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Autor Tópico: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa  (Lida 152166 vezes)

Joao-D

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Re:Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #740 em: 2015-03-18 21:21:10 »
O médico também não matou a mulher em Loures e ficou em prisão preventiva.

Mais exemplos (existem muitos mais, mas estes são mais do que suficientes para se perceber a ideia):

Citar
Agente da PSP fica em prisão preventiva
http://www.pressreader.com/portugal/jornal-de-noticias/20150312/283016873180623/TextView

Ex-diretor do MAI fica em prisão preventiva
http://maiortv.com.pt/ex-diretor-mai-fica-em-prisao-preventiva/

Avó de Alice fica em prisão preventiva
http://videos.sapo.ao/QprQ2ujMp57pvcRR7c6n


Nenhuma destas pessoas matou ninguém.

Citar
A prisão preventiva não é uma pena aplicada antecipadamente ao trânsito em julgado, é uma medida cautelar. É uma prisão cautelar que tem o objetivo de evitar que o réu cometa novos crimes ou ainda que em liberdade prejudique a colheita de provas ou fuja. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pris%C3%A3o_preventiva


vbm

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Re:Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #741 em: 2015-03-18 21:22:35 »
A mim parece-me que os juízes
têm a panca da prisão preventiva.

Esta é a ideia que eu percebo.

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Re:Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #742 em: 2015-03-18 21:31:33 »
Recebido por e-mail

