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Autor Tópico: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal  (Lida 141687 vezes)

Incognitus

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #820 em: 2016-11-26 23:56:26 »
Os Ingleses devem ter muito menos legislação abaixo da Constituição do que nós, pela natureza da lei deles, não?
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Reg

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #821 em: 2016-11-27 00:19:43 »
Na última década tendencia dos paises terceiro mundo e  líderes que tentam mudar a Constituição para se manterem no poder


estar comparar terceiro mundo tem   tendencia criar ditaduras com poucos direitos....com primeiro mundo e asneira
« Última modificação: 2016-11-27 00:26:39 por Reg »
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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #822 em: 2016-11-27 00:38:09 »
Os Ingleses devem ter muito menos legislação abaixo da Constituição do que nós, pela natureza da lei deles, não?

nasceu no ano 1215 ... para limitar o poder do rei https://pt.wikipedia.org/wiki/Magna_Carta  deve e mais velha do mundo
O documento compõe-se de 63 artigos ou cláusulas, a maioria referente a assuntos do século XIII e de importância datada (e.g., redução das reservas reais de caça). O texto é um produto de negociação, pressa e diversas mãos.

Uma das cláusulas que maior importância teve ao longo do tempo é o artigo 39 (tradução livre a partir de uma versão em inglês):

"Nenhum homem livre será preso, aprisionado ou privado de uma propriedade, ou tornado fora-da-lei, ou exilado, ou de maneira alguma destruído, nem agiremos contra ele ou mandaremos alguém contra ele, a não ser por julgamento legal dos seus pares, ou pela lei da terra."

Significa que o rei devia julgar os indivíduos conforme a lei, seguindo o devido processo legal, e não segundo a sua vontade, até então absoluta.

O artigo 40 dispõe:

"A ninguém venderemos, a ninguém recusaremos ou atrasaremos, direito ou justiça."

Tais cláusulas representavam um freio ao poder do rei e o primeiro capítulo de um longo processo que levou à monarquia constitucional e ao constitucionalismo.

a constituiçao  nasceu   para isto proteger individo  do poder   arbitario  dos governantes


A versão de 1225 da Magna Carta é o primeiro estatuto inglês e a pedra angular da constituição britânica. Tornou-se especialmente importante no século XVII, com o recrudescimento do conflito entre a coroa e o Parlamento. Foi revisada diversas vezes, de maneira a garantir mais amplos direitos a um número maior de pessoas e preparando o terreno para o surgimento da monarquia constitucional britânica.

A Magna Carta de 1297 ainda integra o direito inglês, embora apenas os artigos 1, 9 e 29, bem como parte da introdução, estejam em vigor.
« Última modificação: 2016-11-27 01:14:21 por Reg »
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Automek

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #823 em: 2016-11-27 12:31:47 »
Vai aqui um site sobre constituições
http://comparativeconstitutionsproject.org/ccp-rankings/
Passei para o Excel e se não houve problemas na conversão de nºs estamos em 40º lugar no nº de palavras.

Zenith, penso que fizeste bem porque dá-me o mesmo.

Ou seja, em 190(!) países somos o 40º que tem mais palavras. E, de relance, em termos de países europeus, só vejo mesmo a Inglaterra à nossa frente. Não é bom ser dos primeiros nisto IMO.

Mas, muito pior do que este 40º lugar em palavras, é o 5º lugar em número de direitos. Ou seja, em 190 países, só Ecuador, Servia, Bolivia e Cabo Verde é que contemplam mais direitos que nós nas respectivas constituições. Isto para mim é uma desgraça.

O ficheiro excel está em anexo.

Moppie85

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #824 em: 2016-11-27 14:18:52 »
Eu acho que comparar a Magna Carta de há 800 anos cujo 2 ou 3 artigos estão em vigor com uma constituição recente é um bocado abusivo...

