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Autor Tópico: Comunismo  (Lida 62646 vezes)

vbm

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Re: Comunismo
« Responder #400 em: 2018-10-10 12:42:10 »
Não. Discordo. Abolir diferenças é uma estupidez.

O respeito e a igualdade que todos merecem
não sobrevive ao arrasar de diferenças
que se assumem sem se imporem.

Por isso dois homens casados é repelente,
por biológica diferença com um homem e uma mulher casados.

Outro seja o nome, o contrato e o recato que se dê a tal companheirismo.

Até mesmo os próprios homossexuais deveriam envergonhar-se
de serem categorizados como casados! Questões de património,
solidariedade, segurança, resolvem-se com contratos distintos
dos apropriados ao direito familiar.

vbm

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Re: Comunismo
« Responder #401 em: 2018-10-10 12:52:19 »
post-scriptum:- Aqui há muitos anos estava eu
em Paris com a minha pró-namorada num Wimpy
quando, de repente à meia-noite, o restaurante
semi-vazio se encheu de uma enormidade
de jovens, todos maricas, um horror,
de fugir!

Et ça ma valu des grandes promenades au longue
des avenues jusqu'à l'ouverture du métro au matin
!

JohnyRobaz

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Re: Comunismo
« Responder #402 em: 2018-10-11 00:30:08 »
Não. Discordo. Abolir diferenças é uma estupidez.

O respeito e a igualdade que todos merecem
não sobrevive ao arrasar de diferenças
que se assumem sem se imporem.

Por isso dois homens casados é repelente,
por biológica diferença com um homem e uma mulher casados.

Outro seja o nome, o contrato e o recato que se dê a tal companheirismo.

Até mesmo os próprios homossexuais deveriam envergonhar-se
de serem categorizados como casados! Questões de património,
solidariedade, segurança, resolvem-se com contratos distintos
dos apropriados ao direito familiar.

Sinceramente às vezes parece que não lês o que escrevo. Eu não defendo abolição de diferenças, mas sim a igualdade de direitos e deveres para todos os seres humanos. Ponto final. Não gostas, ficamos assim, temos cada um o seu direito (e dever, porque não) democrático a exercer.

vbm

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Re: Comunismo
« Responder #403 em: 2018-10-11 12:04:13 »
ok, johny.

Thunder

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Re: Comunismo
« Responder #404 em: 2018-10-19 23:18:10 »
Automek, não me parece que a questão se coloque em termos de uma pessoa que sabe muito de X e pouco de Y seja melhor, ou tenha conhecimentos melhores que quem sabe de Y e pouco de X. Não há conhecimentos melhores nem piores teoricamente. E, sendo eu anti-classes, uma pessoa que seja um grande filósofo vale tanto como um grande mecânico, um grande jogador de xadrez ou um grande músico. Como pessoas, como seres humanos, valem o mesmo. Até uma pessoa que não sabe fazer nada bem, provavelmente porque nunca experimentou fazer aquilo para o qual nasceu com aptidão, vale o mesmo que elas.

