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Autor Tópico: Comunismo  (Lida 62631 vezes)

vbm

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Re: Comunismo
« Responder #300 em: 2018-09-25 17:39:01 »
Péssimo exemplo. Enquanto que os colectivistas beneficiam arbitrariamente um grupo, muitas vezes usando recursos dos contribuintes, os canais de televisão privados não nos exigem nada. Quem quer vê, quem não quer não vê.
Se há crítica a fazer é ao grupo RTP/RDP que nos esfola (via colectivismo) a taxa audiovisual.

Se aquilo que emerge do mercado livre de televisão são programas que não queres ver significa que estás num nicho para o qual o mercado livre acha que não justifica investir por não ter retorno.
Tens duas hipóteses: ou procurar alternativas no Cabo ou deixas de ver TV e procuras outras formas de lazer. A TV não é algo essencial para a sobrevivência e, portanto, o estado não se deve meter.

Não me parece um péssimo exemplo mas sim um exemplo pertinente, a comprovar justamente uma condição prévia ou, pelo menos, concomitante de a democracia ter interesse e não degenerar num retrocesso civilizacional: as pessoas serem instruídas, livres, fortes nas suas associações e famílias, de modo a que o facilitismo néscio e imediatista do que se produz e serve não redunde numa cultura de legumes-zombies ou exaltados-aparvalhados. A hipótese alternativa às que existem dos privados, fomentadoras de legumes, de exaltados, e de 'ideias' rápidas 'mastigadas' é uma televisão oposta às que existem, pagas por impostos sobre as existentes, de molde a arruiná-las quer pelos impostos quer pela perda progressiva de espectadores a que fiquem confinados, por a maioria crescente optar por outras formas de comunicação.

A adesão em massa ao que quer que seja não significa por si só que valha o que renda.
Isso determina-se pelo acréscimo ou não de mais bem-estar para todos.

Reg

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Re: Comunismo
« Responder #301 em: 2018-09-25 17:42:19 »
Bem a radio ainda não acabou.   ja foi fonte conhecimento  tambem.....


os tempos mudam e as TV tem de se desenrascar  como foi com  a radio
« Última modificação: 2018-09-25 17:44:03 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

jeab

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Re: Comunismo
« Responder #302 em: 2018-09-25 18:03:34 »
Bem a radio ainda não acabou.   ja foi fonte conhecimento  tambem.....


os tempos mudam e as TV tem de se desenrascar  como foi com  a radio

TV interactivas em 3D talvez seja o futuro próximo. Participar directamente nos programas como se estivesse lá no estúdio :)
« Última modificação: 2018-09-25 18:04:22 por jeab »
O Socialismo acaba quando se acaba o dinheiro - Winston Churchill

Toda a vida política portuguesa pós 25 de Abril/74 está monopolizada pelos partidos políticos, liderados por carreiristas ambiciosos, medíocres e de integridade duvidosa.
Daí provém a mediocridade nacional!
O verdadeiro homem inteligente é aquele que parece ser um idiota na frente de um idiota que parece ser inteligente!

Automek

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Re: Comunismo
« Responder #303 em: 2018-09-25 18:09:03 »
Não me parece um péssimo exemplo mas sim um exemplo pertinente, a comprovar justamente uma condição prévia ou, pelo menos, concomitante de a democracia ter interesse e não degenerar num retrocesso civilizacional: as pessoas serem instruídas, livres, fortes nas suas associações e famílias, de modo a que o facilitismo néscio e imediatista do que se produz e serve não redunde numa cultura de legumes-zombies ou exaltados-aparvalhados. A hipótese alternativa às que existem dos privados, fomentadoras de legumes, de exaltados, e de 'ideias' rápidas 'mastigadas' é uma televisão oposta às que existem, pagas por impostos sobre as existentes, de molde a arruiná-las quer pelos impostos quer pela perda progressiva de espectadores a que fiquem confinados, por a maioria crescente optar por outras formas de comunicação.

A adesão em massa ao que quer que seja não significa por si só que valha o que renda.
Isso determina-se pelo acréscimo ou não de mais bem-estar para todos.
Todo o teu argumentário pressupõe haver coisas "certas" e coisas "erradas" ou coisas melhores que outras, o que leva à discricionaridade, arbitrariedade e corrupção.

