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Autor Tópico: Redistribuição de rendimento  (Lida 81001 vezes)

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #300 em: 2017-02-13 13:01:08 »
Obrigado, automek. É um bom artigo, com ideias claras de Economia. Gosto, aliás de ler, - de vez em quando -, artigos lá do Instituto de von Mises, e um dia ainda hei-de ler o Tratado principal dele, o "Human Action". No entanto, como o próprio autor do artigo diz, - o Rui Santos -, ele debruçou-se apenas sobre a balança comercial e nada disse sobre a balança de capitais.

Ora, é através desta última que se ultima o estertor do país, - e da população do país -, cuja economia perene deficitária, subjugada por governos não simplesmente ineptos, mas corruptos realmente, assim cai nas garras usurárias dos monopsonistas financeiros que absorvem e concentram  os lucros supranormais de tudo quanto mexe, vive e trabalha.

Convém  também ter presente, que Krugman já escreve no  New York Times e que ensina a detectar monopólios - espoliadores de rendas por outros produzidas -, e o modo de reverter o  destino caótico que a 'barcaça' lusa leva! Talvez te convenha ler este artigo: http://www.nybooks.com/articles/2015/12/17/robert-reich-challenging-oligarchy/, que, mutatis mutandis, filma o atoleiro em  que a economia portuguesa está a cair.
« Última modificação: 2017-02-13 16:13:18 por vbm »

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #301 em: 2017-04-18 23:19:55 »
Em sociedade ouço, constante, o queixume
«Ah! se ganho mais, mudo de escalão!»

Nunca percebi isto, acho uma parvoíce,
mas ouço tanto «recearem» aumentar de escalão
que temo ser eu - que pouco sei de direito fiscal -,
que esteja fechado numa redoma de aritmética ficcional...

Talvez alguém me possa ajudar,
mostrar onde o erro, se caso
ocorre de ganhar mais
acarrete ganhar menos
em valor líquido
de imposto!

O que julgo entender é que o imposto progressivo
tributa  tranches de rendimento por taxas marginais,
a taxa média sendo o resultado da soma dos impostos
de cada tranche dividido pelo rendimento total!

Eis o que sei:

Nota: - A 2ª letra é subscrita, referencia o escalão
de rendimento yi ou o rendimento específico (k)


yk= rendimento total do escalão k

ci = taxa (marginal) de imposto para o rendimento entre o escalão i-1 e i

tmi = taxa (média) de imposto para o rendimento do escalão i

D = Parcela a abater (diferença), ao utilizar a taxa marginal
para o total do rendimento, em vez da soma dos produtos
de cada taxa marginal incidente na porção de rendimento
de cada escalão. Abatida a diferença entre o primeiro
cálculo e o segundo obtemos o imposto devido,
que dividido pelo rendimento total
define a taxa média aplicável ao
escalão que lhe compete.

i = €    7 091; ci = 14.5%; tm1 = 14.50%; D1 = € 993
i = €  20 261; ci = 28.5%; tm2 = 23.60%; D2 = € 2 715
i = €  40 522; ci = 37.0%; tm3 = 30.30%; D3 = € 5 957
i = €  80 640; ci = 45.0%; tm4 = 37.61%; D4 = € 8 376
i > €  80 640; ci = 48.0%; tm5 =        -   ;

Assim, por exemplo, o rendimento (y) do 3º escalão i=k,
será tributado pela respectiva taxa marginal desse rendimento,
com a  dedução da parcela a abater:

   y3*tm3 = y1*c1 + (y2-y1)*c2 + (y3-y2)*c3; ou
   y3*tm3= y3*c3 + [y1*(c1-c2) + y2*(c2-c3)]; ou
   y3*tm3 = y3*c3 + D3

A parcela a abater, Di, é negativa porque o imposto é progressivo,
crescente com o rendimento, ci < c(i+1); a taxa marginal de imposto
é superior à taxa média do escalão respectivo tmi < ci.