Reg

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #825 em: 2016-11-27 15:26:56 »
o objetivo era dizer mesmo era antiga 
  ainda tem  3 artigos originais  e outros  de ha 200  e 300 anos



estar comparar com algumas nem 50 anos tem nos paises primeiro mundo  e bocado injusto Nao?
« Última modificação: 2016-11-27 15:40:17 por Reg »
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vbm

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #826 em: 2016-11-27 16:09:53 »
Com o 25 de abril de 1976, Portugal saiu, constitucionalmente, de um regime, aparentemente, corporativista, para outro assumida e eleitoralmente democrático que entendeu passar a governar-se segundo a vontade da maioria dos cidadãos [atenção, não cidadões] inscritos nos cadernos eleitorais e ainda não falecidos [ou funcionários públicos falecidos e religiosos, vivos ou mortos, mas inscritos, votassem ou não]. Tudo bem! O irónico, porém, foi que o país passou a ser, não democrata - como se supunha e esperava -, mas sim, pela primeira vez, verdadeiramente corporativista! Até 1974, Portugal era fascista, as corporações representavam exclusivamente os interesses capitalistas e monopolistas dos grandes grupos económicos que dirigiam a produção. o comércio e o emprego no país. Depois da revolução, não! O país virou mesmo sindicalista e corporativo, verdadeiramente corporativo, até para gáudio de ex-ministros salazaristas  que finalmente viram realizado o sonho de Salazar!

Realmente, a par de alguns excessos sindicalistas, com a tomada de ministérios pela Intersindical, caso da Saúde (médicos), Educação (professores, especialmente mulheres apressadamente habilitadas a ensinar, para 'comporem' orçamentos familiares), segurança e assistência social (reformas para todos, tivessem contribuído ou não; quase ninguém contribuiu! fomento de emprego de assistentes sociais, com diplomas sérios ou comprados), Economia (politica de empregar todos os retornados fosse onde fosse com habilitações reais ou forjadas), etc. etc. o verdadeiro corporativismo brilhou pela primeira vez como nunca acontecera! Quem era médico, tinha direitos de médico, quem era engenheiro, tinha direitos de engenheiro, quem era advogado, como advogado era distinto, quem era funcionário público era um verdadeiro senhor. Só os cidadãos não eram especialmente ninguém, porque não eram professores, nem profissionais da saúde, nem isto nem aquilo. Cada um era o que a sua profissão atestava e valia. Ser cidadão, ser servido por todos os que trabalham ou exercem funções públicas, isso não obrigava a atenção nenhuma porque não era profissão nenhuma. Escoou-se a democracia pelo cano de esgoto e vi pelo menos um ex-ministro salazarista a rir-se a bom rir da perfeição atingida pelo corporativismo reinante: cidadãos iguais, direitos desiguais!
« Última modificação: 2016-11-30 22:18:51 por vbm »

D. Antunes

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #827 em: 2016-12-01 21:06:14 »
O Bloco de Esquerda recusou-se a aplaudir Sua Alteza o Rei de Espanha, Filipe VI, porque não aceita regimes "cuja sucessão não seja democrática mas, antes, ditada por laços de sangue" (sic). Quem é o Chefe-de-Estado cubano?... Qual o seu grau de parentesco com o anterior Presidente? ... E, já agora, é Cuba uma democracia (com tudo o que isso implica, nomeadamente ELEIÇÕES livres) ?... O que vale é que um "sonso" e hipócrita é logo "apanhado" .

E Castro Esteves
“Price is what you pay. Value is what you get.”
“In the short run the market is a voting machine. In the long run, it’s a weighting machine."
Warren Buffett

“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."
René Descartes

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #828 em: 2016-12-08 12:30:17 »
Com o 25 de abril de 1976, Portugal saiu, constitucionalmente, de um regime, aparentemente, corporativista, para outro assumida e eleitoralmente democrático que entendeu passar a governar-se segundo a vontade da maioria dos cidadãos [atenção, não cidadões] inscritos nos cadernos eleitorais e ainda não falecidos [ou funcionários públicos falecidos e religiosos, vivos ou mortos, mas inscritos, votassem ou não]. Tudo bem! O irónico, porém, foi que o país passou a ser, não democrata - como se supunha e esperava -, mas sim, pela primeira vez, verdadeiramente corporativista! Até 1974, Portugal era fascista, as corporações representavam exclusivamente os interesses capitalistas e monopolistas dos grandes grupos económicos que dirigiam a produção. o comércio e o emprego no país. Depois da revolução, não! O país virou mesmo sindicalista e corporativo, verdadeiramente corporativo, até para gáudio de ex-ministros salazaristas  que finalmente viram realizado o sonho de Salazar!