E quanto a mim estás errado, diga-se. Porque não é mais importante saber quem foi o primeiro rei de portugal, do que saber quem saiu na casa dos segredos ou quem é o maior marcador do Rio Ave. As coisas têm a importância que cada um lhes dá e é assim que deve ser. Certamente que há muita coisa que é importante na minha vida às quais tu dás importância zero. E vice versa. Há pessoas que passam horas na pesca, outras a fazer casas de fósforos e outras a colecionar chávenas antigas. Nenhuma escolha é superior a outra. Idem para programas de televisão.

O que tu podes (e é legítimo, claro) é não ter interesse em falar comigo por achares que, mediante os meus interesses, sou um bronco. Mas não se deve confundir o não gostarmos de algo com o acharmos que esse algo é inferior.

D. Antunes

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Re: Comunismo
« Responder #304 em: 2018-09-25 19:55:16 »
"cultura de legumes-zombies ou exaltados-aparvalhados"

Está bem engraçado vbm.

Eu tendo a concordar mais com o Auto. Com o cabo existe maior variedade e quem quiser ver documentários científicos, históricos ou políticos encontra-os. E nunca considerei que a RTP fosse especialmente boa.
Contudo, penso que nem tudo é igual e que as opções das pessoas nem sempre são racionais ou coerentes. No mínimo, o estado deveria permitir o acesso, em canal aberto, a conteúdos culturais variados.
Quando foram fornecidas licenças à TVI e à SIC foi por terem ganho um concurso com base em promessas de conteúdos que não foram cumpridas (posteriormente as licenças foram prolongadas apesar do incumprimento). Os canais abertos disponíveis são limitados e a escolha deveria basear-se em algo. No limite, de acordo com a posição do Auto, não há modo válido de escolher e então devem ser atribuídas as licenças a quem mais pagar.
“Price is what you pay. Value is what you get.”
“In the short run the market is a voting machine. In the long run, it’s a weighting machine."
Warren Buffett

“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."
René Descartes

vbm

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Re: Comunismo
« Responder #305 em: 2018-09-25 20:03:14 »
Não penso de modo algum que um indivíduo seja bronco só pelo facto de, pouco instruído e experimentado, não distinguir o melhor do pior. Daí a dizer que todo os gostos e preferências se equivalem vai uma distância qualificável de dislate! De há muito, quando era mais novo, escutava por vezes as conversas dos mais velhos sobre futebol; confesso, ficava admirado com a sagacidade de muitas observações, a argumentação crítica da táctica e estratégia de jogo, tudo considerações só possíveis com inteligência. Daí a tornar equivalente os pontapés na bola a uma boa aula ou palestra de matemática ou de filosofia, é um equacionar repudiável liminarmente. Eu posso concordar que não será lícito impor cultura específica à força numa sociedade; concordo com a persuasão. Mas considero concorrência desleal viciar as populações na mediocridade das televisões privadas assim como na alimentação à base de batatas fritas e bifes 'macdonald' homogéneos, universais, desequilibrados nutricionalmente. Assim, os privados monopolistas enchem-se de dinheiro à custa do povo obtuso e obeso.
« Última modificação: 2018-09-25 20:07:21 por vbm »

Automek

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Re: Comunismo
« Responder #306 em: 2018-09-25 23:18:23 »
Eu tendo a concordar mais com o Auto. Com o cabo existe maior variedade e quem quiser ver documentários científicos, históricos ou políticos encontra-os. E nunca considerei que a RTP fosse especialmente boa.
Contudo, penso que nem tudo é igual e que as opções das pessoas nem sempre são racionais ou coerentes. No mínimo, o estado deveria permitir o acesso, em canal aberto, a conteúdos culturais variados.
Quando foram fornecidas licenças à TVI e à SIC foi por terem ganho um concurso com base em promessas de conteúdos que não foram cumpridas (posteriormente as licenças foram prolongadas apesar do incumprimento). Os canais abertos disponíveis são limitados e a escolha deveria basear-se em algo. No limite, de acordo com a posição do Auto, não há modo válido de escolher e então devem ser atribuídas as licenças a quem mais pagar.
Parece-me haver algum consenso sobre o facto da RTP2 ser o que mais se aproxima do tal serviço público. E, contudo, perante a possibilidade de escolher 4 canais abertos, a verdade é que as pessoas não vêm a RTP2. Ou seja, há uma alternativa mais "cultural" e, no entanto, a maioria das pessoas rejeita-a voluntariamente. Mais que isto, só se se legislar sobre a programação dos generalistas, o que seria uma aberração.