Não compreendo como o aumento de escalão de imposto
possa implicar um rendimento líquido menor do que o sofrido
antes do aumento!
« Última modificação: 2017-04-19 08:51:18 por vbm »

Reg

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #302 em: 2017-04-18 23:39:49 »
muita gente tem medo e perder os apoios  que os baixos escaloes tem  exemplo o subsidio nas escolas etc
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

Moppie85

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #303 em: 2017-04-19 03:22:35 »
Creio q o problema sera aqueles q sobem a retencao na fonte e por isso lhes parece q recebem menos (ou mto pco mais) por mes

Automek

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #304 em: 2017-04-19 09:10:15 »
muita gente tem medo e perder os apoios  que os baixos escaloes tem  exemplo o subsidio nas escolas etc
não creio Reg. geralmente ouvimos isso a pessoas que já ganham na média ou acima da média, portanto longe dos apoios sociais.
alguns talvez seja o que refere o Moppie mas até penso que a maioria é um misto de desconhecimento e/ou burrice. criou-se este mito de que uma pessoa que ganha 20.261 tem uma taxa de 28% mas se ganhar 20.262 todo o rendimento é tributado a 37%.

vbm, é isso mesmo (e só assim faz sentido !). ou seja, uma pessoa que ganhe 40.600€ nem pode dizer que a sua taxa é de 45%. é de facto 45% mas apenas acima dos 40.522. a taxa efectiva é bastante inferior (e isto sem contar com abatimentos e deduções à colecta).

Local

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #305 em: 2017-04-19 10:47:29 »
Creio q o problema sera aqueles q sobem a retencao na fonte e por isso lhes parece q recebem menos (ou mto pco mais) por mes
É isto mesmo. Já coloquei aqui no fórum um exemplo concreto.
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

Automek

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #306 em: 2017-04-19 11:59:32 »
Creio q o problema sera aqueles q sobem a retencao na fonte e por isso lhes parece q recebem menos (ou mto pco mais) por mes
É isto mesmo. Já coloquei aqui no fórum um exemplo concreto.
Mesmo essa linha de pensamento não é muito lógica porque no final do ano, com o reembolso do IRS, o rendimento liquido anual é sempre maior.

Local

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #307 em: 2017-04-19 13:06:27 »
Não vejo grande compensação nisso, dado que o reembolso é efectuado a meio do ano (no ano passado recebi apenas em Setembro). Estar a descontar mais agora para receber daqui a ano e meio não vejo como vantagem.
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #308 em: 2017-04-19 13:45:46 »
Mas ninguém diz que isso é uma vantagem (é outra falácia habitual - a malta fica contente com o reembolso quando na verdade andou a financiar o estado à borla  :D).

O que eu digo e isso é factual é que ninguém fica com menos rendimento liquido anual se ganhar mais. Esse mito do "subo de escalão" e recebo menos é errado. Anualmente não recebe menos.

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #309 em: 2017-04-19 14:05:54 »
Mas é o rendimento mensal que paga as contas.
O mito do subir de escalão tem a ver com o IRS, que a grande maioria das pessoas não sabe que é progressivo. A retenção na fonte não é progressiva.
O que estou a dizer também é um facto.
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
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vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #310 em: 2017-04-19 16:14:47 »
Agradeço! Ouço - enfim, é um modo de dizer -, tantos protestos
que chegava a duvidar, que se calhar as pessoas tinham razão,
pois há tantas asneiras e coisas mal feitas, que nem me admiraria...

Também, por um lado, a culpa desta hesitação era minha,
teimava que era impossível, não podia ser,
tinha a 'reminiscência' de que
o imposto progressivo
acautelaria a passagem de escalão de modo que essa perversão
de «ganhar mais e receber menos» não aconteceria.

Mas nunca verifiquei, era um repúdio teórico, o meu,
e à cautela pensei: vou ouvir o fórum; se eu estiver
errado, 'eles' caem logo em cima, ou do fisco,
ou de mim, lol.

