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Autor Tópico: O cantinho dos Liberais  (Lida 57447 vezes)

itg00022289

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #760 em: 2020-10-06 12:38:41 »
A ideia é destruída logo à cabeça por "todos pagam o mesmo".
Como envolve alguma tecnicalidade, nomeadamente haver sempre um valor de dedução fixo, torna-se difícil passar a mensagem.
É claro que qualquer pessoa com um excel e que simule vários rendimentos com um valor de dedução fixo percebe que o imposto é progressivo e que quem ganha muito paga uma taxa efectiva perto da flat rate e que quem ganha pouco não paga quase nada porque a dedução absorve tudo.
Chateia bastante o Louçã, professor universitário, fazer o que fez. Não há qualquer hipótese, nem de 0.00001% dele não saber que a proposta da IL é progressiva. É um nojento intelectual.

Aspetos práticos e interessantes do flat tax aplicado à estrutura fiscal em Portugal.
(não gosto particularmente do Rocha Andrade por ser um claro boy do PS que circula de tacho em tacho, além de tentar ali arranjar um alibi para o Louça)
Claro que o problema final identificado é que a receita do estado diminui com a flat tax.

Citar
Os aspetos chatos do “flat tax”
Assim, quase 90% dos agregados podem ficar mais ou menos na mesma com um “flat tax” de 15% – depende dos pormenores. Mas só assim acontece com uma grande redução da receita fiscal, que se reflete essencialmente daí para cima e sobretudo nos 4% de famílias portuguesas titulares de maiores rendimentos.


Dois partidos novos resolveram recuperar uma ideia velha: o “imposto chato” (“flat tax”), ou seja, a tributação do rendimento pessoal com uma única taxa. Como quase sempre acontece, a proposta é apresentada como solução milagrosa para todos os problemas do país. E como quase sempre acontece, não é bem assim.


Há um primeiro equívoco que tem a ver com a suposta “simplicidade” do “flat tax” face à complicação do nosso IRS. Acontece que a complexidade das declarações de IRS nada tem a ver com a sua taxa progressiva. Tem a ver com as regras de apuramento do rendimento (por exemplo, as despesas dedutíveis ou a separação dos diferentes rendimentos isentos ou sujeitos a taxa especial). A determinação da taxa de tributação (que é o que o “flat tax” muda) não altera as regras de determinação do rendimento. Do seu peso burocrático. O IRS não seria aliviado nem em um grama.


O segundo equívoco resulta de misturar a questão do sistema de tributação com a do nível de tributação. Para compararmos a justiça de dois sistemas, devíamos comparar dois sistemas capazes de gerar a mesma receita. Foi o que fez, segundo creio, Francisco Louçã, demonstrando que um “flat tax” puro representa uma enorme deslocação do peso dos impostos dos mais ricos para os mais pobres.


Claro que ninguém defende um “flat tax” puro. O que é geralmente apresentado é um “flat tax” com uma dedução fixa inicial. Esse imposto é progressivo (a taxa marginal é fixa, mas as taxas efetivas são crescentes com o rendimento, tendendo para essa taxa marginal). Para ser politicamente apelativo, tem de ter simultaneamente uma dedução considerável, uma taxa baixinha, e uma grande perda de receita


A Iniciativa Liberal, que apresenta algo deste género, calcula que com uma taxa marginal de 15% a perda de receita será de cerca de dois mil milhões de euros. Acho a conta irrealista (por muito otimista), mas não é possível fazer as contas sem ter todas as peças do puzzle (por exemplo, o que é que acontece às restantes deduções que hoje estão no IRS). Fiquemos então com esses dois mil milhões. Isso implica que a comparação séria a fazer é entre esta proposta de “flat tax” ou o nosso IRS progressivo com uma redução de taxas que baixasse a sua receita em dois mil milhões; ou uma redução de outros impostos ou contribuições que baixasse a receita em dois mil milhões.


