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Autor Tópico: Redistribuição de rendimento  (Lida 81040 vezes)

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #340 em: 2018-10-21 20:51:55 »
Uma relação fundamental em economia
é a do dinheiro com a produção de bens e serviços,
e o respectivo comércio, – compra, venda –,
oferta e procura ao preço corrente em vigor.

Nos livros aprendemos a equação simples, quase 'einsteiniana', – -:) –,
que relaciona a circulação da moeda com a das transações de bens e serviços:

(1)    MV = PT

O stock de moeda – notas de banco, espécies metálicas, depósitos bancários –, (M), multiplicado pela velocidade de circulação da moeda, (V), i.e., o número de vezes que o stock de dinheiro roda nas transações da economia durante um período de tempo – ano, mês, semana, dia, hora – iguala o volume de transações (T) multiplicado pelo nível médio de preços (P), i.e., o valor total das compras / vendas de bens e serviços de uma economia em dado período de tempo.

Como estatisticamente se acumulam estes agregados, teria curiosidade de saber – cheguei, em novo, a desejar entrar nessa carreira profissional de estatístico, mas ninguém liga nenhuma ao que um jovem deseja ou não, e portanto não sei como se trabalham estes agregados macroeconómicos e monetários.

Sei, contudo, – ensinam-nos no curso de economia –, que o produto social durante um ano, o PIB(pm), o Produto Interno Bruto a preços de mercado, é a quantidade, (q), de bens e serviços produzidos nesse ano, avaliados ao preço médio de venda, (p).

(2)    PIB(pm) = p.q

Ora, este valor do produto anual iguala o rendimento, (y), de quem o produz, a saber o salario, (s), dos que trabalharam para a sua produção, –  de que vivem mais a família –, e o rendimento proporcionado pelo excedente do preço de venda dos bens e serviços sobre o salário pago a produzi-los, rendimento que podemos denominar de lucro, (l), o qual é distribuido pelos detentores dos meios de produção nesta utilizados, – rendas, juros, lucros –, assim como pelo Estado nos impostos directos (incidente sobre salários e lucros) e indirectos (cobrados no preço de mercado das transações) ou simplesmente tributados por uma taxa sobre o valor do património de que cada cidadão é proprietário, ceda-o ou não ao processo produtivo (portanto, puro ónus, ou expropriação parcial, de fortuna pessoal).

(3)    y = p.q = s + l,

ou,

(3’)    l = y – s,

Pressupondo, globalmente, y > s,  – não sendo o caso, só pode ser s = y, com l = 0, o que implica a colectivização da totalidade dos meios de produção, a abolição da economia de mercado, e o planeamento central de toda a produção por assalariados, eles próprios nomenklatura partidária dirigente do Estado –, teremos

(4)    y/s = m > 1

ou, 

(4’)    y = m.s

Ora, posto que o rendimento, y, é a monetarização do produto social, PIB(pm), eles se igualam em cada período, pelo que temos,

(5)    PIB(pm) = y = p.q = m.s

Não sei como os estatísticos calculam o índice de preços, p, dos bens e serviços transacionados, mas por certo partem da cifra de negócios, do total de vendas da indústria dos bens de consumo e de investimento concluídos, acabados e vendidos no ano, e a dividem pelo índice de preços de alguma amostragem representativa desse conjunto de bens, de forma a alcançarem o rácio representativo do produto quantitativo, real, q, dos bens e serviços produzidos num ano-base a preços constantes, o que lhes permitirá comparar números reais de produção de ano para ano.

Também, não sei explicitar a relação que existe entre o nível geral de preços, P, das transacções comerciais totais da equação monetária (1), com os índice de preços, p, das amostragens da indústria, mas é evidente que ambos variam directamente com a massa monetária, M, injectada na economia, e com a velocidade, V, da circulação da moeda, causando tanto menor poder de compra de uma soma dada de dinheiro, ou de cada nível de rendimento salarial, ou global e colectivo, quanto maior for o nível de preços da produção.