José Sócrates foi a pior coisa que aconteceu - José Manuel Fernandes
Colunista
Nasci a 7 de Abril de 1957 e sou jornalista desde 1976, passei por vários jornais (Voz do Povo, Expresso) e fui fundador e, mais tarde, director do Público (de 1998 a 2009). Escrevi vários livros, nomeadamente O Homem e o Mar, o Litoral Português (Círculo de Leitores/Gradiva), Diálogo em Tempo de Escombros (com D. Manuel Clemente, Pedra da Lua), Liberdade e Informação (Fundação Francisco Manuel dos Santos) e Era Uma Vez a Revolução (Aletheia) e colaboro, como professor convidado, com o Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa.
José Sócrates foi a pior coisa que aconteceu na democracia portuguesa nos últimos 40 anos
É talvez altura de nos curarmos de vez do socratismo
José Manuel Fernandes 25/11/2014, 14:27
Durante muitos anos muita gente não quis ver, não quis ouvir, não quis ler, recusou tomar conhecimento. Sócrates estava acima disso. Sócrates não tolerava dúvidas. Mas é altura de aceitar a realidade.
Uma parte do país – e um contingente notável de comentadores – parecem continuar em estado de negação. Durante anos não quiseram ver, não quiseram ouvir, não quiseram admitir que havia no comportamento de José Sócrates ministro e de José Sócrates primeiro-ministro demasiados “casos”. Em vez disso só viram cabalas, só falaram em perseguições, só trataram eles mesmo de ostracizar ou mesmo perseguir os que se obstinavam em querer respostas, os que insistiam em não ignorar o óbvio, isto é, que Sócrates não tinha forma de justificar os gastos associados ao seu estilo de vida.
Agora, que finalmente a Justiça se moveu, eles continuam firmes na sua devoção – e nas suas cadeiras nos estúdios de televisão. Não lhes interessa conhecer o que se vai sabendo sobre os esquemas que Sócrates utilizaria para fazer circular o dinheiro, apenas lhes interessa que parte do que foi divulgado pelos jornais devia estar em segredo de Justiça. Antes, anos a fio, quando não havia segredo de justiça para invocar, desvalorizaram sempre todas as investigações jornalísticas que tinham por centro José Sócrates.
Isto é doentio e revela até que ponto o país ainda não se libertou da carapaça que caiu sobre ele nos anos em que o ex-primeiro-ministro punha e dispunha. Nessa altura também muitos, quase todos, se recusavam a ver, ouvir ou ler, até a tomar conhecimento. Não me esqueço, não me posso esquecer que quando o Público, de que eu era director, revelou pela primeira vez a história da licenciatura, seguiu-se uma semana de pesado silêncio que só foi quebrada quando o Expresso, então dirigido por Henrique Monteiro, resistiu às pressões do próprio Sócrates e repegou na história e denunciou as pressões. Não me esqueço que tivemos uma Entidade Reguladora da Comunicação Social que fez um inquérito e concluiu que o silêncio de toda a comunicação num caso de evidente interesse público não resultara de qualquer pressão – a mesma ERC que depois condenaria a TVI por estar a investigar o caso Freeport. Como não me esqueço de como uma comissão parlamentar chegou mais tarde à mesma conclusão, tal como não me esqueço de como vi gestores de grandes empresas deporem com medo do que diziam.
Muitos dos que agora rasgam as vestes porque o antigo primeiro-ministro foi detido no aeroporto foram os mesmos que nunca quiseram admitir que havia um problema com Sócrates, com os seus casos, com o seu comportamento, com o seu autoritarismo. E também com o seu estilo de vida.
Há momentos que chegam a ser patéticos. Como é possível, por exemplo, que um homem supostamente inteligente, como Pinto Monteiro, queira que nós acreditemos que foi convidado por José Sócrates para um almoço, de um dia para o outro, numa altura em que o cerco se apertava, e que, naquele que terá sido o seu primeiro almoço a sós, só falaram de livros e viagens, como se fossem dois velhos amigos? Como é possível que continue a defender a decisão absurda sobre a destruição das escutas? Ou a achar que nada mais podia ter sido feito na investigação do caso Freeport?
Mas há também um lado doentio e provinciano na forma como se tem comentado este caso. Uma das raras pessoas que detectou essa anormalidade foi Nuno Garoupa, professor catedrático de Direito nos Estados Unidos e que, por ter respirado ares mais arejados, não teve dúvidas, notando que “nós é que vivemos num mundo mediático”, não é a Justiça que cria o circo, como se repetiu ad nauseam nas televisões. Mais: “A opinião pública pode e deve fazer um julgamento político, independentemente do julgamento legal e judicial. A política e a justiça não são a mesma coisa.” Ou seja, deixem-se da hipocrisia do “inocente até prova em contrário”, pois isso é verdade nos tribunais mas não é verdade quando temos de julgar politicamente alguém como José Sócrates. O julgamento político, como ele sublinha, não está sujeito aos mesmos critérios do julgamento penal.
A clareza do debate político exige pois que saibamos fazer distinções. A distinção que António Costa fez logo na madrugada de sábado, quando disse que “os sentimentos de solidariedade e amizade pessoais não devem confundir a acção política do PS”, é justa e mantém toda a sua pertinência. Se o PS tem conseguido manter a frieza – quase todo o PS, pois são raras e muito pontuais as excepções –, é importante para esse mesmo PS ir mais longe. E tocar um ponto nevrálgico: aquilo que nós, cá fora, sabíamos sobre as excentricidades e as práticas de José Sócrates dão-nos apenas uma pequena amostra do que se sabia em muitos círculos do PS. Sabia, mas não se comentava, mal se sussurrava.
Vou mais longe: nos partidos estas coisas são conhecidas. Pelo menos no PSD e no CDS, para além do PS. Ninguém ficou surpreendido quando a Justiça caiu sobre Duarte Lima – todos os seus companheiros de bancada conheciam as suas excentricidades. Pior: muitos ainda hoje comentam como a Justiça ainda não apanhou alguns antigos secretários-gerais, aqueles que tratavam das contas e apareceram ricos de um dia para o outro.
Pior ainda: nos bastidores dos partidos as histórias de autarcas, em particular de alguns dinossauros, são infindáveis. E há longínquas férias na neve de dirigentes partidários que incomodam os seus correligionários sem que nada aconteça para além de um comentário fugaz.
Vamos ser claros, deixando a hipocrisia do respeitinho de lado. A dúvida que havia sobre José Sócrates era sobre se seria algum dia apanhado. A percepção que corroía a confiança nas instituições não era sobre se os seus direitos humanos poderiam vir a ser negados (a sugestiva preocupação de Alberto João Jardim), mas sim sobre se algum dia um aparelho judicial que, anos a fio, pareceu amestrado seria capaz de apanhar alguns dos fios das muitas meadas tecidas pelo antigo primeiro-ministro.
Escrevi-o muitas vezes e vou repeti-lo: José Sócrates foi a pior coisa que aconteceu na democracia portuguesa nos últimos 40 anos, e não o digo por causa da bancarrota. Digo-o por causa da forma como exerceu o poder, esperando fazê-lo de forma absoluta, sem contestação, sem obstáculos, sem críticos. Não os tolerava no PS, no Governo, nos jornais, nos bancos, nas grandes empresas do regime.
Não sou a primeira pessoa a descrever assim José Sócrates. Nem essa descrição é recente. Recordo apenas um texto de António Barreto, de Janeiro de 2008 (há quase sete anos, bem antes da bancarrota), onde se escrevia que “o primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra a autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas”.
Lembram-se? Eu não o esqueci.
O que distingue o socratismo não é uma visão da forma de ser socialista, é uma visão schmittiana de exercício do poder. Compreendo que o seu estilo de líder forte possa ter fascinado quem cavalgou a onda, mas é bom que hoje olhem para o elixir que provaram e que os inebriou, e percebam que era um veneno. Ou seja: acordem para a realidade. Depois do que se passou nos últimos dias, do que já sabemos sobre os contornos do processo e das acusações, do que imaginamos mas ainda não sabemos, a pergunta que muitos têm de intimamente fazer é “como foi possível?”, “como é que acreditei?”. Porque se não forem por esse caminho o seu único refúgio acabará por ser uma qualquer teoria da conspiração como a imaginada pelo insubstituível MRPP.
Ao contrário do que se repetiu à exaustão, o carácter não é um detalhe em política. E se ninguém deve apagar rostos em fotografias, à la Stalin, também é preciso de olhar de frente para o que, no passado, recomenda que se exorcizem fantasmas, demónios, maus hábitos e práticas não recomendáveis.
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