Deixando de lado a questão de saber onde é que se teria de reduzir despesa em valor equivalente, vamos então à questão principal: quem é que ganha com esta redução de imposto? E para essa conta podemos recorrer às estatísticas da receita fiscal, cujo último ano disponível é 2017 (tendo presente que nesse ano o IRS tinha menos escalões e taxas em média mais altas).


Com um “flat tax” com deduções como as que são propostas, o imposto não mudaria muito para 90% dos agregados familiares. Cerca de metade (46%) não paga hoje qualquer IRS – ou porque não tem rendimentos para o pagar durante o ano ou porque, por efeito das deduções, tem um reembolso pelo menos equivalente ao que pagou. Um “flat tax” com dedução fixa poderia manter este panorama. Daí até ao topo do atual 3.º escalão, a taxa efetiva vai subindo, como iria subindo com o “flat tax” . O ritmo dessa subida varia com as condições concretas do agregado familiar (depende do número de filhos e das deduções). Em 2017, nos dois primeiros escalões (correspondentes aos 3 primeiros atuais) a taxa efetiva do IRS era em média de 1,9% no primeiro escalão e de 10,5% no segundo. Até este ponto (topo do antigo segundo escalão) temos 88,5% dos agregados familiares, que não têm grande coisa a ganhar com um “flat tax” de 15%.


Note-se que neste segundo escalão de 2017, com uma taxa média de 10,5%, a taxa marginal era 28%. As pessoas por vezes cometem o erro de pensar que o IRS que estão a pagar corresponde à sua taxa marginal – e depois comparam 28% com 15% e acham que vão ficar a ganhar. Mas a taxa média efetiva do IRS é muito inferior à taxa marginal – porque as taxas são progressivas e por causa das importantes deduções a que a maioria das pessoas tem acesso.


Assim, quase 90% dos agregados podem ficar mais ou menos na mesma com um “flat tax” de 15% – depende dos pormenores. Mas só assim acontece com uma grande redução da receita fiscal, que se reflete essencialmente daí para cima e sobretudo nos 4% de famílias portuguesas titulares de maiores rendimentos. Isso já não depende dos pormenores.


Estes 4% de famílias ocupavam em 2017 o 4.º e o 5.º escalões (correspondendo atualmente a parte do 6.º e ao 7.º escalões). As suas taxas efetivas eram respetivamente de 31,2% e 43,5%. A proposta de “flat tax” reduz essa taxa efetiva para metade no 6.º e para um terço no 7.º. Fazendo a redução proporcional das coletas, verificamos que a redução de imposto cobrado a esses 4% de agregados é de 1.750 milhões de euros. Se a proposta implica efetivamente uma redução de receita em 2.000 milhões, não sobra muito como redução de impostos para os outros 96% dos portugueses.

Zenith

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #761 em: 2020-10-06 13:34:12 »
Mas afinal qual a proposta da IL?
No texto que foi aqui publicado, o CGP apenas tece considerações genéricas e diz que mais tarde vai apresentar contas sobre como flat rate pode ser regressiva.
A IL já apresentou uma proposta na AR?
O IRS em Portugal é complicado. Temos vários escalões e depois há as deduções à colecta que tornam a coisa ainda mais opaca. Não fiz nenhuma pesquisa exaustiva, mas é dificil arranjar dados rigorosos acerca da taxa média de IRS. Encontrei um ou dois sites onde falavam de 13% mas sem explicação de como se chega a esse valor.
Se estiver correcto e eventual proposta da IL acabar com deduções à colecta, flat rate de 15% vai representar um agravamento fiscal médio. Já agora na republica Checa os 15% são na verdade 20%, já que incide sobre o chamado salário super-bruto que inclui 34% do empregador para segurança social e outras coisas. Se lá não houver deduções à colecta o imposto médio para classes mais pobres é elevado.
De resto não vejo diferença nenhuma entre ter um IRS progressivo sem deduções à colecta e ter um IRS flat com deduções regressivas. Aqui combinamos as duas coisas e por isso parece que ninguém se entende a fazer as contas.

itg00022289

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #762 em: 2020-10-06 15:01:29 »

