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Autor Tópico: Comunismo  (Lida 61711 vezes)

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Re: Comunismo
« Responder #80 em: 2016-11-28 02:52:38 »
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Mort de Fidel Castro

Le Temps.ch
« Última modificação: 2016-11-28 02:53:06 por Batman »

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Re: Comunismo
« Responder #81 em: 2016-11-28 03:10:23 »
O cartoon está errado. O paraíso comunista existe e funcionou perfeitamente ... para o Castro.
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Re: Comunismo
« Responder #82 em: 2016-11-28 10:44:37 »
É mais sobre o hipócrisismo genético do comunismo do que o ditador assassino e criminoso:

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Ninguém lava a história como os comunistas
Alexandre Homem CristoSeguir
28/11/2016, 7:49

Décadas de romantismo à volta de Fidel Castro tornaram menos óbvio para o mundo que ele não passou de um ditador como outros. Eis a demonstração de força da máquina comunista de revisão da história.

Morreu um grande líder. Um verdadeiro patriota, cuja razão de viver foi sempre o bem-estar do seu povo. Um homem que se dedicou inteiramente à defesa da liberdade. Um herói popular, que libertou Cuba de uma ditadura cruel. Um político inspirador de causas justas e aliado das lutas das forças progressistas, que estabeleceu o exemplo. Um símbolo da paz cuja memória se deve honrar prosseguindo a luta pelos ideais que defendia. Não, isto não é para rir nem é brincadeira de mau gosto. É mesmo muito a sério: todos estes louvores constam do comunicado do PCP que, em nome dos comunistas portugueses, reagiu à morte de Fidel Castro.

Poder-se-ia implicar com o insólito alheamento da realidade dos comunistas – como se, efectivamente, a realidade tivesse alguma importância para os comunistas. E replicar que Fidel Castro foi um ditador. Que governou a sua ilha com mão de ferro durante décadas e a entregou ao seu irmão para prosseguir o trabalho. Que matou adversários políticos, calou a oposição e suprimiu a liberdade de expressão, de associação e de reunião. Que derrotou uma ditadura cruel para a substituir por outra igualmente cruel e mais duradoura. Que forçou milhares ao exílio. Que perseguiu homossexuais e exibiu completa intolerância pela diversidade social. Que se subjugou aos interesses da URSS, em vez de aos dos cubanos. Que foi protagonista dos mais terríveis atropelos aos direitos humanos. E que todas as suas vítimas merecem muito mais do que serem arrumadas numa obscura nota de rodapé.

Como dizia, poder-se-ia implicar com o insólito alheamento da realidade dos comunistas, mas isso seria não entender a força da sua persistência em reescrever a história. Fazem-no agora com Fidel Castro como fizeram sempre em relação ao negrume dos regimes comunistas. Para o PCP, o centenário da revolução bolchevique serve de pretexto para elogiar as conquistas da União Soviética em termos de avanços sociais e económicos – menorizando os genocídios e o rasto de sangue de milhões de mortos que a máquina repressiva do regime deixou. Para o PCP, a “chamada queda do Muro de Berlim” não foi um momento de libertação, mas a destruição das “realizações económicas, sociais e culturais de mais de 40 anos de poder dos trabalhadores” na antiga República Democrática Alemã. Para o PCP, o “suposto massacre de Tiananmen” pelas mãos do regime comunista chinês não existiu – afinal, tudo não passou de uma campanha difamatória dos EUA. Para o PCP, o regime norte-coreano não merece censura pelos seus crimes contra a humanidade – embora mereçam censura “as pressões, agressões e tentativas de desestabilização do imperialismo” na península coreana. Enfim, a lista é tão longa que dava para encher páginas.

Dir-me-ão que reescrever a história, enquanto a memória perdura, é um acto de ridícula resistência à realidade. Mas tudo deixa de ser ridículo quando, após décadas de insistência numa versão alternativa da realidade, a memória se esbate e a mentira passa a verdade. Décadas de iconografia poética e de romantismo revolucionário à volta de Fidel Castro tornaram hoje menos óbvio que, afinal, o cubano não passou de um ditador como outros da América Latina – eis, aqui, a demonstração de força da máquina comunista de revisão da história. Tão menos óbvio que, nos jornais do fim-de-semana, foi indisfarçável a dificuldade em qualificar Castro como o “ditador” que foi, preferindo-se uma infame sequência de formulações inócuas – “figura marcante”, “histórico”, “controverso”.