A equação (5),      y = p.q = m.s    liga as variáveis que queremos observar e comparar no tempo.

Assim, partindo da base dada num ano, pela equação (5), teremos no ano seguinte,

(6)    (y + Dy)  = (p + Dp).(q + Dq)

ou   (y + Dy)/y = (p + Dp).(q + Dq)/p.q

ou   (1 + Dy/y) = (1 + Dp/p).(1 + Dq/q)

ou, com Dy/y = dy; Dp/p = dp; Dq/q=dq

(6’)   (1+dy) = (1+dp).(1+dq)

Mutatis mutandi, para a mesma equação de rendimento (5), y = m.s, temos

(7)    (y + Dy)  = (m + Dm).(s + Ds)

ou   (y + Dy)/y  = (m + Dm).(s + Ds)/m.s   

ou   (1 + Dy/y) =  (1 + Dm/m).(1 + Ds/s)

ou,     com Dy/y = dy; Dm/m = dm; Ds/s=ds

(7’)    (1+dy) = (1+dm).(1+ds)

Podemos então examinar o crescimento económico de um ano para outro pelo balanceamento das equações (6’) e (7’):

(8)   (1+dp).(1+dq) = (1+dm).(1+ds)

Não sei qual seja a proporção dos salários líquidos no PIB(pm), mas é possível que ronde 1/4  ou 1/3 do produto social, no máximo 2/5 porventura... (Não sei, mas gostava de saber),

De qualquer modo, no livro de Ludwig Erhard, ex-chanceler da República Federal Alemã e ministro de Economia de Adenauer, nos anos quarenta e cinquenta, Bem-estar para Todos, – que releio ao cabo de muitos anos –, ele pugna pela estabilidade monetária e impõe estrita vigilância da relação entre os aumentos de preços, (1+dp), e o aumento do rendimento colectivo que exceda o aumento da produtividade

(8’)    (1+dp) = (1+dm).[(1+ds)/(1+dq)]

ou seja, os aumentos de preços – o 1º membro da equação –, que equivale a uma redução do poder de compra, são da responsabilidade daqueles que os provocam sejam eles os patrões – pela concorrência monopolista ou acordos de cartéis –; os operários – via aumento de salários que excedam o da produtividade –; ou o Governo e os deputados – seja pela tributação directa que determina os rendimentos deduzidos de impostos retidos na fonte, seja pelo imposto sobre o valor acrescentado na produção de cada empresa.

Assim, na Alemanha Ocidental, no septénio (t) 1955-61, a variação percentual (%) ocorrida ano a ano nos salários (s), rendimento colectivo (y), e produtividade (q) foi a das seguintes séries:

  t   1955        56        57         58       59        60        61
ds    –         +8,0     +5,0     +6,6    +5,1    +8,9    +10,1   
dy     –       +11,8   +12,2     +8,2    +6,3    +9,3    +10,8
dq    –         +1,4     +2,1     +2,7    +6,8    +6,4      +2,9

ou, em valores acumulados,


      t                    1955      56        57         58        59       60       61
(1+ds)^t              1,000    1,080    1,134   1,209   1,270   1,335    1,470
(1+dy)^t             1,000     1,118    1,254   1,357   1,443   1,577    1,747
(1+dq)^t             1,000     1,014    1,035   1,063   1,136   1,208    1,243


Destes dados, podemos retirar a evolução dos preços no septénio,

[(1+dy)/(1+dq)]^t = (1+dp)^t

(1,747/1,243) = (1+dp)^7
1,405 = (1+dp)^7
1,405 ^(1/7) = 1, 049

ou seja, uma inflação de 4,9% ao ano,

cuja responsabilidade se decompõe na dos sindicatos pelo excedente ocorrido no aumento de salários em relação ao aumento da produtividade

