Penso, o presidente da República, sendo eleito directamente pela população, tem o poder e o dever de se dirigir directamente ao povo, à Nação, sem mediação de nenhuma outra instituição. Por voto directo foi o escolhido. Cumpre-lhe exprimir a sua opinião pessoal, por muito avalizada que esteja ou não pelos seus conselheiros de Estado. Por certo, o povo espera do seu presidente uma atitude ponderada, sensata, justa e razoável. Essas são bem as características que a sua palavra deve ter, a acompanhar uma voz independente! Nessa não-dependência dos demais órgãos de soberania, cumpre apo presidente da República tomar posição sobre como os demais órgãos soberanos agem: bem ou mal e porquê, segundo o seu juízo. O parlamento está a aprovar boas leis, ou leis sem interesse político nenhum? O governo está a implementar políticas valiosas ou ruinosas? Os tribunais estão a julgar com justiça ou são censuráveis as suas sentenças? O presidente sem esta independência de juízo não vale nada. Com a independência e sensatez requerida para o cargo, deve exercê-lo, mostrando e comprovando que sabe negociar com o parlamento, o governo e a magistratura as reformas que entende melhorarem a vida colectiva dos Portugueses