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Autor Tópico: Uber - Tópico principal  (Lida 76150 vezes)

Kin2010

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #300 em: 2016-10-10 22:52:53 »
Vocês não estão a notar uma série de coisas. Primeiro, o facto do presidente da Antral ser empresário do ramo é banal, acontece com todos os presidentes de associações empresariais, vejam lá a CIP, etc. Segundo, os taxistas têm de facto razão de queixa bastante válida, pois são-lhes impostas condições que encarecem o serviço deles, sem eles poderem fazer nada. O uso de taxímetro e a bandeirada inicial são *obrigatórios por lei*, por isso mesmo que eles quisessem competir mais eliminando-os, não podiam. E a quantidade de impostos e seguros a mais que eles pagam em relação aos ubers. Isso é-lhes imposto. Não tenho nada contra a existência da Uber, tenho contra eles terem regimes fiscais e regulatórios tão diferentes que na prática funciona como uma concorrência desleal assistida pelo Estado.


pedras11

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #301 em: 2016-10-10 23:21:18 »
O governo e as plataformas estão a levar uma coça no "pós e contras" da RTP

Counter Retail Trader

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #302 em: 2016-10-10 23:23:19 »
Pois é..... mas essas empresas de taxis em termos fiscais..... é de fugir.... nao ha ninguem que ganhe mais que 475 euros por mes...  ;D

rs_trader

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #303 em: 2016-10-11 00:09:25 »
Pois é..... mas essas empresas de taxis em termos fiscais..... é de fugir.... nao ha ninguem que ganhe mais que 475 euros por mes...  ;D

E verdade. Mas infelizmente (ou felizmente para alguns) o que ha mais por ai é gente a fugir aos impostos.
Em memória do grande DeMelo: "PQP... gajo chato fdx."

Counter Retail Trader

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #304 em: 2016-10-11 00:22:53 »
Isto não é uns quantos queimados pelo Bes.... ou Banif....  , esta gente é bruta . Parece me suficiente mau ao ponto de ninguem se querer queimar.....Costa , Marcelo...  portanto vao dançar a musica dos taxistas. Se eles nao cederem ....vao começar a aparecer outros Sindicatos...é sempre assim... e cai o PS   ;D

Reg

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #305 em: 2016-10-11 00:44:59 »
Os taxistas Aeroporto tem fama serem o maiores brutos aquilo e malta partir tudo
« Última modificação: 2016-10-11 00:45:36 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

Automek

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #306 em: 2016-10-11 08:25:48 »
Vocês não estão a notar uma série de coisas. Primeiro, o facto do presidente da Antral ser empresário do ramo é banal, acontece com todos os presidentes de associações empresariais, vejam lá a CIP, etc. Segundo, os taxistas têm de facto razão de queixa bastante válida, pois são-lhes impostas condições que encarecem o serviço deles, sem eles poderem fazer nada. O uso de taxímetro e a bandeirada inicial são *obrigatórios por lei*, por isso mesmo que eles quisessem competir mais eliminando-os, não podiam. E a quantidade de impostos e seguros a mais que eles pagam em relação aos ubers. Isso é-lhes imposto. Não tenho nada contra a existência da Uber, tenho contra eles terem regimes fiscais e regulatórios tão diferentes que na prática funciona como uma concorrência desleal assistida pelo Estado.


A proposta do governo, esta exige o mesmo seguro aos Ubers e a carta de condução para o veiculo em questão. Por aí não há reivindicação dos taxistas, nem poderia haver.

Idem para as horas de formação. Não os vejo reivindicar terem apenas 30 horas, tal como os Ubers. Aliás, o governo já disse que está disponível para rever isso na lei do taxi.

Quanto à bandeirada, não parece ser o problema porque, não só nunca propuseram ao governo eliminar ou reduzir a mesma, como ainda querem que esta seja aumentada para 6€ nos períodos festivos e férias de Verão (não tenho nada com isso, se é a proposta deles são eles que arcam com as consequências deste aumento).

Além disso não é só olhar para o lado as obrigações. Os taxis têm uma série de benefícios fiscais, podem usar corredores BUS e ocupam o espaço público com praças de taxis, coisa que os Ubers não têm.