(1+ds)^7 = 1,470             
1,470 ^(1/7) = 1,057

(1+dq)^7 = 1,243
1,243 ^(1/7) = 1, 032,

ou seja, em média, no septénio, os salários nominais cresceram 5,7% ao ano e não deveriam ter excedido 3,2% ao ano, que foi a média do aumento de produtividade do trabalho; pela diferença, 2,4 pontos percentuais, contribuíram para a inflação e consequente perda de poder de compra;

quanto aos patrões e ao Estado (o governo, pela autoridade tributária, e os deputados, pelas leis e orçamentos anuais aprovados) a sua quota de responsabilidade na inflação é a da contribuição que compuseram à dos assalariados, no aumento final dos preços, a saber
   
(1+dp)^t = (1+dm)^t * [(1+ds)/(1+dq)]^t    (Vide 8’)

(1+dp)^7 = 1,405 = (1+dm)^7 * (1,470/1,243) = (1+dm)^7 * 1,183

1,405/1,183 = 1,188 = (1+dm)^7

1,188^(1/7) = 1, 025

ou seja, em média, no septénio, os patrões e o fisco elevaram os preços de mercado em 2,5% ao ano, a qual composta com a inflação salarial não justificada pela produtividade, 2,4% integram a inflação anual de 1, 025*1,024 = 1,049, i.e., 4,9% ao ano.


Bem, não sei propriamente se não haverá erro nestes raciocínios, – julgo que não –, mas o que eu gostava era de ver as contas nacionais reduzidas a um jogo aritmético simples das macrovariáveis económicas fundamentais: preço, produto real, salário, sobresalário ou excedente económico global e sua ulterior repartição pelas rendas monopolistas da propriedade fundiária, lucro intramarginal das empresas mais produtivas em cada ramo de actividade, salários líquidos de impostos deduzidos na fonte, imposto sobre o valor acrescentado, lucro bruto de reintegrações do capital técnico, etc.

É verdade, que para além da análise da interferência monetária na economia real através dos preços e dos impostos, há outra análise fundamental que equacionará o aforro, i.e., o rendimento não gasto em bens de consumo, o qual, pela oferta e procura de fundos para investimento, equacionará o investimento em meios de produção com o respectivo financiamento pelos capitais de aforro e de crédito prudencial disponível. Este é um aspecto dinâmico da análise económico-financeira pois, determina em que ramo de actividade investir prioritariamente pelo critério daquele que proporcione a taxa de retorno de cash-flow (lucro bruto de amortizações depois de impostos) mais elevada em comparação com a taxa de juro corrente no mercado de empréstimos de capital.
« Última modificação: 2018-10-22 15:41:42 por vbm »

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #341 em: 2018-10-24 06:06:22 »
Quem viaje sempre se surpreenderá com a diversidade de custo de vida e de nível de vida de país para país. Faz espécie, dá que pensar, e até sonhar, ir viver para onde o dinheiro tem grande poder de compra para lá do que se tem de graça simplesmente, face ao estádio primitivo da exploração de tudo o que esteja ao alcance de ser mudado para render!

Descobri um procedimento simples de distinguir nível de vida de custo de vida. Simples!

Custo de vida pode estimar-se em cerca de 6/5 do salário mínimo de um país, caso exista, p.e., entre nós uns € 720,00/mês, brutos, uns € 10 080,00/ano.

Nível de vida, é um conceito diferente, diria, podemos estimá-lo pelo rendimento per capita de cada país, entre nós, suponho, cerca de € 19 000,00 /ano [€ 190 000 000 000/10 000 000].

Quanto maior a disparidade de valores entre o nível e o custo de vida, maior a quantidade e a qualidade de consumo um país proporciona aos seus cidadãos, claro!, dependente da situação individual de cada um.

Se estiver errado, ou houver ideia mais fina dos dois conceitos, fico grato por a conhecer (se a compreender!)
« Última modificação: 2018-10-24 06:08:50 por vbm »

Pip-Boy

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #342 em: 2018-10-24 13:00:26 »
Nao estarás a tentar reinventar o GDP at power purchasing parity ?
The ultimate result of shielding men from the effects of folly, is to fill the world with fools.