Outra coisa em que tenho algumas reservas é sobre a definição de "conteúdos culturais variados". Basta ver que já tivemos exposição de pessoas a cagar (literalmente), com apoio do estado à cultura. Já tivemos o César Monteiro a fazer um filme apoiado pelo estado, com um casaco preto na câmara, e a querer que as más lingas se fodam (literalmente). Agora temos imagens pedófilas na casa de Serralves, com a barracada que se tem visto. Enfim. Isto da cultura/conteúdos culturais está repleto de coisas estranhas (não digo de coisas más porque isso é subjectivo).

Podemos dizer que isso não é cultura. Bom, eu discordo. Houve alguém, com o poder discricionário de definir conteúdos culturais, que achou que isto é cultura. Logo nada garante que os tais conteúdos culturais sejam aqueles que tu esperas (e cuja definição será diferente da minha e diferente da do vbm).

Em relação aos canais abertos, não sei se existe limitação de banda (não sei se é esse o termo) via aérea e no TDT. Se houver, sim, deviam ser leiloadas e permitindo o número máximo de canais tecnicamente possível (eu não aceito que seja um governante a dizer que não abrem mais licenças porque não há publicidade para todos - isso não é uma questão que o governante deva decidir).

Automek

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Re: Comunismo
« Responder #307 em: 2018-09-25 23:31:49 »
Daí a tornar equivalente os pontapés na bola a uma boa aula ou palestra de matemática ou de filosofia, é um equacionar repudiável liminarmente.
Isso é porque tu dás mais importância à filosofia do que ao futebol. Mas não consegues, de forma objectiva, justificar que uma escolha é superior à outra.
Em vez de teres uma coisa tão radical como filosofia vs futebol, experimenta tentar defender que o xadrez é inferior à música. Consegues ser taxativo ? Duvido.

Além disso custa-me que pessoas que se acham intelectuais e cultas porque sabem de pintura, filosofia e historia, se lhes abrirem um capot de um carro ou a caixa de um computador não fazem ideia do que ali está. Porque é que saber o que disse o Platão ou o nome dos quadros do Rembrandt é superior ao saber trocar um disco rígido ou onde é que está o liquido de arrefecimento do motor ?
Só porque se convencionou que filosofia é superior à mecânica e à informática ? Quem é que definiu isso ? Com base em quê ?

É esse o problema: nós estamos condicionados por aquilo que os pensadores, que dominam as correntes de opinião, determinam que é importante. Eu não tenho essa restrição. Eu admiro bastante um tipo que sabe tudo sobre aviões ou sobre armas, apesar de não me interessar um charuto sobre esses temas. Não vejo uma pessoa que saiba toda a história de Portugal como tendo "melhor" conhecimentos do que eles.
Posso é não ter interesse em falar com alguém que só sabe falar em pistolas. Mas isso já é uma preferência pessoal e não uma classificação de menoridade a esse tema.

vbm

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Re: Comunismo
« Responder #308 em: 2018-09-26 08:41:16 »
Compreendo o teu argumento, mas passa ao lado do que hierarquiza uma escala de valores.
O mais curioso é que tudo isso foi já discutido e esclarecido na Antiguidade Grega.
Realmente, em Atenas de Péricles, ficou perceptível a superioridade
do pensamento sobre a técnica, da teoria sobre a prática.

Se atentares o que é uma técnica, verás, consiste
num caminho fixo programado.

Pensar, é o que antecede
programar e fixar
em dispositivo
técnico,
fixo.

Dois espíritos, duas mentes a dialogar
são a mais pura criatividade deambulante
que suportadas pela observação e pela experiência,
alcançam o conhecimento, origem de todas as aplicações
que dele se projectam.

Por muito que admiremos o motor de explosão e os cálculos
de detalhe dos engenhos interplanetários, todos eles derivam
da actividade dos que pensam comunicando entre si.

Podes admirar a ponte de Alcântara a Almada sobre o Tejo.
Mas antes dela existir e depois dela não mais existir, houve,
há, o conhecimento de todas as condições requeridas para a sua
construção e reconstrução, ou seja, algo que não há,
mas conhece-se como pode ou não existir.