Também não é de desprezar os 17M que estão prometidos para o sector.

E, finalmente, a exigência dos taxistas em ter contingentes para o número de Ubers é absurda. É limitar a concorrência de um sector que se pretende livre.

Isto é tudo acerca de não querer concorrência massiva. Note-se que há anos que as rent a cars te podem alugar um carro com motorista, sem qualquer objecção dos taxis. Só que isso era uma coisa residual, quase sem expressão, e agora com as plataformas móveis tornou-se acessível a qualquer um.

tommy

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #307 em: 2016-10-11 08:27:50 »
Vocês não estão a notar uma série de coisas. Primeiro, o facto do presidente da Antral ser empresário do ramo é banal, acontece com todos os presidentes de associações empresariais, vejam lá a CIP, etc. Segundo, os taxistas têm de facto razão de queixa bastante válida, pois são-lhes impostas condições que encarecem o serviço deles, sem eles poderem fazer nada. O uso de taxímetro e a bandeirada inicial são *obrigatórios por lei*, por isso mesmo que eles quisessem competir mais eliminando-os, não podiam. E a quantidade de impostos e seguros a mais que eles pagam em relação aos ubers. Isso é-lhes imposto. Não tenho nada contra a existência da Uber, tenho contra eles terem regimes fiscais e regulatórios tão diferentes que na prática funciona como uma concorrência desleal assistida pelo Estado.

E para compensar essa "desgraça", para além da economia paralela, há quem diga que têm fortes deduções e isenções fiscais.
Por exemplo para comprar um mercedes 220d, são "compensados" em termos fiscais em quase 5k euros.

E como foi dito ontem, nada impede um taxista de sair desse sector e ir para a UBER. Já o contrário não é possível.
Mas como vês não é isso que eles querem...eles querem continuar a ser taxistas, sem qualquer tipo de concorrência.

Quem é que não quer?  ;D
« Última modificação: 2016-10-11 08:29:04 por AD »

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #308 em: 2016-10-11 12:15:05 »
 ;D

As imagens de ontem deixaram-me a pensar que se os taxistas fazem aquilo aos carros da UBER com gente lá dentro, imaginem quando vierem os carros que conduzem sozinhos! Os taxistas vão ser o último reduto da humanidade contra a Skynet.

2042: Prólogo
Estamos em 2042 e o mundo mudou. Os humanos já não são o pináculo da inteligência e são as máquinas que ditam as regras. As máquinas são controladas pela Skynet, uma inteligência artificial criada pela empresa UBER, que se tornou consciente e tomou conta do mundo e, sobretudo, do negócio de transportes de passageiros com os seus carros que conduzem sozinhos e que não cheiram a sem-abrigo que tomou banho num cinzeiro. Os humanos tentam sobreviver como podem no subsolo, obrigados a uma vida de subserviência às máquinas que são donas de tudo. No entanto, há um último reduto de esperança da humanidade que não se deixa subjugar: os taxistas portugueses. Os taxistas portugueses não aceitam que a Skynet tome conta do que já foi deles e lhes encha as ruas de carros que se conduzem sozinhos de forma ordeira e sem acidentes.

2016: como tudo começou
Tudo começou em 2016, ano em que a UBER se começou a massificar em Portugal e foi aprovada para operar de forma legal neste pequeno retângulo à beira mar plantado onde o progresso teima em não chegar. Os taxistas portugueses desde cedo perceberam a ameaça, e a agenda escondida da UBER para controlar a humanidade, e formaram milícias armadas que perseguiam e agrediam os motoristas que lhes queriam fazer concorrência. A estratégia era simples: retomar o controlo do monopólio a todo o custo para impedir o fim da humanidade como a conhecemos. Foram confrontos, greves, e muita gente de palito na boca em forma de protesto. Infelizmente, a UBER venceu e conseguiu o apoio do resto da população que não teve a inteligência para ver para além das promessas de um serviço melhor, mais cómodo, e mais barato.