Agora, o que há é áreas de conhecimento mais úteis ao desenvolvimento humano e social das comunidades que outras. A Filosofia não é saber de cor nomes de filósofos ou o que eles disseram, mas sim interpretar os raciocínios e argumentações que eles usaram ao pensarem sobre um determinado problema da altura, e tentar aprender com eles, de forma a poder, com mais ferramentas intelectuais, seja de raciocínio, seja de argumentos com base em questões anteriores já resolvidas com sucesso ou insucesso, resolver problemas actuais da sociedade que realmente mexem com as nossas vidas. Sim, o futebol mexe com as nossas vidas também, mas creio que estamos de acordo que o facto de o Benfica ser ou não campeão este ano não é (ou não deveria ser) uma preocupação para a comunidade em geral como o futuro do Euro, ou o futuro da União Europeia, ou mesmo o futuro da indústria e do emprego com a exponencial automação de processos. Se olhares com retrospectiva para o passado, percebes que o Homem evoluiu pensando sobre o que seria melhor para a comunidade, cometeu erros, aprendeu com eles e seguiu em frente. A História e a Filosofia são áreas do conhecimento que nos permitem, por um lado, evitar cometer os mesmos erros (por isso é tão perigoso ter pessoas pouco instruídas nessas áreas como governantes de países, pois têm poder que influencia milhões e não apenas o próprio), e por outro lado pensar o futuro. Filosofia é a arte de saber pensar, de saber reflectir e após, saber argumentar e contra-argumentar sobre um certo tema. História é conhecimento do passado, dos erros e das boas decisões, e do que originou o quê ao longo dos tempos. Não é saber de cor os nomes dos Reis. A informação é importante, mas mais que isso, é essencial saber perceber o que ela nos diz sobre nós.



O problema é que se vires bem há situações em que por muita argumentação e contra-argumentação que exista a sociedade como um todo continua a cair nos mesmos erros históricos do passado.
Depois de toda a miséria humana causada, que ainda haja gente a dizer abertamente que defende regimes marxistas é algo que a mim deixa-me completamente parvo. Pessoas com tempo de antena semanal na CS, com posições importantes em Universidades e organismos/instituições do estado.
Esse suposto canal público estaria cravejado de pessoas oriundas das soft-sciences que como sabemos anda num autêntico espírito de cruzada e a arrastar o nome da ciência pela lama. Que garantias tenho eu que seria um canal que existiria um contraditório real; quer em termos de comentadores, de programas, etc.?
Para mim - no contexto actual - mais rapidamente teríamos um canal de doutrinação (disfarçada) do que um canal realmente interessado em criar cidadãos livres e com pensamento crítico (profundo) e não meramente uma brigada de indignados sobre a espuma dos dias.

Ora bem, sinceramente não vejo muita televisão devido a falta de tempo, e o canal que vejo mais é a Sic Notícias. E volto a frisar que quanto maior for a percentagem de pessoas com acesso à TV por cabo, a necessidade de TV pública não me parece tão necessária devido à muito maior diversidade disponível. Mas falando dos 4 canais de tv aberta, vejamos por exemplo a programação desta 6feira em horário nobre:

RTP1 - Sexta às 9 (jornalismo de investigação) + JOKER (programa baseado em cultura geral) + O Duelo (adaptação em TV (já houve filme, penso que este seja uma série) de um livro do Jorge Amado com um dos mais bem sucedidos actores portugueses de sempre, Joaquim d'Almeida)

RTP2 - Desenhos animados até as 21h + Jornal 2 (informativo) + Jogar em Casa (série norueguesa, não creio que haja algum canal nem por cabo a transmitir séries produzidas nos países nórdicos, ou seja, é uma oferta que complementa o que o mercado dos privados oferece, em vez de replicar algo idêntico) + O Filho de Saul (filme húngaro, vencedor do globo de ouro para melhor filme estrangeiro e nomeado para Oscar da categoria - outra classe de filme que foge à enxurrada de Hollywood que os canais privados nos enchem as televisões)

SIC - Telejornal (informativo) + Alma e Coração (telenovela portuguesa) + Vidas Opostas (telenovela portuguesa) + Segundo Sol (telenovela brasileira)

TVI - Telejornal (informativo) + A Herdeira (telenovela portuguesa) + Jogo Duplo (telenovela portuguesa) + Onde está a Elisa? (telenovela portuguesa)


Eu também preferia não pagar a taxa audiovisual, mas sério que para toda a gente seria melhor eliminar os dois primeiros conteúdos e trocar por outros dois semelhantes aos dois conteúdos dos generalistas privados? É esse tipo de "oferta diversificada" que pretendem garantir às pessoas sem acesso à TV cabo ou internet (sim, no interior ainda existem)? A sério que tudo pode ser relativizado, como o valor da diversidade cultural e de conteúdos, da arte em geral? Será que é porque num programa é dada a voz a alguém que diz algo de errado que se coloca tudo em causa? Eu, olhando com olhos de ver para esta programação, não consigo achar que a TV pública seja dispensável. Poderia haver outra forma, digamos que exigir contratualmente certo grau de diversidade de conteúdos, mas duvido que isso seja mais liberal que assegurar um canal ou dois com essa diversidade e deixar o resto à vontade dos canais privados.