Zenith

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #763 em: 2020-10-06 15:39:35 »
Citar
C. Proposta
Taxa única de IRS de 15%.
Para evitar impacto orçamental imediato, e ainda assim beneficiar do efeito da simplificação, poderá ser introduzida inicialmente uma taxa de 20% a ser reduzida em 1 ponto percentual por ano nos 5 anos seguintes.
A taxa única aplicar-se-ia a todos os rendimentos e para todos os contribuintes de forma igual.
Seriam eliminadas todas as deduções e benefícios fiscais em sede de IRS.
Todo o imposto sobre rendimento seria retido na fonte, eliminando a necessidade de a maioria dos contribuintes preencher declaração de IRS.
Até ao reequilíbrio do mercado de trabalho, os rendimentos do trabalho por conta de outrem ficariam isentos de imposto até ao valor de 650€.

Usando um dos simuladores de IRS que se encontram na Internet https://www.pwc.pt/pt/fiscalidade/simuladores/2017/pwc-simulador-irs-2017.xlsm, atualmente uma taxa de 15% para alguém solteiro sem dependentes e sem qq beneficio fiscal (educação, saúde etc) é alcançada com 17.500€.
Para um casal com 2 filhos (> 3 anos) o limiar dos 15% é alcançado com 44.000€ (22.000 cada e não declarando despesas de educação ou saúde).
O valor dos 650€ (imagino que seja por mês), abaixo dos quais não se paga IRS praticamente coincide com o valor de 9.150,96 atualmente em vigor (14*650=9100).
Se incluirmos rendas, despesas de educação (sem ser mensalidades de colégios privados), mesmo com valores moderados limiar vai para perto dos 50.000€.
Parece-me que com esta proposta a carga fiscal média vai aumentar havendo uma forte penalização da classe média baixa em favor das média alta e altas.


JohnyRobaz

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #764 em: 2020-10-06 16:15:20 »
Citar
C. Proposta
Taxa única de IRS de 15%.
Para evitar impacto orçamental imediato, e ainda assim beneficiar do efeito da simplificação, poderá ser introduzida inicialmente uma taxa de 20% a ser reduzida em 1 ponto percentual por ano nos 5 anos seguintes.
A taxa única aplicar-se-ia a todos os rendimentos e para todos os contribuintes de forma igual.
Seriam eliminadas todas as deduções e benefícios fiscais em sede de IRS.
Todo o imposto sobre rendimento seria retido na fonte, eliminando a necessidade de a maioria dos contribuintes preencher declaração de IRS.
Até ao reequilíbrio do mercado de trabalho, os rendimentos do trabalho por conta de outrem ficariam isentos de imposto até ao valor de 650€.

Usando um dos simuladores de IRS que se encontram na Internet https://www.pwc.pt/pt/fiscalidade/simuladores/2017/pwc-simulador-irs-2017.xlsm, atualmente uma taxa de 15% para alguém solteiro sem dependentes e sem qq beneficio fiscal (educação, saúde etc) é alcançada com 17.500€.
Para um casal com 2 filhos (> 3 anos) o limiar dos 15% é alcançado com 44.000€ (22.000 cada e não declarando despesas de educação ou saúde).
O valor dos 650€ (imagino que seja por mês), abaixo dos quais não se paga IRS praticamente coincide com o valor de 9.150,96 atualmente em vigor (14*650=9100).
Se incluirmos rendas, despesas de educação (sem ser mensalidades de colégios privados), mesmo com valores moderados limiar vai para perto dos 50.000€.
Parece-me que com esta proposta a carga fiscal média vai aumentar havendo uma forte penalização da classe média baixa em favor das média alta e altas.

Zenith, acho que são somados 150€ por cada filho ao montante isento de IRS. Em 2 filhos, a parte isenta seria 650 + 2*150 = 950€. E os 15% apenas actuam sobre o remanescente desse valor isento, e não sobre o total, como acontece agora.

