Se pudesses ir para casa descansar, tomar banho na piscina, ver um filme na Meo e coisa e tal e a outra pessoa não tivesse nada para comer, isso provavelmente significaria que além dos 20 metros, terias entregue à sociedade produção equivalente a uma piscina, a subscrição do Meo e por aí adiante. A outra pessoa não teria nada para comer porque também muito provavelmente não teria entregue nada à sociedade sequer equivalente ao valor de uma refeição (que não tivesse já comido). Objectivamente, continuaria a ser uma situação bastante ética e justa, embora obviamente fosse de a mitigar, talvez dando à outra pessoa a possibilidade e instrumentos para cavar umas batatas, bem como ajuda alimentar temporária até que essas batatas aparecessem.
Ainda assim, entre o 1 metro e os 10/20, ninguém teria dificuldade em ver que chamar "ladrão" seria um bocado excessivo e ridículo até. Agora, na nossa sociedade complexa e conceptualizada, torna-se muito mais difícil de ver isso.
E sim, é de considerar a fuga aos impostos crime e ter que ser punida e tal, mas isso não nos deve cegar para o que tal coisa significa, nomeadamente o monopólio da violência por parte do Estado para impor determinadas regras, mesmo que elas a nível pessoal não sejam as coisas mais éticas do mundo (embora possam parecer, devido à complexidade e aos conceitos envolvidos).