Esta parte foi para responder em relação à TV pública, e sobre o que é oferecido em concreto.


Quanto à maior parte do meu comentário que referes é sobre a importância que atribuo ao estudo de ciências sociais e humanas como a Filosofia, a Economia, a Sociologia, e também da Arte (seja ela qual for). Eu não desprezo o conhecimento em função de reacções primárias.

Johny eu também vejo pouca televisão; nesta fase da minha vida é mais ao fds. Durante a semana vejo um bocado mas já com a noite avançada.
Tal como quiseste salientar a RTP1 e 2 dão algo de diferente para o espectador durante a noite dos dias de semana. E eu até gosto de alguns programas deles como o "Visita Guiada"; gostava também dum que era sobre língua/gramática e a origem das palavras e expressões ... penso que chamava-se "Cuidado com a língua" (acho eu??). Gosto também da cobertura que dão a modalidades amadoras na RTP2. Mas também acho que possuem uma moderadora fraca e limitada no "Prós e Contras"; que não conseguem afastar-se minimamente do "arrastão" do futebol e fazem jogo bem igual com os restantes; nos telejornais muitas das vezes parece que não tem um consultor científico para rever o material que vai para o ar.
Mas para mim o mais irritante quando ouço toda a "missa" sobre a nobreza dos ideias da empresa é depois ver usarem os mesmos esquemas manhosos que os diabólicos privados: resmas de anúncios de calcitrin e outras banhas da cobra do mesmo tipo; anúncios de sorteios em que incentivam as pessoas a ligarem para chamadas de valor acrescentado; convidarem charlatões para encherem os programas da manhã e da tarde, como o fulano que andava a incentivar as pessoas a fazerem diluições de água do mar e tomarem essas mesmas diluições numa base diária. Essa brincadeira, num país em que o consumo excessivo de sódio já é uma praga, pode ter tido consequências difíceis de avaliar. No entanto o fulano esteve mais que uma vez com um tempo de antena enorme e com apresentadores embevecidos a gabarem-lhe os talentos. Para mim isso é inaceitável.

Por isso eu não coloco tudo em causa "apenas" pelas intervenções da Raquel Varela; coloco porque há muito por onde pegar e objectar. E na questão de terem marxistas com tempo de antena o problema é que não tem só a RV ... num instante arranja-se um elenco jeitoso :(
« Última modificação: 2018-10-19 23:25:07 por Thunder »
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Re: Comunismo
« Responder #405 em: 2018-10-19 23:33:46 »
O termo propaganda diz-te alguma coisa? Porque basicamente seria o sistema resultante daquilo que advogas; TV e meios de CS com a chancela de estado e com capacidade - via impostos - de reduzir a concorrência a cinzas.
Ou seja meios de CS na mão do estado, ensino na mão do estado, definição de currículos de ensino na mão do estado ... e desse caldo é que apareceriam os cidadão livres, cultos, etc. ... só que a história reduz a cinzas aquilo que advogas. Basicamente é a receita para um sistema de idolatria a um líder e/ou estado.

Diz. Não a propaganda néscia dos comerciais.
Mas algo mais sofisticado. Ontem ouvi na rádio,
o adolfo mesquita nunes. Promoveu o turismo,
não com anúncios nas revistas, mas convidando
jornalistas estrangeiros a visitarem o país,
lisboa, algarve, porto, interior e a
escreverem sobre o que viram,
na internet.

