Dá-me ideia que, a médio prazo, a Europa vai de novo dar que falar pela negativa. E muito negativa.
O problema das dívidas soberanas não está resolvido. Tem que vir aí uma onda massiva de debt restructuring. Será quase impossível isso acontecer sem fazer os credores privados perderem uma parte. A Alemanha já sinalizou que deseja isso, e não que seja só o $$ dos contribuintes a pagar os problemas. A intervenção do BCE tem limites maiores que a da Fed, pois não temos cá uma federação.
O Sul da Europa está estagnado, numa situação de depressão, e não há qq sinal de que isso mude a médio prazo. Basta mais um problema internacional, guerra, commodities a subirem de novo, etc, e o Sul fica mto afectado -- e a caminhar para a falência.
A Itália pode ser uma candidata a sair do euro, não é só a Grécia e Portugal.
E os países do Sul estão a ficar crescentemente ingovernáveis com este desvio para a esquerda idiota -- Syriza, Costa e companhia. Agora vai ser em Espanha também.
No UK, vai haver referendo talvez este ano. Embora as elites estejam na sua maioria a favor da manutenção, o povo não está. Vê-se isso nos comentários online. O referendo vai ser renhidíssimo. E os meses antes dele vão fazer cair os mercados. Importante é realizar que se o UK sair, provavelmente a UE não sobrevive. Há uma reacção em cadeia, com alguns países do Norte a seguirem-lhe o exemplo.
Na realidade, em Davos já vários dirigentes falaram que uma saída do UK poderia ser fatal para a UE e precipitar o desmoronamento desta em meses (um ministro francês disse-o).
Há ainda a possibilidade de alguns países do Norte, também aflitos, como a Finlândia ou Holanda, expressarem que querem sair do euro afinal. Há fortes argumentos para defender que as crises neles também se devem em parte ao euro, não é só no Sul.
E já nem falo do desastre dos refugiados e de Schengen, que está a colocar os europeus uns contra os outros. Alguns países de leste estão pura e simplesmente a não seguir o que vem nos tratados europeus. Já ninguém se rala com ameaças de Bruxelas.
Os sinais de desintegração acumulam-se. Bastará alguém chegar-se à frente com uma declaração pública, por ex, e o castelo de cartas começa a desmoronar-se. Além disso isso poderá ser desordenado, e mais rápido do que se pensa.
Estou a falar de algo com potencial para colocar os mercados bolsistas de joelhos, e não só os europeus. Não como 2008, mas sim bastante pior. Até porque as valorizações das acções estão um bocado esticadas.
Os problemas da China e outros até parecem pequenos comparados com isto.
Por tudo isto, acho que uma série de tópicos podem voltar a ser actuais. Um deles é como proteger o nosso $$ em contas bancárias. Não estou convencido pela regra dos 100k. Melhor uns 50k, os dirigentes podem alterar essa regra a todo o momento. Lembremos, de qq maneira, que parece haver intenção de fazer os depositantes perder em caso de falências bancárias.
Mas os depositantes poderão perder quase tudo, mesmo sem falência bancária, se um país falido sair do euro, como pode acontecer.
A Alemanha sinalizou que não quer mutualizações de dívidas. E os povos europeus sinalizaram que não querem mais integração. E o cameron está agora a formalizar isso, um stop à integração. Como é que uma união monetária se aguenta nestas condições.
Por tudo isto, um short a acções europeias, principalmente bancos, principalmente da Europa do Sul, pode ser adequado. Nem que seja para fazer um hedging do resto da carteira.
Outras coisas que podem vir a ser rentáveis são o ouro e o franco suiço. Vão voltar a chover capitais sobre a Suiça.
Mas tudo isto que aqui escrevi é só para iniciar o debate. Não faço a mínima ideia dos timings para estas coisas todas. Não sei se algum destes problemas rebenta em 2 meses, 6 meses, 2 anos, ou 5 anos. Mas que um ou vários vão rebentar, isso vão. O prémio potencial é muito grande. Nem que seja o prémio de não perder demasiado.