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Autor Tópico: Um modelo social obsoleto  (Lida 19841 vezes)

meu-godo

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Um modelo social obsoleto
« em: 2014-08-25 19:02:55 »
O modelo social europeu das últimas décadas está provavelmente obsoleto. O estado social evoluiu e transferiu parte da riqueza de um país para subsidios sob as mais diversas formas (desemprego, nascimento, falecimento, etc...). A curva demográfica com menos nascimentos e mais idosos só veio agravar a situação. A economia cresce menos e provavelmente nâo voltará a crescer de forma duradoura acima de 2% e começou a viver-se do crédito.

Ora, nâo sendo provavelmente possivel fazer a economia crescer da mesma forma, com menos trabalhadores e mais dependentes (sobretudo idosos), a solução parece ser a de retirar regalias adquiridas nos ultimos 30/40 anos e equilibrar as funções do estado ao estritamente necessário. Com menos subsidios, muitos serão obrigados a desenvencilhar-se e a sair da zona de conforto procurando alternativas e permitindo a esses países de se desenvolverem. É como um mal que vem por bem...

Parece que o mundo evoluiu mas continuamos a evitar de mudar de modelo porque de certa forma resultou (foi sustentável) durante algumas décadas. Agora, esse modelo parece obsoleto (com taxas de crescimento baixas, desemprego mais alto e custos com pensões a aumentarem) mas a negação da realidade é mais forte. Esse sistema parece condenado a morrer. A dependência do Estado será inevitavelmente menor à medida que os recursos (dinheiro) escassear. O ratio entre população produtiva/dependentes tem vindo a baixar e torna o sistema insustentável tal é a quantidade de ajudas estatais existentes...

Incognitus

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #1 em: 2014-08-25 19:05:40 »
Há muita coisa que se pode cortar antes de se cortar num estado social básico. Podes tirar o estado de culturas, desportos e muita regulação desnecessária implícita em magotes de institutos.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Zel

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #2 em: 2014-08-25 20:41:49 »
mesmo dentro do estado social ha muita despesa que nao tem nada de social, por exemplo as reformas devem ter por objectivo evitar a pobreza e nao oferecer bons estilos de vida
« Última modificação: 2014-08-25 21:01:34 por Neo-Liberal »

vbm

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #3 em: 2014-08-25 21:01:03 »
A aritmética pensões / salários (p/w), reformados / empregados (r/n), com a taxa de contribuição social (c), equaciona-se singelamente na razão unitária das pensões versus as contribuições.  Assim, com, w e p referentes a salário e pensão média:

(1)  p*r / w*c*n = 1;
ou
(2) p/w * r/n * 1/c = 1.

Suponhamos,

(3) p/w = .60; c = .30.

teremos

(2’)  2*r = n.

Ou seja, dois reformados (e/ou desempregados) por cada activo.
A pensão média de um reformado ser 60% do salário médio, parece-me justo.

Se, a par disso, o volume de emprego aumentar 20% e a produtividade 30%, cada activo pode passar a sustentar mais de 3 reformados. Não vejo drama especial no futuro do modelo social numa economia de desenvolvimento normal e sem acréscimo da população.


Post-scriptum: - Antes da segurança social, cada chefe de família tinha a seu cargo talvez  uma média de 4 ou 5 ou mais familiares com fraco ou nulo rendimento! Não é nada de especial, 4 ou 5 reformados por cada trabalhador no activo!
« Última modificação: 2014-08-25 21:05:13 por vbm »

Incognitus

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #4 em: 2014-08-25 21:09:10 »
Bem, se a pensão média for 60% do salário médio bruto, então o pessoal dos salários basicamente vai ser escravo, pois os descontos para sustentarem a pensão média excederão o salário.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Zel

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #5 em: 2014-08-25 21:11:43 »
nao ves drama porque estas a fazer mal todas essas as contas, a comecar pelo racio entre trabalhadores e assistidos socialmente que neste momento ja esta em 1:1.3 e tendera para 1:0.9. nestas circunstancia 60% eh um numero impossivel de sustentar, repara que quem trabalha tem ainda de pagar muitas outras despesas do estado, sustentar filhos e pagar habitacao. o nosso pib per capita de 20k nao permite isso e daqui a 20 ou 30 anos vamos ter uma enorme populacao idosa na pobreza a queixar-se do azar da vida e das malfeitorias do grande capital.
« Última modificação: 2014-08-25 23:01:28 por Neo-Liberal »

Zenith

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #6 em: 2014-08-25 21:34:02 »
A aritmética pensões / salários (p/w), reformados / empregados (r/n), com a taxa de contribuição social (c), equaciona-se singelamente na razão unitária das pensões versus as contribuições.  Assim, com, w e p referentes a salário e pensão média:

(1)  p*r / w*c*n = 1;
ou
(2) p/w * r/n * 1/c = 1.