Ironia das ironias, no mundo livre foram muitos os que o homenagearam e choraram a morte de um inimigo da liberdade. Inquieta este confronto com a fragilidade dos valores democráticos, tão facilmente encostados quando os elogios a um tirano se impõem. Está claro que o tempo apaga tudo, incluindo a memória. E que essa é a lição que os comunistas nunca esqueceram: reescrever a história compensa, porque uma mentira contada muitas vezes ascende a verdade. Que aprendamos todos a lição, também, e levemos a sério o alerta que a morte do ditador cubano reforçou. Hoje foi Fidel Castro. Amanhã serão os nossos filhos a duvidar da repressão que justificou o Muro de Berlim. Porque ninguém lava a história como os comunistas. E ninguém como os comunistas conta com a história para os absolver dos seus crimes.

http://observador.pt/opiniao/ninguem-lava-a-historia-como-os-comunistas/

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Re: Comunismo
« Responder #83 em: 2016-11-28 11:42:09 »
Existem afirmações em mais lugares:

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For the record: In 1958, that "impoverished Caribbean island" had a higher standard of living than Ireland and Austria, almost double Spain and Japan's per capita income, more doctors and dentists per capita than Britain, and lower infant mortality than France and Germany – the 13th-lowest in the world, in fact. Today, Cuba's infant-mortality rate – despite the hemisphere's highest abortion rate, which skews this figure downward – is 24th from the top.


http://historynewsnetwork.org/article/29233
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Re: Comunismo
« Responder #84 em: 2016-11-28 11:51:26 »
Bem... realmente, Fidel de Castro foi um herói na minha juventude universitária, às mesas do café Aviz, no Porto! :)) Já o Che Guevara, não, já não foi a mesma emoção da vitória em Cuba. Quanto a prisões e mortandade aplicada pelo regime a opositores, repito que embora ouvisse falar de repressão, nunca soube ou nunca acreditei que fosse ao ponto aqui afirmado de milhares e milhares de fuzilamentos! Não sabia, de todo. E custa-me a acreditar que, a ser verdade, não houvesse sido como resposta a iniciativas de contrarrevolução armada. A contrario sensu foi notável a obra revolucionária de Fidel de Castro na instrução do povo, na erradicação da fome, na justiça, na regeneração moral, no orgulho, coragem e repúdio do colonialismo americano.

Bom, agora que te vês confrontado com análises factuais sobre o regime de terror, e sobre um número de vítimas que ascende a vários milhares, entre mortos, torturados e aprisionados por um regime que em momento algum deixou que a população escolhesse o que pretendia, a tua posição muda alguma coisa face a este ditador?

Eu tenho a certeza absoluta, sem margem de erro, que todas as ações fuzilamento foram uma resposta a actos "contrarevolucionários" --- tal como de resto sucedeu em todos os estados totalitários governados por agentes socialistas/comunistas que de alguma forma perpetuam uma determinada "revolução".  Mas já tenho imensas dúvidas em definir onde se situam as fronteiras entre uma ação contrarevolucionária e outra patriótica, nomeadamente no que respeita à liberdade de expressão e ao silêncio necessariamente mantido para não haver contestação ao sistema.

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Quanto ao romance da Ilha, de Huxley, foi para mim uma impressão grandiosa. Essa tua ideia de as crianças ficarem desligadas dos progenitores não foi a noção com que eu fiquei! Era algo bem mais subtil, educativo e admirável: as crianças viviam e cresciam na sua família natural; o que era autorizado e até favorecido, era permitir-lhes, caso o quisessem, passar ou ir passar férias, ou temporadas com outras famílias conhecidas dos pais, e voltarem a casa assim que o desejassem também: acreditava-se que, desse modo, a criança apreendia muito mais e melhor a sociabilidade própria para a idade adulta, ganhavam uma maior maturidade, logo no período da adolescência; era algo que se revestia de efeitos benéficos para os indivíduos e a sociedade: Não existia coerção nenhuma. Também já não lembro detalhes da história, mas é um romance pedagógico e  social, notável!

