a minha grande dúvida aqui é que, de facto, a dívida da Grécia é impagável nos termos actuais (e há vários países nessa situação ou a caminhar a passos largos para essa situação). Ou seja, é impossível que eles consigam pagar a dívida que tem sem ter um prolongamento de prazos, redução de juros ou um haircut. E sem inflação e com os juros baixos, só um haircut tem um efeito significativo...
E por isso pergunto, qual é a alternativa a encontrarem uma situação que torne a dívida grega sustentável (ou acham que é sustentável não mexer na dívida)?
O que conta para o esforço é o produto da dívida e do juro real. Esse esforço pode ainda ser aliviado se existir algum crescimento real do PIB.
A taxa de juro média da Grécia é atualmente muito baixa. O serviço da dívida, descontando os juros devolvidos pelo BCE, foi de 2,6% do PIB em 2014 (isso dá um juro médio de cerca de 1,5%!!!!). Se a inflação se aproximar dos 2%, em poucos anos (com QE), a Grécia estará a pagar zero em termos reais. Com saldos primários positivos a dívida/PIB irá descer.
Restam 2 problemas:
1-O Syrisa não pode esperar alguns meses, quanto mais poucos anos. Precisa de algo significativo. A Europa pode dar mais um pouquito (redução juros provavelmente+financiamento continuado) mas chegará para um acordo?
2- De qualquer modo, mesmo que o Syrisa acalmasse, na próxima recessão mundial a coisa ficará outra vez preta para os gregos. Mas nessa altura talvez conseguisse negociar ainda um pouco mais...
Nota: Portugal pagou 5% do PIB em juros, a Irlanda 4%. Cambada de νταβατζής !