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Autor Tópico: Redistribuição de rendimento  (Lida 79870 vezes)

hermes

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #40 em: 2013-11-12 19:16:25 »
Mesmo "exigir que todos participem na resolução das dificuldades, com equidade de sacrifícios," é debatível se nos períodos anteriores se tiverem criado situações injustas sem sentido que fazem parte do problema, como reformas e salários excessivos em topo de carreira no Estado. Nesse caso faria sentido, antes de todos partilharem dos sacrifícios, eliminar esses excessos. É contra isso que a Luísa luta, porque claramente é uma recipiente dos excessos.

A Luísa está errada, essa correcção é justa, faz parte da equidade intertemporal de sacrifícios. Eu tenho esperança que o Tribunal Constitucional aprove o orçamento de estado nessa medida de reequilíbrio do emprego público e privado, e também das pensões dos dois sistemas, porque o Tribunal sabe que o Executivo tem a obrigação de governar, o que exige medidas drásticas de reequilíbrio radical.

Totalmente de acordo consigo, porém duvido que as pessoas do Tribunal Constitucional concordem, pois a concordância é-lhes dolorosa.
o tribunal constitucional tem de concordar com a constituição
é pena que o tribunal constitucional tenha virado bode expiatório das muitas responsabilidades deste governo e da troika
é pena que não se diga que elementos do tribunal nomeados pelo governo têm votado "contra" o governo...porque será ?
há quem se esqueça que a nossa constituição é, no essencial, muito parecida com as outras constituições
o que se quer é suspender o Estado de Direito
porque não interviu/falou Barroso quando das decisões do tribunal constitucional alemão ?

Eu não estou a fazer do Tribunal Constitucional um bode espiatório, apenas estou a observar [i.e. não estou a fazer nenhuma campanha para os forçar a fazer alguma coisa, estou sim a analisar os seus interesses pessoais para adivinhar o que vão fazer... percebes a diferença? :D] que os humanos não costumam a dar murros em si próprios [com a excepção dos masoquistas... e decisões passadas permitem a inferência com elevada confiança de que juizes do TC não têm tal atributo] e a tirar as devidas ilações sobre a descisão dos juizes em causa própria.
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vbm

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #41 em: 2013-11-15 17:14:00 »
[ ]
Além disso, não se pode ignorar a realidade do desemprego tecnológico e o facto de que muitos empregos atuais podem ser pefeitamente desempenhados por máquinas e robôs. Essa é a tendência inevitável no futuro, pois a finalidade do labor humano reside não no trabalho braçal mas sim no desempenho intelectual e criativo. Isto implica igualmente uma educação cada vez mais centrada nos interesses dos estudantes e na sua capacidade de pensamento crítico e independente.
[ ]


É verdade que o desenvolvimento técnico-científico do sistema de produção de bens e serviços gera desemprego tecnológico e transfere importante volume de emprego para outro tipo de actividade, mais intelectual e criativo. Este género de trabalho, é também de produtividade dificilmente aumentável. Na medida em que se revele de facto útil e necessário, terá procura e valor social - desejavelmente, bem distincto do trabalho(-vígaro), sem valor nenhum objectivo, apenas impingido a populações alienadas, à base do marketing abusivo e desrespeitador das pessoas - pelo que será remunerado pelo nível de salário que sustente o trabalhador e a sua família, nos padrões históricos atingidos por cada sociedade.

Dentro de um sistema lógico como o da repartição acima descrita, a produtividade do trabalho gera os recursos suficientes para o bem-estar de uma sociedade progressiva.

Acontece porém, que a capitalização da produção agroindustrial e o comércio de serviços financeiros globalizou-se pelos cinco continentes, de tal forma que se tornou possível deslocalizar indústrias inteiras de um continente para outro, sem transumância de populações.

Por efeito deste último movimento, o desemprego tecnológico dos  países desenvolvidos tende a não ser reabsorvido tão celeremente quanto desejável em novos tipos de trabalho de produtividade normal, por as mais-valias do capital industrial se aplicarem predominantemente na prossecução deste tipo de  investimentos deslocalizados, altamente rentáveis.