Realmente, a par de alguns excessos sindicalistas, com a tomada de ministérios pela Intersindical, caso da Saúde (médicos), Educação (professores, especialmente mulheres apressadamente habilitadas a ensinar, para 'comporem' orçamentos familiares), segurança e assistência social (reformas para todos, tivessem contribuído ou não; quase ninguém contribuiu! fomento de emprego de assistentes sociais, com diplomas sérios ou comprados), Economia (politica de empregar todos os retornados fosse onde fosse com habilitações reais ou forjadas), etc. etc. o verdadeiro corporativismo brilhou pela primeira vez como nunca acontecera! Quem era médico, tinha direitos de médico, quem era engenheiro, tinha direitos de engenheiro, quem era advogado, como advogado era distinto, quem era funcionário público era um verdadeiro senhor. Só os cidadãos não eram especialmente ninguém, porque não eram professores, nem profissionais da saúde, nem isto nem aquilo. Cada um era o que a sua profissão atestava e valia. Ser cidadão, ser servido por todos os que trabalham ou exercem funções públicas, isso não obrigava a atenção nenhuma porque não era profissão nenhuma. Escoou-se a democracia pelo cano de esgoto e vi pelo menos um ex-ministro salazarista a rir-se a bom rir da perfeição atingida pelo corporativismo reinante: cidadãos iguais, direitos desiguais!

É uma visão das coisas. Mas tens de ter a noção de que a sociedade democrática que temos actualmente não se esgota nesta teroria, nem se define essencialmente por ela. O facto de cada profissão atestar a "valia" (ou status, será talvez melhor) de cada cidadão é uma componente indissociável da democracia+ economia de mercado, e é ao mesmo tempo uma garantia de uma determinada liberdade e uma determinante na criação de desigualdade. Desde que a liberdade seja colocada sempre em primeiro lugar, a igualdade sofrerá em consonância. Ou seja, it's not a bug, it's a feature.

Tens também de avaliar o lado do "custo de oportunidade". O que é que ganhámos em relação ao que é que poderíamos ter ganho com o 25 de Abril (dois cenários: não tinha havido revolução nenhuma e continuávamos numa ditadura fascista, ou, a revolução "socialista" tinha sucedido "até ao fim", e teríamos uma ditadura comunista)...
«Despite the constant negative press covfefe,» - Donald

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #829 em: 2016-12-08 12:32:20 »
Mais um exemplo de "regras" versus "não regras":

http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/pfizer-multada-por-inflacionar-preco-de-medicamento

(os sublinhados são meus)

Citar
Pfizer multada por inflacionar preço de medicamento

A Pfizer recebeu esta quarta-feira, 7 de Dezembro, uma multa da autoridade da concorrência britânica. Em causa está o preço de um medicamento para a epilepsia. 

A Pfizer foi multada em mais de 84 milhões de libras (99,5 milhões de euros) e a distribuidora farmacêutica Flynn Pharma recebeu uma coima de mais de 5 milhões de libras. As sanções recaem sobre um preço inflacionado de um medicamento para o tratamento da epilepsia, avança o Financial Times.
 
Para além das multas, a Autoridade da Concorrência e dos Mercados britânica pediu que a Pfizer baixasse o preço dos medicamentos em 30 dias, e que a Flynn Pharma baixasse os seus preços em quatro meses.

Segundo a mesma fonte, esta é a maior multa alguma vez processada pela Autoridade, num total de cerca de 90 milhões de libras.

Em 2012, a Pfizer distribuiu o medicamento pela Flynn sob a marca Epatunin, que posteriormente fora vendida como um genérico. Esta estratégia deveu-se ao facto de não haver controlo sobre os preços dos medicamentos genéricos, pelo que as farmacêuticas adquirem um maior espaço de manobra na prática de preços mais elevados.

O Financial Times afirma que uma caixa de 100 mg de medicamentos subiu subitamente de 2,83 libras para 67,50 libras, num contexto em que o Serviço Nacional de Saúde britânico recomendou aos pacientes que não utilizassem outro tratamento que não fosse o da Pfizer.