Suponhamos,

(3) p/w = .60; c = .30.

teremos

(2’)  2*r = n.

Ou seja, dois reformados (e/ou desempregados) por cada activo.

A pensão média de um reformado ser 60% do salário médio, parece-me justo.

Se, a par disso, o volume de emprego aumentar 20% e a produtividade 30%, cada activo pode passar a sustentar mais de 3 reformados. Não vejo drama especial no futuro do modelo social numa economia de desenvolvimento normal e sem acréscimo da população.


Post-scriptum: - Antes da segurança social, cada chefe de família tinha a seu cargo talvez  uma média de 4 ou 5 ou mais familiares com fraco ou nulo rendimento! Não é nada de especial, 4 ou 5 reformados por cada trabalhador no activo!

É ao contrario 2 activos por cada reformado.

Zel

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #7 em: 2014-08-25 22:15:31 »
assumo que isso dos 2 reformados por activo eh engano e que o vbm quer dizer o oposto, senao a opiniao dele eh ainda mais errada e absurda

o argumento do antigamente so esquece que na altura eramos todos miseraveis, se for para voltar a esses tempos entao temos o estado social assegurado

vbm

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #8 em: 2014-08-25 23:08:15 »
É. Erro disléxico na observação de conclusão: são dois activos por cada reformado.

Logo, para que o rácio reformados / empregados (r/n) passasse de 0.5 para 5, i.e.,
o padrão histórico de cinco dependentes idosos por cada chefe de família,
o rácio teria de decuplicar!

(2) p/w*r/n*1/c=1; ou, r/n= c*w/p;
necessita de variar para:
(2') (r+dr)/(n+dn)=(c+dc)*(w+dw)/(p-dp)=10*c*w/p,

ou seja,
compor as variações dr, dn, dc, dw, dp,
de tal forma que o rácio inicial decuplique.

Não é impossível, se a demografia geriátrica começar a favorecer
o equilíbrio, os emigrantes enviarem remessas, a produtividade
se elevar, e alguns imigrantes engrossarem as fileiras do assalariado,
as pensões baixarem e as contribuições laborais e patronais aumentarem,
tudo na direcção e composição apropriada a decuplicar a posição de partida.




« Última modificação: 2014-08-25 23:11:38 por vbm »

Luisa Fernandes

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #9 em: 2014-08-25 23:11:44 »
Alfredo Bruto da Costa, presidente da Comissão Nacional de Justiça e Paz, investigador ligado desde sempre à área da exclusão , defendeu, entrevista ao JN, um Estado Social onde a Saúde , a Educação, a Justiça e a Segurança Social sejam prioridades e para todos.


Tem sentido pensar numa reforma do Estado Social a partir de uma perspetiva de redução de despesa?

É totalmente inaceitável. As implicações financeiras são qualquer coisa que viabiliza, que recomenda, ou que impede uma redução parcial de qualquer modelo que tenhamos. Mas, primeiro, é preciso que tenhamos a noção de qual é o modelo social que queremos.

Não se faz, portanto, pensando em termos de emergência. Necessita-se, primeiro, de dados, de previsões de crescimento...

Mesmo numa reforma estrutural, o ponto de partida não podem ser as razões financeiras. O Estado Social é antes de mais uma opção política, uma opção da sociedade. Se se entende que deve haver uma reforma, a primeira coisa que um Governo tem que fazer é levar isso a discussão pública. Surgirá após essa discussão um determinado modelo. A partir daí, vai ver-se quais as implicações ao nível das contribuições. Admito que, após colocar o assunto a discussão, se apresente um grau de viabilidade grosseiro dos modelos que surjam. Mas só isso. O debate sobre o Estado Social deve centra-se nos riscos sociais .

Naquilo que, acima de tudo, queremos acautelar...

Exatamente. O ponto de partida para uma reforma do Estado Social é perguntar quais são os riscos sociais que a democracia portuguesa quer acautelar. É por isso que é inaceitável partir dos aspetos financeiros. É perverso. Porque aquilo que eu quero quando penso em Estado Social não é fazer uma redução da despesa, o que quero é ter um Estado Social. A pergunta é: quais são as prioridades?

Quais são as prioridades? Concretamente, a Saúde, a Educação, a Justiça e a Segurança Social são prioridades e para todos?

Sim senhor. São. Para todos. Exatamente o contrário do modelo neoliberal, que é intrinsecamente individualista e para o qual o Estado Social deva cingir-se ao mínimo, para quem está na miséria. Só que um sistema de proteção só para os pobres é um pobre sistema social.
Quem não Offshora não mama...

Zel

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #10 em: 2014-08-25 23:14:51 »
um sistema que protege quem nao eh pobre faz imensa logica
protege-os do que, resta saber.. duma vida honesta?