Já foi há cerca de 20 ano que li o livro e não me recordo o suficiente para confirmar ou contradizer (recordo-me em concreto de um episódio em que o protagonista chorava copiosamente, sem controlo sobre as suas emoções, e era uma criança local que o acalmava, mantendo uma frieza glacial, resultado de uma educação "científica", regulada e parametrizada, de modo a poder confrontar emoções sem pestajenar).  Mas fico agora curioso para reler o livro, face a esta mais do que provável alegoria a Cuba.  Vai para a lista de próximas leituras.
« Última modificação: 2016-11-28 12:22:28 por Jsebastião »
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Re: Comunismo
« Responder #85 em: 2016-11-28 12:06:58 »
Uma coisa estranha é que aparentemente o Fidel Castro participou num ataque falhado a um aquartelamento militar em 1953. Digo "estranha" porque se o poder existente era tão sanguinário, como é que permitiriam ao homem ir a um julgamento e não acabar morto?


Aparentemente, o arcebispo local interveio e evitou de alguma forma que o Fidel fosse morto. Mas isso não impediu o Baptista de se vingar sanguinariamente da inicitiva.

Minuto 8.


! No longer available


Muito relevante: minuto 25 a 26. Está gravado, em imagens e sons --- Fidel responde a um jornalista que lhe pergunta ... "e agora?"
« Última modificação: 2016-11-28 12:21:34 por Jsebastião »
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Re: Comunismo
« Responder #86 em: 2016-11-28 12:32:11 »
Isso explica porque é que não o mataram imediatamente (já o sabia). Mas não o matarem de seguida ao julgamento? Só se Cuba não tinha pena de morte (uma possibilidade). Em certa medida até regimes brandos o teriam morto, tendo em conta a acção obviamente insurgente liderada pelo mesmo.

A ideia que me fica do Castro é que tudo desde o início da revolução, até à forma como se portou nesse ataque (fugiu, quando muitos outros morreram no mesmo), até á forma como reagiu após o sucesso da revolução (eternizou-se quando tinha prometido democracia) revela que Castro sempre agiu em interesse próprio e egoísta. Mas claro, sempre com um "bom motivo" para os outros. O que resta na cabeça das pessoas, não obstante a multitude de factos, é o "bom motivo".
« Última modificação: 2016-11-28 12:33:54 por Incognitus »
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Re: Comunismo
« Responder #87 em: 2016-11-28 12:49:29 »
O Fidel é libertado após 22 meses de captividade, numa amnistia geral do Baptista... dá-me a ideia que se uma pessoa investigar isto, o Baptista vai sair bem menos sanguinário que o Castro. É de excluir, de ambas as partes, mortes durante a guerra.

Existem claims de até 20,000 mortos, mas isto parece incluir a insurgência. Do lado do Castro o número ultrapassa 30,000 incluindo a guerrilha, mas excluindo a guerrilha existem estimativas de 10,000-12,000 fuzilados.
« Última modificação: 2016-11-28 12:55:13 por Incognitus »
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Re: Comunismo
« Responder #88 em: 2016-11-28 12:51:24 »
Existem afirmações em mais lugares:

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For the record: In 1958, that "impoverished Caribbean island" had a higher standard of living than Ireland and Austria, almost double Spain and Japan's per capita income, more doctors and dentists per capita than Britain, and lower infant mortality than France and Germany – the 13th-lowest in the world, in fact. Today, Cuba's infant-mortality rate – despite the hemisphere's highest abortion rate, which skews this figure downward – is 24th from the top.


http://historynewsnetwork.org/article/29233


O problema desses artigos de opinião é que nunca citam fontes. Eu também posso criar um blog e meter os números que quiser.
Já referi o projecto maddison e mesmo que para datas muito antigas em que não há contabilidade ou possam ser duvidosas pelo menos indicam as fontes para cada um dos paises.
Se os autores dos artigos de opinião não acreditam nas fontes oficiais ou nas estimativas mais consensuais feitas por estatísticos da economia, devem ter desenvolvido estimativas próprias e deviam detalhar como chegaram a esses valores para ter algum crédito.
Para 58, usando os dados do Maddison project, o PIB per capita de Cuba era 40% do da Austria 60% do da Irlanda, 75% do do Japão e 80% do de Espanha.
Quanto à mortalidade infantil, lista das nações unidas que aparece na wiki, indica (por 1000 nascimentos)

