Boas,
tentei ler parte do que escreveram neste post mas é um bocado massudo
Venho falar um bocado dos custos dos bancos. Isto vai sair um bocado em modo história mas assim ficam a perceber tudo.
Em Portugal, assim como nos outros países, os bancos para comunicar usam 1) uma rede própria 2) uma rede partilhada.
Exemplo de Rede própria: UNICRE
Exemplo de Rede partilhada: SIBS
A SIBS foi lançada no tempo da Maria Cachucha por N bancos portugueses. Se forem ver a estrutura accionista da SIBS, é banco + banco + banco + banco, etc.
No entanto a SIBS é uma empresa à parte que presta um serviço e "accionistas accionistas negócios à parte" pelo que cobra pelos serviços e é aqui que começa a história das comissões.
Vamos imaginar o seguinte cenário: temos dois bancos A e B e são os dois accionistas da SIBS; ambos têm multibancos (PS: Vamos chamar-lhes ATM, porque na verdade multibanco é gíria, é o nome da rede da SIBS) ligados à Rede SIBS espalhados pelo país de forma igual e, para simplificar, cada 1 só tem um cliente Ca e Cb que só levanta dinheiro (o montante é irrelevante). Vamos focar-nos no banco A.
NossoClienteNossoATM: Quando o Ca vai ao ATM do banco A, a SIBS envia uma mensagem ao banco A e cobra uma fee ao banco A; o A por sua vez dá dinheiro "seu" ao seu cliente.
NossoClienteTeuATM: Quando o Ca vai ao ATM do banco B, a SIBS envia uma mensagem ao banco A e cobra uma fee ao banco A; O B por sua vez dá dinheiro "seu" ao cliente do banco A, e cobra uma fee por isso. Portanto A paga duas fees, a de uso do serviço (à SIBS) + a do adiantamento do dinheiro.
TeuClienteMeuATM: Quando o Cb vai ao multibanco do banco A, a SIBS envia uma mensagem ao banco B e cobra uma fee ao banco B; O A por sua vez dá dinheiro "seu" ao cliente do banco B, e cobra uma fee por isso. Portanto o banco B paga duas fees, a de uso do serviço (à SIBS) + a do adiantamento do dinheiro.
TeuClienteTeuATM: Esta transacção não entra no scope do banco A.
Como eu disse, o banco A e B têm os seus ATMS distribuidos de forma igual, portanto o nº de vezes que o Ca vai ao ATM B e vice versa é, teoricamente, 50/50.
No fim do ano temos o seguinte:
Saldo de Banco A: SUM(comissoesRecebidasOutrosBancos) +
<DividendoAccionistaSIBS> - SUM(ComissoesPagasOutrosBancos) - SUM(ComissoesPagasSIBS)
Dividendo Accionista Sibs:
Ora a SIBS apesar de ser uma empresa externa tem o conceito de "balanço 0", ie, receita - despesas (ordenados e afins) - dividendos = 0 , portanto após despesas, o Banco A recebe da SIBS, hipoteticamente, o mesmo valor que pagou em comissões durante o ano.
Mas como disse, isto era no tempo da Maria Cachucha e actualmente os bancos que entram para a SIBS não são feitos accionistas da SIBS o que quer dizer que nesta história toda que contei, o AB e os CTT paga comissões à SIBS e outros bancos mas só recebem comissões de outros bancos o retorno dos dividendos. E sim, muitos dos bancos principais que têm ATMs em todo o lado ganham porradões de guitos em fees + dividendos e ainda cobram comissão de uso de cartão portanto é sempre a mamar.
Então como é que os CTT cobram 0? Basicamente o BCTT fez, e bem, a estratégia de trojan horsing passivo (acabei de inventar isto
) em que sem tu dares por ela, estás a meter o teu cartão num multibanco deles. Os CTT têm 600 balcões, muitos deles têm ATMs cravados nas janelas ou no interior e são de outros bancos. E agora começam a ser do banco CTT. Portanto tu que ias levantar guito aos CTT e andavas a fazer com que o teu banco pagasse fees a outros, agora estás a alimentar os CTT pela calada.
Se me perguntarem como é que o activoBank faz dinheiro, isso já é algo que eu também me questiono. Creio que seja reduzindo ao máximo o número de operações no ATM fornecendo um bom HomeBanking. Mas sinceramente ultrapassa-me.
Eu daqui a uns tempos vou perder 1 ou 2 horas a escrever as minhas previsões dos CTT para 2018. Principalmente porque gostava que me ajudassem a alinhavar as minhas próprias ideias.
Abraço malta
CCândido