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Autor Tópico: Depois de amanhã em Portugal  (Lida 32199 vezes)

Kin2010

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Depois de amanhã em Portugal
« em: 2013-09-28 18:32:09 »
Para uma visão da crise alternativa à que costumamos apresentar aqui no forum.


Depois de amanhã acordamos mais perto do inferno

Por José Pacheco Pereira, 28-9-2013

Depois de amanhã, voltamos ao Portugal da troika. Vai começar o discurso puro e duro da violência social

Amanhã vota-se nas eleições autárquicas. Apesar do enjoo que suscitam no pedantismo nacional e no engraçadismo que substituiu o debate público, foram e são particularmente interessantes. São-no pelo seu significado nacional e local, são-no pela imensa participação cívica, pelo que revelam de tendências mais profundas da vida político-partidária, com a emergência de "independentes" fortes, mas são-no acima de tudo porque mostram um fugaz retorno da política e da democracia ao país da "emergência financeira". Durante um mês, não fomos "intervencionados", seja por escapismo irrealista, seja por liberdade, a política soltou-se. Não é por acaso que os partidários do "estado de excepção financeira" as tratam tão mal, como à democracia.

Estas eleições foram eleições livres da troika, para a asneira e para a coisa boa, capazes de ainda manter algum espaço saudável em que o garrote vil das "inevitabilidades" não entra. Foram eleições em que o PSD e o CDS prometeram pontes e calçadas, túneis e aquedutos, livros gratuitos e medicamentos para todos, óscares de Hollywood e prémios internacionais de arquitectura, ou seja, foram eleições que ocorreram nos bons e velhos idos do esbanjamento no seu máximo esplendor. Sócrates devia sentir-se em casa, no meio dos cartazes autárquicos, Passos Coelho devia pintar a cara de preto por não conseguir convencer os seus dos méritos de empobrecer. Mas, bem pelo contrário, andou nas arruadas soterrado por círculos e círculos de guarda-costas e polícias. Estranho, não é?

Depois de amanhã, voltamos ao Portugal da troika, em pleno pós-"crise Portas", com o fantasma da instabilidade que o "irrevogável" fez sair da lâmpada e que não volta outra vez para lá, a habitar os escritórios assépticos da Moody"s e da Fitch. O Governo está paralisado, diria eu mais uma vez, se não fosse esse o estado mais habitual. Se os portugueses soubessem como são os Conselhos de Ministros, como todo o trabalho orçamental está bloqueado pelas resistências de ministros e pela espera das decisões da troika, percebiam muito do que é o estado do país. A coisa está tão negra e tão confusa, tão desesperançada, que nem o ministro da propaganda Maduro está com força anímica para inventar mentiras eficazes.

O último produto do laboratório orwelliano governamental para responder às decisões do Tribunal Constitucional é contraditório e pífio. Por um lado, diz Portas, o essencial da "reforma laboral" passou no Tribunal Constitucional (os feriados e os dias de férias...), e o menos importante (os despedimentos sem regras, estão mesmo a ver a irrelevância...) chumbou. E logo a seguir, dito pelo mesmo, o mantra ameaçador da perplexidade dos mercados face às decisões do Tribunal. Não percebo por que razão tendo tido o Governo vencimento de causa constitucional no que era mais importante, cai o Carmo e Trindade da Comissão, do BCE e do FMI, pela parte que era menos importante... Já nem sequer se preocupam em elaborar mentiras com algum nexo.

Mas o essencial do enorme impasse em que está a governação reside na conjugação da tempestade perfeita: a "crise Portas" deitou fora a "credibilidade" de Gaspar, e é natural que assim seja porque Portas saiu "irrevogavelmente" por considerar que a política de austeridade estava esgotada e queria mostrar resultados na "economia" e pôr a troika na rua. Está-se mesmo a ver como é que esses "sinais" são lidos pelos "mercados", até pela sua inconsequência. Portas é o directo responsável pela crise dos juros portugueses e anda por aí em campanha eleitoral a falar de "recuperação económica". Se houver segundo resgate, como muito provavelmente haverá, de forma aberta ou encapotada, agradeçam-lhe num lugar de honra. Não é o único, bem pelo contrário, mas foi de todos aquele que mais mal fez ao país, pela futilidade da sua vaidade e do seu gigantesco ego.