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #343 em: 2018-10-24 15:15:18 »
Segui a ligação, e nível de vida é isso mesmo.

Mas a ideia só se apreende rigorosamente
comparando esse rendimento
com o custo de vida.

Quanto maior a diferença, maior e
melhor é a qualidade de vida.









D. Antunes

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #344 em: 2018-10-24 19:19:06 »
Quem viaje sempre se surpreenderá com a diversidade de custo de vida e de nível de vida de país para país. Faz espécie, dá que pensar, e até sonhar, ir viver para onde o dinheiro tem grande poder de compra para lá do que se tem de graça simplesmente, face ao estádio primitivo da exploração de tudo o que esteja ao alcance de ser mudado para render!

Descobri um procedimento simples de distinguir nível de vida de custo de vida. Simples!

Custo de vida pode estimar-se em cerca de 6/5 do salário mínimo de um país, caso exista, p.e., entre nós uns € 720,00/mês, brutos, uns € 10 080,00/ano.

Nível de vida, é um conceito diferente, diria, podemos estimá-lo pelo rendimento per capita de cada país, entre nós, suponho, cerca de € 19 000,00 /ano [€ 190 000 000 000/10 000 000].

Quanto maior a disparidade de valores entre o nível e o custo de vida, maior a quantidade e a qualidade de consumo um país proporciona aos seus cidadãos, claro!, dependente da situação individual de cada um.

Se estiver errado, ou houver ideia mais fina dos dois conceitos, fico grato por a conhecer (se a compreender!)

Segundo o teu conceito, o ideal seria então que o salário mínimo fosse pequeno relativamente rendimento per capita. Defenderias que o salário mínimo fosse bem baixo.
“Price is what you pay. Value is what you get.”
“In the short run the market is a voting machine. In the long run, it’s a weighting machine."
Warren Buffett

“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."
René Descartes

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #345 em: 2018-10-24 20:11:23 »
Não se trata de um conceito. Expliquei-o. Uma habilidade empírica para perceber como as coisas variam de país para país, diversidade que sempre me espantou, dado sem nada fazer via aumentado ou diminuído o poder de compra do meu dinheiro e rendimento, qual Gulliver em Lilliput, em país de micro ou macro habitantes! Por outro lado, o leque de rendimento entre PIBpm per capita e o salário mínimo - ridículo supor sequer que o salário dependa de decisão política, posto que é inquebrantável a lei de bronze dos salários, a sua estreita e estrita correspondência com o índice de preços do custo de vida, por definição assalariado não é escravo, logo salário é expressão do poder de compra que necessita para viver mais sua família -, justamente é um indicador médio, expressivo da produtividade do trabalho e próprio de uma meritocracia. Nada disso implica compromisso com monopólios abrigados da concorrência interna e externa no ramo de actividade a que se acantonam! Portanto, o meu ideal é o do mérito remunerado, a produtividade pilotando o crescimento económico, e a justiça social garantindo que todo aquele que trabalha não empobrece a trabalhar, antes melhora a sua vida segundo o mérito do seu esforço e talento, incluindo a lucidez de deitar abaixo governos que não prestam.

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #346 em: 2018-10-26 00:51:51 »
«Só um aldrabão dá mais do que tem.»

Ludwig Erhard

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #347 em: 2018-11-14 22:46:50 »

JohnyRobaz

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #348 em: 2018-11-14 23:32:13 »
Nunca vi esta ideia em forma de proposta, mas será que seria descabido de todo criar uma progressividade fiscal também nas mais-valias e dividendos, tal como acontece no IRS? Em vez da flat tax de 28%, porque não há escalões em que os que recebem menos pagariam uma taxa menor que aqueles que ganham milhões em dividendos ou mais-valias? Não atrairia mais pequenos acionistas à bolsa? Não ajudaria as pequenas e novas empresas a começar mais facilmente e caso crescerem pagariam aí aquilo que não pagaram na fase de arranque? Não seria algo positivo para a economia que a esquerda iria apoiar?

