O Pacheco Pereira não qualifica o Marinho Pinto como propriamente populista, antes o elogia por falar português, não deixar-se manipular pela forma canónica de os jornalistas, - corruptos e incompetentes -, tentarem enquadrar os políticos em agendas de questionário condicionadas pelo interesse mediático que orquestram a mando de patrões, igualizados entre si por força da concorrência temerosa do mais leve desvio do interesse dominante no momento, exigindo antes que os políticos debatam o que na realidade interessa para governar o país e o povo.
Falar português, para Pacheco Pereira, é recusar debate estruturado por perguntas impostas pela mediocridade dos media. Se é de dívida, impacto de impostos, eficiência da justiça, da saúde ou da escola que se quer discutir, então o jornalismo deve entrevistar e confrontar entre si técnicos e políticos subordinados a opções conhecidas, pois só eles estão em condições de discutir utilmente as alternativas possíveis.
Se é política mesmo que se discute, então fale-se português
e abordem-se questões que afectam o povo.
José Pacheco Pereira exemplifica:
i) O que é que se propõe em relação à condição de trabalho do cidadão comum que vê no presente uma insegurança e uma precariedade muito maior na base de sustento da sua vida? Exagerou-se? O sistema é justo? O que há de compensar a situação presente se se convir ela ser preferível? Como facilitar a empregabilidade do cidadão qualquer?
ii) A classe média proletarizou-se desmesuradamente nos últimos três anos. Nenhuma democracia é sustentável com a classe média destroçada. Qual a compreensão que os políticos comprovam em relação ao problema frequente do cidadão médio anteriormente cumpridor das suas obrigações, estar agora remetido a uma envergonhada incapacidade de solver os seus compromissos? E estão avaliados os efeitos desta situação na desestruturação das famílias?
JPP é há mais de trinta anos o herói admirável a zurzir na mediocridade da nossa imprensa. Aplaude Marinho Pinto - um bom conhecedor do mundo jornalístico -, pelo desassombro de repudiar as agendas mediáticas, e exigir que em português, se discuta política entre os políticos, e técnicas finalísticas entre os que se alinhem às ordens de cada partido.