JoaoAP

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Re:Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #743 em: 2015-03-18 21:52:07 »
A mim parece-me que os juízes
têm a panca da prisão preventiva.

Esta é a ideia que eu percebo.
E eu acho que tem tem uma "panca" és tu.... :D :D :D :D
Irra... vbm..


vbm

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Re:Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #745 em: 2015-03-19 11:17:06 »
E eu acho que tem tem uma "panca" és tu.... :D :D :D :D
Irra... vbm..

Claro que tenho!
E dela me orgulho :)

itg00022289

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Re:Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #746 em: 2015-03-19 12:20:13 »
Tribunal da relação: O que levaria Santos Silva a emprestar dinheiro a Sócrates, “potencial insolvente”? Amizade não é, certamente


Os juizes esticam-se um bocado mas conhecendo alguns da classe não me admira assim muito...

Numa sentença escrevem em rima:
Citar
iríamos, amizade sim, porque não? Mas tanto assim, também não! E amizade assim, por que razão?


citam ditos populares:
Citar
Quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vêm


têm ideias preconceituosas:
Citar
Mas é empresário, vive de e para o dinheiro, para o reproduzir, multiplicar e ter lucros


fazem deduções, para ser simpático, questionáveis:
Citar
Sócrates tem “manifesta capacidade intelectual e de relacionamentos multifacetados”, pelo que não lhe seria difícil fugir para o estrangeiro, caso quisesse.



Resumindo, fico contente que o criminoso continue com os costados na cadeia :)
« Última modificação: 2015-03-19 12:21:11 por itg00022289 »

Joao-D

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Re:Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #747 em: 2015-03-19 12:47:02 »
Também acho que os juízes se esticam demasiado.
Se tivessem privilégios a menos talvez se esticassem menos.
Espero que arranjem mais provas do que considerações.