Zenith

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #765 em: 2020-10-06 17:13:46 »
Não tinha olhado para esse ponto e parece que são 200€.
Citar
Como funcionaria com a isenção por filho?
Por cada filho, o patamar de isenção individual subiria 200€ para cada progenitor. No caso de famílias monoparentais esse valor seria duplicado. Por exemplo, uma mãe solteira com dois filhos ficaria isenta até aos 1450€.
De resto tinha-me esquecido de subtrair os 9100 Eur àqueles que ganham mais de 650/mês. Sendo assim a comparação que fiz não faz sentido.
« Última modificação: 2020-10-06 17:55:49 por Zenith »

Zenith

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #766 em: 2020-10-06 17:24:25 »
Mesmo assim continuo com dúvidas como podem passar de uma taxa máxima de 15% para taxa média de 13% (não é para já mas a ambição é que não exceda a atual).
Da Pordata há cerca de 4 milhões de trabalhadores por contam de outrém. Todos eles partem com isenção de 9100Eur (um pouco mais para levar em conta agregados com filhos mas não deve ultrassar os 13.000). 4 milhões x 9100 dá um valor brutal (36 biliões).
Ou os 650Eur é mesmo anual e não mensal?
Assim já muda tudo outra vez.

Zenith

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #767 em: 2020-10-06 17:38:41 »
Afinal tem lá um esboço das contas feitas
Citar
Qual o impacto orçamental da introdução da medida?
De momento, a taxa de IRS efetiva anda nos 13%. Considerando a isenção para rendimentos de trabalhadores por conta de outrem abaixo de 650€, uma taxa fixa de 15% implicaria uma taxa efetiva sobre o rendimento bruto de cerca de 10%. Assumindo o mesmo perfil de rendimentos, isto teria um custo orçamental de cerca de 2 mil milhões de euros no primeiro ano, menos de 1% do PIB. O efeito na economia e o aumento de eficiência fiscal, comprovado noutros países como visto acima, aumentaria a base fiscal reduzindo este impacto a menos de 0,5% do PIB. A introdução gradual da taxa única, começando nos 20% atenuaria qualquer impacto orçamental no curto prazo.
Os 650Eur é mesmo anual, tal como os 200Eur por filho. Ou há algum erro sistemático que esteja a cometer?
« Última modificação: 2020-10-06 17:56:20 por Zenith »

JohnyRobaz

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #768 em: 2020-10-06 18:14:52 »
Afinal tem lá um esboço das contas feitas
Citar
Qual o impacto orçamental da introdução da medida?
De momento, a taxa de IRS efetiva anda nos 13%. Considerando a isenção para rendimentos de trabalhadores por conta de outrem abaixo de 650€, uma taxa fixa de 15% implicaria uma taxa efetiva sobre o rendimento bruto de cerca de 10%. Assumindo o mesmo perfil de rendimentos, isto teria um custo orçamental de cerca de 2 mil milhões de euros no primeiro ano, menos de 1% do PIB. O efeito na economia e o aumento de eficiência fiscal, comprovado noutros países como visto acima, aumentaria a base fiscal reduzindo este impacto a menos de 0,5% do PIB. A introdução gradual da taxa única, começando nos 20% atenuaria qualquer impacto orçamental no curto prazo.
Os 650Eur é mesmo anual, tal como os 200Eur por filho. Ou há algum erro sistemático que esteja a cometer?

Pelo que percebi, é mensal.

Zenith

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #769 em: 2020-10-06 19:47:28 »
Nunca são claros neste ponto.
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Assumindo o mesmo perfil de rendimentos, isto teria um custo orçamental de cerca de 2 mil milhões de euros no primeiro ano
Se os 2 mil milhões se referem à subtracção total à colecta então 650Eur x 4 milhões de trabalhadores dependentes dá 2,6 biliões, que é da mesma ordem.

Se 650 Eur são mensais 2 biliões se referem ao acréscimo relativamente ás isenções actuais (por serem mais generosos com existência de filhos), ficam com uma taxa média de 10% e quebra de 3 biliões na receita. Para manter essa taxa média (10%) e colectar 80% do  IRS colectado actualmente os salários teriam de subir 10% (reais). Ainda é coisa para vários anos.