2042: Cajó Connor
A rebelião taxista é comandada pelo líder da resistência humana, elevado ao estatuto de herói, Cajó Connor. Chegara o dia D, em que os soltados de praça iriam tentar deitar abaixo a Skynet. Reunidos numa zona segura da cidade, Cajó faz um discurso inspirador às suas tropas. Da mesa do fundo de uma tasca e enquanto ia sorvendo golos de uma mini e coçando os tomates, disse as palavras mais inspiradoras que aqueles taxistas ouviram até então: «Vamos lá, caralho! Vamos mostrar a esses maricas da UBER e da Skynet quem é que manda nesta merda! Somos chauffeurs de praça ou somos ratos, foda-se?». A multidão aplaude Cajó de pé. Alguns sentados, porque eram três da tarde e o vinho do almoço já trazia alguma dormência àqueles corpos cansados de tantas lutas e reivindicações. As palavras do fogareiro Connor teve o efeito de um elixir e os taxistas ficaram mais motivados do que nunca para a batalha final. Munidos de maços de Ventil, anéis de ouro e uma unha ressequida do dedo mindinho que crescera até ser considerada arma branca, saíram a correr para a batalha final ao som da rádio Amália.

2015: O contínuo espaço-tempo
A Skynet envia uma máquina altamente avançada que se parece com um humano: o Taxirminator. Envia-o para matar Cajó Connor ainda jovem para que ele não cresça para ser o líder da revolução humana. O plano era simples: o Taxirminator chegaria a uma praça de táxis e entraria no táxi de Cajó onde pediria um serviço para depois o matar. No entanto, a inteligência artificial subestimou a esperteza saloia dos taxistas e, ao chegar ao Parque das Nações, não conseguiu que Cajó Connor o levasse até ao aeroporto. Confuso, e sem saber se Cajó desconfiaria de algo, tentou novamente. Nada. Cajó Connor disse-lhe que não faria o serviço e foi aí que a Skynet detetou o padrão e percebeu que Cajó não dava boleia a pretos. O Taxirminator tinha assumido a cor de pele escura para se assemelhar aos ídolos de Cajó Connor: Mantorras e Eusébio.

2017: Skynet Contra-Ataca
Frustradas as tentativas de matar o jovem Cajó Connor com o primeiro Taxirminator, a Skynet percebeu que para ganhar a confiança do taxista teria de enviar um modelo que se parecesse com outro ídolo de Cajó: Professor António de Oliveira Salazar. Não obstante, e para garantir o sucesso da missão, a Skynet decidiu enviar um modelo mais avançado, o T1000: feito de metal líquido e armado com o que os taxistas mais temem: conhecimento das tarifas que devem ser aplicadas. O T1000 teletransportou-se até ao aeroporto e esperou por Cajó Connor na praça. Entrou e disse-lhe que era para Sintra, numa rua isolada onde a máquina poderia matá-lo sem deixar testemunhas. Pediu-lhe para guardar uma mala na bagageira, para que o esperto Cajó não desconfiasse e, quando entrou no carro, reparou que o taxímetro já cobrava 20 euros e estava em tarifa 3. O T1000 confrontou-o com o facto, mas o Cajó esquivou-se dizendo «Ó amigo, eu não o ensino a fazer o seu trabalho, pois não?» O T1000 ficou sem argumentos, já que o seu algoritmo de processamento de língua natural não estava preparado para a chico-espertice tuga. Começou a viagem e, entre buzinadelas e caralhadas, o taxista lá se foi dirigindo até à morada de destino. No entanto, com o atalho demorado que levou Cajó a ir dar a volta a uma rotunda a Santarém porque «Este caminho é melhor para fugir ao trânsito que a IC19 está complicada.», após hora e meia e com mais de 200€ marcados no taxímetro, os planos da Skynet foram, novamente, por agua abaixo: com tanto tempo demorado o T1000 ficou sem bateria.