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Re:Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #748 em: 2015-03-20 11:00:22 »
Citar
Procurador diz que Sócrates gastou 8,5 milhões das contas de Santos Silva

Defesa fala em empréstimos, mas Ministério Público alega que José Sócrates não pedia dinheiro a Carlos Santos Silva - exigia-o

É só fazer as contas aos números apresentados pelo Ministério Público: 3,5 milhões num apartamento em Paris (aquisição e obras) mais as rendas perdoadas, 2,6 milhões num negócio de direitos de televisão do campeonato espanhol, 712 mil para a compra de três apartamentos à mãe, mais 1,2 milhões para a ex-mulher, Sofia Fava, 670 mil em entregas de numerário. Acrescente-se a estes valores 170 mil euros para promover o livro A Confiança no Mundo, mais 200 mil euros em viagens, e outras despesas de 87 mil euros para o motorista João Perna e 92 mil para Sandra Santos e José Sócrates, desde 2008, terá gasto 8,3 milhões de euros das contas de Carlos Santos Silva. Empréstimos de Santos Silva? Perante a forma como o ex-primeiro-ministro dispunha do dinheiro, o Ministério Público, o juiz de instrução e o Tribunal da Relação de Lisboa dizem que não.

É devido a uma aparente facilidade com que José Sócrates punha e dispunha do dinheiro que o procurador Rosário Teixeira concluiu que, afinal, o tal acervo financeiro de 23 milhões de euros, formalmente detido por Santos Silva, era, de facto, de José Sócrates.

Aliás, nas alegações entregues no Tribunal da Relação de Lisboa, que confirmou a prisão preventiva de Sócrates, o procurador afirmou, tendo em conta as escutas telefónicas, que o ex-primeiro-ministro não pedia, exigia dinheiro. "Empréstimos" e "boa vontade" de Carlos Santos Silva, alegaram as respetivas defesas (ver texto nestas páginas). "Embora na vida tudo seja possível, pelo menos no plano da teoria e da efabulação, ficamos "incrédulos" com a afoiteza da ingenuidade daquele argumento e "altruísta" amizade", consideraram, por sua vez, os desembargadores Agostinho Torres e João Carrola, no acórdão que manteve Sócrates em prisão preventiva.

Os juízes, segundo o documento revelado, ontem, pelo jornal i, recorreram ainda a um provérbio popular para caracterizar o estilo de vida do ex-primeiro-ministro: "Quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vem."

Leia mais pormenores na edição impressa ou no e-paper do DN

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #749 em: 2015-04-29 09:06:41 »
Citar
José Sócrates admite que pode ser condenado

Sic.pt

José Sócrates acusa o Ministério Público de terrorismo de Estado, de fazer caça ao homem e de estar a trabalhar numa tese patética e absurda que classifica como folhetim de mau gosto. Numa carta enviada ao socialista António Campos, a que a SIC teve acesso, o ex-primeiro-ministro fala pela primeira vez da detenção do administrador do Grupo Lena. Na longa missiva, o antigo governante assegura que o processo ainda não lhe tirou a alegria mas admite já a hipótese de vir a ser condenado. A seguir pode ler a versão completa dessa carta.

Citar
António Campos,

querido amigo:

Desculpa responder tão tarde à tua amável carta e só agora agradecer as tuas palavras, tão amigas. Obrigado, também, por me teres enviado o artigo que a advogada do meu amigo eng. Carlos Santos Silva escreveu na revista da Ordem dos Advogados. Já tinha ouvido falar nele, mas só agora o li.

O título é divertido: “vamos a um supor”. Todavia, o que não tem graça, mesmo graça nenhuma, são as “supostas” denúncias: buscas ilegais, interrogatórios ilegais, detenções ilegais. E, claro, tudo isto é suposto ter acontecido sob a direcção e comando de um Procurador da República, com o assentimento de um chamado “juiz das liberdades", que é suposto ser o protector das garantias dos cidadãos face a qualquer tentativa de abuso.

