Escorpiões contra o cancro
Em Cuba, o veneno de escorpiões tem sido utilizado no tratamento de tumores com resultados surpreendentes
Leandro Gonzáles, de 6 anos, está sentado à beira da cama dos pais, com as pernas penduradas. Os olhos castanhos seguem o dedo indicador da dra. Niudis Cruz, para a direita, para a esquerda, para cima e para baixo. Seguidamente, esta médica oncologista coloca os dedos na mão da criança e aperta-os com força. "Está bem, está bem", afirma acenando com a cabeça.
Yaima, a mãe, está ao lado, calma e de respiração suspensa durante o exame bimensal. O filho tem um tumor inoperável no cérebro e já assistiu a este ritual um número incalculável de vezes. No entanto, sentir a mão da médica apertar-lhe com força o joelho ajuda-a a combater as lágrimas que teimam em cair. Há pouco menos de um ano, Leandro não se mexia e estava completamente mudo.
O mais agressivo dos tumores
Quando o exame chega ao fim, Niudis Cruz faz um relatório sobre a força muscular da criança, os seus reflexos e a escala de Lansky - um indicador da qualidade de vida internacionalmente reconhecida para crianças que padecem de cancro (a criança apresenta 90 numa escala de 100, o que corresponde a uma saúde perfeita). Utilizando o seu computador portátil, mostra uma imagem de tomografia a preto e branco do cérebro de Leandro e explica: "Ele tem o tumor mais agressivo em pediatria, com uma taxa de mortalidade que atinge os 80% no primeiro ano".
Veneno e água, três vezes ao dia
Com o dedo aponta as imagens no ecrã e as medições da evolução do tumor desde a sua deteção, há 18 meses. De setembro de 2011 a abril de 2012, o tamanho diminuiu 15%. Durante este período, Leandro não fez outro tratamento senão beber, três vezes por dia, umas gotas de um líquido incolor e sem sabor. "É impossível um tumor reabsorver-se a si próprio", sublinha a médica. "Isto é, seguramente, o resultado de uma intervenção exterior."
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