O menosprezo do Presidente pelos factores políticos da crise, que levou a manter em funções o "navio-fantasma" do governo da diarquia Passos-Portas, apoiado pela opinião publicada que assume o discurso da "inevitabilidade", pela imprensa económica e pelo establishment financeiro, assente na fraqueza de Seguro, impediu que a solução, arriscada, imperfeita, e com custos, das eleições antecipadas pudesse alterar os dados da questão e permitir mais espaço de manobra política. Conheço muita gente que nem queria ouvir falar de eleições e hoje começa a perceber que elas permitiriam alterar os dados políticos, que o actual impasse não permite.

Por tudo isto, depois de amanhã vamos acordar na antecâmara do Inferno. Pensam que estou a exagerar? Na verdade, nestes dois anos, a realidade tem sido sempre pior do que a minha mais perversa imaginação, porque as coisas são como são, tão simples como isto. E são más. A partir de amanhã, haja convulsão mansa no PSD, ou forte no PS, acabarão por milagre as pontes, túneis e medicamentos gratuitos, que ninguém fará, nem pode fazer, e vai começar o discurso puro e duro da violência social contra quem tem salários minimamente decentes, quem tem emprego no Estado, quem recebe prestações sociais, quem precisa de serviços de saúde, quem quer educar os seus filhos na universidade, quem quer viver uma vida minimamente decente, quem quer suportar uma pequena empresa, quem paga, com todas as dificuldades, a sua renda, o seu empréstimo.

O que nos vai ser dito, com toda a brutalidade, é que os nossos credores entendem que ainda não estamos suficientemente pobres para o seu critério do que deve ser Portugal. Apenas isto: vocês ganham muito mais do que deviam, não podem ser despedidos à vontade, têm mais saúde e educação do que deveriam ter, trabalham muito menos do que deviam, vivem num paraíso à custa do dinheiro que vos emprestamos e, por isso, se não mudam a bem mudam a mal. Isto será dito pelos mandantes. E isto vai ser repetido pelos mandados da troika, sob a forma de não há "alternativa" senão fazer o que eles querem. Haver há, mas nunca ninguém as quer discutir, quer quanto à saída do euro, quer quanto à distribuição desigual dos sacrifícios, de modo a deixar em paz os mecânicos de automóveis e as cabeleireiras e olhar para os que se "esquecem" de declarar milhões de euros, mas isso não se discute.

Por que é que, dois anos depois de duros sacrifícios, estamos pior do que à data do memorando, por que é que nenhum objectivo do memorando foi atingido, por que é que o Governo falhou todos os valores do défice e da dívida, porque é que o desespero é hoje maior, a impotência mais raivosa, o espaço de manobra menor, isso ninguém nos explicará do lado do poder. Vai haver um enorme atirar de culpas, à troika, do PSD ao CDS ao PS, à ingovernabilidade atávica dos portugueses, aos sindicatos comunistas, aos juízes conservadores do Tribunal Constitucional, e o ar ficará denso de palavras de raiva e impotência. Mas "vamos no bom caminho", dirá o demónio de serviço à barca do Inferno. Depois de amanhã ouviremos essas palavras.


Incognitus

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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #1 em: 2013-09-28 18:43:59 »
É uma análise típica de quem não tem a mínima noção do que fala. Se tivesse, não se lembraria de culpar o Portas (ainda que o Portas tenha estado errado) por parte da crise actual. É uma coisa perfeitamente absurda.

A crise actual foi criada com endividamento, gastos e uma ideologia de não ser necessário fazer para os outros para dos outros obter. Nada mais. A crise seria igual com ou sem Portas.

