Não é por acaso que durante a ditadura de Salazar a polícia de choque ia bater nos cidadãos que comemoravam o 05 de outubro. Esses cidadãos estavam a defender valores e direitos que ainda hoje são os nossos, e estão consagrados na Constituição da República Portuguesa. Para se chegar ao 25 de Abril de 1974, teve que se passar pelo 5 de outubro de 1910.
ENTAO NAO VAO LONGE... SE DIZEM TEM MESMOS VALORES
o regime republicano sofria em primeiro lugar de um problema de "legalidade": da incapacidade para assegurar que as ações do poder se processariam através da lei e nos limites da lei.
Os liberais consideravam a monarquia constitucional como o regime mais apropriado à transformação do país. Em primeiro lugar, porque era o tipo de regime mais corrente na Europa ocidental e porque estava identificado com o estado europeu mais bem sucedido no século XIX, a Inglaterra. Em segundo lugar, porque a proclamação de repúblicas provocara invariavelmente guerras civis, como em França em 1848 ou em Espanha em 1873. A história recente da Europa parecia indicar que só as monarquias, numa época de transformação política e cultural, poderiam garantir ordem e estabilidade. Na condição, porém, de que os reis favorecessem o progresso.
O Rei D. Carlos e o seu filho mais velho, o Príncipe Real D. Luís Filipe, foram assassinados em Lisboa, a 1 de Fevereiro de 1908.
POR ISSO NUNCA SE SABE SE ERA PROGRESSO OU NAO
A República Portuguesa tornou-se a segunda república moderna na Europa, depois da francesa. A maior parte das outras repúblicas europeias do século XX foram fundadas depois da I Guerra Mundial e da II Guerra Mundial. O regime republicano português foi o único que resultou da tomada do poder por um partido revolucionáriO
SAO COMO OS RUSSOS...
D. Carlos não teve um princípio de reinado fácil. Em 1890, um conflito diplomático com a Inglaterra obrigou o governo português a renunciar às suas pretensões máximas na partilha de África. Em 1893, o estado entrou em bancarrota, incapaz de honrar os compromissos da dívida externa. O ritmo de crescimento económico baixou. Mas a verdade é que o regime sobreviveu às dificuldades. No começo do século XX, os governos de D. Carlos tinham conseguido obter duas grandes colónias em África, Angola e Moçambique. O seu programa de austeridade financeira foi tolerado e relativamente bem sucedido: Portugal foi o país europeu em que a dívida pública menos progrediu na década de 1890. Os últimos governos de D. Carlos preparavam-se para recorrer novamente ao crédito externo e esperavam equilibrar o orçamento. Além disso, haviam restabelecido a aliança diplomática com a Inglaterra, vista como uma garantia da independência de Portugal e da monarquia.
D. Carlos preocupava-se muito com a opinião pública, e tentou fazer passar a imagem de um rei devotado ao seu país – “o primeiro dos cidadãos”, como se costumava dizer. Em 1892, a família real contribuiu para o equilíbrio financeiro, aceitando cortes importantes na sua “lista civil” (20%). O rei manteve-se atento à governação, sobretudo no que dizia respeito às relações externas e aos assuntos militares. Visitou os chefes de estado das potências mais importantes para Portugal, e recebeu-os em Lisboa em visitas oficiais. Cultivou as relações com os oficiais do exército, sobretudo com os que se distinguiram em África. E a verdade é que, depois do levantamento de uma parte da guarnição no Porto, a 31 de Janeiro de 1891, não voltou a haver outra insurreição militar no seu reinado.
Aliás, em casos de catástrofes, D. Carlos e D. Amélia foram sempre os primeiros a oferecer-se para ajudar as vítimas, geralmente convocando a alta sociedade para fazer contribuições financeiras. Em suma, a monarquia podia ser discutida, mas não porque o rei não fizesse esforços para provar a sua utilidade.
No princípio do século XX, a monarquia portuguesa tinha de facto quase 800 anos. Mas a continuidade monárquica ocultava grandes rupturas. A monarquia de D. Carlos correspondia a um regime novo. Era uma monarquia constitucional, que desde 1834 tinha sido ininterruptamente governada por liberais. O grande objectivo dos governantes liberais era modernizar Portugal. Durante o reinado do pai de D. Carlos, o rei D. Luís, haviam abolido os morgadios (1863), instituído um Código Civil (1867) e instaurado o equivalente do sufrágio universal masculino (1878). Além disso, haviam instalado modernas infra-estruturas de comunicação, como os caminhos de ferro que ligaram Lisboa ao Porto (1863) e Lisboa directamente a Paris (1887).
a rebeldia lisboeta contra as autoridades continuou a manifestar-se sob a República depois de 1910. D. Carlos procurou manter o contacto com a população da capital, mostrando que confiava no povo. Todas as tardes, passeava em Lisboa de carruagem aberta, sozinho e sem escolta. No dia 1 de Fevereiro de 1908, aliás, o atentado só foi possível porque o rei insistiu em respeitar esse costume, apesar da tentativa de golpe de estado uns dias antes. Em suma, o partido republicano não marcava a agenda politica e nunca conseguiu tornar Lisboa uma cidade proibida para o rei.
TAL COMO RUSSOS REVOLUCIONARIOS... SO ELIMINAR REIS DE VEZ..PORQUE POVO NUNCA ESTEVE COM ELES OS REVOLUCIONARIOS
aos olhos da própria classe política, faltava ao regime representativo português um eleitorado independente e civicamente mobilizado, para decidir quem deveria governar. Segundo os políticos, o país, analfabeto e rural, elegia quem o comprasse, e como quem lhe podia pagar melhor era o Estado, elegia sempre quem estivesse no governo. As eleições, que todos os governos ganhavam sempre, não serviam para fazer girar os partidos no poder, mas apenas para dar maiorias de deputados ao governo do dia. Nestas circunstâncias, quem poderia fazer alternar os partidos no governo? O rei.
Mas na monarquia constitucional portuguesa, o rei usava esses poderes, não para moderar entre os poderes do estado, mas para arbitrar entre os partidos: era o rei, ao nomear e demitir os governos e ao dissolver a câmara dos deputados e nomear pares do reino, quem provocava a alternância dos partidos no governo – a alternância que era impossível de obter por meio de eleições, já que os governos as ganhavam sempre. Ora, isto colocava o rei no centro do debate político.
D. Carlos nunca desejou governar directamente. Isso não estava previsto na constituição. O seu objectivo foi estabelecer um sistema de dois grandes partidos, a quem ele pudesse confiar, à vez, a tarefa de governar. Entre 1893 e 1906, tentou conseguir isso reservando a chefia do governo para apenas dois chefes políticos, Hintze Ribeiro e José Luciano de Castro, chefes do Partido Regenerador e do Partido Progressista. Era uma imitação do sistema inglês de dois partidos.
Era uma imitação do sistema inglês de dois partidos.
Os conspiradores falharam: não conseguiram nem levantar o povo nem a guarnição militar de Lisboa. Foi esse fracasso que levou ao regicídio, praticado como um último recurso por um pequeno grupo organizado e armado no âmbito da conspiração.
PORQUE FAZEM FERIADO DISTO! SE POVO ESTAVA COM REI FOI MORTO!