Tanto abuso não é, pelos vistos, excepcional e até parece que fez escola, a avaliar pelas tímidas e raras – embora honrosas – reacções. Infelizmente, chegamos a um tempo em que tanta indiferença perante estes abusos das autoridades parece confirmar que as garantias do Estado de Direito já não são vistas como a fonte legitimadora da justiça penal, mas como relíquias formais ultrapassadas. Na verdade, o actual debate sobre política criminal está dominado por uma perspectiva conservadora – mais propriamente, reaccionária – que pretende soluções que passam por erodir os princípios tradicionais do direito penal democrático em troca de “investigações mais eficazes”. É um erro histórico: quem julga que pode trocar liberdade por segurança sempre se enganou rotundamente. A segurança nunca foi conseguida sem liberdade. Sem uma ordem penal baseada na liberdade, nos direitos, nas garantias processuais, ninguém está seguro. Nunca pensei que regressássemos a um tempo em que é necessário lembrar que quando a acção penal ignora as barreiras que o Estado de Direito lhe coloca, de proporcionalidade, de garantias de processo, de formalismo, o resultado será sempre o terrorismo de Estado. Mas claro, tudo isto é um “supor”.

Pedes-me que te fale do andamento do meu processo mas dele só posso referir-te o que para aí se diz nas televisões e jornais. E não é pouca coisa, o que me obriga a ir por partes e a descrever os principais desenvolvimentos, de forma concisa, em cinco pontos essenciais:

 

1.    Cinco meses sem acusação

Ao fim de cinco meses em prisão preventiva, o nosso estimável Ministério Público não teve ainda tempo para me apresentar os factos e muito menos as provas dos crimes que me imputa. Pelos vistos, não acha que seja já tempo para apresentar a acusação – que era legítimo esperar fosse rápida, dada não só a relevância do processo, mas também pelo facto de terem justificado a minha prisão com pretensas provas “sólidas”, "concludentes" e "indesmentíveis". Bem sei, falam de indícios, mas como é que pode haver indícios "fortes" se não se sabe de quê?? Afinal, que crime concreto foi esse? Onde, quando e como é que eu o pratiquei? Exactamente, que factos criminosos devo refutar, que provas devo desmentir? Não sei, nem o Ministério Público sabe, até porque não cometi crime algum. A única diferença é que o Ministério Público não se importa com isso.

Tem uma teoria, acredita nela e parece convencido de que não precisa de provar nada para me manter preso ou até para obter uma condenação.

2.      A violação do segredo de justiça

Não tenho, aliás, dúvidas que as constantes “fugas”, criminosas e seletivas ao segredo de justiça têm precisamente tudo a ver com o vazio deste processo – visam disfarçar o vazio, criando na opinião pública uma convicção generalizada de ter eu praticado os crimes que o Ministério Público me imputa, dispensando-se o Senhor Procurador de acrescentar às generalidades factos e provas. 

No início deste processo ficámos a saber que se pode prender sem factos e sem provas; agora sabemos que é possível, sem factos e sem provas, manter alguém preso; só faltava que, no final, ficássemos a saber o que julgávamos para sempre afastado: que no nosso Estado, que queremos de Direito, é possível condenar alguém sempre sem factos e sem provas.

Até ver, a única coisa que o Ministério Público foi capaz de dizer é que a minha liberdade implica um "perigo" de perturbação de inquérito (no entendimento do Ministério Público, o exercício do direito de defesa face às campanhas de difamação, em que ele próprio consente, é muito perturbador...); e que existe o risco de que eu fuja. Não é só o sentido do ridículo que perderam, é também o respeito pela inteligência de todos nós.

3.      O facto novo

Há, todavia, um facto novo que tem sido diligentemente ocultado, escondido, pelo Ministério Público. É que, tendo a investigação recebido (na verdade, já as tinha recebido há mais de um ano) as informações bancárias relativas às tão referidas contas na Suíça, elas confirmam que em lado algum delas sou referido. Nem como titular, co-titular, último beneficiário ou por qualquer outra forma que me permitisse ter acesso, ou capacidade de dispor, agora ou no futuro, desse dinheiro. Nada!