Claro que eu compreendo - e a mim, revolta-me - que
há grande injustiça em verberar contra os 'grandes'
ordenados, de dez mil, vinte mil e mais euros,
quando mais de metade disso
é para o estado, e sobre
tal grandeza recai

uma cortina de silêncio!


Tanto mais vil e demagógica,
quanto aqueles vencimentos brutos
são de imediato comparados
com ordenados líquidos
de quinhentos euros,
aparentando um leque salarial falacioso
de vinte, quarenta e mais vezes de desigualdade
remuneratória líquida, quando a realidade é a metade
do que se propala nos meios demagógicos da comunicação social.

E até menos de metade, em bom rigor,
porque não são só os 'ricos' que fogem
aos impostos, todos os que embolsam
e não facturam juntam-se ao rol
da economia informal
que não andará
longe dos 25%|

O que não é socialmente censurado
porque os impostos são elevados,
incentivam a evasão, e os serviços
públicos prestados não valem
a tributação que cobram.
« Última modificação: 2017-04-19 16:18:23 por vbm »

Automek

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #311 em: 2017-04-19 16:28:06 »
Também, por um lado, a culpa desta hesitação era minha,
teimava que era impossível, não podia ser,
tinha a 'reminiscência' de que
o imposto progressivo
acautelaria a passagem de escalão de modo que essa perversão
de «ganhar mais e receber menos» não aconteceria.
Curiosamente essa perversão quase que acontece mas é precisamente nos escalões mais baixos, pelas razões que o Reg referiu (perda de apoios sociais).
Se somarmos o valor dos apoios sociais (em dinheiro e géneros) que a pessoa perde por ganhar um pouco mais, é possível que essa pessoa fique quase igual (liquido + espécie) do que antes de trabalhar. Não sei, até, se não haverão casos em que alguém que trabalhe fique pior no global.

O complemento solidário de idosos é um exemplo extremo. É completamente cego. O CSI garante, grosso modo, um complemento à reforma de forma a que a pessoa tenha um mínimo de 5.084,30€ anuais.

Até aqui tudo bem mas.... ser beneficiário do complemento solidário de idoso (e não o rendimento) é a condição usada para muitas outras coisas como tarifas de gás ou luz mais económicas.

Ou seja, aqui sim pode dar-se o caso de que quem ganhe 5.085€ fique pior do que quem ganhe 5.084€. Infelizmente é assim.

Isto só se resolve com uma consolidação total de apoios ou, melhor ainda, com aquilo que o Friedman propos nomeadamente o imposto negativo.
« Última modificação: 2017-04-19 16:29:20 por Automek »

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #312 em: 2017-04-19 16:48:25 »
Há algum entusiasmo por esse tal 'imposto negativo',
suponho que aparentado com o dito
'rendimento básico incondicional',
mas parece que seria
muito caro.

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #313 em: 2017-09-03 17:36:51 »
No 'coração' da distribuição do valor acrescentado bruto,
uma declaração desassombrada
(inserta no facebook): 


«Tenho seguido com algum interesse as notícias sobre a "greve histórica",
como lhe chamam os jornais, que decorre ali por Palmela, nos portões
da Autoeuropa. Por ter vestido a camisola (literalmente) no início
do século e por ter sido o meu único empregador em Portugal,
sigo com alguma atenção o que por aqueles lados acontece
desde 2006, altura em que bati a asa.

Importa-me pouco discutir a justiça ou não da greve
ou sequer os seus contornos. A comunicação social
encheu algumas páginas nestes dias com o tema
pelo que teria pouco de factual para acrescentar.

Interessa-me mais abordar o linchamento público
dos funcionários da autoeuropa e como a ignorância
nos prejudica enquanto povo.

Compreendo que a informação que circula
não vem carregada de detalhes e para a opinião pública
passa a parangona de que os funcionários não querem mais
dinheiro para trabalhar aos sábados. São uns calões e
ganham balúrdios. Ponto final. É isto que chove nas redes.
Não sei porque insisto em ler comentários de notícias
mas vou assumir, para me sentir melhor, que é uma espécie
de guilty pleasure da azeitonice.