                  50/55     55/60       ...                                                                                                                                                                    10/15
France   45.64   33.6         25.43   20.72   16.26   11.82   9.48            8.01   6.8            4.74            4.27   3.68            3.34
Cuba   80.69   69.93   59.45   49.69   38.49   22.34   17.65   13.01   9.94            7.98            6.13   5.68             5.5
Germany   46.4    38.56   30.24   22.64   20.8           15.53   11.07   8.28           6.19           4.84                    4.2             3.7   3.1

mas há várias estatisticas consoante se considere à nascença, até 1 ano ou até 5 anos. (às tantas ainda andaram a comparam estatisticas à nascença num caso e até aos 5 anos para outros :-)) .
Mas sendo a cientifidade pouco importante o melhor é as pessoas votarem e considera-se valor o intervalo que obtem mais votos. É democrático e liberta as pessoas da coerção do método cientifico.

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Re: Comunismo
« Responder #89 em: 2016-11-28 13:00:36 »
Bem, fui ver a base de dados que citas. A diferença nestes artigos e nessa BD pode estar em conversões cambiais. Mas uma coisa impressionante é que o PIB per capita indicado para Cuba em 1999 é inferior ao PIB per capita Cubano em 1958. É de cair o queixo o quão incrivelmente negativo o Castro foi, de tal forma a estagnar um país durante 40 anos (com picos anteriores superiores, bem como níveis muito inferiores, entenda-se, mas ainda assim).

-----------

Penso que a noção de que o nível de vida em Cuba excedia alguns desses países, é algo que so se aplicava a Havana. Eventualmente os autores que disseram tal coisa, baralharam-se com esse efeito.

Em 1953 Cuba tinha 5,829,029 habitantes, e cerca de 1 milhão deveria estar em Havana.

-----------

Parece-me também que o Maddison project não ajusta pela paridade de poder de compra.
« Última modificação: 2016-11-28 13:08:17 por Incognitus »
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Re: Comunismo
« Responder #90 em: 2016-11-28 13:08:20 »
Existem claims de até 20,000 mortos, mas isto parece incluir a insurgência. Do lado do Castro o número ultrapassa 30,000 incluindo a guerrilha, mas excluindo a guerrilha existem estimativas de 10,000-12,000 fuzilados.

Os mais conhecidos serial-killers da história matam umas dezenas de pessoas e são vistos como monstros. Um ditador mata dezenas ou centenas de milhar e passa por herói e modelo para quem se identifica a sua ideologia política. É inacreditável como se fecha os olhos a isto ("desconheço, e não quero realmente saber", "isso é propaganda colonialista") ou como se passam esponjas descupabilizadoras sobre estes actos ("foi para punir os contrarevolucionários", "foi para garantir a liberdade do povo").
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Re: Comunismo
« Responder #91 em: 2016-11-28 13:13:26 »
Curiosamente existe um estudo comparativo para 1953:

The Road not taken: Pre-Revolutionary Cuban Living Standards in
Comparative Perspective*

http://econweb.umd.edu/~davis/eventpapers/CUBA.pdf

Cuba comparava muito bem com a América Latina.
« Última modificação: 2016-11-28 13:15:54 por Incognitus »
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Re: Comunismo
« Responder #92 em: 2016-11-28 13:47:35 »
Bem, fui ver a base de dados que citas. A diferença nestes artigos e nessa BD pode estar em conversões cambiais. Mas uma coisa impressionante é que o PIB per capita indicado para Cuba em 1999 é inferior ao PIB per capita Cubano em 1958. É de cair o queixo o quão incrivelmente negativo o Castro foi, de tal forma a estagnar um país durante 40 anos (com picos anteriores superiores, bem como níveis muito inferiores, entenda-se, mas ainda assim).

-----------

Penso que a noção de que o nível de vida em Cuba excedia alguns desses países, é algo que so se aplicava a Havana. Eventualmente os autores que disseram tal coisa, baralharam-se com esse efeito.