Este facto tem sido propositadamente escondido porque põe em crise a exótica teoria de que o dinheiro do meu amigo é, afinal, meu, e de que ele era apenas um «testa de ferro». Ora, se assim fosse, não poderia haver um mas vários (pelo menos mais um) «testas de ferro». Já são «testas» a mais para a delirante imputação.

Este é, portanto, o verdadeiro facto novo: depois de tanta busca, de tantas escutas, de tantos interrogatórios, depois até da resposta à carta rogatória, a investigação não só não prova nada do que afirma, como provou exactamente o contrário: que o dinheiro pertence a outro ou a outros, que não é meu nem nunca foi e que não posso, nem alguma vez pude, dispor dele.

4.      Os métodos do Ministério Público

Os métodos usados pelo Sr. Procurador não param de nos surpreender - o que, aliás, só confirma a descrição feita no artigo da Drª Paula Lourenço. Começou, claro está, com a minha detenção no aeroporto, um propositado espectáculo, que não visou qualquer objectivo jurídico legítimo. Não foi uma acção da justiça, foi uma deliberada encenação.

Depois, veio o episódio do mail. A verdade é que durante dias alguém escondeu o mail em que expressamente pedia para ser ouvido neste processo, para depois poderem promover a minha prisão preventiva com base na fantástica teoria do "perigo de fuga".

Finalmente, para não me alongar neste ponto, surge a história da carta rogatória às autoridades Suíças. O Sr. Procurador emitiu-a em Novembro de 2013 e a resposta, chamada “final”, só chegou mais de um ano depois, em Fevereiro de 2015. Mas o que é aqui extraordinário é que esta demora não se deveu a qualquer atraso das autoridades Suíças. Ela resultou, isso sim, dos pedidos e da vontade do procurador português. Já se duvida que o Ministério Público seja livre de promover o retardamento dos inquéritos. Mas é certamente ilegítimo usar, depois, a demora, que ele próprio provocou, para obter o prolongamento do prazo de inquérito e, pior, usar essa demora para justificar a prisão preventiva com base no perigo de perturbação do inquérito, quanto à recolha dessa mesma informação! Foi este o logro: o Procurador pediu às autoridades Suíças que retardassem a resposta que tinham pronta para, no momento da detenção, poder dizer que estavam ainda a decorrer essas diligências rogatórias que os arguidos podiam "perturbar".

5.    O crime de corrupção

 

Quanto a este crime de corrupção – e esta imputação, sem factos e sem provas, não passa de um insulto – a situação a que o processo chegou é pura e simplesmente patética. Os jornais reportam que a investigação se "concentra" agora nas suspeitas sobre os contratos do TGV, da Parque Escolar, das construções rodoviárias e nos negócios na Venezuela. Isto é: passados todos estes meses, nem sequer sabem dizer onde foi cometido o crime, se no TGV, se nas escolas, se nas estradas ou se em algo completamente diferente, talvez até num país estrangeiro (já ouvi falar de vários, de Angola à Venezuela).

Será perguntar demais em que país do Mundo foi praticado o crime de que me acusam? E, quanto ao momento do crime, dizem agora que o período está "bem" delimitado: entre 2005 e 2011. Extraordinário! A pergunta é esta: como é que alguém se pode defender de uma imputação tão vaga, se a própria acusação não sabe dizer nem quando, nem onde, nem em quê?!

Isto diz-nos muito acerca da verdadeira origem desta investigação: ela não nasceu para perseguir um crime, mas para me perseguir pessoalmente, foi a caça ao homem – esta “Operação Marquês”.

Quem imputa crimes sem fundamento, o que faz é ofender e insultar. Quem prende para investigar e usa a prisão como única prova não só nega a justiça democrática, mas coloca-a sob a horrível suspeita de funcionar como instrumento de perseguição política. Felizmente, tudo isto não passa de um “supor”...