2042: O confronto final
Voltamos ao ano de 2042 e ao dia do confronto final. Os taxistas formam uma marcha lenta com os seus Mercedes de 1980 e gritando palavras de ordem como «Só queremos direitos iguais e também as regalias!» e «No tempo de Salazar nem os smartphones eram permitidos!». Chegam ao quartel general da Skynet e acampam à porta. Depois de umas horas em negociações inúteis, decidem, então, fazer algo arriscado. Cajó, perto de um cabo de alta tensão, comanda para que todos os taxistas formem um cordão humano. Pede-lhes que se unam numa corrente, lado a lado, encostando os bigodes uns aos outros, para que a cerveja ainda ressequida sirva como potenciadora da condução de corrente elétrica. Todos assumem os seus postos e no fim da fila está o Arnaldo, um ex-condutor da UBER que foi reprogramado pelos taxistas à base da chapada na nuca. Arnaldo coloca a mão no servidor da Skynet e Cajó completa o circuito. A Skynet explode com a sobrecarga, mas os taxistas sobrevivem devido aos crucifixos de borracha que tinham ao pescoço, pousados sobre uma fofa camada de pilosidades peitorais.

É o fim da Skynet. Obrigado taxistas. Obrigado Cajó Connor.

pedras11

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #309 em: 2016-10-11 13:33:56 »
Imponham tarifas aos clientes da UBER como fazem aos táxis

tommy

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #310 em: 2016-10-11 13:54:08 »
errado. liberalizem fortemente o sector permitindo outros players iguais à uber entrar.

como a cabify.

o capitalismo neo liberal faz o resto. é tão básico que não sei como é que todos não percebem que é o melhor sistema.

https://eco.pt/reportagem/uber-cabify-ou-mytaxi-experimentamos-as-tres/
Citar
Três aplicações com a mesma função, três experiências muito diferentes. Viajámos de Uber, de Cabify e de myTaxi -- e contamos-lhe como foi nesta reportagem.

Chamam-lhe economia partilhada, ou sharing economy no original em inglês. Aplica-se quando, numa escala global, várias pessoas partilham recursos através de uma plataforma comum. É um produto da globalização, mas também da conectividade. Por isso, na maioria dos casos, a premissa é comum: tecnologia. A mesma tecnologia que chegou ao setor dos transportes privados e o está a obrigar a mudar-se. Mutar-se. Modificar-se. Num complicado jogo de concorrência com troca de acusações par a par.

No final de setembro, conheceram-se os principais pontos do diploma que deverá regular a atividade destas empresas de transporte particular. Mas os taxistas desvalorizam as medidas. E decidiram manter a manifestação desta segunda-feira, 10 de outubro. Oportunidade ideal para avaliar, de forma paralela, três serviços de transporte privado com presença em Portugal. Andei de Uber, de Cabify e de myTaxi, uma aplicação semelhante às outras duas, mas usada por taxistas para encontrarem novos passageiros. Viajei em dias diferentes, mas sempre de manhã e à mesma hora. O percurso também foi igual. Só as experiências foram muito diferentes.

2016out09_mapa-uber-01
Uber. Foi por pouco!

Avenida Dom Carlos I, junto ao Largo de Santos, em Lisboa. É quarta-feira. O relógio marca oito e vinte da manhã. Objetivo? Chegar ao Centro Cultural de Belém (CCB) antes das nove. Mal abro a aplicação, percebo que, se quiser chegar a tempo, terei de aceitar as tarifas dinâmicas: “Os preços aumentaram para garantirmos mais Ubers na estrada”, diz um aviso no telemóvel. Aceito o preço mais alto e sou informado do nome do motorista, assim como do modelo e matricula do carro que conduz.
O momento em que chamei o Uber e aceitei as tarifas dinâmicas
O momento em que chamei o Uber e aceitei as tarifas dinâmicasFlávio Nunes/ECO

Oito minutos depois, lá aparece o Nissan Note na rua perpendicular. Por alguma razão, a aplicação pensa que estou na Rua Cais do Tojo. Não tem problema. Entro no carro às oito e meia e rapidamente sou cumprimentado pelo motorista. “Ora bom dia!”, grita com entusiasmo. Respondo na mesma moeda. Tem uma classificação de 4,8 pontos em cinco, indica-me a aplicação, com base nas avaliações de outros passageiros. Prime um botão no telemóvel dele e de imediato, no meu, aparece a indicação de que a viagem começou.