Reg

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #349 em: 2018-11-15 00:09:47 »
pergunta aos hollandeses, ingleses ou mesmo luxemburgo  e irlanda

porque empresas tem la sede

e porque madeira deixou de ter


la fora tem contas com zero impostos para pessoas normais, como falou antes nos topicos ETF 
« Última modificação: 2018-11-15 00:18:24 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #350 em: 2018-11-15 07:47:33 »
Não é coerente tributar progressivamente rendimentos de capital que decorrem proporcionalmente do montante de capital aplicado na produção. O mercado nivela tais rendimentos pela taxa de juro corrente. A progressividade no cumulativo de rendimentos do capitalista como pessoa singular é dispensada pela opção de uma taxa flat sobre o rendimento financeiro. Complicar a fiscalidade é má política. Justo e apropriado é defender a livre concorrência, lutar contra actuações monopolistas, sejam corporativas ou sindicais, e manter uma razoável abertura ao comércio internacional. Quanto à riqueza individual propriamente dita, não sei, percebo mal o que ouço a comunicação social proclamar, parece-me que comparam patrimónios, i.e., capital, com rendimentos, i.e., fluxos, salariais ou de juro, lucro normal ou mais-valias (patrimoniais) e grande é a demagogia em torno de tais disparidades.

D. Antunes

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #351 em: 2018-11-15 09:49:17 »
O imposto sobre mais-valias é para a classe média. Quem tem muito dinheiro cria uma empresa num país de baixa tributação.
“Price is what you pay. Value is what you get.”
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vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #352 em: 2019-01-04 16:43:27 »
Eu gostava de saber qual é a proporção dos salários líquidos da função pública no rendimento nacional. É que tudo o mais da despesa pública ou é investimento ou consumo, de produção interna ou de importação, ou redistribuição de rendimento de uns para outros, praticamente consumo. Portanto, só os salários líquidos do emprego público são um valor acrescentado produtivo (ou não) consoante a valia efectiva desse tipo de emprego (ou subemprego). Tudo o mais do orçamento do estado é já efeito da actividade privada.
« Última modificação: 2019-01-21 08:28:20 por vbm »

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #353 em: 2019-02-17 18:22:38 »
Cada vez mais adentrado no problema único
de distribuição, perfilho esta formulação:

O problema dos salários é o problema do juro, do imposto, do lucro e do dinheiro.
Venezuela, o Brasil pré-Fernando Henrique Cardoso, Alemanha-anos 20,
Portugal 1975-1986, mostram, demonstram,
<salário-juro-imposto-lucro-dinheiro>
é um problema único auto balanceado.

A âncora à realidade, que dilui
venezuelas, brasis, fascismos,
esquerdismos, é claramente

<trabalho-produtividade-justiça-inovação-comércio>;

tudo o mais é televisão, locutores, rádio, ficção, ludíbrio.



Mas, claro, difícil é equacionar estes factores
com eficácia, com justiça, com trabalho
eficiente, se valioso e útil.
« Última modificação: 2019-02-17 18:36:32 por vbm »

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #354 em: 2019-04-19 17:07:09 »
Posteriormente ao editado no postal anterior,
folheei, muito ao de leve, algo de Walras
e, rápido, quis simplificar tudo
na macroeconomia
dos agregados
de Keynes.

Fui juntando as 'palavras',
nada revi, que ando noutras
leituras, mas edito-as,
prometendo um dia
vir cá revê-las…

Edito o postal a seguir:

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #355 em: 2019-04-19 17:26:19 »
Walras propõe um sistema de n equações correspondentes a n bens e serviços produzidos periodicamente numa economia, transacionados entre os agentes económicos, produtores e consumidores, num sistema de n quantidades de cada bem ou serviço, cambiadas segundo cada um dos n preços singulares dos bens, os quais se revestem de duas naturezas: preço ex-ante, o desejado para a transação; preço ex-post, o realmente efectuado em cada transação no período.