Em 1953 Cuba tinha 5,829,029 habitantes, e cerca de 1 milhão deveria estar em Havana.

-----------

Parece-me também que o Maddison project não ajusta pela paridade de poder de compra.

A minha motivação era mostrar que a as coisas antes da revolução estavam más em todos os aspectos: economia a deteriorar-se, desigualdade a aumentar para níveis extremos, ditadura brutal e corrupta. Cocktail perfeito para uma revolução.

Que depois as coisa não correu bem toda a gente sabe e depois de Cuba se ter aberto ao turismo, já há em Portugal (e no forum) pessoas que testemunharam a pobreza e portanto capazes de desmentir muitos mitos que se queiram propangandear (embora maior parte dos turistas fiquem em resorts e não veja grande coisa).

Eu nunca fui a Cuba, mas um primo  meu travou uma relação de amizade com um médico cubano que lhe indicou um casal de amigos em cuja casa o meu colega poderia ficar quando ele decidiu ir fazer umas ferias a Cuba (há cerca de 3 anos). Ficou então em casa desse casal jovem e com formação superior (ele eng agrónomo, ela curso de informática mas sem emprego), ou seja fora do circuito turistico. Ele gaba muito a simpatia do povo e o asseio da casa onde ficou mas não pode deixar de notar muitos detalhes que no circuito turistico oficial não se vêem. Por exemplo os lençois eram como no tempo dos nossos avós ou bisavós (consoante idade e classe social) pedaços de pano que eram cozidos juntos, e quando quando veio embora a senhora ficou cheia de gratidão porque ele deixou ficar todos os artigos higienicos  que tinham sobrado (shampo etc) coisas que a senhora não podia adquirir no circuito nacional.

Mas o ponto era que em 1959 situação tinha chegado a um ponto de tensão tal que corda ia quebrar.

Reg

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Re: Comunismo
« Responder #93 em: 2016-11-28 13:54:49 »
com fidel ficou pior  ....
quem  quebrou todas revoluçoes....   foi fidel   nem uma quebrou  o regime apesar pobreza do povo...

com ditadura comunista/socialista  no poder a corda dura muito tempo....


« Última modificação: 2016-11-28 14:05:53 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

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Re: Comunismo
« Responder #94 em: 2016-11-28 14:13:16 »
Bem, fui ver a base de dados que citas. A diferença nestes artigos e nessa BD pode estar em conversões cambiais. Mas uma coisa impressionante é que o PIB per capita indicado para Cuba em 1999 é inferior ao PIB per capita Cubano em 1958. É de cair o queixo o quão incrivelmente negativo o Castro foi, de tal forma a estagnar um país durante 40 anos (com picos anteriores superiores, bem como níveis muito inferiores, entenda-se, mas ainda assim).

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Penso que a noção de que o nível de vida em Cuba excedia alguns desses países, é algo que so se aplicava a Havana. Eventualmente os autores que disseram tal coisa, baralharam-se com esse efeito.

Em 1953 Cuba tinha 5,829,029 habitantes, e cerca de 1 milhão deveria estar em Havana.

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Parece-me também que o Maddison project não ajusta pela paridade de poder de compra.

A minha motivação era mostrar que a as coisas antes da revolução estavam más em todos os aspectos: economia a deteriorar-se, desigualdade a aumentar para níveis extremos, ditadura brutal e corrupta. Cocktail perfeito para uma revolução.

Que depois as coisa não correu bem toda a gente sabe e depois de Cuba se ter aberto ao turismo, já há em Portugal (e no forum) pessoas que testemunharam a pobreza e portanto capazes de desmentir muitos mitos que se queiram propangandear (embora maior parte dos turistas fiquem em resorts e não veja grande coisa).

