isto é de outubro.
-[]-[1_2]-[observador__observador.pt]-[movil]-[titulo_2_1]&source=28]A maior obra de reabilitação residencial em Lisboa em 15 anos: 60 milhões para erguer 97 casas de luxo
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Dos três edifícios originais, virados para a Avenida Duque de Loulé, foram
preservadas e recuperadas as fachadas. “A preservação da nobreza dos edifícios e a manutenção das fachadas exigiu que os mesmos fossem suspensos e o
interior reconstruído de raiz, para criar vários pisos de garagens e área comercial”, esclarece a promotora.
O quarto edifício, virado à Rua Luciano Cordeiro, é totalmente novo, sendo que o que existia originalmente foi demolido pelo anterior proprietário.
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Impressionante como o Taveira toca na ferida na sua entrevista:
"Sou um grande arquiteto e sei mais do que estes gajos todos juntos"https://ionline.sapo.pt/especiais/sou-um-grande-arquiteto-e-sei-mais-do-que-estes-gajos-todos-juntos/A dado momento diz ele:
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Mas não podemos esquecer que esses edifícios estavam altamente degradados...Os que estavam. Eu vou contar a história que penso que seja a origem desta ideia de manter a fachada. Um dia, há muitos anos, eram duas ou três da manhã eu estava no gabinete do antigo presidente da Câmara de Lisboa, Nuno Krus Abecassis, e estava também um outro arquiteto com um cliente. O outro arquiteto disse qualquer coisa e o Abecassis, já cheio de sono, dá uma palmada em cima da mesa e diz: ‘Conserva a fachada!’ E o projeto foi aprovado com o ‘conserva a fachada’. A partir daí é a regra: conserva a fachada.
Foi o início.Se calhar naquele caso até era de conservar a fachada, mas o problema é que se transformou em lei. Porque carga de água é que se quiser fazer uma coisa naquele edifício ali em frente tenho de conservar aquela fachada nojenta? Os fundos querem negócios e não chatices, e interessa-lhes aprovar o mais rapidamente possível. Nenhum fundo me encomenda projetos. No outro diz entrou-me aqui o Ricardo Oliveira, que eu adoro, e disse: ‘Oh Tomás, tu que estavas a fazer uma coisa para o Abel Pereira da Fonseca, para a Fundação Maria António Barreiro, empresta-me o projeto porque tenho aqui uns gajos para comprar.’ Eu emprestei o projeto. Passado uns dias ligou-me e disse que eles queriam conservar aquela porcaria toda. ‘Eles quem?’, perguntei. ‘Um fundo que quer comprar’.
E não há locais, como a Baixa ou bairros típicos, em que os edifícios antigos devem ser preservados para que não se quebre a harmonia nem se perca a história?Principalmente nesses lugares era preciso fazer cidade, para criar cultura. Para os jovens como vocês perceberem o que é a arquitetura. Os vossos filhos não vão perceber o que é a arquitetura, pensam que é aquilo que ali está.
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Daqui a 200 anos Lisboa está na mesma segundo esta 'onda' de se conservar as fachadas...
Se a indústria automóvel fizesse o mesmo... estavamos a conduzir carros dos anos 10 ou 20 mas com motorizações e interiores actuais.
O Abecassis teve uma brilhante ideia para resolver o conservadorismo no licenciamento: conservar a fachada.
Lisboa tem o ingrediente certo para estagnar na estética ao longo dos séculos...
Mas o que interessa isso? É preciso é que os negócios avancem e o pessoal se sinta bem no interior dos de "fachada conservada".
É pena as mulheres (ou os homens na perspectiva das mulheres ou outros...) não possam conservar a fachada (os alçados) ao longo dos anos de quando tinham 25 anos...