Confrontas xadrez com música. Presumo ambas semelhantemente
exigentes a nível de actividade mental. A vantagem da música
é que envolve mais os sentidos e não somente o cérebro
e a memória. Pode assim ser mais agradável.


Olha eu, antes de o homem (os americanos) irem à Lua e voltar,
admirava respeitosamente o saber experiente dos mais velhos.

Depois de o ver na televisão a pôr o pé na Lua, e voltar à Terra,
compreendi: não foi a tentar ir e vir que conseguiram o feito;
foi com muita teoria, com muito cálculo sem erros,
muito saber e ciência, para lá da 'universidade
da vida' que os mais velhos tanto valorizam.

vbm

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Re: Comunismo
« Responder #309 em: 2018-09-26 08:51:27 »
E é assim que valorizo o intelecto sobre as realizações do intelecto.
Um é uma coisa viva, pensante*; o outro, é uma coisa feita, tangível.

Um dia, a segunda mulher de Einstein (uma sua prima) visitou
um Observatório Astronómico e impressionada com o gigantismo
do equipamento telescópico perguntou para que servia aquela máquina.
Ao que o Director respondeu para conhecer o Universo. Ela, surpreendida,
comentou: - Mas o meu marido faz isso nas costas de um envelope! -:))

(*)  Já Platão, escritor insigne, não gostava de escrever!
Pela razão de que escrito o enunciado ficava fixo,
não podia alterar-se, já não era vivo como
o pensamento e a palavra
com que os espíritos
comunicam.
« Última modificação: 2018-09-26 08:52:01 por vbm »

JohnyRobaz

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Re: Comunismo
« Responder #310 em: 2018-09-26 09:12:14 »
Automek, não me parece que a questão se coloque em termos de uma pessoa que sabe muito de X e pouco de Y seja melhor, ou tenha conhecimentos melhores que quem sabe de Y e pouco de X. Não há conhecimentos melhores nem piores teoricamente. E, sendo eu anti-classes, uma pessoa que seja um grande filósofo vale tanto como um grande mecânico, um grande jogador de xadrez ou um grande músico. Como pessoas, como seres humanos, valem o mesmo. Até uma pessoa que não sabe fazer nada bem, provavelmente porque nunca experimentou fazer aquilo para o qual nasceu com aptidão, vale o mesmo que elas.

Agora, o que há é áreas de conhecimento mais úteis ao desenvolvimento humano e social das comunidades que outras. A Filosofia não é saber de cor nomes de filósofos ou o que eles disseram, mas sim interpretar os raciocínios e argumentações que eles usaram ao pensarem sobre um determinado problema da altura, e tentar aprender com eles, de forma a poder, com mais ferramentas intelectuais, seja de raciocínio, seja de argumentos com base em questões anteriores já resolvidas com sucesso ou insucesso, resolver problemas actuais da sociedade que realmente mexem com as nossas vidas. Sim, o futebol mexe com as nossas vidas também, mas creio que estamos de acordo que o facto de o Benfica ser ou não campeão este ano não é (ou não deveria ser) uma preocupação para a comunidade em geral como o futuro do Euro, ou o futuro da União Europeia, ou mesmo o futuro da indústria e do emprego com a exponencial automação de processos. Se olhares com retrospectiva para o passado, percebes que o Homem evoluiu pensando sobre o que seria melhor para a comunidade, cometeu erros, aprendeu com eles e seguiu em frente. A História e a Filosofia são áreas do conhecimento que nos permitem, por um lado, evitar cometer os mesmos erros (por isso é tão perigoso ter pessoas pouco instruídas nessas áreas como governantes de países, pois têm poder que influencia milhões e não apenas o próprio), e por outro lado pensar o futuro. Filosofia é a arte de saber pensar, de saber reflectir e após, saber argumentar e contra-argumentar sobre um certo tema. História é conhecimento do passado, dos erros e das boas decisões, e do que originou o quê ao longo dos tempos. Não é saber de cor os nomes dos Reis. A informação é importante, mas mais que isso, é essencial saber perceber o que ela nos diz sobre nós.