Defendo o mesmo. Entrevistar muito menos
futebolistas e comentadores de futebolistas
e conversar com gente da ciência,
da cultura e da arte.

Depois, ver-se-á o resultado.

No presente, só vejo a crítica ao que há,
através dos programas humorísticos,
que realmente ridicularizam
o mau gosto do público.

Convém, no entanto, 'pastoreá-lo´
ao que realmente tem valor.

«E por onde a razão, como uma brisa,
vos levar, por aí deveis seguir.»


A questão vbm é que as vezes parece-me que divagas tanto nos teus pensamentos que perdes a noção de que essas ideias serão aplicadas em pessoas de carne e osso. Desculpa se pareço grosseiro pois não é uma crítica gratuita que te faço; apenas acho que para a discussão avançar há que olhar as coisas por ambos os prismas: um mais conceptual/teórico mas também por um prisma mais pragmático.
Tudo isto à propósito de que uma massa crítica de espectadores com vontade de ver de forma sistemática as entrevistas que referes não aparece por geração espontânea. Isso exigiria alterações da forma como o ensino está estruturado (conteúdos, formas de avaliar, correntes pedagógicas), forma como os miúdos são educados em casa, entre outras coisas. É uma tarefa um bocado hercúlea e sinceramente acho que não há interesse/vontade em que as coisas evoluam nesse sentido.
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Re: Comunismo
« Responder #406 em: 2018-10-19 23:41:47 »
O termo propaganda diz-te alguma coisa? Porque basicamente seria o sistema resultante daquilo que advogas; TV e meios de CS com a chancela de estado e com capacidade - via impostos - de reduzir a concorrência a cinzas.
Ou seja meios de CS na mão do estado, ensino na mão do estado, definição de currículos de ensino na mão do estado ... e desse caldo é que apareceriam os cidadão livres, cultos, etc. ... só que a história reduz a cinzas aquilo que advogas. Basicamente é a receita para um sistema de idolatria a um líder e/ou estado.

Diz. Não a propaganda néscia dos comerciais.
Mas algo mais sofisticado. Ontem ouvi na rádio,
o adolfo mesquita nunes. Promoveu o turismo,
não com anúncios nas revistas, mas convidando
jornalistas estrangeiros a visitarem o país,
lisboa, algarve, porto, interior e a
escreverem sobre o que viram,
na internet.

Defendo o mesmo. Entrevistar muito menos
futebolistas e comentadores de futebolistas
e conversar com gente da ciência,
da cultura e da arte.

Depois, ver-se-á o resultado.

No presente, só vejo a crítica ao que há,
através dos programas humorísticos,
que realmente ridicularizam
o mau gosto do público.

Convém, no entanto, 'pastoreá-lo´
ao que realmente tem valor.

«E por onde a razão, como uma brisa,
vos levar, por aí deveis seguir.»


O Adolfo Mesquita Nunes tem sido dos políticos que mais tenho gostado de acompanhar, pois para mim representa o lado mais liberal que a direita (pelo menos em Portugal) terá para oferecer, pois é um liberal dos costumes e um liberal económico. O seu trabalho no turismo é reconhecido e sendo meu conterrâneo só não votei nele porque a minha morada oficial já não é a terra natal. E sou eu de centro-esquerda (seja isso o que for). Adiante, recomendo o podcast do Daniel Oliveira com ele sobre a liberalização da direita em Portugal (sim, o Daniel Oliveira esquerdalho, mas calma, não desistam já, pois ele tem nos seus podcasts ("Perguntar não ofende") conversas bem interessantes e provocatórias em relação a todos os espectros políticos e sociais), onde o Adolfo se sai bastante bem na argumentação e onde lhe dou razão em quase todos os assuntos, e acima de tudo representa a direita que eu gostaria de ver em Portugal, uma direita realmente e globalmente liberal, e não apenas aquela direita que apenas defende liberalismo naquilo que lhe permite encher mais o bolso.