Nuno

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #770 em: 2020-10-06 20:09:34 »
O João Cotrim Figueiredo a falar sobre a taxa fixa

Error 404 (Not Found)!!1
Beware a closed mind, for it shuts away new ideas

Ashanath Leader Linnaeus

D. Antunes

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #771 em: 2020-10-07 00:43:34 »
Mas afinal qual a proposta da IL?
No texto que foi aqui publicado, o CGP apenas tece considerações genéricas e diz que mais tarde vai apresentar contas sobre como flat rate pode ser regressiva.
A IL já apresentou uma proposta na AR?
O IRS em Portugal é complicado. Temos vários escalões e depois há as deduções à colecta que tornam a coisa ainda mais opaca. Não fiz nenhuma pesquisa exaustiva, mas é dificil arranjar dados rigorosos acerca da taxa média de IRS. Encontrei um ou dois sites onde falavam de 13% mas sem explicação de como se chega a esse valor.
Se estiver correcto e eventual proposta da IL acabar com deduções à colecta, flat rate de 15% vai representar um agravamento fiscal médio. Já agora na republica Checa os 15% são na verdade 20%, já que incide sobre o chamado salário super-bruto que inclui 34% do empregador para segurança social e outras coisas. Se lá não houver deduções à colecta o imposto médio para classes mais pobres é elevado.
De resto não vejo diferença nenhuma entre ter um IRS progressivo sem deduções à colecta e ter um IRS flat com deduções regressivas. Aqui combinamos as duas coisas e por isso parece que ninguém se entende a fazer as contas.

Não podes comparar 13% com 15% porque os 15% só se aplicarão após uma base isenta.
“Price is what you pay. Value is what you get.”
“In the short run the market is a voting machine. In the long run, it’s a weighting machine."
Warren Buffett

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #772 em: 2020-10-07 00:58:25 »
Nunca são claros neste ponto.
Citar
Assumindo o mesmo perfil de rendimentos, isto teria um custo orçamental de cerca de 2 mil milhões de euros no primeiro ano
Se os 2 mil milhões se referem à subtracção total à colecta então 650Eur x 4 milhões de trabalhadores dependentes dá 2,6 biliões, que é da mesma ordem.

Se 650 Eur são mensais 2 biliões se referem ao acréscimo relativamente ás isenções actuais (por serem mais generosos com existência de filhos), ficam com uma taxa média de 10% e quebra de 3 biliões na receita. Para manter essa taxa média (10%) e colectar 80% do  IRS colectado actualmente os salários teriam de subir 10% (reais). Ainda é coisa para vários anos.

Eles falam em 2 biliões (menos de 1% do PIB). A ideia é obviamente reduzir as despesas do estado.

O Estado gasta: 56% em França, 44% na Alemanha, 36 a 38% no UK, Japão, na Austrália e Nova Zelândia,  32% na Suila e 25% na Irlanda.
Nõs. mais pobres conseguimos gastar 43%, já quase a mesma % da Alemanha. Não seria possível gastar menos? A Letónia gasta 33%. E cresce, cresce...
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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #773 em: 2020-10-07 08:51:17 »
Só queria perceber os números. Se os 650Eur são mensais ou anuais.
A Pordata reporta para 2019 13bilioes de IRS. Se a taxa média for 13% (referido na proposta da IL) significa que o valor colectavel bruto é de 100 bilioes. Se o valor de 650Eur for anual retira-se 2-2,5 bilioes aos 100 biliões e taxa média de 10% dá 10 biliões. Tudo certo.
Se for mensal 9100Eur anuais (ou uns 10.6-11000 contando 0.6-0.75 filhos dependentes em média por agregado), tem de se retirar uns 35-40 biliões e aí com taxa média de 10% receita de IRS vinha para metade.
Há outra coisa que também faz confusão:
Citar
Assumindo o mesmo perfil de rendimentos, isto teria um custo orçamental de cerca de 2 mil milhões de euros no primeiro ano, menos de 1% do PIB. O efeito na economia e o aumento de eficiência fiscal, comprovado noutros países como visto acima, aumentaria a base fiscal reduzindo este impacto a menos de 0,5% do PIB.
Pelo que percebi os 650 Eur (mensais ou anuais) é um valor para manter, ou seja para 2 bilioes passarem de 1% para 0,5% do PIB  este teria de duplicar (pelo menos em valores nominais). As contas são muito pouco claras.