Eu nunca fui a Cuba, mas um primo  meu travou uma relação de amizade com um médico cubano que lhe indicou um casal de amigos em cuja casa o meu colega poderia ficar quando ele decidiu ir fazer umas ferias a Cuba (há cerca de 3 anos). Ficou então em casa desse casal jovem e com formação superior (ele eng agrónomo, ela curso de informática mas sem emprego), ou seja fora do circuito turistico. Ele gaba muito a simpatia do povo e o asseio da casa onde ficou mas não pode deixar de notar muitos detalhes que no circuito turistico oficial não se vêem. Por exemplo os lençois eram como no tempo dos nossos avós ou bisavós (consoante idade e classe social) pedaços de pano que eram cozidos juntos, e quando quando veio embora a senhora ficou cheia de gratidão porque ele deixou ficar todos os artigos higienicos  que tinham sobrado (shampo etc) coisas que a senhora não podia adquirir no circuito nacional.

Mas o ponto era que em 1959 situação tinha chegado a um ponto de tensão tal que corda ia quebrar.

Uma parte grande da desigualdade em Cuba parece vir do facto do mundo rural vender um produto (açucar) sazonal e que, sendo uma commodity, não providencia níveis de vida crescentes ao longo do tempo. Essa parte de Cuba comparava com outra, Havana, que sendo baseada em serviços era capaz de providenciar nívels de vida explosivamente crescentes.

As variáveis sócio-económicas de Cuba, mesmo em média (incluindo a pobreza rural, portanto), comparavam muito bem com a América Latina (ver o estudo que linkei acima).

Algo que parece ter dado dinâmica ao processo revolucionário foi o fim da democracia, com o golpe do Baptista em 1952. Se uns podem tomar o poder pela força, também os outros o podem fazer... isto parece ter contribuído mais para a tensão de que falas, do que a situação sócio-económica.

-----------

Sobre Cuba, eu estive lá algumas vezes, e andei fora do circuito turístico. Aluguei carros, e fiz até um pião (propositado) à frente do Capitólio ... eheh. Dormi fora do circuito comercial, em Havana, e fiz a ilha toda de Varadero à baía dos porcos, parando em alguns locais. Comi em vários "paladares" (casas de Cubanos normais, que basicamente vendiam refeições). Já na altura a electricidade era racionada fora do circuito turístico (ou seja, não havia electricidade o dia todo ...). Aquilo fora do turismo era incrivelmente pobre, embora Havana fosse ainda bem mais rica do que a generalidade do país que visitei.

Existiam muitas coisas engraçadas. Por exemplo, era possível comprar bebidas dentro de uma discoteca abaixo do preço da própria discoteca, via intermediários cubanos. A razão era simples: existiam duas moedas (uma para turistas, outra para locais), e a taxa de câmbio das mesmas era artificial. Portanto os locais estavam altamente dispostos a comprar na moeda deles, e vender-te a ti muito mais barato do que o câmbio oficial implicava (e ainda assim, lucravam, versus o câmbio real).
« Última modificação: 2016-11-28 14:14:01 por Incognitus »
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Re: Comunismo
« Responder #95 em: 2016-11-28 14:23:56 »
Curiosamente existe um estudo comparativo para 1953:

The Road not taken: Pre-Revolutionary Cuban Living Standards in
Comparative Perspective*

http://econweb.umd.edu/~davis/eventpapers/CUBA.pdf

Cuba comparava muito bem com a América Latina.


É a mesma coisa que dizer que Alemanha do anos 20 comparava muito bem com Europa.
Comparando as tabelas de 1928 e 1955 o racio média do PIB per capita Cuba- outros paises Latam (os que aparecem nas 2 tabelas) houve uma redução de 38%. Num post anterior usando outro artigo para o periodo de 1913-6 obtive redução de 43% na comparação com o LA5( Arg Br, Chil, Urug, Mex), aqui obtem-se para 28-55 redução de 23%.

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Re: Comunismo
« Responder #96 em: 2016-11-28 14:25:45 »
Mais alguns números do paraíso que o Castro criou:

Automek

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Re: Comunismo
« Responder #97 em: 2016-11-28 14:36:23 »
O interessante destas histórias dos circuitos não oficiais é o facto das pessoas terem de adoptar um sistema totalmente liberal de venda da sua produção para sobreviver. Os estrangeiros (clientes) compram voluntariamente essa produção, sem qualquer intervenção do estado ou de impostos e é assim que as pessoas evitam o socialismo, que só traz miséria, e obtêm algum complemento para poderem viver.