“Aqui pode-se cortar à esquerda?”, pergunta-me. “Não sei”, digo. O cruzamento em causa é o da Rua Cais do Tojo com a Av. Dom Carlos I. E não, não se pode cortar à esquerda. Mas também não interessa. Porque o meu motorista decide virar na mesma. Mal acaba de fazer a manobra, repara em três agentes da PSP que conversam descontraidamente na esquina junto ao banco Santander. Ri-se nervosamente. Está tudo bem. Ninguém reparou.

Fala muito ao longo da viagem — 5,26 quilómetros. Eu também. Pergunta-me o que faço: “Trabalha no CCB?” Respondo que não, mas que vai acontecer lá um congresso sobre comunicações. “Então, mas é estudante?”, insiste. “Não, sou entusiasta. E escrevo sobre tecnologia para um site”, remato, sem referir que sou jornalista. Tento redirecionar a conversa: “Então, faz isto há quanto tempo?” “Há oito meses”, aponta sorridente. Altura ideal para colocar a questão: “Parece que há aí uma nova lei por causa da Uber, não é?” Diz-me que sim, mas que não sabe ao certo o que está em causa. “Acho que vamos ter de fazer formação e andar identificados. Isso vai ser um problema para nós”, desabafa, referindo-se aos desacatos que têm havido entre taxistas e motoristas da Uber. Já na reta final da viagem, ainda lhe pergunto se sabe onde descarrego a fatura da viagem. Não tem a certeza, mas acha que é no site da Uber, responde-me.

Chego por fim ao CCB. Cada sentido da estrada da Praça do Império tem duas vias atravessadas por um separador central. Entrámos pelo lado sul, pelo que, segundo o percurso traçado pela aplicação, o motorista ainda teria de passar para a outra via de modo a deixar-me o mais próximo possível da entrada do CCB. Isso ficaria mais caro, pelo que o motorista decide terminar a viagem na faixa oposta, evitando gastos desnecessários. Da minha parte, ter ou não ter de atravessar a passadeira é indiferente. “Fica aqui?”, pergunta-me. “Pare aqui, não tem problema”, confirmo.
À esquerda, o Uber a caminho. À direita, já em viagem
À esquerda, o Uber a caminho. À direita, já em viagemFlávio Nunes/ECO

São 8h52. Despeço-me do motorista. Ainda tenho dez minutos antes do início do congresso e aproveito o tempo para beber café e ver quanto custou a viagem: 7,06 euros no total. A aplicação permite ainda ver o montante em detalhe: um euro de preço base, mais 3,43 euros pelos quilómetros feitos, somando 1,63 euros da tarifa dinâmica — sem ela, pagaria 5,43 euros. O dinheiro foi prontamente descontado no meu cartão de crédito e recebi por email a ligação para descarregar a fatura com número de contribuinte. Importa indicar que neste dia, às nove horas da manhã, as tarifas dinâmicas ainda se encontravam ativas na Uber.

De referir também que, para receber a fatura com número de contribuinte, tive de preencher previamente o meu perfil tributário no site da empresa — nome e número de identificação fiscal). A gorjeta para o motorista estava definida em 20%. Para a realização desta reportagem, alterei-a naturalmente para 0%.
À esquerda, o mapa com o percurso. À direita, os detalhes da viagem
À esquerda, o mapa com o percurso. À direita, os detalhes da viagemFlávio Nunes/ECO
Cabify. Mordomia q.b.

Quinta-feira, à mesma hora, no mesmo sítio. Destino igual: o CCB. Durante minuto e meio, a aplicação procurou e encontrou um motorista. Mais velho do que o da Uber, mas com menos tempo de serviço na plataforma. Chega em cinco minutos, engravatado e conduzindo um BMW Serie 3. Para onde o trânsito da avenida o permite e espera por mim. Faço-lhe sinal, atravesso a estrada e vou ao encontro dele.