Até ao momento em que a pura acumulação lucros contabilísticos redunde ou em aplicações de juros cada vez menores, ou em juros nominais cada vez maiores, mas reflexo de puro risco de incobráveis, transaccionáveis no mercado do casino bolsista, em que o ganho de uns poucos é a ruína da maioria.

É o caso da China, - e a Alemanha a caminho -, na acumulação de divisas a desvalorizarem-se e créditos sobre estados e devedores em pré-falência, salvo o ouro ainda retido no Ocidente, e o entretanto entesourado na China e na Arábia. O Japão, não sei, mas gostava de saber, porque a deflação tende a galopar, não obstante a emissão monetária do ‘quantative easing’ nipónico, se realmente for isso que estiver a passar-se, que eu não sei, em boa verdade.

De qualquer modo, eu tenho de fechar sempre  estas ‘cosmovisões’ do nosso planeta terrestre, reafirmando teimosamente com Malthus: há gente a mais! Contenhamo-nos na população mundial de 1950: três milhões e meio de pessoas, e abriremos o paraíso na Terra.

Incognitus

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #42 em: 2013-11-17 04:29:05 »
Esse rendimento, se for elevado o suficiente, simplesmente não funciona. Não funciona porque o rendimento não serve de nada se não existirem coisas para comprar - coisas produzidas pelos outros. E "os outros" não são estúpidos para produzirem em troco de coisa nenhuma.
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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #43 em: 2013-11-17 12:29:50 »
"Subir salário mínimo é estragar a vida aos pobres"

http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=3537405

Thorn Gilts

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #44 em: 2013-11-17 13:16:46 »
Esse rendimento, se for elevado o suficiente, simplesmente não funciona. Não funciona porque o rendimento não serve de nada se não existirem coisas para comprar - coisas produzidas pelos outros. E "os outros" não são estúpidos para produzirem em troco de coisa nenhuma.

Eu aceito o Rendimento básico incondicional, acompanhado de trabalho basico incondicional.
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Incognitus

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #45 em: 2013-11-17 14:08:28 »
"Subir salário mínimo é estragar a vida aos pobres"

http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=3537405


O salário mínimo em Portugal, parecendo baixo, já é provavelmente elevado o suficiente para estar a provocar desemprego. Qualquer posto de trabalho tem que exceder um lucro de pelo menos uns 780 euros/mês para fazer sentido criar um posto de trabalho com as regras do SMN actuais. É concebível que muitos postos de trabalho já falhem em produzir mais de 780 euros/mês de lucro "ex-trabalho".

Um exemplo de que subir o SMN nem sempre corre bem ocorreu na Samoa Americana, onde uma subida devido a legislação nos EUA provocou imenso desemprego. Subidas adicionais foram congeladas.

http://finance.yahoo.com/news/congress-oks-american-samoa-minimum-wage-freeze-203732823.html

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vbm

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #46 em: 2013-11-17 15:24:44 »
É verdade que um salário mínimo maior do que o valor de transacção do seu produto marginal não pode proporcionar emprego laboral. A população activa desempregada por esta razão económica ou não sobrevive, ou vive da assistência pública/particular ou é dirigida para trabalhos de utilidade pública - por exemplo, como alvitra João Salgueiro, limpar matas, ruas e jardins -, pagos por impostos arrecadados. Haverá ainda uma quarta saída, para esse tipo de desempregados: emigrar ou criar o seu próprio emprego em prestação de serviços ou produção vendável.

De qualquer modo, isto é uma verdade estrictamente económica. Politicamente, uma proporção elevada de desempregados pode mobilizar-se para derrubar governos através de eleições ou sublevação militar, e mudar de seguida os estratos sociais de desfavorecidos em beneficiados e vice-versa.
« Última modificação: 2013-11-17 15:31:19 por vbm »

hermes

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #47 em: 2013-11-17 17:41:30 »
De qualquer modo, isto é uma verdade estrictamente económica. Politicamente, uma proporção elevada de desempregados pode mobilizar-se para derrubar governos através de eleições ou sublevação militar, e mudar de seguida os estratos sociais de desfavorecidos em beneficiados e vice-versa.

