600 mil portugueses têm cinco doenças crónicas
30 DE ABRIL DE 2010 08:11
DIANA MENDES
Especialistas vão estudar soluções integradas para melhorar tratamento de doenças, que crescem 2,5% ao ano
Em Portugal calcula-se que haja entre 500 e 600 mil pessoas a viver com cinco ou mais doenças crónicas, refere Luís Campos, médico internista e presidente do Fórum Internacional sobre o Doente Crónico, que decorre hoje e amanhã. Em análise vai estar o impacte destas doenças e a melhor forma de articular as estruturas na área da saúde para benefício dos doentes afectados. Metade da população tem pelo menos uma doença.
A prevalência já tinha sido calculada no âmbito do Inquérito Nacional de Saúde 2005/6, mas representava cerca de metade (3% da população). No entanto, o médico acredita que uma percentagem de 5% a 6% seja mais "próxima da realidade. O inquérito é feito com dados auto-reportados, logo, não incluem casos não diagnosticados", afirma.
Vários estudos como o da hipertensão, diabetes, dor crónica ou depressão vêm ao encontro desta realidade. "Constatamos que a prevalência das doenças atinge muitas vezes o dobro do referido pelo inquérito", avança. A hipertensão, por exemplo, atinge 42% da população, mas o inquérito refere apenas 5%. Outro exemplo é o da diabetes, com diferenças de 11,7% e 6,5%.
As doenças mais frequentes em quem acumula cinco ou mais são a hipertensão, que afecta 80% destes doentes. Mas há outras muito comuns, como a doença reumática (77%), depressão (52,6%), osteoporose (48%), diabetes (37%) ou as pedras nos rins (37,9%). Naturalmente, os idosos são os mais afectados. Cerca de metade tem mais de 65 anos e 40% terá entre 45 e 64 anos.
Em 2005/6, o inquérito concluiu que 52% da população tinha pelo menos uma doença crónica e 26% duas ou mais. Mas a tendência é para os números subirem. É precisamente por isso que os especialistas do fórum querem debater estas doenças e encontrar novas formas de abordagem. "Sabemos por um estudo do São Francisco Xavier que 70% dos doentes que vão às urgências pelo menos quatro vezes por ano são doentes crónicos com descompensações. Temos de os tirar de lá", refere.