E pronto, velho amigo, é isto. Claro que estou ansioso por poder voltar a conversar contigo e com os nossos amigos sobre a política e a vida. Mas, por favor, não te preocupes com o meu ânimo. Estou forte e confiante. Isto não me tirou a alegria.

 

Abraça-te com força

o teu, muito teu amigo,

José Sócrates

 

P.S.: Uma derradeira nota, para comentar contigo estes mais recentes desenvolvimentos, da detenção de Joaquim Barroca, aproveitada para reanimar a campanha de difamação contra mim, imputando-me, enquanto Primeiro Ministro, e ao meu Governo, crimes de corrupção em favor do Grupo LENA.

Essas imputações, melhor dito, insinuações, são falsas, ultrajantes e absurdas: como já disse, nunca intervim, nem diretamente nem indiretamente em nenhum dos alegados concursos que têm vindo referenciados.

E é igualmente falso que existisse especial proximidade entre mim e Joaquim Barroca, com quem apenas me encontrei uma meia dúzia de vezes na vida.

Mas, mais, a afirmação de que teria havido um favorecimento do Grupo LENA é não apenas falsa, como absurda, incapaz de resistir ao confronto com os números – em termos relativos, o Governo actual adjudicou a este Grupo mais empreitadas de obras públicas do que o Governo socialista (0,36%, em 2012, contra 0,25%, em 2010, mantendo-se semelhante essa comparação para os anos de 2013 e 2014). No que diz respeito a adjudicações por ajuste directo, encontramos a mesma relação (10% da contratação do total da construção, entre Julho de 2011 e a presente data; 7%, entre o fim de 2008 e Junho de 2011).

Fiquemos, então, à espera dos próximos episódios deste folhetim de mau gosto e nenhum senso.

 


vbm

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #750 em: 2015-04-29 09:35:39 »
Mais uma vez se vê claro, o juiz que o mantem preso não tem classe nenhuma, pois não destitui a argumentação de Sócrates com a acusação dos crimes que lhe imputa e não marca julgamento. Duas coisas que deveria ter exigido estar em condições de formular no prazo de quarenta e oito horas após o ter mandado deter o que comprovadamente o compromete como palhaço de uma polícia incompetente.

Princesa Diana, o Dodi Fayed e o motorista deste.
No túnel da Pont de l'Alma, em Paris, perseguidos por motas de paparazzi

- Anda mais depressa, - diz a Princesa ao motorista;
E o idiota andou mais depressa!
Em vez de ter abrandado e parado o carro,
andou mais depressa!

Assim, o palhaço do juiz de Instrução.

Em vez de cruzar os braços, convocar
uma conferência de imprensa e
denunciar a incompetência
e a corrupção da falta de
recursos do DCIAP,
prende o ex-PM,
e ao fim de
5 meses,

não formula sequer uma acusação!


Palhaço!
Tal qual o motorista do Dodi.
Palhaço. Pau mandado!

Counter Retail Trader

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #751 em: 2015-04-29 09:57:24 »
Mais uma vez se vê claro, o juiz que o mantem preso não tem classe nenhuma, pois não destitui a argumentação de Sócrates com a acusação dos crimes que lhe imputa e não marca julgamento. Duas coisas que deveria ter exigido estar em condições de formular no prazo de quarenta e oito horas após o ter mandado deter o que comprovadamente o compromete como palhaço de uma polícia incompetente.

Princesa Diana, o Dodi Fayed e o motorista deste.
No túnel da Pont de l'Alma, em Paris, perseguidos por motas de paparazzi

- Anda mais depressa, - diz a Princesa ao motorista;
E o idiota andou mais depressa!
Em vez de ter abrandado e parado o carro,
andou mais depressa!

Assim, o palhaço do juiz de Instrução.

Em vez de cruzar os braços, convocar
uma conferência de imprensa e
denunciar a incompetência
e a corrupção da falta de
recursos do DCIAP,
prende o ex-PM,
e ao fim de
5 meses,

não formula sequer uma acusação!