Assim, o preço buscado vender e o intencionado pagar pela aquisição do bem, situam as transacções logo à partida num puro terreno de troca de quantidade de cada bem por outro, pelo que o preço efectivo da transação exprime o equilíbrio aceite de troca de quantidades entre um bem e outro.

Walras, para conseguir solucionar o sistema que equaciona n quantidades de bens trocados entre si, inclui para lá de n-1 mercados de bens, uma n-esima mercadoria, numerário, que, pressupõe só ter interesse como unidade comum de medida, de avaliação de todos os bens entre si.

Realmente, o fluxo de produção de uma economia implica um custo de trabalho, um dispêndio de esforço, além de um custo de oportunidade de produzir o que se produz em vez de alcançar qualquer outro produto para auto-consumo ou para venda.

Assim, por muito que divirjam os preços ex-ante e ex-post de cada bem transacionado, o sistema de equações tem solução porque as quantidades comerciadas são-no ao preço que forem e apenas há uma única variável dependente a realizar o equilíbrio ex-post do mercado: o preço, o valor da unidade de numerário, a moeda com a qual se saldaram todas as transações.

Bom de ver que, havendo concorrência entre produtores, o equilíbrio no tempo dos diferentes mercados alcança-se pelo volume das quantidades transacionadas se for livre o acesso e a saída de produtores em cada sector, no modo de as quantidades compradas e vendidas corresponderem ao rendimento compensador dos custos incorridos na respectiva produção.

Mas interessante e notável é que por muito que estejamos a equacionar fluxos de produção por unidade de tempo, a troca é sempre de stocks dados de bens, não importando na transacção os custos incorridos na produção, a não ser o efeito depressivo ou estimulante que o preço induza quanto ao nível da actividade futura! O ajustamento no mercado é sempre de quantidades, salvo em situação de monopólio em que o preço é condicionado pela limitação da quantidade oferecida, inferior à procura existente.

Então, que resultado ocorre na dita variável dependente dos mercados, a saber o preço do dinheiro, o valor que há a pagar pelo acesso à moeda, cuja quantidade unitária é padrão de medida de todos os valores comerciados? Esse resultado é a taxa de juro do dinheiro. Não apenas a taxa de juro nominal, mas sim a taxa de juro real, deflacionada pela inflação de preços ocorrida na economia em cada período.
Como, então, age esse mecanismo do juro na regulação da oferta e da procura de bens nos mercados? Age de modo indutor de comportamentos adaptativos quer da oferta quer da procura de bens.

Se o juro for alto, o incentivo do preço dos bens acima do custo de os produzir terá de ser mais alto ainda para que os produtores se determinem a elevar a sua capacidade produtiva de tal bem; se o juro for baixo esse excedente da venda sobre o custo pode ser menor, e determinar a referida decisão de investir na capacidade de produção.

Similarmente se passam as coisas na motivação dos compradores: se o juro for alto, os consumidores propendem a economizar dinheiro por o sacrifício do consumo de que se abstêem ser compensado pelo benefício do juro do gasto que evitam; se o juro for baixo diminui a propensão a poupar o dinheiro.

Assim, quer pelo lado da oferta quer pelo da procura, o juro real alto, tende a diminuir o crescimento do produção anual, enquanto o juro baixo estimula o consumo e o aumento da produção.

É muito interessante ver o mecanismo dos mercados plasmar-se na solução simultânea de n equações, as quantidades de n-1 mercadorias, 2*(n-1) preços intencionados de compra e de venda, e uma única variável dependente, a n-ésima mercadoria, o preço do dinheiro. E este, realmente, incluso, pode ser negativo em termos reais, se nem sequer sobrepujar a elevação geral de preços, a inflação; ou até, não o fazendo, ainda por cima ser nominalmente negativo, como no presente, punindo saldos à ordem com comissionamentos penosos.