O Daniel Oliveira ainda é dos comentadores mais à esquerda que consigo ouvir argumentar. não concordo com muita coisa e com muitas ideias dele, mas acho que conserva alguma capacidade de ver para além do seu próprio viés. Costumo ouvir no "Sem Moderação". Vou ouvir esses podcasts :)
Ele só me desiludiu bastante no artigo que escreveu na altura do "Caso Robles".

Valores e ideias realmente liberais fazem falta não só a Portugal ... parece-me que estão - infelizmente - em declínio no mundo ocidental. Para mim é simplesmente incompreensível e chego a sentir-me triste por ver tal situação. IMHO é claramente um retrocesso civilizacional.
« Última modificação: 2018-10-19 23:43:23 por Thunder »
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Re: Comunismo
« Responder #407 em: 2018-10-20 00:00:19 »
 liberalismo sobreviveu o fascismo e o comunismo  e sobrevivente duro de roer!
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

JohnyRobaz

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Re: Comunismo
« Responder #408 em: 2018-10-20 02:16:45 »
Caro Thunder,

Quanto aos canais públicos em sinal aberto, a RTP1 e RTP2, apenas quis destacar que, mesmo tendo todos os defeitos e mais alguns, conseguem apresentar uma programação mais abrangente, mais dedicada à cultura e ao que é feito em Portugal que não sejam telenovelas ou reality shows. Tem uma programação mais didática e completa e não tanto "pastilha elástica", mais do mesmo. Claro que poderia ter outros moderadores, outros comentadores, tudo isso. Mas também a repulsa que a direita faz em relação à RTP leva a que as pessoas de direita se afastem dela e pouco nela participem. Pode ser isso.

Quanto ao Daniel Oliveira, há também um podcast dele com o Nuno Artur Silva sobre a televisão pública, interessante. Tenho também ouvido os podcasts dele sempre que posso (e também ouço o Sem Moderação e vejo o Eixo do Mal), e é interessante ele colocar em causa, mesmo sendo ele de esquerda, muitos dos problemas dos sindicatos, dos partidos de esquerda, etc. Destaco os podcasts com o Arménio Carlos e com o Mário Nogueira, por exemplo. E atenção que o papel dele ali é de contraditório, e não de estarem ali a alimentar a mesma ideia.

E isto leva-me aquilo que eu sempre achei: O mais importante quando se discute política é que haja contraditório sério e luta de argumentos de igual para igual. É por exemplo isso que tento quando discuto política aqui no fórum. Posso dizer que se calhar sou dos meus amigos aquele que é mais à direita, pelo meu gosto pelos mercados financeiros livres, pela meritocracia, etc. Eu sinceramente considero-me um liberal, mas à canadiana. É que não ter dinheiro para dar a educação ou cuidados de saúde necessários aos filhos sem existir um Estado Social que ajude para mim não é ser livre. Ou seja, aqui pareço um autêntico esquerdalho. enfim, gosto de estar do contra, de colocar as coisas em causa. E ainda mais no momento histórico que vivemos, em que se criam nichos nas redes sociais ou fóruns como este, em que se juntam em discussão política apenas pessoas do mesmo lado da barricada, o que impede em geral o contraditório e até algum escrutínio da informação partilhada. Não deixa de ser interessante o que se passa no Brasil acerca disto, em que a campanha a favor do Bolsonaro foi feita essencialmente pelo WhatsApp, com muita falsidade a circular sem contraditório, sem escrutínio, de forma a que as pessoas fossem sempre lendo e ouvindo aquilo que queriam ouvir para aumentar cada vez mais o seu lado reaccionário a favor dele. Digamos que até parece uma espécie de instinto tribal que está enraizado na essência humana e que o progresso civilizacional foi tentando aniquilar, mas que tende a vir ao de cima.