Reg

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #774 em: 2020-10-07 08:57:48 »
em portugal o estado gordo e tipo  burgues corporacionista da esmola


vai abaixo recessao ,  sobe impostos ou chama  fmi  ou UE


ajuda  os grupos do regime, manda esmola e manda lixar resto


o IRS e IMI maneira mais rapida  ir buscar receita quando pais vai abaixo


com covid  quem anda pagar e UE por isso desta vez, escaparam ao estado gordo


porque so querem dar bilioes a tap e pagar funcionarios publicos a 100% teletrabalho  e bancos


e resto que se lixe


sao escolhas do estado gordo



a confusao do IRS e porque e mudado rapidamente para ir buscar receita no passado, quando rebenta a pressa


ultima grande mudanca do irs e imi foi com troika em portugal...ou seja o que queriam era receita



grandes mudancas sao quase sempre assim quando querem receita......


os paises leste ja mudaram irs  sem ser por isso!  ou seja eles mudam irs sem rebentarem primeiro


« Última modificação: 2020-10-07 09:13:11 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #775 em: 2020-10-07 09:12:26 »
em portugal o estado gordo e tipo  burgues corporacionista da esmola


vai abaixo recessao ,  sobe impostos ou chama  fmi  ou UE


ajuda  os grupos do regime, e manda lixar resto


o IRS e IMI maneira mais rapida  ir buscar receita quando pais vai abaixo


com covid  quem anda pagar e UE por isso desta vez, escaparam ao estado gordo


porque so querem dar bilioes a tap e pagar funcionarios publicos a 100% teletrabalho  e bancos


e resto que se lixe


sao escolhas do estado gordo



a confusao do IRS e porque e mudado rapidamente para ir buscar receita no passado, quando rebenta a pressa


ultima grande mudanca do irs e imi foi com troika em portugal...ou seja o que queriam era receita



os paises leste ja mudaram irs  sem ser por isso!

esta gente não é preparada nem esta preparada para estes cargos , são amadores , curiosos que querem viver a nossa conta.

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #776 em: 2020-10-07 09:16:47 »
e estado gordo  cheio ganancia


gosta tirar mas nunca devolve a quem tira

so malta berra mais porque isto e democracia e tem ter votos


se fosse ditadura como venezuela......  o estado gordo ficava e com tudo e nem berrar isso mudava

« Última modificação: 2020-10-07 09:47:35 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #777 em: 2020-10-07 20:20:18 »
Só queria perceber os números. Se os 650Eur são mensais ou anuais.
A Pordata reporta para 2019 13bilioes de IRS. Se a taxa média for 13% (referido na proposta da IL) significa que o valor colectavel bruto é de 100 bilioes. Se o valor de 650Eur for anual retira-se 2-2,5 bilioes aos 100 biliões e taxa média de 10% dá 10 biliões. Tudo certo.
Se for mensal 9100Eur anuais (ou uns 10.6-11000 contando 0.6-0.75 filhos dependentes em média por agregado), tem de se retirar uns 35-40 biliões e aí com taxa média de 10% receita de IRS vinha para metade.
Há outra coisa que também faz confusão:
Citar
Assumindo o mesmo perfil de rendimentos, isto teria um custo orçamental de cerca de 2 mil milhões de euros no primeiro ano, menos de 1% do PIB. O efeito na economia e o aumento de eficiência fiscal, comprovado noutros países como visto acima, aumentaria a base fiscal reduzindo este impacto a menos de 0,5% do PIB.
Pelo que percebi os 650 Eur (mensais ou anuais) é um valor para manter, ou seja para 2 bilioes passarem de 1% para 0,5% do PIB  este teria de duplicar (pelo menos em valores nominais). As contas são muito pouco claras.