“Já lá vamos”, como dizem os pirosos locutores de televisão; importa é subir do micromundo n-dimensional do mercado de bens, para o macromundo dos fluxos estatísticos da actividade económica.

Reduzamos, então, a multiplicidade dos bens a dois tipos: bens de consumo; bens (meios) de produção. Os primeiros são adquiridos pelos consumidores finais que deles usufruem ou consomem; os segundos são transacionados pelos produtores entre si, como produtos acabados a quem os vende e como consumos intermédios a novas transformações e acréscimo de valor, a quem os compra.

No mercado, forma-se assim, um nível global de preços de bens de consumo, que define o custo de vida e o poder de compra real da moeda circulante, unidade comum de medida do valor dos bens na sua multiplicidade. De particular importância, o racio entre os salários nominais e o custo de vida, posto que numa sociedade de homens livres, ninguém trabalha para morrer de fome ou deixar morrer de fome a sua família.

Quanto aos meios de produção, bens de consumo intermédio na produção do valor acabado final, eles compõem com os salários do trabalho aplicado, o custo de produção dos bens, o qual pode ser maior, igual ou menor do que o preço de transação alcançado no mercado.

Deste modo, em concorrência de produtores, a oferta de bens tende a só comparecer à venda nos mercados, se neles consegue alcançar um preço que, pelo menos, reembolse os gastos incorridos na sua produção (e distribuição).

A corrente anual de novos meios de produção, o investimento bruto anual da economia, I, somado à produção no ano de bens de consumo, C, forma o Produto Interno Bruto, PIB, de uma economia, o qual se distribui, em rendimento, Y, formado por Salários, W, e Excedente Económico Bruto, i.e.,

Meios Libertos, L, destinados a compensar a utilização de recursos dispensados à produção, incluindo a amortização (reintegração) de equipamento, A, o arrendamento de espaço, E, os juros, J, do capital mutuado, e os lucros distribuídos do capital investido na actividade produtiva, i. e., os dividendos,  D, assim como os impostos cobrados pela autoridade do estado, T, líquidos dos salários pagos ao pessoal empregue na administração pública,

Ora, como o Produto (PIB) iguala o Rendimento (Y), PIB = Y, podemos escrever

(1)   PIB = C + I = Y = W + L

Ora, por definição, o Aforro, S, é o Rendimento não gasto em consumo

(2)   S = Y – C = W + L – C

ou

(3)   S = (W + A + E + J + D + T) – C

Portanto, os salários e todos os meios libertos, – as quotas de amortização do capital técnico a reintegrar no curso da respectiva vida útil, as rendas de aluguer de espaço, os juros de dinheiro emprestado, os dividendos distribuídos aos accionistas das empresas e os impostos colectados, (diminuídos dos salários públicos, já computados em W) – compõem o rendimento acumulado não gasto em consumo o que permite o financiamento do investimento em meios de produção no ano.

Ora, pode essa poupança anual ser superior, suficiente ou inferior ao financiamento do investimento realizado,

(4)   S < = > I

Se insuficiente, a economia endivida-se no Exterior ou abre-se ao Investimento Directo Estrangeiro (IDE); se superior, enriquece-se em meios de pagamento, normalmente consistindo em créditos sobre empresas ou estados devedores estrangeiros.

Investir ou não depende da perspectiva de ganho por parte do investidor privado, facilitado ou não pelo estado, e da utilidade pública da obra ou melhoramento colectivo dependente de decisão pelo governo.

A perspectiva de ganho em investir numa actividade produtiva avalia-se pela comparação aritmética dos gastos e proveitos que a dita actividade previsivelmente gera no decurso do tempo.