 Li coisas como: "não querem trabalhar aos sábados?
Então devíamos fechar os hospitais ao fim-de-semana
para os gajos da autoeuropa!" ou "mas quando querem
pão fresco ao sábado o padeiro não diz que não, seus chulos!".
Entre outras pérolas dignas de qualquer boca numa taberna
da Madragoa, como se bens alimentares ou cuidados de saúde
se pudessem escolher no calendário. Ou como se uma fábrica
fosse um serviço aberto ao público e dependente de horários
melhores para visita.

Compreendo que exista míngua de emprego no nosso país e
que muitas pessoas se esfolem para aguentar cada mês,
mas isso não nos pode retirar a lucidez de entendermos
o que é a luta dos trabalhadores pelos seus direitos.
Se os funcionários da AE cederem sempre a pressões,
naquela que é a empresa modelo do país, o que acontecerá
a cada um de vocês que trabalha em micro-empresas
onde os trabalhadores nem piam?

A conversa de "se não aceitarem a produção do modelo X
vai para a fábrica Y" é mais velha que o obrar de cócoras e
é usada desde sempre. Ouvi isso há 12 anos na altura
do modelo EOS e depois com o Scirocco. Agora ouvem
com o T-roc ou lá como se chama a lata nova.

Em cada negociação lá se trocava trabalho extra por férias
ou dias por aumentos congelados e por aí fora. As greves
foram sempre evitadas e a produção sempre a crescer
com novos modelos. Mas até quando? Até quando
se dá asas à imaginação para aceitar mais trabalho
sem dinheiro que se veja?

Quem agora chama nomes aos funcionários da AE
já trabalhou numa linha de montagem? Já teve
duas pausas de 7 minutos por dia para mijar?
Já passou 20 anos todo dobrado a fazer
os mesmos movimentos? Se acham
que é tudo fácil e maravilhoso,
porque não vão para lá?
Entre 2000 ou 3000 que lá trabalham
deve haver espaço para os génios do comentário no FB.

O que é que acham que um operador de linha, um técnico
ou um engenheiro ganham na AE? Eu respondo: uma merda.
Ganham uma merda. Ganham aquilo que alemão algum aceita
na casa mãe, com condições que sindicato nenhum permite
no desterro de Wolfsburgo.

O governo português deu incentivos por mais de uma década
para a VW ter a fábrica ali. Depois tiveram mais uma década
de salários baixos, aumentos miseráveis e down days.
Em 4,5 anos a trabalhar ali, o meu salário aumentou 15 eur líquidos.
Um operador de linha trazia 800 eur para casa, um técnico um pouco mais,
um engenheiro cerca de 1100. Depois criaram uma empresa de trabalho externo
(autovision) para reduzirem ainda mais os custos com os contratados e
terem menos responsabilidades sociais.

Portanto...se 10 anos volvidos a técnica é a mesma e
continuam a querer apertar quem trabalha, eu acho muito bem
que não aceitem sábados obrigatórios e muito menos
se não forem pagos como trabalho extraordinário.

Se os alemães querem explorar e manter o superávit do país,
pois que o façam à custa do seu próprio povo.

É uma questão de defesa da dignidade e do tempo familiar de cada trabalhador.
Exactamente os bens mais preciosos no país que criou a marca.
Não compreender isto e insultar quem tem a coragem de dizer "não",
é não entender o que o domínio económico alemão na europa
está a fazer aos países periféricos.

Força camaradas!»

Tiago Franco

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #314 em: 2017-09-10 18:31:37 »
Suponhamos que, no limite, só 'trabalhavam' máquinas!
E, para a validade da suposição, máquinas produziriam máquinas.

Como seria isso possível?
Não é uma petição de princípio?
Uma inferência circular?

Uma definição não pode conter o definido.
Pois que se implicaria a si própria.

Mas, justamente, não é isso que faz a Natureza?
Não se causa ela a si própria?
Que se saiba, nada lhe vem «de fora» de si.