Tal afirmação negligencia as duas dinâmicas que jogam contra ela e ou que impedem que ela seja duradoura ao supor erroneamente que:
  • Quem detém o capital não aprendeu nada com a história [recente], nem aprendeu como minorar os efeitos.
  • Esses estratos não vivem num mundo fechado e têm mobilidades diferentes.
« Última modificação: 2013-11-17 18:54:43 por hermes »
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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #48 em: 2013-11-17 18:51:30 »
É verdade que um salário mínimo maior do que o valor de transacção do seu produto marginal não pode proporcionar emprego laboral. A população activa desempregada por esta razão económica ou não sobrevive, ou vive da assistência pública/particular ou é dirigida para trabalhos de utilidade pública - por exemplo, como alvitra João Salgueiro, limpar matas, ruas e jardins -, pagos por impostos arrecadados. Haverá ainda uma quarta saída, para esse tipo de desempregados: emigrar ou criar o seu próprio emprego em prestação de serviços ou produção vendável.

De qualquer modo, isto é uma verdade estrictamente económica. Politicamente, uma proporção elevada de desempregados pode mobilizar-se para derrubar governos através de eleições ou sublevação militar, e mudar de seguida os estratos sociais de desfavorecidos em beneficiados e vice-versa.

Os estratos sociais não mudam. Os que servem os outros economicamente tenderão a estar melhor, o resto o que muda são as pessoas que se adaptam melhor ao sistema.
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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #49 em: 2013-11-17 19:53:04 »
Tal afirmação negligencia as duas dinâmicas que jogam contra ela e ou que impedem que ela seja duradoura ao supor erroneamente que:
  • Quem detém o capital não aprendeu nada com a história [recente], nem aprendeu como minorar os efeitos.
  • Esses estratos não vivem num mundo fechado e têm mobilidades diferentes.

Concordo com ambas as reservas opostas,
passíveis de contrariar e até obstar
à sublevação ou revolução
dos proletarizados.
« Última modificação: 2013-11-17 19:54:09 por vbm »

vbm

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #50 em: 2013-11-17 20:09:40 »
[ ] Os estratos sociais não mudam. Os que servem os outros economicamente tenderão a estar melhor, o resto o que muda são as pessoas que se adaptam melhor ao sistema.

Concordo. Uma mudança de classe dominante e dirigente beneficia prima facie os que a servem. E os que se adaptam à nova ordem política e económica singram mais rápido na sociedade. Todos temos presente o que sucedeu em Portugal nestes quarenta anos de regime. Só não sei como há de agora mudar para sobreviver e menos vejo quem a dirija.

Thorn Gilts

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #51 em: 2013-11-17 20:34:24 »
Isso de um salario minimo igual para todos os sectores de actividade é que é estupido. Há que tratar de forma igual na medida em que se desiguala.
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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #52 em: 2013-11-20 12:31:47 »
A atribuição de um rendimento base de inserção a cada cidadão adulto numa sociedade politicamente dirigida por um governo deve requerer uma série ainda não inventariada de condições de sucesso a garantir. Olhai, por exemplo, todo e qualquer salário compor-se-ia de duas parcelas: i. o dito rendimento base, trabalhe-se ou não; ii. o salário remunerador do trabalho, livre e não-escravo, prestado, maior ou menor consoante a produtividade, e basicamente suficiente para a vida do trabalhador e sua família, nos padrões históricos da  sociedade dada.

Ora, entre as condições de sucesso deste esquema está, não só a produtividade do trabalho, possibilitada pela inteligência, conhecimento e grau de civilização alcançado, como a fecundidade da natureza, e a limitação demográfica da população a níveis compatíveis com o planeta - 3.5 MM habitantes, como em 1950, é o meu palpite.

Sem a engenhosidade e grande mestria política da razão humana, preferível é não avançar para o enorme descalabro da desumanidade a dirigir a humanidade; preferível mil vezes a hegemonia e a ordem cega da natureza, mãe e madrasta, independente da nossa vontade. Para comparação, por exemplo, veja-se o capitalismo regulado pelo padrão-ouro, uma ordem cega, rigorosa e violenta, e o capitalismo pós-Bretton Woods, desregulado e descerebrado.

