Este post de comentário no Observador diz tudo:
Gastámos em planos estratégicos que nunca foram implementados e dizem muito pouco mais do que já se sabia. Gastámos em estudos, ante-projectos, e projectos de coisas que não chegámos a construir. Gastámos em Bancos, imparidades, iniquidades e outras barbaridades bancárias. Gastámos em escolas faraónicas, para substituir o plano dos centenários pelo plano dos milionários p’ro sucesso.Gastámos em computadores de brinquedo, que nunca serviram nem de brinquedo nem de computador, mas apenas como negócio. Gastámos em swaps que parecem swamps mas são piores.Gastámos em estradas construídas ao lado das que já existiam e que deixaram desertas tanto umas como outras (mas onde pagamos como se lá passassem carros, mesmo que não passem). E gastámos para construir mais estradas agora em cima das estradas que existiam, para que não pudessem deixar de passar por lá. Gastámos para criar empreendedores de aviário, que duram quanto dura o apoio. Gastámos em jipes para agricultores, que só vêem o campo ao fim-de-semana e de longe.E gastámos em mais Bancos, outra vez em Bancos, bons maus e péssimos. Gastámos em aeroportos que não aterram em lado nenhum mas que são estudados anos e anos a fio. Estudos pagos, naturalmente. Gastámos para criar dependências e alimentá-las. Para criar clientelas profissionalizadas. Gastámos em universidades de fim-de-semana e cursos de aprender-a-assinar-a-folha-de-presenças.Gastámos para construir pavilhões multiusos sem usos. Gastámos para pagar a 500 € passagens que deviam custar 50€, em nome do serviço público, da coesão e da solidariedade. Gastámos para não produzir. Gastámos para arrancar produções agrícolas, para abater barcos, para reorientar o desnorte típico do sul. Dijsselbloem disse, ou melhor, não disse, mas terá insinuado que gastámos o nosso dinheiro em copos e mulheres? É um escândalo, dizem. Devíamos escolher melhor com que é que nos escandalizamos.