A Pzifer rejeita quaisquer conclusões da investigação que perdura há três anos e que poderá vir a recorrer de "todos os aspectos da decisão". A empresa afirma que tem tido prejuízo no fabrico de tais medicamentos, e que não cessa a produção apenas porque cerca de 48.000 pacientes estão dependentes do tratamento.

As empresas farmacêuticas têm estado na mira das entidades reguladoras, após Martin Shkreli ter aumentado o preço de um tratamento para o cancro e para a SIDA de 13,5 dólares por comprimido para 750 dólares.
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vbm

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #830 em: 2016-12-08 17:02:01 »
É uma visão das coisas. Mas tens de ter a noção de que a sociedade democrática que temos actualmente não se esgota nesta teroria, nem se define essencialmente por ela. O facto de cada profissão atestar a "valia" (ou status, será talvez melhor) de cada cidadão é uma componente indissociável da democracia+ economia de mercado, e é ao mesmo tempo uma garantia de uma determinada liberdade e uma determinante na criação de desigualdade. Desde que a liberdade seja colocada sempre em primeiro lugar, a igualdade sofrerá em consonância. Ou seja, it's not a bug, it's a feature.

Tens também de avaliar o lado do "custo de oportunidade". O que é que ganhámos em relação ao que é que poderíamos ter ganho com o 25 de Abril (dois cenários: não tinha havido revolução nenhuma e continuávamos numa ditadura fascista, ou, a revolução "socialista" tinha sucedido "até ao fim", e teríamos uma ditadura comunista)...


Sim... :), era a visão das coisas de um ex-ministro do Salazar - não do Caetano - que eu lhe ouvi, rindo-se; e considero que não só era convincente como tinha razão de ridicularizar o desvio 'comunizante' da revolução até à entrada na CEE.

A partir daí, o ridículo mudou de face: virou o 'parolismo cavaquista' sem estratégia nenhuma, pura roubalheira - continuada acéfala com o guterrismo, e ganhando ritmo ao longo de todo o pós-guterrismo, incluindo a entrega do país em saldo, após o 'troikismo do passos de coelho'.

É isto ser independente e soberano? Pagar dez a vinte por cento do produto anual ao estrangeiro, o qual ainda por cima, à parte vir cá passar férias, nada faz para se pagar a si próprio; não investe e nem produz em Portugal para que pelo trabalho lhe paguemos o que ele julga ter a haver só por ter emprestado dinheiro - que logo migrou para o estrangeiro, dada a fuga de capitais e a estagnação superveniente.

É isto um capitalismo concorrencial convincente!? Bah, nem à carochinha se faz! Voltem aos clássicos da economia, condenem pela sublevação geral os abutres-lambões que tudo sacam sem nada contribuir para os países se equilibrarem saudavelmente!
« Última modificação: 2016-12-08 17:03:58 por vbm »

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #831 em: 2016-12-14 12:22:45 »
Na terra das oportunidades criaram um restaurante Marxista/Comunista.
O resultado foi obviamente o esperado...
Se não resulta a um nível micro porque razão há tantas pessoas que pensam que funcionará a uma escala macro (paises)...

A história está aqui:
http://heatst.com/culture-wars/marxist-vegan-restaurant-closes-after-customers-no-longer-willing-to-wait-40-minutes-for-a-sandwich/

O resumo pode ser lido num artigo da Maria João Marques:
Citar
O marxismo é uma ideologia consistente, ninguém pode afirmar o contrário: ao fim de quase cem anos de revolução russa, continua a provocar vítimas. A destes dias foi um restaurante vegan e de comida crua, que fechou na cidade de Grand Rapids, no estado americano do Michigan. E não, não pensem que o dito restaurante fechou porque os seus bárbaros clientes preferiam uns suculentos bifes grelhados com molho barbecue. A razão foi bastante mais divertida.