Palhaço!
Tal qual o motorista do Dodi.
Palhaço. Pau mandado!

1-O que o Socrates é ou era ao Grupo L ?

2- toda a gente sabe (menos tu)  como é que o Grupo L fazia negocios ....

3- a mim escusas de vender a seriedade do sr... lol

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #752 em: 2015-04-29 10:57:45 »
O Juiz que o acuse.

vbm

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #753 em: 2015-04-29 10:59:51 »
E depois de o acusar,
continua a ser o mesmo
idiota que agora é.

Pela razão que acima dei.

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #754 em: 2015-04-29 11:01:20 »
E o Sócrates passará a ser um grande bandido, ou isso apenas se aplica ao juíz?
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

vbm

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #755 em: 2015-04-29 11:21:46 »
O Sócrates só foi bom político nos primeiros dois anos de governo: 2005-07.
Depois, deixou de perceber como proceder e o ministro das finanças
também não o soube orientar e desgovernou em desnorte.

Familiarmente, sabe-se, Sócrates é rico
e desde o tempo da II Guerra.

Se se deixou corromper,
diz-se na minha terra, é um roto.

"Roto" é vergonhoso por se ser um vendido,
portanto sem personalidade, portanto incapaz de pegar
numa pistola e dar um tiro na besta de um inimigo.

Mas "roto", na minha terra, - e na minha 'terra',
não é só o Porto, é o 'Porto' e «os que são
como eu, que já vamos sendo bem poucos» -,
"roto", na minha terra apoda-se
também a todo o invertido
sexual masculino!

É o que Sócrates pode muito bem ser,
lá como lhe chamamos na minha terra.

Mas, reitero, o juiz não tem personalidade
nenhuma
, não tem a dignidade de denunciar
o caos, a miséria, a desonra em que está a polícia
judiciária, incompetente e inábil em culpar quem rouba
e desonra o país com todo o tipo de falcatruas, vigarices,
e corrupção de toda a dignidade dos responsáveis por governar
e decidir, que se ficam a rir de nós, e enchem-se de poder e de gozo
sobre a nossa miséria de viver na indignidade da pobreza sem remédio.

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #756 em: 2015-04-29 11:24:06 »
O Sócrates só foi bom político nos primeiros dois anos de governo: 2005-07.
Depois, deixou de perceber como proceder e o ministro das finanças
também não o soube orientar e desgovernou em desnorte.

Familiarmente, sabe-se, Sócrates é rico
e desde o tempo da II Guerra.

Se se deixou corromper,
diz-se na minha terra, é um roto.

"Roto" é vergonhoso por se ser um vendido,
portanto sem personalidade, portanto incapaz de pegar
numa pistola e dar um tiro na besta de um inimigo.

Mas "roto", na minha terra, - e na minha 'terra',
não é só o Porto, é o 'Porto' e «os que são
como eu, que já vamos sendo bem poucos» -,
"roto", na minha terra apoda-se
também a todo o invertido
sexual masculino!

É o que Sócrates pode muito bem ser,
lá como lhe chamamos na minha terra.

Mas, reitero, o juiz não tem personalidade
nenhuma
, não tem a dignidade de denunciar
o caos, a miséria, a desonra em que está a polícia
judiciária, incompetente e inábil em culpar quem rouba
e desonra o país com todo o tipo de falcatruas, vigarices,
e corrupção de toda a dignidade dos responsáveis por governar
e decidir, que se ficam a rir de nós, e enchem-se de poder e de gozo
sobre a nossa miséria de viver na indignidade da pobreza sem remédio.

Desculpa , nao fazia , faz..... lol   

vbm

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #757 em: 2015-04-29 11:46:18 »
Desculpa , nao fazia , faz..... lol

Não posso dizer nada,
porque não percebi sequer!

Automek

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vbm

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #759 em: 2015-04-29 19:15:32 »
A mesma, ou outra?