Cumps

Incognitus

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Re: Comunismo
« Responder #409 em: 2018-10-22 14:06:41 »
Ninguém é "livre" na medida em que está plenamente obrigado a produzir para os outros, para dos outros obter o que necessita (que ele próprio não produz). Ou seja, a liberdade realmente só começa depois de cada um fazer tudo o necessário para assegurar as suas necessidades básicas.

Onde existe um problema é para os indivíduos que não importa qual o esforço, não estariam na posição de as assegurar (as necessidades básicas). Mas a opção de não as assegurar apesar de ser capaz de o fazer, é uma opção que não deveria existir. Isto porque muitos indivíduos estão certamente a desenvolver esforços consideráveis em actividades indesejáveis, para conseguir isso. Logo, ninguém deverá ter um direito especial para não ter que fazer tal esforço ou desempenhar tais actividades só porque não quer.
« Última modificação: 2018-10-22 14:09:12 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Re: Comunismo
« Responder #410 em: 2018-10-22 23:12:15 »
Ninguém é "livre" na medida em que está plenamente obrigado a produzir para os outros, para dos outros obter o que necessita (que ele próprio não produz). Ou seja, a liberdade realmente só começa depois de cada um fazer tudo o necessário para assegurar as suas necessidades básicas.

Onde existe um problema é para os indivíduos que não importa qual o esforço, não estariam na posição de as assegurar (as necessidades básicas). Mas a opção de não as assegurar apesar de ser capaz de o fazer, é uma opção que não deveria existir. Isto porque muitos indivíduos estão certamente a desenvolver esforços consideráveis em actividades indesejáveis, para conseguir isso. Logo, ninguém deverá ter um direito especial para não ter que fazer tal esforço ou desempenhar tais actividades só porque não quer.

Concordo. E eu acredito que a grande maioria das pessoas faz sacrifícios para sobreviver em vez de trabalhar por gosto, o que para mim seria o desejável num mundo ideal. Não defendo barrigas para o ar debaixo da bananeira, mas sim que cada um possa trabalhar naquilo que realmente gosta, porque é aí que poderá ser excepcional. E não me parece que uma sociedade darwinista baseada no stress e na luta pela sobrevivência vá levar a isso.

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Re: Comunismo
« Responder #411 em: 2018-10-22 23:29:16 »
Trabalhar no que realmente gosta não é uma opção. Existe um magote de trabalho, talvez a maioria, de que ninguém gosta.

Trabalhar é resolver problemas, chatices e necessidades de outros. É algo que os outros não querem ou não sabem fazer. Não é algo que tenda a ser agradável (embora o possa ser).

Por fim, se há pessoas a trabalhar no que não gostam (o que é certo) para obter a sua sobrevivência, automaticamente ninguém tem o direito de forçar terceiros a dar-lhe rescursos apenas porque não quer trabalhar em algo que não gosta.
« Última modificação: 2018-10-22 23:30:04 por Incognitus »
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Re: Comunismo
« Responder #412 em: 2018-10-23 00:21:02 »
Trabalhar no que realmente gosta não é uma opção. Existe um magote de trabalho, talvez a maioria, de que ninguém gosta.

Trabalhar é resolver problemas, chatices e necessidades de outros. É algo que os outros não querem ou não sabem fazer. Não é algo que tenda a ser agradável (embora o possa ser).

Por fim, se há pessoas a trabalhar no que não gostam (o que é certo) para obter a sua sobrevivência, automaticamente ninguém tem o direito de forçar terceiros a dar-lhe rescursos apenas porque não quer trabalhar em algo que não gosta.

