Não creio que esteja em causa a ideologia do Bloco (que não se deslocou um milímetro desde a sua formação), mas desde 2009 que houve mudanças significativas na sua composição humana, por um lado (fruto quer de convulsões internas, quer da natural renovação espontânea), e houve, por outro, um regresso a uma "boa forma popular" que não se registava desde há quase uma década (os motivos para isso podem ser vários, mas eu apostava que se deveram na sua maioria à insatisfação com o desempenho do Governo, a factores externos, portanto), culminado essa "evolução" (chamemos-lhe assim) nos resultados que obtiveram nestas eleições. Não me parece nada incoerente que alterem o seu modo de estar na política face ao peso representativo que agora detém. Aliás, até me parece que essa seja a natural maneira de estar na política em geral---no Bloco e em qualquer outro partido. As estratégias (não as ideologias) dependem dos contextos. E os contextos mudam do dia para a noite.
Quanto às palavras do Costa, continuo a não ver nenhuma incoerência. Ele acusava (bem) o Bloco de ser um partido de protesto, que recusava acordos e entendimentos, e que não tinha expressão humana no terreno. Neste momento o Bloco tem muito mais penetração local e está aberto a um acordo de governação. O Costa aceita. Onde está a incoerência?