Entro no carro e rapidamente faz questão de me pôr à vontade. “Se quiser água, está ali no porta-luvas”, remata. Agradeço, mas recuso. “A temperatura está boa assim?”, questiona. “Sim, está ótima”, indico. “E a música?”, pergunta novamente. “Pode deixar, está tudo bom”, aponto. “A aplicação indicava-me mais ali à frente”, confessa. Digo-lhe que, na realidade, até pedi o Cabify mais lá atrás na estrada, algo que confirmou o que eu já suspeitava: pelo menos no meu telemóvel, a localização indicada na aplicação é menos precisa do que na Uber. Aliás, verifico isso durante a viagem: há uma muito ligeira latência entre a posição indicada no aplicativo e a posição real.
O momento em que o motorista da Cabify aceita a minha viagem
O momento em que o motorista da Cabify aceita a minha viagemFlávio Nunes/ECO

Durante a viagem vou-lhe fazendo perguntas sobre a nova proposta de lei do Governo para regular a atividade destas empresas. Vai respondendo e garante que a nova lei é boa e já tardava. Conta-me também como, outrora, foi diretor de empresas até cair em desgraça e ter de se agarrar a qualquer coisa — neste caso, à Cabify, um emprego que “naturalmente” não é a sua praia. Sobre mim pergunta pouco — apenas se estudo no IADE, lá em Santos. “Não, porquê?”, respondo intrigado. “Por nada. É que costumo transportar outros miúdos ali do IADE… miúdos no bom sentido, claro”, remata, atrapalhado.

O percurso — 5,1 quilómetros, segundo a aplicação — faz-se em 11 minutos. Chegamos às 8h41. Deixa-me no mesmo local que o motorista da Uber, mas repara num taxista que deixa outro passageiro um pouco mais à frente. “Vamos lá ver se não há problema”, diz. Não houve. Agradeço e atravesso a estrada em direção ao CCB, enquanto o motorista segue caminho. Por tudo isto paguei 5,71 euros. O dinheiro foi descontado do meu cartão de crédito e a fatura eletrónica com número de contribuinte seguiu automaticamente, em PDF, para o meu e-mail. Tal como na Uber, tive de preencher os dados previamente, não no site, mas na própria aplicação.
O final da viagem na Cabify
O final da viagem na CabifyFlávio Nunes/ECO
myTaxi. Há sempre uma primeira vez

Não foi fácil. Após várias tentativas falhadas de adicionar o meu cartão de crédito à aplicação (um cartão normal, o mesmo que usei nas outras duas), decido, por fim, pagar em dinheiro — uma funcionalidade que em Portugal não existe nem na Uber, nem na Cabify. É sexta-feira. Escrevo “ECO” no local de partida e “CCB” no campo do destino. Carrego para chamar um táxi e espero. Espero, mas ninguém aceita a minha viagem. Cancelo e faço a chamada de novo. Volto a esperar. Prestes a desistir, lá aparece o nome do taxista que me vai levar ao centro. Foram dez minutos de espera… mais sete minutos à espera do carro — um Dacia Logan. Ou seja, cerca de 17 minutos entre abrir a aplicação e começar a viagem.
O momento em que chamei o táxi.
Chamei o táxi às 8h23. Às 8h31 ainda estava à espera de taxistaFlávio Nunes/ECO

São 8h38 e o taxista chegou. Faz-me sinal. Atravesso a estrada e entro no carro. “É o Flávio Nunes?” Sim, sou, respondo. “Vai ter de me ajudar aqui com isto. É a primeira vez que aceito uma viagem nisto”, diz o taxista. Pois, também eu! “Parece-me que tem de deixar a aplicação aberta”, explico. Mas vou tarde. O taxista já a fechou. No meu telemóvel surge a confirmação de que a viagem começou. “Não faz mal. Quando chegarmos, vemos o que é que se passa”, diz ele. “Exato, não há problema”, confirmo. Taxímetro a contar e lá vamos nós.

“Então é a primeira vez? Porque é que decidiu usar a myTaxi?”, pergunto eu. Explica-me que a decisão foi do patrão e que teve “formação” sobre a aplicação há dois dias. “Não é muito diferente da Uber”, arrisco. O taxista concorda: “Sim, sim, penso que é mais ou menos o mesmo sistema”, diz. “Por curiosidade, o que é que acha da Uber?”, arrisco de novo. Não acha mal. Antes pelo contrário: “Isso veio obrigar os industriais do táxi a investirem. A atualizarem-se”, defende.

