Ao observarmos estes países vemos desde logo a importância desta relação, nem que seja apenas devido ao legado histórico de ambos estados. Enquanto a Rússia dos nossos dias carrega o legado não só do império russo mas também da União Soviética que o sucedeu, a Turquia moderna surge da desintegração do império otomano na primeira metade do século XX.
Ambos países carregam consigo a história de civilizações correspondentes aos impérios mencionados, que não só influenciaram os percursos históricos um do outro, mas também das civilizações que os rodeavam. Tal como os recorrentes conflitos militares demonstram, ambas civilizações (turca e eslava-ortodoxa) apresentam uma longa história baseada na competição pois a expansão da influência de uma, normalmente, resultava na diminuição da outra – um jogo de soma 0 que naturalmente influencia as ligações destas potências com entidades terceiras (as potências europeias por exemplo). A história representada na identidade dos povos russo e turco, só por si, demonstra a importância das relações entre ambos estados. Certamente, duas potências históricas euroasiáticas.
Contudo, desde a queda da União Soviética em 1991 a Rússia e a Turquia demonstravam uma relação construtiva apoiada numa crescente integração económica
Ainda assim, tanto historicamente como nos dias de hoje, a Turquia e a Rússia continuam a ser potências regionais com cenários geopolíticos comuns, onde os seus interesses podem colidir. Cenários como o equilíbrio de poder no Mar Negro, nas Guerras Civis na Síria e na Líbia, na Ucrania no Sul do Caucaso, ou mesmo na Ásia Central ex-soviética (devido às ligações culturais demonstradas através da Turcofonia), têm o potencial de aprofundar ou desagregar esta relação, dependendo da resolução e dos efeitos de cada um.