Vamos lá fazer contas:
Rendimento coletável 100 mil milhões (usando os teus números), com receita 13% = 13 mil milhóes.

Com taxa de 15%, pagariam 15 mil milhóes.
Com dedução de 650 mensais (considrando 12 meses), poder-se-ia deduzir 650 x 12 x 15% = 7800 ou 9100 x 15% = 1170.
Aos 15 mil milhóes deduzes 1,17 mil milhóes por cada milhão de contribuintes (um pouco mais, contando com filhos, um pouco menos, porque muitos ganham ou declaram menos).
Com 4 milhóes de contribuintes arrecadas cerca de 10,5 mil milhóes, numa estimativa grosseira. Perda de 2,5 mil milhóes (vs. os 13 mil milhões). A ordem de grandeza é a mesma. Já nem considerando que a fuga seria menor.
Nota: existem mais de 5 milhões de contribuintes, mas, apenas 3 milhões acima de 10 mil euros.
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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #778 em: 2020-10-07 22:10:37 »
POsso ter exagerado ao considerar 4 milhões de contribuintes a ter benesse de 12.000Eur.
Mas considerando então 3 milhões com benesse de 9000, reduz-se matéria colectável em 3*9=27 biliões. Admitindo para o outro milhão tem rendimento bruto médio de 7000Eur, há mais uma redução de 7 bilioes ficando em 34.
De acordo com a proposta cada criança representa 400x12=4800Eur (200 por progenitor ou o dobro se for monoparental). De acordo com Pordata há 1,4 milhões de pessoas com menos de 15 anos e 1,1 milhões na faixa 15-24. Considerando que há 1,7-1,8 milhões de crianças, adolescentes e jovens adultos dependente dos pais tal representa mais uma redução de 4,8*1,7~8biliões.
De uma massa colectável de 100 bilioes passa-se para 100-42=58 bilioes. Esses 58 biliões taxados a 15% dá 8,7 biliões. Por isso não percebia como podem assegurar 10% com massa taxada a 15% reduzida em 40% ou mais.

D. Antunes

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Re: O cantinho dos Liberais
« Responder #779 em: 2020-10-07 23:15:54 »
Possíveis causas da discrepância:
-consideras 14 e não 12 meses (leste nalgum lado que são 14?); se considerares 12 meses, ficas com 15% de 29 mil milhões = 4,35 mil milhões.
-as famílias mais pobres têm mais filhos e muitas não usariam toda a dedução. Por exemplo, uma mulher com 2 filhos ficaria isenta até 1450 euros (650+2*400);
-estimo que a dedução por filhos seria duns 6,5 mil milhões (uns 7,5 mil milhões considerando os universitários*, se tb tivessem direito) * 15% = 975 a 1125 milhões (vamos considerar o meio termo = 1,05 mil milhões).
Fazendo as contas: 15% X 100 mil milhões  = 15 mil milhões - 5,4 = 9,6 mil milhões. Uma perda de 3,4 mil milhões (vs os 13 mil milhões).
-mas a perda seria menor, pois a dedução seria apenas para trabalhadores por conta de outro**.

-a taxa começaria por ser de 20%. Com 20% poderias deduzir 35 mil milhões sem perda de coleta. A coleta ficaria praticamente igual.
-à medida que a taxa descesse, a subdeclaração cairia (e o crescimento económico provavelmente aumentaria). Quando chegasse aos 15%, rpovavelmente a perda seria menor, Penso que não ficaria longe dos 2 mil milhões.

*Já estou a considerar uma média de 2,8 anos após os 18, provavelmente será um pouco menos, porque muitos não vou para a universidade.
**a dedução foi introduzida para os trabalhadores por conta de outrem poderem ser compensadas por não deduzirem despesas que têm por trabalhar (por exemplo; passe, deslocações, pagar um ATL aos filhos, etc). Os recibos verdes já deduzem despesas. Os pensionistas deduzem, não se percebendo bem porque motivo, pois não têm despesas associadas ao seu estado.

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