Aproveito para explorar o tema. “Mas acho que os motoristas da Uber não têm a mesma formação que vocês têm, não é?”, pergunto. Explica-me que sim, é verdade, e que pagou 650 euros pelo Curso de Aptidão Profissional (CAP). De qualquer forma, mostra-se tranquilo e garante que não vai à manifestação desta segunda-feira, onde são esperados cerca de 6000 taxistas nas ruas de Lisboa, em protesto contra plataformas como a Uber e a Cabify. “Até é o meu dia de folga!”, remata.
O momento em que a aplicação encontrou um taxista, e a chegada deste a Santos
O momento em que a aplicação encontrou um taxista, e a chegada deste a SantosFlávio Nunes/ECO

Prestes a chegar ao fim da viagem, a aplicação ainda me indica que estamos no local de partida. Chegados ao CCB, o taxista pausa o taxímetro e encosta no mesmo sítio onde os motoristas da Uber e Cabify me deixaram nos dias anteriores. Pega no telemóvel e percebe que está desligado da aplicação. Introduz as credenciais e, quando se conecta, o meu telemóvel atualiza-se de repente e mostra que chegámos ao fim da viagem: “Por favor, faça agora o pagamento da sua viagem e peça a sua fatura ao condutor”, aparece escrito num aviso na aplicação.

O taxímetro indica 5,65 euros, mas o taxista carrega num botão e o valor aumenta para 6,45 euros. Pergunto-lhe porquê, ao que me responde que tenho de pagar “mais 80 cêntimos da chamada”. Introduz o valor na aplicação e, no meu telemóvel, surge a indicação de que a viagem está paga. Dou-lhe o dinheiro e peço-lhe a fatura. Agarra no livrete, digo o número de contribuinte e recebo o documento em papel. Saio do táxi e sigo para o CCB. São 8h47, o que significa que a viagem nem durou nove minutos.
À chegada ao CCB, a aplicação ainda indicava que estava no local de partida
À chegada ao CCB, a aplicação ainda indicava que estava no local de partidaFlávio Nunes/ECO

A conclusão de tudo isto? Na perspetiva do consumidor, são três plataformas muito parecidas, que variam apenas no preço e na experiência. Cada uma tem as suas vantagens e desvantagens, como pude perceber nestas três viagens. Contudo, o que interessa verdadeiramente é que todas cumpriram o objetivo: levar-me de Santos ao CCB, partindo às 8h30 e chegando antes das nove. Caso para dizer: missão cumprida.

« Última modificação: 2016-10-11 13:55:56 por AD »

tommy

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #311 em: 2016-10-11 13:59:05 »
Ou seja entre o mais caro (UBER 7,06) e o mais barato (Cabify 5,71) há uma diferença de 1,35€.

Relativamente ao preço mais elevado, pagaria menos 19,12%. E seguia num carro melhor.  ;D

Automek

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #312 em: 2016-10-11 14:03:11 »
Imponham tarifas aos clientes da UBER como fazem aos táxis
Impor tarifas é estabelecer os preços via lei ?

Automek

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #313 em: 2016-10-11 14:32:20 »
Antes do grupo Taxis de Portugal ter chegado à comunicação social e terem sido apagadas muitas mensagens.

Citar
...
Antes de a luta contra a UBER e a manifestação agendada para segunda-feira se transformarem no principal tópico, o grupo entretinha-se a debater ideias práticas como aumentar o valor da viagem, enganando clientes sem que dessem por isso. A simples partilha de uma notícia sobre como a PSP teria apanhado um motorista de táxi a enganar turistas em Lisboa, fazendo-os circular pela zona da Estrela com a tarifa 3, levava a que fossem trocadas ideias sobre manobras mais inteligentes para encarecer o custo da viagem, como a cobrança de preços fora do taxímetro com o uso da tarifa “C”, a aplicação de suplementos de bagagem a malas de dimensão reduzida (nesses casos, não é legalmente necessário transportá-la no porta-bagagens) ou o uso da tarifa extraurbana 5 para viagens urbanas em que deveria ser aplicada a tarifa 1. E algo justifica enganar-se clientes? Perante algumas críticas há quem diga: “Mas esperem lá, agora virou tudo santo nos táxis, virou tudo virgens ofendidas? Não cuspam para o ar porque se não teriam de me explicar como podem sobreviver a fazer cinco ou seis serviços no aeroporto por dia, não me digam que os Cascais tocam sempre aos mesmos.” E ainda quem declare: “Nada tenho contra quem se tente orientar e ganhar mais uns trocos mas que saiba fazer as coisas.”...
http://visao.sapo.pt/actualidade/portugal/2016-10-07-Grupo-de-taxistas-no-Facebook-apela-a-violencia-e-debate-taticas-para-enganar-clientes

justin

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #314 em: 2016-10-11 14:47:32 »
tenebroso  :o
não ligar aos trades que posto. o mais certo é correr mal.