Quanto à arte, fiquei curioso, fotografias de crianças nuas é pedofilia? Fotografia de pessoas nuas é pornografia? Pode estar a escapar-me alguma foto do Mapplethorpe, mas quais são as imagens pedófilos que falas? Estamos a falar de nudez ou abuso sexual? Só para dar os meus 2 cenas sobre o assunto Serralves, quem valoriza a liberdade seria a favor do que o João Ribas quis, que é total liberdade de acesso a todas as 179 obras, e não apenas as 159 expostas pelo museu contra a sua vontade, com salas restritas a menores de 18. As obras com cariz mais chocante deveriam ter um aviso sobre isso na porta da sala, mas a entrada de crianças deve ser liberdade dos seus encarregados de educação, ou de cada pessoa sendo maior de idade. Não deve ser o museu a decidir isso, muito menos contra a vontade do seu curador. Para isso não têm curador.
Adiante, a Arte, na MMO, tem um valor estético mas também um valor interventivo. Isto quer dizer que a Arte, seja ela Pintura, Literatura, Escultura, Música, Cinema, Fotografia, Dança, etc., tem esses dois valores, e muitas vezes os artistas expressam a sua crítica a algo que consideram que seja errado. Por exemplo, a obra do Andy Warhol é uma crítica ao consumismo. Esse é o seu valor interventivo. É a sua forma de levar as pessoas a pensar na vida consumista que levam, a fazê-las pensar. Estéticamente, tem a sua coerência no estilo, na cor, etc. Não sou um entendido, pessoalmente gosto, mas a meu ver o grande valor é interventivo. E muitas vezes as pessoas criticam algo sem ao menos tentar perceber o que significa, só porque não gostam esteticamente.

Enfim, fico-me por aqui, mas seriam um assunto com pano para mangas. Eu percebo que se relativize tudo mas é preciso tentar não deitar a perder os ganhos civilizacionais que obtivemos no passado (democracia, liberdades, tolerâncias, etc), nem ignorar o património, seja ele físico seja intelectual, que o passado nos deixou, para enfrentar os problemas do futuro. E acho que isto, mesmo sendo eu um benfiquista relativamente ferrenho, é mais importante para a sociedade em geral que saber se o pênalti sobre o João Félix era ou não era para ser assinalado.
« Última modificação: 2018-09-26 09:19:20 por JohnyRobaz »

Automek

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Re: Comunismo
« Responder #311 em: 2018-09-26 09:34:06 »
Compreendo o teu argumento, mas passa ao lado do que hierarquiza uma escala de valores.
Voltamos ao ponto de partida: à hierarquia de valores como justificação para dizer que determinados conhecimentos são mais importantes que outros.

Essa hierarquia é algo extremamente subjectiva porque pegas em 100 pessoas, pedes para definir a sua hierarquia de de conhecimentos/interesses e vais obter 100 respostas diferentes. Desde o tipo que dá a importância máxima ao futebol até ao outro que não faz ideia quem é o Zidane mas sabe tudo sobre as guerras púnicas. Porque é que o primeiro tem conhecimentos de pior qualidade do que o segundo ? Não consegues justificar, a não ser com o que tu achas. O teu achómetro ou o meu é irrelevante. Não determinam coisa nenhuma em termos de importância.

É bom notar que estamos a falar de interesses extra-profissão porque foi aí que a conversa começou (sobre os conteúdos da televisão).

Parece-me óbvio que se vou a um hospital quero é que o médico perceba de medicina e não de badminton. Logo, para aquela profissão, para aquele momento, a medicina é mais importante que o badminton.
O que eu constesto, contudo, é que esse médico, na sua vida privada, tenha conhecimentos/interesses superiores à de outra pessoa só porque colecciona selos enquanto que o outro prefere estar na praia a ler o Record.

Automek

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Re: Comunismo
« Responder #312 em: 2018-09-26 09:58:04 »
Johny, a conversa teve origem naquilo que é a ocupação das pessoas nos seus tempos livres. O que eu defendo é que ir a uma exposição não é superior a ir ao futebol porque não há uma vantagem objectiva em alguém saber distinguir o impressionismo do realismo vs saber o plantel completo do Cova da Piedade.

E se o argumento é a vida das pessoas, então é muito mais importante saber cozinhar arroz e coser um botão numa camisa do que saber identificar a arquitectura gótica ou ter lido o Romeu e Julieta.

Quanto à exposição do Mapplethorpe, a polémica mostra bem como pessoas da mesma área (cultura) têm visões diferentes sobre a mesma. É uma prova de que é uma área altamente subjectiva e que mostra como o conceito de "conteúdos culturais" são diferentes de pessoa para pessoa.