O rendimento base de inserção é possível só depois de garantidas as condições da sua aplicação que não estão todas equacionadas. Não basta dizer que vai absorver o subsídio de desemprego, de doença, etc., que simplifica a burocracia, que mantém o incentivo ao trabalho e até compactua com a droga!? é uma pergunta, algo  a equacionar no dirigismo colectivista da sociedade versus a  liberdade individual e a garantia da propriedade privada, i.e., a independência face à clique-partido governante.

Uma outra coisa gira da economia, que se o souber fazer talvez me abalance a editá-lo, é equacionar ou descrever a  redistribuição de rendimento do próprio rendimento não-salarial das classes possidentes, a tal questão da lógica do juro e da produtividade, do capital, do crescimento e do emprego.

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Re:Básico significa mínimo!
« Responder #53 em: 2013-11-20 12:57:04 »
Esse rendimento, se for elevado o suficiente, simplesmente não funciona. Não funciona porque o rendimento não serve de nada se não existirem coisas para comprar - coisas produzidas pelos outros. E "os outros" não são estúpidos para produzirem em troco de coisa nenhuma.


O que é que são as chamadas "necessidades básicas"? São aquelas condições mínimas que têm de ser satisfeitas para a sobrevivência da pessoa, como é muito fácil de entender.

Obviamente não faz sentido que o RBI tenha um valor para além do estritamente necessário para permitir a qualquer pessoa viver no denominado "limiar de pobreza (relativa)"... e há quem nem a esse patamar consiga chegar! Em Portugal, calcula-se que um tal montante anda pelos 5000€ anuais, ou cerca de 360€ mensais (incluindo os meses extra das férias e do natal).

Algo muito interessante a respeito do RBI é que uma tal proposta é transversal às correntes políticas... e tanto a favor como contra! Por exemplo, a conhecida "coletivista" Raquel Varela opõe-se ao Rendimento Básico, por razões que têm muito a ver com o "direito ao trabalho". Eis a sua entrevista ao Dinheiro Vivo - "Sou contra o Rendimento Básico Incondicional"

Muito do que ela diz é correto, mormente quando afirma que "os diversos rendimentos mínimos, tecnicamente, aumentam a concorrência entre trabalhadores". Esse parece ser um ponto que não está a ser tomado em consideração por quem aqui alinha ao lado da professora da UNL (ainda que por motivos muito diferentes), pois já expliquei antes que com o RBI desaparece automaticamente a obrigatoriedade do salário mínimo, o qual deixa de fazer sentido! Ou seja, em termos práticos esse rendimento passa a equivaler ao SMN, representado talvez algo como 75-80% do seu valor atual. É que, ao contrário do que sucede hoje em dia, quem tem emprego pode acumular o salário com o Rendimento Básico... daí ele ser "incondicional"!

Mais ainda, quase TODAS as diversas prestações sociais avulsas deixam de existir, incluindo o subsídio de desemprego (pelo menos, na fatia correspondente ao valor do RBI). Isto significa uma forte redução na burocracia do Estado Social com todas as vantagens daí decorrentes. Importa notar, porém, que um indivíduo que aufira rendimentos acima de um certo montante vai devolver, parcial ou totalmente, o RBI nos impostos. Logo, em teoria todos o recebem mas talvez só metade desfrutem dele na totalidade.

Recapitulando mais uma vez: com ou sem RBI, os diversos esquemas de proteção social do "welfare state" já redistribuem uma fatia considerável das "coisas produzidas pelos outros"... é esse o papel dos impostos! Aquilo que se propõe é apenas uma enorme simplificação na tremenda barafunda e complexidade que as ajudas sociais atualmente implicam, dando origem a casos de chocante desigualdade em que mais trabalho pode equivaler a menor rendimento disponível... o que é imoral, desmotivador e não faz sentido! Com um RBI igual para toda a gente - e sem mais apoios, salvo casos específicos - quem trabalha é quem mais ganha... simple as that!