Lavoisier o proclamava:
«Na natureza nada se perde,
nada se cria, tudo se transforma.»


Ora, se é certo que máquina produz máquina,
tal só se dá por se compor ela própria de natureza.
Que o saibamos, tal ocorre por intervenção de viventes
suficientemente inteligentes e engenhosos
como se averam ser os homo sapiens.   

Assim, o «homem-máquina» sapiente
maquina máquinas que produzem máquinas,
as quais operam os objectos naturais
na feitura de produtos úteis.

Portanto, por importante e decisivo
que se revele ser a eficácia da maquina
na formação de valor, nada se transforma
em bem maior que não requeira
o trabalho de seres viventes
racionais pelo menos
tão inteligentes
quanto os homo sapiens terrestres!

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #315 em: 2017-09-13 23:36:47 »
Um pequeno 'filme' das origens da mercearia contemporânea:

Regressando aos salários ultrajantes! já que o título e o tema são tão apelativos...
É que a questão pode debater-se de várias maneiras. Mostro uma, clássica, marxista
sempre vinculada à lei de bronze dos salários.

Desde que o pequeno comércio foi expropriado pelas grandes superfícies
- antes de isso ter sucedido já os "problemas" tinham começado,
posto que os lojistas-merceeiros deixaram de poder contar
com marçanos sem vencimento, e padeiros
sem horas de turnos; isto é,

desde que foi aprovado um salário mínimo nacional (smn)-

imperioso se tornou garantir que com o tal smn
alguma coisa se pudesse comprar que desse para viver!


Ora aí entra, a "incontornável" consequência de expropriar os merceeiros
que acumulavam fortunas ao longo de uma vida de trabalho galego!

proletarizando no desemprego, e ulterior reemprego parcial em caixas de supermercados,

vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #316 em: 2017-09-21 23:48:18 »
Deparei-me com a necessidade de entender o que o Centro Nacional de Pensões
designa por «pensão mensal» em que umas vezes inclui, outras não,
o 13º mês, na totalidade ou na metade, duodecimizada,
ao longo dos meses do ano, e assim, conseguir
relacionar o bruto mensal atribuído
com o líquido que credita
ao reformado!

O cálculo técnico dessas proporções
não tem a ver com a redistribuição
do  rendimento, a qual é, em si,

a essência do sistema de redistribuição do rendimento.


Mas demorei anos a perceber qual era o 'bruto' do líquido que recebia,
porquanto só agora deslindei como se compõe o bruto mensal abonado!

E é assim:

A pensão é dividida em 14 partes iguais, cada uma das quais o CNP designa por «pensão mensal».
As 14 fracções iguais da pensão anual são pagas por 12 vezes ao longo do ano, num dia certo de cada mês do ano.

Deste modo a pensão unitária, 1, compõe-se de 14 fracções iguais de 1/14 avos:

  1 = 1/14 * 14 = 1;

O pagamento mensal, que tem variado nos últimos anos, - baralhando bastante os reformados
que ficam sem saber ao  certo se recebem mais ou menos! -, é, este ano, processado como se segue:

  • No mês de Julho é pago o subsídio de férias, 1/14
  • No mês de Dezembro é pago metade do 13º mês, 1/14*1/2
  • Em cada mês do ano, em dia útil determinado, é paga a dita «pensão mensal», 1/14
    + o duodécimo de metade do 13º mês, 1/14*1/2*1/12 

Deste modo, os 12 pagamentos mensais compõem-se como se segue:


(A) De JAN a JUN e de AGO a NOV (10 meses), os pagamentos cumulam

10 * (1/14 + 1/14*1/2*1/12)


(B) Em JUL, é pago o subsídio de férias, 1/14, mais o pagamento normal do mês:

1/14 + (1/14 + 1/14*1/2*1/12)

(C) Em DEZ, é pago metade do 13º mês, mais o pagamento normal do mês:

1/14* 1/2 + (1/14 + 1/14*1/2*1/12)


Somando o polinómio A+B+C, colocando em evidência o factor comum
«pagamento normal do mês», e adicionando separadamente
os termos independentes desse factor, podemos escrever:


(1/14 + 1/14*1/2*1/12) * [10 +1 +1]

                         +

1/14 (em B) + 1/14*1/2 (em C)

ou

12/14 + 12*1/14*1/2*1/12 + 1/14*3/2

= 12/14 + 1/14*(1/2+3/2)

= 12/14 + 2/14 = 14/14 = 1.