Não vejo as coisas assim, sinceramente. Eu gosto do que faço e isso inclui resolver problemas. Claro que há chatices e momentos difíceis, mas o que eu falo é do global. E por vezes penso que o português pensa sempre que o trabalho tem que ser difícil para ter valor e isso não é verdade. Por vezes essa mentalidade é até contraproducente. E adora viver no desenrasque, outra pérola do tuga que leva a baixa produtividade. Enfim, mas o que acho é que o Estado não deve permitir que alguém, por mérito, não deixe de poder fazer algo que deseje e no qual é excepcional por motivos financeiros. Por via de bolsas de mérito, por exemplo. Preferia isso do que terem baixado as propinas.

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Re: Comunismo
« Responder #413 em: 2018-10-23 00:37:08 »
Não me parece que ninguém aprecie a noção de que trabalhar
é fazer coisas que interessem para os outros, mesmo que sejam aborrecidas.

Certo que não é fácil ser-se autárcico, mas é um modo de ser
muito mais naturalmente sentido como necessário.

Pode haver gosto numa especialização de trabalho
em exercício profissional e aí, realmente,
se não servir aos outros, é difícil
vir a ser apreciado, mas
não é impossível.

Por exemplo, Aznavour adorava cantar, era um diseur,
acabou apreciado por meio mundo, com trabalho persistente
e ele próprio se sentia como um operário da canção, e
considerava o talento, filho do trabalho
e não vice-versa.

Mas de súbito, penso nos professores. Estão a mais
na sua profissão. Porque não mudam de emprego
e vão trabalhar para o sector terciário
ou darem explicações privadas
em pequenas turmas,
caso aprendam
a ensinar e
instruir?

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Re: Comunismo
« Responder #414 em: 2018-10-23 01:32:17 »
Trabalhar no que realmente gosta não é uma opção. Existe um magote de trabalho, talvez a maioria, de que ninguém gosta.

Trabalhar é resolver problemas, chatices e necessidades de outros. É algo que os outros não querem ou não sabem fazer. Não é algo que tenda a ser agradável (embora o possa ser).

Por fim, se há pessoas a trabalhar no que não gostam (o que é certo) para obter a sua sobrevivência, automaticamente ninguém tem o direito de forçar terceiros a dar-lhe rescursos apenas porque não quer trabalhar em algo que não gosta.

Não vejo as coisas assim, sinceramente. Eu gosto do que faço e isso inclui resolver problemas. Claro que há chatices e momentos difíceis, mas o que eu falo é do global. E por vezes penso que o português pensa sempre que o trabalho tem que ser difícil para ter valor e isso não é verdade. Por vezes essa mentalidade é até contraproducente. E adora viver no desenrasque, outra pérola do tuga que leva a baixa produtividade. Enfim, mas o que acho é que o Estado não deve permitir que alguém, por mérito, não deixe de poder fazer algo que deseje e no qual é excepcional por motivos financeiros. Por via de bolsas de mérito, por exemplo. Preferia isso do que terem baixado as propinas.

Isso, além de subjectivo, significa "acho que o Estado deve tirar coercivamente dinheiro a alguém que trabalha, para o dar a outra pessoa que não lhe apetece trabalhar em algo que não gosta e supostamente tem talento para outra coisa qualquer".

Nota ainda que praticamente toda a gente acha que tem talentos não reconhecidos. O que propões, ainda antes de sair do chão, já seria uma coisa incrivelmetne arbitrária e injusta. Imagina depois de sair do chão e sujeito a todo o género de corrupção e favoritismos.

A forma objectiva e não arbitrária de julgar o talento das pessoas são terceiros, livremente, voluntariamente, a pagarem pelo produto desse talento.
« Última modificação: 2018-10-23 01:33:45 por Incognitus »
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Re: Comunismo
« Responder #415 em: 2018-10-23 01:36:01 »
Não me parece que ninguém aprecie a noção de que trabalhar
é fazer coisas que interessem para os outros, mesmo que sejam aborrecidas.

Certo que não é fácil ser-se autárcico, mas é um modo de ser
muito mais naturalmente sentido como necessário.