Ou seja, aquilo que safa estas pessoas do socialismo é o liberalismo.

vbm

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Re: Comunismo
« Responder #98 em: 2016-11-28 16:00:28 »
Bom, agora que te vês confrontado com análises factuais sobre o regime de terror, e sobre um número de vítimas que ascende a vários milhares, entre mortos, torturados e aprisionados por um regime que em momento algum deixou que a população escolhesse o que pretendia, a tua posição muda alguma coisa face a este ditador? [ ]

Aceito o desafio de tomar uma posição sobre o regime de Cuba no pressuposto da repressão política que terá exercido sobre oposicionistas, incluindo o fuzilamento após julgamento sumário quer de insurgentes quer de mera opinião e instigação à oposição.

E digo, sem rebuço, o regime é de condenar. Obtempero, no entanto, a consideração destes pontos: i) inicialmente, a revolução lutou contra e depôs um regime corrupto e sanguinário; ii) nisso, a sua acção foi politicamente louvável e o país prosperou, senão materialmente, pelo menos em dignidade, instrução e felicidade genuína; iii) o governo revolucionário sofreu constrangimentos constantes face ao bloqueio dos estados unidos, o que afectou o seu desenvolvimento potencial; iv) o país foi vítima de tentativas de invasão e derrube do governo por emigrantes e forças do exterior; v) é provável, - e sucedeu real ou pressupostamente, como aceitei considerar -, que a oposição interna tenha grassado por toda a ilha ao que as autoridades terão respondido - responderam - com julgamentos sumários e fuzilamentos.

O regime de Cuba, no seu início, pôde beneficiar do êxodo dos reaccionários para os estados unidos. Mais tarde, depois de instalado no poder a governar, já não podia usar a mesma 'solução'. Prender, julgar e fuzilar não é solução admissível. O responsável supremo por tal abuso de poder é claramente da autoridade máxima, no caso Fidel de Castro. Eu percebo o que ele fez: conservou o poder, aniquilou os que se lhe opunham. É uma resposta política, sem dúvida. Na minha opinião moral e política, porém, é uma resposta inaceitável. Porquê? Porque ter enveredado por ela, bloqueou de vez o desenvolvimento do país e reverteu a população à miséria material e moral de que a revolução pretendeu libertá-la. Como tal, foi politicamente uma via desastrosa e criminosa.

Que outra solução poderia ter encarado?

Quanto a mim, duas, qualquer delas melhor do que a repressão criminosa. Uma via reformista, de abertura democrática a opiniões contrárias às do poder, ensaiando experimentalmente soluções aí propostas. Outra via, difícil, complexa, requereria muita habilidade e alguma sorte: iniciar uma revolução interna contra os próprios novos extremistas do regime, depondo-os e apoiando-se em elementos mais moderados, contendo os excessos de repressão dos insurgentes, e buscando linhas de entendimento que abrissem caminho a uma reforma controlada do próprio regime...

Nós, do Portugal pré-25 de abril, apercebemo-nos bem como esta segunda via é difícil, mas porventura indispensável como meio de um regime conseguir reformar-se e renovar... De qualquer modo, passar à selvajaria de assassínios pseudo-judiciais não é admissível, contraria e contradiz a revolução de Fidel de Castro contra a abominação da repressão política da  ditadura de Fulgêncio Baptista que Castro depôs. Condenável. É que nem sequer é uma leal guerra civil de uns contra outros, forças que se guerreiam, vencendo a mais forte! É puro assassínio cometido pelo mais forte ao mais fraco, uma suprema cobardia, uma ignomínia.

Está respondido.
É esta a minha posição.

vbm

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Re: Comunismo
« Responder #99 em: 2016-11-28 16:09:21 »
Já foi há cerca de 20 ano que li o livro [A Ilha, Aldous Huxley] e não me recordo o suficiente [ ]  Mas fico agora curioso para reler o livro, face a esta mais do que provável alegoria a Cuba.  Vai para a lista de próximas leituras.

:) Eu nunca percebi se aquele romance evocava ou não a Cuba revolucionária. Tal não foi o que mais me impressionou, antes algumas posições filosóficas e educativas que neles Huxley expressa! Mas não o vou ler outra vez, porque outros têm prioridade. Gostei muito, porém.