Counter Retail Trader

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #315 em: 2016-10-11 15:13:56 »
era interessante saber quantos turistas utilizam o taxi e quantos o metro e outros transportes.

Eu vejo tantos em transportes publicos que ainda me questiono que turista é que utiliza taxi, excluindo os estrangeiros que vem em trabalho de tipo ...maximo 2 dias e com tight schedule e mesmo esses tambem os vejo no metro...

« Última modificação: 2016-10-11 15:21:12 por Anónimo »

Automek

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #316 em: 2016-10-11 15:30:56 »
Paulo Ferreira, Observador
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...
Há muito que percebemos que os taxistas são os principais inimigos de si próprios. Pela forma como muitos operam, com comprovadas aldrabices, má educação e preocupação alguma com os clientes, mas também pelos que elegem para os representar.

Não há ali uma visão, uma antecipação das tendências do mercado, uma estratégia clara de concertação e negociação, uma separação entre o essencial e o acessório. Tão depressa querem o encerramento das plataformas electrónicas como a seguir reivindicam a possibilidade de eles próprios passarem a operar com elas. Queixam-se da concorrência dos preços mais baixos feitos pela Uber ou pela Cabify e a seguir o que exigem é o aumento da bandeirada e da sua tabela de preços durante alguns meses do ano. Defendem mais regulação hoje para amanhã protestarem contra o excesso de regras a que estão sujeitos – sem nunca perceberem que alguns benefícios que têm resultam tambem dessas obrigações.

Com lideranças destas os taxistas não irão longe. Hoje são uma classe profissional desacreditada, mal vista, sem qualquer base de apoio social e popular. A eles próprios o devem, por terem permitido que os maus profissionais e as más práticas com clientes sejam hoje vistas como representativas de todo o sector, o que é injusto, acredito, para a maioria deles. Foram décadas de complacência e de defesa dos trapaceiros em nome do cego corporativismo que recusa qualquer exigência e a expulsão da actividade dos que não cumprem um mínimo de regras.
...
http://observador.pt/opiniao/com-representantes-destes-os-taxistas-nao-precisam-de-inimigos/

amsf

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #317 em: 2016-10-11 16:26:54 »
Parece que os condutores de coches e carroças vão agora contar com a solidariedade dos taxistas!
Esta gente não percebe que o mundo não se pode compadecer com interesses sectoriais quando há outras formas de fazer a mesma coisa com melhor qualidade. Também os mestres da pedra lascada se opuseram aos ferreiros do bronze mas felizmente que não saíram vitoriosos.
« Última modificação: 2016-10-11 16:48:30 por amsf »

Incognitus

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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #318 em: 2016-10-11 16:30:04 »
Imponham tarifas aos clientes da UBER como fazem aos táxis

Para quê?

Não é melhor uma concorrência que baixe os preços? Os sectores que não prestam para o consumidor em Portugal são aqueles em que se colocam a definir tarifas (electricidade) ou enchem as coisas com tanto imposto que concorrer pelo preço não faz sentido (combustíveis)...
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Re: Uber - Tópico principal
« Responder #319 em: 2016-10-11 16:34:28 »
Ainda os media não começaram a falar da fraude criada pelo Estado dos carros de 7 lugares. No aeroporto já devem ser para aí metade de todos os táxis, e o pessoal entra neles sem fazer ideia do engano. Os estrangeiros devem ser enganados a 99.9%, e até os Portugueses na maioria o serão.

O mais engraçado ainda, é que esses carros quase sempre são de uma gama inferior. Ou seja, paga-se mais para se andar pior servido.
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