Kin2010

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #11 em: 2014-08-25 23:29:44 »
No futuro o rácio entre trabalhadores e assistidos até poderá passar para 1 : 1, ou 1 :5, ou 1: 10, ou 1 : 100. Não há nada de intrinsecamente insustentável mesmo num rácio de 1 : 100 se houver um elevado grau de robotização da economia.


Zel

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #12 em: 2014-08-25 23:35:01 »
No futuro o rácio entre trabalhadores e assistidos até poderá passar para 1 : 1, ou 1 :5, ou 1: 10, ou 1 : 100. Não há nada de intrinsecamente insustentável mesmo num rácio de 1 : 100 se houver um elevado grau de robotização da economia.

contar com um cenario futurista por provar nao eh boa politica

vbm

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #13 em: 2014-08-25 23:42:31 »
Uma coisa é certa: há população a mais no planeta. A robotização aprimorará a produção da dispositivos muito úteis. Continuará, no entanto, a ser fundamental, ter gente com corpo são em mente sã, e muitos filósofos - isto é, sábios que não se limitem a ser especialistas nos parafusos dos robôts e percebam para onde vai o mundo e o que convém à humanidade civilizada.

Zel

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #14 em: 2014-08-25 23:48:15 »
Uma coisa é certa: há população a mais no planeta. A robotização aprimorará a produção da dispositivos muito úteis. Continuará, no entanto, a ser fundamental, ter gente com corpo são em mente sã, e muitos filósofos - isto é, sábios que não se limitem a ser especialistas nos parafusos dos robôts e percebam para onde vai o mundo e o que convém à humanidade civilizada.

ofereco-me desde ja para fazer o papel do Sabio

Kin2010

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #15 em: 2014-08-25 23:54:02 »
No futuro o rácio entre trabalhadores e assistidos até poderá passar para 1 : 1, ou 1 :5, ou 1: 10, ou 1 : 100. Não há nada de intrinsecamente insustentável mesmo num rácio de 1 : 100 se houver um elevado grau de robotização da economia.

contar com um cenario futurista por provar nao eh boa politica

Sim, com um rácio assim altíssimo como eu escrevi, é futurista, não é para já. Mas os rácios que já estão à vista nos países mais envelhecidos talvez sejam bem sustentáveis, se se mantiver a tendência de robotização / mecanização. Já agora, não são só os robots que contam, as próprias ITs e a Internet proporcionaram ganhos de produtividade massivos e a tendência está longe de estar esgotada. Graças à Internet, as empresas podem hoje vender muito mais do que antes, para o mesmo nº de trabalhadores. Graças à Internet, uma série de negócios se está a desenvolver, como o aluguer de casas a turistas, os empréstimos online, o jogo online, e muito mais. Graças à Internet e ao home banking os bancos podem ter hoje um maior rácio entre capitais depositados e nº de trabalhadores. Isto são tendências que já são visíveis hoje.





vbm

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #16 em: 2014-08-26 00:39:06 »
[ ] ofereco-me desde ja para fazer o papel do Sabio

Tens de saber para onde vai o mundo,
o que convém às sociedades civilizadas,
e como subjugar as tendências de selvajaria.

Zel

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #17 em: 2014-08-26 01:04:50 »
[ ] ofereco-me desde ja para fazer o papel do Sabio

Tens de saber para onde vai o mundo,
o que convém às sociedades civilizadas,
e como subjugar as tendências de selvajaria.

1- o mundo vai para onde eu quiser
2- o que convem a civilizacao eh seguir toda a minha sabedoria
3- comigo no topo nao ha selvajaria (excepto a minha)

 :D

meu-godo

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #18 em: 2014-08-26 06:34:52 »
Claro que teoricamente a produtividade pode ser melhorada com as novas tecnologias mas o que se assiste talvez desde o novo século é uma tendência a bolhas e a ciclos económicos de crescimento relativamente curtos que alternam com estagnação do crescimento ou periodos de recessão e um desemprego relativamente alto. Uma das alternativas a esse desemprego é a criação de pequenos negócios com pouco crédito inicial, ou seja, pouco risco e possibilidade de retorno. Assim, se o negócio correr mal, ao menos não fica uma divida gigantesca para pagar. 

vbm

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Re:Um modelo social obsoleto
« Responder #19 em: 2014-08-26 09:48:39 »
[ ]
1- o mundo vai para onde eu quiser
2- o que convem a civilizacao eh seguir toda a minha sabedoria
3- comigo no topo nao ha selvajaria (excepto a minha)

 :D

Vais longe, se bem que não saibas para onde.

O que, em todo o caso, num plano cósmico,
pouco difere de saberes alguma coisa...

Porquanto, o destino
ou está marcado ou irá estar.

lolinho.