Por fim, volto também a salientar que o conceito de "trabalho humano produtivo" (sobretudo o labor manual) da Era Industrial está cada vez mais desadequado às necessidades do labor criativo que a Era da Informação e do Conhecimento requer. Não é no futuro que as máquinas podem substituir a maior parte do trabalho humano - em quase todo o setor primário e secundário e grande parte do terciário - pois muita dessa tecnologia está disponível agora e é justamente a noção arcaica do "mercado de trabalho" mais o "desemprego" que vem travando a inovação e consequente produtividade económica, mais a libertação do "trabalho escravo", mecânico e rotineiro.

É certo que existem muitos outros aspetos a discutir em tudo isto, mas não é com posições conservadoras e imobilistas - tanto à direita como à esquerda! - que as transformações sociais acontecem. Repito que os fundos públicos para o RBI não são problema e a questão se põe sobretudo em termos de escolha e filosofia política e económica, não apenas ao nível dos países individualmente mas também do coletivo das nações industrializadas.


«A ideia de que o RBI pode incentivar à preguiça corresponde sobretudo a um preconceito cultural e social, e não a uma verdade empiricamente comprovada. Os estudos empíricos realizados em vários países com o objectivo de averiguar a objectividade desta concepção, demonstraram que entre as pessoas que recebem um RBI e têm um trabalho remunerado apenas um número reduzido opta por mudar de trabalho e as que o fazem é com o objectivo de encontrar um trabalho que corresponda mais às suas capacidades e gostos.» - Roberto Merrill


Obviamente o falhar do RBI dependeria do seu montante, sendo baixo o suficiente não provocaria o colapso da produção.
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Zel

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #54 em: 2013-11-28 12:33:32 »
mas ninguem quer ganhar menos, acho que preferem a infelicidade

ainda agora viu-se isso com a possibilidade de horario reduzido dos FPs, que qs ninguem escolheu

vbm

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #55 em: 2013-11-28 22:53:47 »
Trabalhar menos horas por dia não é propriamente o ideal que Agostinho da Silva defendia e propunha. Era bem o contrário: não trabalhar nada ou, às vezes, em sendo o caso, trabalhar umas dezoito horas diárias. No fundo, isto: ser criativo, dar e receber, ser-se apreciado e necessário por e para dar o que outros precisem e assim conseguir viver positivamente. A economia deveria justamente contribuir para este tipo de pleno emprego, porque por muito que a mecanização progrida e aumente a produtividade, nunca o artefacto estandardizado se compara ao produto afeiçoado ao utente, e a arte suprema é da singularidade sem preço. Sempre me lembro, o conto de um artista do sertão brasileiro a quem um turista queria comprar um trio de quadros, que ele só vendia por três mil cruzeiros. O turista achou caro e que não dava mais de dois mil. Então, o autóctone, queimou um dos quadros, e o turista preparava-se para pagar dois mil, ao que ele reagiu e de novo exigiu três mil pelos dois. Não aceitou; queimou mais um quadro. - «E porquanto me vende esse?», perguntou o turista. - «Três mil», foi a resposta. Já não lembro, se o estrangeiro aceitou dar-lhe os três mil por um só dos quadros, ou se foi simplesmente embora. Sei, é que a arte tanto vale o simples como o múltiplo, como nada, porque simplesmente não tem preço, é única e singular.

Incognitus

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #56 em: 2013-11-28 23:05:45 »
A arte como tudo o resto vale o que alguém quiser pagar por ela. (para coisas não vendíveis, o que alguém estiver disposto a prescindir em troca, para ter ou manter algo)
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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #57 em: 2013-11-29 10:43:40 »
O valor da arte está na mente do comprador, se achares o contrário, tenho aqui umas artes para te vender. :D
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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #58 em: 2013-11-29 12:30:16 »
Eu gosto de ir à foz do rio lógico da economia.

Automek

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Re:Redistribuição de rendimento
« Responder #59 em: 2013-11-29 16:49:44 »
Basta ver que uns rabiscos não valem um caracol até ao dia em que se descobre que foram pintados pelo Picasso.