Deixar que se exponham crianças nuas numa exposição é validar essa exposição. Porque é que o Mapplethorpe tem esse direito ? Então e se eu tirar aí uns retratos a crianças nuas, com o consentimento dos pais, e os expuser em qualquer lado ? É correcto ? Ou como é o Automek, que não tem jeito nenhum para tirar retratos, já é brejeirice e não deve ser permitido ?

É por isso que eu sou tão crítico no apoio à cultura. Que Serralves quera ter fotos de adultos a foderem ou de gajos com bastões enfiados no cu, tudo bem. Tenham o que quiserem (de adultos) e quem tirar prazer de ver aquilo que veja (eu também gosto de ver gajas descascadas se forem boas). Agora pedirem-me a carteira para isso ou dizerem-me que aquilo é bom mas uma exposição de naprons de renda é mau, isso escusam de gastar o latim porque uma não é superior à outra.

Automek

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Re: Comunismo
« Responder #313 em: 2018-09-26 10:03:28 »
Adiante, a Arte, na MMO, tem um valor estético mas também um valor interventivo.
O valor estético é subjectivo. Alguém que faz voluntariamente uma casa forrada de azulejos é porque gosta dela assim e não de outra forma. Para essa pessoa o valor estético dos azulejos é superior a outras escolhas de igual custo e não há absolutamente nada que consiga provar o contrário. Dizer que os azulejos são maus esteticamente só porque 99 em cada 100 pessoa assim o diz não é argumento para classificar algo como sendo pior.

Zenith

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Re: Comunismo
« Responder #314 em: 2018-09-26 10:34:46 »
Citar
Realmente, em Atenas de Péricles, ficou perceptível a superioridade
do pensamento sobre a técnica, da teoria sobre a prática.
Isso deve-se ao facto de terem escravos e consequentemente no caso das ciências não tinham muita motivação para transformar o conhecimento científico em tecnologia que reduzisse o esforço humano. A notável excepção foi o Arquimedes que embora fosse um matemático e astrónomo impar teve várias invenções práticas (e mesmo aqui na maior parte das vezes a motivação era militar derivada da ameaça romana).
O mundo romano sofreu do mesmo problema de terem mão de obra escrava, e por exemplo embora até conhecessem o princípios dos moinhos praticamente nunca utilizaram.
O facto de dispor de mão de obra escrva ou de baixo preço é um desincentivo ao progresso tecnológico. No sec XIX o Lorde Kelvin (que até contribuiu para o desenvolvimento do telégrafo), quando ouviu falar das experiências com telefones nos USA terá exclamado, "para que raio é que isso serve se podemos enviar um criado com uma mensagem?"
« Última modificação: 2018-09-26 10:42:34 por Zenith »

JohnyRobaz

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Re: Comunismo
« Responder #315 em: 2018-09-26 10:36:52 »
Adiante, a Arte, na MMO, tem um valor estético mas também um valor interventivo.
O valor estético é subjectivo. Alguém que faz voluntariamente uma casa forrada de azulejos é porque gosta dela assim e não de outra forma. Para essa pessoa o valor estético dos azulejos é superior a outras escolhas de igual custo e não há absolutamente nada que consiga provar o contrário. Dizer que os azulejos são maus esteticamente só porque 99 em cada 100 pessoa assim o diz não é argumento para classificar algo como sendo pior.

Pressuponho então que consideras que o Mercado da Arte não faz sentido nenhum, visto que as peças têm o valor que o mercado lhes dá, que são pessoas com critérios relativamente uniformes.

vbm

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Re: Comunismo
« Responder #316 em: 2018-09-26 10:45:14 »
Voltamos ao ponto de partida: à hierarquia de valores como justificação para dizer que determinados conhecimentos são mais importantes que outros.

Essa hierarquia é algo extremamente subjectiva porque pegas em 100 pessoas, pedes para definir a sua hierarquia de de conhecimentos/interesses e vais obter 100 respostas diferentes.

Se atentares no que eu disse, rigorosamente,
verás de imediato o erro do teu enunciado acima!

Eu não me limitei a comparar conhecimentos,
nem pouco mais ou menos!

Eu confrontei teoria com prática,
pensamento com técnica,

para dar superioridade à coisa pensante
sobre a coisa 'coisficada'.


