Não li este livro. Mas um amigo da net, num fórum de livros, leu-o e descreveu-o.
Trocámos este diálogo. Pareceu-me interessante a ficção profética
sobre o que advém,
à la longue - 1870-2033 (163 anos) -
do sistema meritocrático (incontrolado)!
Vejam o que ele diz:
Ele - «"The Rise of the Meritocracy 1870-2033"
Michael Young - Pellican Book, 1958
Ensaio, sátira, romance distópico que descreve a criação da meritocracia no Reino Unido, entre 1870 e 2033. A própria palavra meritocracia foi cunhada pelo autor nesta obra, com a intencionalidade de lhe dar um cariz negativo embora tenha ficado para a história essencialmente com um sentido positivo!
É muito interessante verificar que a Sociedade distópica que é descrita é muito parecida com as nossas Sociedades actuais. Revela como o princípio da hereditariedade, na Sociedade de Castas foi substituído pelo princípio do mérito, numa restruturação do sistema de classes hierárquico. Como o princípio da igualdade foi substituído pelo princípio da igualdade de oportunidades e como no final as diferenças económicas e socias e a distância entre as classes voltou a aumentar... Até à Revolta do partido populista que ocorre inesperadamente para o autor em 2034! Leitura muito interessante...»
Eu - «Uma capa chamativa, bem expresiva: uma progressão decrescente em 163 anos, do quadruplo ao mérito de um só...
Fui ver no Infopédia o significado de distopia, que me remeteu para o de antiutopia e define-a assim:«
representação ou descrição de uma sociedade futura caracterizada por condições de vida alienantes ou extremas, que tem como objetivo criticar tendências da sociedade atual, ou alertar para os perigos de determinadas utopias».
Ora, realmente, nós vemos tanta inépcia nos lugares de decisão que todos ansiamos por uma sociedade meritocrática! Só que, na verdade, verosímil é que as castas se reconstituem... Mas como será essa revolução populista de 2033? Trump, 17 anos antes, já mostra como será a campanha desse futuro 2034! :))»
Ele - Sim Vasco concordo contigo! A minha leitura da obra mostra-me a substituição da aristocracia do sangue britânica, amplamente feudal (Sociedade de castas, hierárquica), pela meritocracia, que tem que ver com esforço e inteligência (e educação esmerada para os melhores como vem na obra...).
Engraçado que na obra a causa desta mudança social de fundo, foi económica, ou seja aumentar o crescimento económico, pela melhor distribuição da inteligência, de forma a associar o poder e a inteligência!
Na sociedade meritocrática descrita existe perfeita igualdade de oportunidades, de maneira que os indivíduos dotados (de mérito) das classes baixas têm acesso ao ensino esmerado e virão a pertencer às classes altas.
Todos têm oportunidade de pertencer às altas classes dirigentes, com grandes salários e prestigio! Os que não conseguem (por falta de inteligência p ex) são os falhados, a grande maioria, que forma as classes de pouco valor, na base da pirâmide com poucas ou nenhumas condições de vida...
Acaba por ser construída uma nova aristocracia, desta feita do mérito! Na sociedade descrita a democracia acaba por ser esvaziada, até porque se virmos bem a aristocracia é diferente da democracia e estas são no seu sentido pleno incompatíveis!
O autor, na vida real dirigente do Labour britânico na sua época, crítica o Labour e os socialistas em todo o ensaio por terem desistido da principio da igualdade original em favor de um novo princípio, bem diferente, que é o da igualdade de oportunidades.
O princípio original permitia a ascensão da maioria, enquanto o novo apenas de uns poucos, que "arrecadam" quase tudo. Neste sentido serão os partidos populistas a exigir novamente o poder do povo, o derrube da meritocracia pela democracia! É fantástico como o autor acaba por ter esta presciência em 1958! E sim os Trumps estão aí e só espero que os moderados emendem a mão e rápido!!!»