EUA: os super-ricos exigem nova classe de criados
Mordomos, cozinheiros de luxo, governantas, atendentes de bordo: como a desigualdade reabilita profissões quase extintas na democratização pós-II Guerra
bancos centrais so servem para isto...
O staff masculino de “Downtown Abbey”: série televisiva inglesa retomou padrões da criadagem a serviço da nobreza do início do século 20
As agências estão sendo inundadas por pedidos de mordomos, cozinheiros, motoristas e outros empregados. De que serve um jato particular sem um atendente de bordo? De que serve um iate sem um massagista? De acordo com Claudia Khan, fundadora de uma agência de recrutamento de empregados, em Los Angeles, os ricos estão requisitando “serviços do tipo de Downton Abbey” para igualar o que veem na TV. Ela observa que uma governanta trabalhando para um bilionário pode ganhar US$ 60 mil por ano (o salário médio no setor é de menos de US$ 20 mil), mas uma “empregada exclusiva para uma senhora” pode receber US$ 75 mil dólares. Mordomos em período integral podem conseguir US$ 70 mil por ano, e alguns que viajam com a família em iates e jatos particulares chegam a ganhar até US$ 200 mil por ano.
A classe dos criados cresceu nas últimas décadas por várias razões. Para a classe média, o arranjo do pós-guerra em que o marido trabalhava e a mulher ficava em casa aspirando pó e fazendo outros serviços era o padrão, mesmo não sendo um esquema especialmente agradável
O mais recente aumento na procura por trabalhadores domésticos está relacionado com a desigualdade. Em lugares como o Oriente Médio, bem como em Hong Kong, Cingapura, Malásia e Taiwan, sempre foi comum importar trabalhadores domésticos de países mais pobres. Mas essa tendência está se espalhando. No Reino Unido, não se trata mais de Jeeves [mordomo personagem da literatura inglesa] fazendo o chá, mas de Vlad, da Romênia. Nos Estados Unidos, quase metade dos empregados e governantas não nasceram no país, e os latino-americanos dominam. (Um grande bloco dos ricos apoia alegremente a imigração em massa de mão de obra barata, para que esses trabalhadores possam continuar a ser mal pagos.)