

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Re: Portugal Esquecido
« Responder #38 em: 2018-03-23 18:30:20 »
A única forma de vencer a pobreza é defini-la de forma absoluta. Nesse caso em algum ponto é vencida.

Definindo a pobreza de forma relativa, é impossível. Falta sempre qualquer coisa. Se não faltasse, a sociedade descambava, porque ninguém produziria se não pudesse obter um nível de vida superior com esse esforço. Isso pelo menos até que o paradigma mude.
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Re: Portugal Esquecido
« Responder #39 em: 2018-03-23 18:46:49 »
Além da pobreza ser medida de forma relativa, o próprio conceito de pobreza, quando medido com critérios objectivos, é ele próprio evolutivo ao longo do tempo, pelo que a pobreza, quer relativa, que absoluta, nunca acabará.

Eu já dei aqui, inúmeras vezes, o exemplo da privação material definida pelo eurostat.
Inclui telefone, tv a cores, maquina de lavar roupa, carro, etc. coisas que nenhum rei português teve.