Ou seja, a pensão anual, unitária, repartida em 14 prestações iguais,
- denominadas, «pensão mensal» -, são pagas em 12 mensalidades,
10 das quais iguais, de JAN a JUN e de AGO a NOV, e 2 desiguais
em JUL e em DEZ, incluindo aquele o subsídio de férias,
o segundo, metade do 13º mês, e cada mês do ano,
de JAN a DEZ, além da dita «pensão mensal»
(em verdade, 1/14 avos da pensão anual),
o duodécimo da metade do 13º mês.
[Em 2017; noutros anos, foi diferente]
« Última modificação: 2017-09-23 11:01:10 por vbm »

Automek

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #317 em: 2017-09-22 14:59:55 »
Esta apresentação está extraordinariamente boa para ilustrar como 1M de imigrantes nos EUA (ou Europa) não fazem quase nada pela pobreza mundial.

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vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #318 em: 2017-10-03 09:50:26 »
Repescando, um comentário de há um ano atrás:

Goldman Sachs confirms $1.6B investment in Uber
Uber is still raising money, it turns out, with a new $1.6 billion in convertible debt from Goldman Sachs.
---------------------------------------------------------------------------------------

Se é suposto ficar admirado, não entendo porquê! Sempre que algo 'mexe' ali vai a banca,
o fisco e os arrendadores de espaço, cobrar a sua parte de <rendimento sem trabalho actual>,
como se explicava antiga e eufemisticamente entre os docentes da economia clássica!


Mas é bem verdade que hoje em dia, com a produtividade alcançada pela engenhosidade
da ciência e da tecnologia, e pela fertilidade controlada da natureza,

o núcleo da questão económica

centra-se na forma de explorar com eficácia o trabalho vivo, e no modo
de redistribuir os sobrelucros usurários do capital pela população activa e
inactiva, sem aniquilar, pela homogeneização cultural, a diversidade de cada vida individual.


vbm

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Re: Redistribuição de rendimento
« Responder #319 em: 2017-10-16 10:37:22 »
E um problema importante é o do dinheiro.

Se tudo for controlado pelos bancos e pelos estados,
onde fica o atributo, capital, do dinheiro ser um modo
imediato e definitivo de quitação de dívidas, de aforro líquido,
de circulação de mão em mão, valor objectivo ao portador!?

É que sem tal atributo sem tais faculdades,
bem pode dizer-se adeus à iniciativa e
à criatividade pessoal, conforme
ou inconforme o curso
genérico colectivo!

E como assegurar a diversidade?
E como respeitar as posições minoritárias?
E como permitir as personalidades individuadas
                   [e distintas do meio social ambiente?

Hum...

Certo, requerem-se impostos e um sector colectivo
que não seja um pária no seio da sociedade.

Mas que país preserva a liberdade
se rodeado de bancos falíveis
ainda que oligopolizados,
de trusts industriais,
de comércio e
distribuição;
estados
com impostos vultuosos,
e controlo fiscal exaustivo;
crime organizado, tráfico
de armas e droga, dinheiro
aforrado em bancos sem fisco,
conservando a sua eminente
capacidade líquida de pagar
de mão em mão, fonte inexaurível
de uma multitude de sacos azuis!

Mas, será que a liberdade e a criatividade
só é consentida a bandidos fora de lei!?


Então e os que não são bandidos, nem escravos, nem assalariados? Podem viver?
« Última modificação: 2017-10-16 19:35:04 por vbm »