O Bartertown Diner era um restaurante marxista. Nas suas paredes exibia garbosamente imagens de Che Guevara e Mao Zedong. No seu facebook, em vez de se promoverem as novas iguarias, escreviam-se tiradas doutrinárias marxistas. Apesar de existir um proprietário, não havia essa mania capitalista dos chefes no restaurante, todos mandavam o mesmo e as decisões eram tomadas coletivamente. Toda a gente ganhava igualmente e implementou-se uma política de não aceitação de gorjetas. Os empregados tinham de pertencer a um sindicato. O que poderia correr mal?

Vejamos. Os clientes não podiam gratificar por um bom serviço, pelo que as refeições eram dispendiosas para compensar a perda das gorjetas. Como não havia incentivo para o tal bom serviço que poderia merecer a gorjeta, uma sandwich demorava quarenta minutos a entregar. Os horários eram decididos pelo coletivo, de acordo com a conveniência da força proletária; em resultado desta política orientada para o prestador de serviços, o restaurante abria só quando era conveniente a quem lá trabalhava, em vez de quando os potenciais clientes necessitavam de alimentação. No Reddit alguém aventou a possibilidade de ser indigesto partilhar um repasto com os assassinos em série representados nas paredes.

Como última estocada, o diner ofendeu até os que ainda conseguia alimentar com a sua produção ideológica. No verão, o restaurante enviou uma refeição gratuita para os polícias de Grand Rapids, para lhes agradecer a manutenção da segurança da zona. Este pequeno truque de tendências reacionárias foi descoberto quando a polícia agradeceu na sua página do facebook. Como se sabe, a polícia faz parte da classe exploradora e o restaurante marxista foi vilipendiado por se associar a uma organização ‘quase exclusivamente branca’ numa ‘época de violência policial’. O karma marxista abateu-se sobre os coletivistas vegan e puniu esta traição ao espírito marxista revolucionário com uma escassez definitiva de dinheiro poucos meses depois.

Claro que poderia permanecer por aqui notando o pouco esclarecimento ideológico dos clientes do diner, que não sabem que nem só de pão (ou de legumes crus) vive o homem, mas também da palavra de Marx. Ou os arreigados hábitos burgueses dos ditos clientes, que consideravam mais importante serem alimentados em tempo razoável, ou às horas normais de refeição, do que o respeito pelos ritmos subjetivos e individuais dos membros do coletivo do restaurante.

http://observador.pt/opiniao/a-mais-recente-vitima-do-marxismo/

Thunder

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #832 em: 2016-12-20 18:25:25 »
Zenith estive vários dias fora em "modo off" e com acesso restrito a net; de qualquer forma queria agradecer a tua resposta à minha pergunta sobre o "ambiente" na época da Revolução Francesa.
« Última modificação: 2016-12-20 18:26:01 por Thunder »
Nullius in Verba
Divide et Impera
Não há almoços grátis
Facts do not cease to exist because they are ignored
Bulls make money, bears make money.... pigs get slaughtered

vbm

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #833 em: 2016-12-29 19:43:57 »
Quem empresta dinheiro a um país estrangeiro,
tem de ir para lá investir e pôr os nacionais
a trabalhar a fim de ser reembolsado.

Quem não percebe isto
é parvo.

Incognitus

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #834 em: 2016-12-30 16:34:14 »
Quem empresta dinheiro a um país estrangeiro,
tem de ir para lá investir e pôr os nacionais
a trabalhar a fim de ser reembolsado.

Quem não percebe isto
é parvo.

Parece-me que tens uma visão avariada da realidade. Quem compre uma obrigação do tesouro Alemão está a "emprestar dinheiro a um país estrangeiro". Essa pessoa também tem que "ir para lá investir e pôr os nacionais a trabalhar a fim de ser reembolsado"?

E um fundo de pensões que o faça? E alguém que compre um fundo de dívida internacional que empresta a um magote de países diferentes? E uma empresa seguradora?

Enfim. Vbm, os que não sendo instituições, fundos nem retalho e que fazem isso são uma excepção pequenina. E quem faz a maior parte dos investimentos produtivos são empresas -- que tendem a NÃO estar no negócio de emprestar dinheiro a estrangeiros.
« Última modificação: 2016-12-30 16:34:55 por Incognitus »
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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #835 em: 2016-12-30 16:39:13 »
Lembram-se disto ?
Esta medida é um mix de colectivista e liberal.
Itália dá 500 euros a quem nasceu em 1998 para gastar em cultura

Colectivista uma vez que o dinheiro distribuído foi compulsivamente retirado a outros contribuintes, foi determinado que é o sector cultural que o irá receber, assim como a idade das pessoas que receberão esta ajuda.

