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«“Nem água há para enganar o estômago”. O que se passa em Cuba?
ZAP
1 Março, 2024
1 Março, 2024
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@Doug88888/Flickr
Cuba pediu pela primeira vez ajuda ao Programa Alimentar Mundial da ONU
País pediu pela primeira vez ajuda ao Programa Alimentar Mundial da ONU. A falta de leite para crianças e de farinha de trigo para produzir pão subsidiado agravou a crise alimentar na ilha.
O Governo de Cuba pediu pela primeira vez ajuda ao Programa Alimentar Mundial (PAM), devido às dificuldades em continuar a distribuir leite às crianças menores de sete anos, confirmou esta quarta-feira a agência especializada da ONU.
Referindo uma “necessidade urgente”, o programa das Nações Unidas sublinhou “a importância deste pedido”, especialmente no contexto da “profunda crise económica que Cuba enfrenta”, que está a afetar “significativamente a segurança alimentar e nutricional da população”.
O executivo de Havana não tinha divulgado nem o pedido, nem as primeiras contribuições internacionais, apesar de andar há semanas a falar do problema.
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Além disso, de acordo com o PAM, o pedido cubano “não refere um prazo explícito” — não pede apoio por um período de tempo limitado —, pelo que a agência multilateral está a tentar “mobilizar recursos adicionais”.
“Estamos em constante diálogo com doadores tradicionais e não tradicionais, explorando diversas opções que facilitem tanto a doação como o financiamento”, afirmou o PAM.
Há anos que o leite é um bem escasso em Cuba, embora em geral as crianças até aos sete anos (e pessoas com dietas especiais) pudessem contar com uma determinada quantidade de leite em pó por mês, através de um cartão de racionamento, pelo que o obtinham a um preço altamente subsidiado (2,5 pesos por quilo, cerca de 19 cêntimos de euro).
Além de falta de leite, há falta de pão.
O pão subsidiado é vendido por um peso cubano, e os residentes têm direito a um número limitado de pães por mês, anotados num cartão de racionamento. Mas está a faltar farinha de trigo para produzir o alimento.
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Em padarias privadas, ainda é possível encontrar pão, mas a um preço muito mais elevado e inacessível para boa parte da população. O governo reconhece a falta de pão e diz que o problema continuará pelo menos até ao final de março. Muitas escolas já não oferecem pequeno-almoço aos alunos — e o almoço é insuficiente.
Uma pesquisa do Observatório Cubano dos Direitos Humanos publicada em setembro passado indicou que 88% dos cubanos viviam em extrema pobreza, situação que obriga muitos a tentar emigrar.
Protestar nas ruas é só para os mais destemidos. A última onda de manifestações, em 2021, foi duramente reprimida pelo governo e muitos manifestantes acabaram detidos.
“Em Cuba, há fome de muitas coisas. Como explicar a uma criança que diz estar com fome que não tenho comida para lhe dar, porque por vezes nem sequer há água para enganar o estômago. É muito difícil viver com isso. São crianças que crescem a pensar que a fome é algo natural, quando não deveria ser”, confessa uma local à DW.»
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