Pode haver gosto numa especialização de trabalho
em exercício profissional e aí, realmente,
se não servir aos outros, é difícil
vir a ser apreciado, mas
não é impossível.

Por exemplo, Aznavour adorava cantar, era um diseur,
acabou apreciado por meio mundo, com trabalho persistente
e ele próprio se sentia como um operário da canção, e
considerava o talento, filho do trabalho
e não vice-versa.

Mas de súbito, penso nos professores. Estão a mais
na sua profissão. Porque não mudam de emprego
e vão trabalhar para o sector terciário
ou darem explicações privadas
em pequenas turmas,
caso aprendam
a ensinar e
instruir?

Não se trata de não pode existir uma montanha de gente que gosta do que faz, que existe certamente. Trata-se sim de existir também uma montanha de pessoas que só faz o que faz porque tem que o fazer para obter recursos dos outros. Dessem-lhes a opção de não trabalharem mas terem os recursos na mesma, e essa montanha de pessoas certamente que a escolheria. Dessem-lhes a opção de fazerem "algo que gostam" e o Estado tirar a todos para lhes dar a eles porque o mercado voluntariamente não dava, e também uma montanha escolheria essa opção (vide artes apoiadas e afins).

Nota que o problema discutido aqui não é as pessoas fazerem o que gostam. É sim poderem fazê-lo mesmo que não exista mercado para isso. Porque se existisse, o problem nem sequer se colocava e já o faziam.
« Última modificação: 2018-10-23 01:36:51 por Incognitus »
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Re: Comunismo
« Responder #416 em: 2018-10-23 08:33:34 »
Compreendo o que esclareces e é verdade
que dar essa opção ilusória e inviável
às pessoas é má 'governança'
num país.

Mas os casos de proletarização generalizada
têm de acudir-se por segurança colectiva
e não mera previdência privada.

E se no passado, esta última, foi esbulhada
por inflações gigantescas, no presente
ela vive ameaçada por crises
de financeiras incontroladas

pela acção de
gangs mundiais de dinheiro roubado.

Automek

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Re: Comunismo
« Responder #417 em: 2018-10-23 08:44:47 »
Esta conversa faz-me lembrar na quantidade de pessoas que gostava de ganhar a vida a cantar, a tocar piano, a jogar futebol, a fazer videos no youtube, a escrever livros, a fazer documentários da vida selvagem, a realizar filmes, a estudar a cultura grega, a descobrir achados arqueológicos, etc. e, ao invés disso, porque não tem jeito, capacidade e/ou porque não têm perspectivas de sobreviver financeiramente, têm de optar por assar frangos, limpar retretes, aturar clientes num call centre, ser recepcionista num consultório, trabalhar numa fábrica, pintar paredes, etc.

Que direito tem a sociedade de esfolar impostos a estas pessoas para dar a alguém "que tem uma boa voz" e que quer cantar, mesmo que não consiga que lhe comprem as suas músicas ?

No meu dicionário isto é imoral. Quem quiser que se junte, voluntariamente, e apoie o que bem entender.

kitano

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Re: Comunismo
« Responder #418 em: 2018-10-23 09:15:57 »
É como diz o inc

Citar
Existe um magote de trabalho, talvez a maioria, de que ninguém gosta.

Isto é a realidade. A conversa de ter que se amar aquilo que faz...é romantizar a coisa.

"Como seria viver a vida que realmente quero?"

vbm

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Re: Comunismo
« Responder #419 em: 2018-10-23 09:25:12 »
É o que se faz. Só é de lamentar é que, para vender o que não presta,
- por não se ser capaz de fazer melhor -, se polua o povoléu
com obras de mau gosto e bens que não valem nada,
em vez de proporcionar o máximo desenvolvimento
pessoal de todos e de cada um dos cidadãos.

Não assim, Charles Aznavour, que pelo seu trabalho
e talento, conquistou a preferência do grande público,
que lhe sustentou a existência mais os impostos que pagou.