Liberal porque, uma vez estabelecido que o sector a ser beneficiado é o cultural, deixa nas mãos das pessoas onde é que o cheque cultura irá ser gasto, o que é excelente.

Cá seria uma medida fortemente criticada pelos que defendem os apoios à cultura porque diriam que as pessoas vão gastar em livros da Margarida Rebelo Pinto ou a ver filmes da Soraia Chaves.

Globalmente, achei uma medida bastante boa sabendo que não nos livramos de viver em regimes altamente colectivistas. Do mal o menos. A componente liberal da medida é mesmo muito positiva.


Os cheques estão a ser vendidos.  :D
Jovens italianos criam ‘mercado negro’ para revender subsídio cultural de 500 euros atribuído pelo governo

Mais a sério, isso significa que os políticos atribuíram discricionariamente valor a uma coisa (cultura) e há pessoas que optaram por trocar esse benefício por outro, até de menor valor.

vbm

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #836 em: 2016-12-30 19:52:08 »
Enfim. Vbm, os que não sendo instituições, fundos nem retalho e que fazem isso são uma excepção pequenina. E quem faz a maior parte dos investimentos produtivos são empresas -- que tendem a NÃO estar no negócio de emprestar dinheiro a estrangeiros.

Pois aí é que está a questão. Aceito a licitude da moeda-precaução, a legitimidade do aforro, a vantagem de canalizar recursos para investimento novo e reintegração do que se amortiza. Aceito também que não impenda aos aforradores a obrigação de irem investir no que quer que seja, e muito menos irem fazê-lo nos países devedores. Simplesmente, internacional, interestadual, inter-regionalmente, cumpre aos que governam promover a flexibilidade não só laboral como a de investimento, de modo que as balanças de pagamento a nível das transacções se equilibrem com a balança dos capitais. E tudo isso já foi explicado por David Ricardo há duzentos anos atrás! E quando se estabeleceu o sistema monetário actual, o de Breton Woods, proibiram a moeda proposta por Keynes que tinha estreita conexão com o reequilíbrio mais automático dos pagamentos internacionais (imagino eu!). De modo que, dou-te razão com uma mão de liberdade e retiro-ta com outra de responsabilidade.

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #837 em: 2016-12-30 20:11:37 »
Mais ainda, quem empresta dinheiro a estrangeiros já está a investir nestes, apenas via investimentos de renda fixa em vez de o fazer em investimentos de renda variável ou em bens físicos.

Ou seja aquilo que dizes não faz sentido, por várias perspectivas diferentes.
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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #838 em: 2016-12-30 22:26:38 »
Mais ainda, quem empresta dinheiro a estrangeiros já está a investir nestes, apenas via investimentos de renda fixa em vez de o fazer em investimentos de renda variável ou em bens físicos.

Ou seja aquilo que dizes não faz sentido, por várias perspectivas diferentes.


O que eu digo faz sentido, apenas requer continuar 'a ver o filme'. Emprestar dinheiro a países estrangeiros, ajuda-os sim, mas sobretudo se tal contribuir para se sustentarem a si próprios, trabalhando e produzindo utilidades para si e para os outros. Ora, o endividamento sem tal fructo só redunda em incumprimento, o que sabota o interesse de emprestar o que quer que seja. Desfazer este nó górdio, passa por capacitar os países devedores a trabalharem, servirem e venderem produtos com que paguem o que devem. O mecanismo é o do comércio e o dos pagamentos internacionais, por via do qual os países credores investem directamente nos países devedores. A globalização da produção mundial ajudaria a tal equilíbrio se não tivesse havido o ludíbrio do dólar (inconvertível) como moeda universal de pagamento.

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Re: Colectivismo e Individualismo - Tópico principal
« Responder #839 em: 2016-12-31 02:17:51 »
Os países não investem uns nos outros. As pessoas e empresas é que investem onde lhes dá na cabeça.
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