JohnyRobaz

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Re: Comunismo
« Responder #317 em: 2018-09-26 10:59:36 »
Johny, a conversa teve origem naquilo que é a ocupação das pessoas nos seus tempos livres. O que eu defendo é que ir a uma exposição não é superior a ir ao futebol porque não há uma vantagem objectiva em alguém saber distinguir o impressionismo do realismo vs saber o plantel completo do Cova da Piedade.

E se o argumento é a vida das pessoas, então é muito mais importante saber cozinhar arroz e coser um botão numa camisa do que saber identificar a arquitectura gótica ou ter lido o Romeu e Julieta.

Quanto à exposição do Mapplethorpe, a polémica mostra bem como pessoas da mesma área (cultura) têm visões diferentes sobre a mesma. É uma prova de que é uma área altamente subjectiva e que mostra como o conceito de "conteúdos culturais" são diferentes de pessoa para pessoa.

Deixar que se exponham crianças nuas numa exposição é validar essa exposição. Porque é que o Mapplethorpe tem esse direito ? Então e se eu tirar aí uns retratos a crianças nuas, com o consentimento dos pais, e os expuser em qualquer lado ? É correcto ? Ou como é o Automek, que não tem jeito nenhum para tirar retratos, já é brejeirice e não deve ser permitido ?

É por isso que eu sou tão crítico no apoio à cultura. Que Serralves quera ter fotos de adultos a foderem ou de gajos com bastões enfiados no cu, tudo bem. Tenham o que quiserem (de adultos) e quem tirar prazer de ver aquilo que veja (eu também gosto de ver gajas descascadas se forem boas). Agora pedirem-me a carteira para isso ou dizerem-me que aquilo é bom mas uma exposição de naprons de renda é mau, isso escusam de gastar o latim porque uma não é superior à outra.

Primeiro de tudo, estava-se a comparar programação televisiva. Eu acho mais útil à sociedade ter programas como o Prós e Contras do que programas como a Casa dos Segredos. Discordas?

Adiante, claro que pessoas da mesma área têm visões diferentes, chama-se liberdade de pensamento e expressão. E isso acontece em muitas áreas, como a economia, a sociologia, etc., não é só na cultura. Basicamente tudo o que não é técnico, e mesmo isso...

Quanto à exposição de crianças nuas, vai a qualquer praia e vês meia dúzia a brincar, vai a qualquer álbum de família e vês sempre fotos dos banhos dos bebés nús, enfim, são contextos inocentes. Uma coisa é usar imagens de crianças com um cariz sexual e isso sim é pedofilia. A nudez não é pedofilia, é anatomia humana. É a realidade. Isto faz-me lembrar a polémica da amamentação em público. Não percebo essas tretas dos conservadores.
Admito que não conheço a obra completa do homem nem me vou pronunciar sobre contextos, mas do que sei, os contextos do uso das imagens não é de abuso sexual, nem com o objectivo de perversão sexual. Desprezar dessa forma a arte e quem a estuda é para mim incompreensível. Mas ok.

Automek

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Re: Comunismo
« Responder #318 em: 2018-09-26 11:10:30 »
Pressuponho então que consideras que o Mercado da Arte não faz sentido nenhum, visto que as peças têm o valor que o mercado lhes dá, que são pessoas com critérios relativamente uniformes.
O mercado da arte faz o mesmo sentido que o mercado das batatas e do peixe. Há um comprador e um vendedor e um preço que uma parte paga voluntariamente a outra, o que pressupõe que ambas as partes ficam melhor fazendo esse negócio.

O valor de um quadro conhecido é a assinatura original do seu autor. A melhor prova disso é que há cópias absolutamente perfeitas de quadros, que apenas valem umas centenas de euros vs os milhões que vale o original. O valor intrinseco (telas e tintas) é basicamente igual. O valor de mercado é diferente porque alguém valoriza o facto de ter o original e não uma cópia perfeita (e não há nenhum mal nisso, diga-se).

Reg

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Re: Comunismo
« Responder #319 em: 2018-09-26 11:21:33 »
e mercado arte como os outros....

onde ate tulipas  custaram o mesmo que casas   na holanda  antiga....


pagam milhoes quando hoje dia podem ter copia por  centimos  com impressoras 3D  e tudo

alem disso direitos autor ja não existem em coisas com mais 700 anos
« Última modificação: 2018-09-26 11:27:25 por Reg »
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