O modo mais adequado de efectuar essa comparação é o de calcular a que taxa de rendimento na unidade de tempo os gastos igualam os proveitos e constatar se essa taxa é ou não mais compensadora do que a possível de obter emprestando dinheiro a devedor confiável, nomeadamente Estados soberanos com finanças sãs. A diferença favorável que porventura o negócio proporcione deve ser suficientemente generosa que ultrapasse o risco de prejuízo imponderável que porventura seja de recear se incorra ao entrar na nova actividade produtiva.

Ora, como dissemos acima, a taxa de juro é o preço que se paga para dispor de dinheiro no imediato, com o qual se pode comprar os meios de produção apropriados à actividade que se vá exercer, assim como para ser capaz de pagar salários a quem deles precise para si e a sua família viver, o que consegue auferir desde que trabalhe no empreendimento dirigido por quem lhe pague os referidos salários.

De modo que a multíplice micro variedade de bens de consumo e de produção, pode subtilizar-se agregadamente em dois factores produtivos, o trabalho e o capital, cujo equilíbrio há-de constituir-se na combinação dos dois factores de que resulte a produção total em cada período de tempo, tal que o pagamento do salário e do juro de cada unidade produzida iguale o preço a que é vendida, na completude de o salário pago ter para o preço dos bens que compõem o custo de vida a relação suficiente a proporcionar viver com o dito salário, nos padrões de hábito de cada sociedade e a proporcionar o juro que reintegre o desgaste no tempo dos meios de produção utilizados.

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #356 em: 2019-04-19 17:30:20 »
meios de produção utilizados,
seja numa economia estacionária
seja progressiva, crescente.

post-scriptum: ou decrescente.
« Última modificação: 2019-04-21 09:41:54 por vbm »

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #357 em: 2019-04-21 09:17:23 »
Se progressiva, Y' = dW/dy + dL/dy,
se não houver desvianço de W para L!

post-scriptum: - ou vice-versa.
« Última modificação: 2019-04-21 09:40:31 por vbm »

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #358 em: 2019-06-20 18:18:28 »
A propósito do desemprego a ser causado pela Inteligência Artificial,
ou Informática ou Maquinaria em geral, leia-se Ricardo,
em Eric Roll, História das doutrinas económicas (*):


«A força propulsora da produção capitalista é a esperança do industrial em obter lucros.
O emprego da maquinaria determinará os esperados efeitos sobre os lucros, ou, como ele diz,
sobre o produto líquido da indústria, mais que sobre o seu produto bruto.

Ricardo mostra, com a ajuda de um exemplo aritmético, que o aumento da maquinaria
pode conduzir a um incremento do produto líquido com a baixa considerável do produto bruto.»

Assim, a inovação tecnológica pode provocar deslocalizações permanentes de trabalho.

Ricardo conclui que "um aumento do produto líquido de um país
é compatível com uma diminuição do produto bruto"

e

"a opinião das classes trabalhadoras de que o emprego de maquinaria
prejudica frequentemente os seus interesses não se funda num preconceito
ou erro, mas está conforme os bons princípios de economia política"


Mostrando:

(1)  Y0 = W0 + L0
(2)  Y1 = W1 + L1
(3)  dY = Y1 - Y0; dW = W1 - X0; dL = L1 - L0.

Seja,

(4)  Y0 = 100; W0 = 80; L0 = 20
(5)  Y1 =   90; W1 = 60; L1 = 30

Temos,

(6)  dY = 90 - 100 = -10;
(7)  dW = 60 - 80 = - 20;
(8)  dL =  30 - 20 = +10;

i.e.,

(9)  - 10 = - 20 + 10;
(9') - dY = - dW + dL = - (dW - dL),

com

(10) dL > |dW|

Ou seja, com o efeito de a população activa emigrar
ou tornar-se inactiva e subsidiada pelo produto líquido,
lucros, impostos, subsídios oriundos de lucros ou de impostos.


(*) Eric Roll, História das doutrinas económicas
(«A History of Economic Thought», 1954), trad. Cid Silveira
Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1962, pp.180-181
« Última modificação: 2019-06-20 18:21:03 por vbm »

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #359 em: 2019-06-23 20:34:40 »