Mas o JPP não faz ideia nenhuma do que a crise é, nem nunca viu tal coisa.

(a ideia base do JPP é de que sem maluqueiras como as do Portas o dinheirinho alheio continuava a chegar sem problemas, e portanto não existia realmente crise. O que mostra que para ele as causas reais da crise são irrelevantes - a "crise" é não se poder mamar mais dinheiro a terceiros. È como um ladrão que não vê no crime a fonte dos seus problemas. Os seus problemas são mesmo todos provocados por ser apanhado)
« Última modificação: 2013-09-28 18:46:58 por Incognitus »
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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #2 em: 2013-09-28 19:04:55 »
É uma análise típica de quem não tem a mínima noção do que fala. Se tivesse, não se lembraria de culpar o Portas (ainda que o Portas tenha estado errado) por parte da crise actual. É uma coisa perfeitamente absurda.

A crise actual foi criada com endividamento, gastos e uma ideologia de não ser necessário fazer para os outros para dos outros obter. Nada mais. A crise seria igual com ou sem Portas.

Mas o JPP não faz ideia nenhuma do que a crise é, nem nunca viu tal coisa.

(a ideia base do JPP é de que sem maluqueiras como as do Portas o dinheirinho alheio continuava a chegar sem problemas, e portanto não existia realmente crise. O que mostra que para ele as causas reais da crise são irrelevantes - a "crise" é não se poder mamar mais dinheiro a terceiros. È como um ladrão que não vê no crime a fonte dos seus problemas. Os seus problemas são mesmo todos provocados por ser apanhado)
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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #3 em: 2013-09-28 19:23:28 »
Não preciso - Lucky, o que se está a passar é apenas o previsível para a nossa situação, nada mais. O que chateia em comentários como os do JPP é não compreenderem a realidade nem depois dela ocorrer (que fará antes). E depois dizem coisas para as quais existe uma predisposição em acreditar, pelo que o resultado é que as pessoas acreditam - piorando a situação já de si má.
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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #4 em: 2013-09-28 20:32:03 »
O JPP não é um liberal, é natural que não se reveja nestas medidas da troika e do governo com esse pendor. Há aqui dois problemas. Um é o crime cometido por quem nos levou até aqui, que deveria estar a responder por esse crime. O outro problema é o que está a ser criado para resolver o primeiro, com medidas liberais destrutivas do país. Não se pode defender o segundo com a justificação do primeiro, e vice-versa, porque ambos são criminosos e reprováveis.

Aliás, já começou a ser mais ou menos percebido por todos que não é possível corrigir em 2 ou 3 anos os problemas criados ao longo de décadas.

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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #5 em: 2013-09-28 20:48:44 »
O JPP não é um liberal, é natural que não se reveja nestas medidas da troika e do governo com esse pendor. Há aqui dois problemas. Um é o crime cometido por quem nos levou até aqui, que deveria estar a responder por esse crime. O outro problema é o que está a ser criado para resolver o primeiro, com medidas liberais destrutivas do país. Não se pode defender o segundo com a justificação do primeiro, e vice-versa, porque ambos são criminosos e reprováveis.

Aliás, já começou a ser mais ou menos percebido por todos que não é possível corrigir em 2 ou 3 anos os problemas criados ao longo de décadas.

Também é um problema grave pensar-se que "medidas liberais destroem o país".

É, aliás, um contrasenso. É basicamente pensar que o país só é viável se alguém nos disser ou forçar a algo.

Nota ainda que é irrelevante se 2 ou 3 anos chegam para resolver os problemas. Um facto é que vamos adaptar o nosso consumo no imediato àquilo que produzimos no imediato, porque ninguém nos vai emprestar dinheiro com base em histórias (iguais às que nos trouxeram aqui, de resto).
« Última modificação: 2013-09-28 20:49:48 por Incognitus »
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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #6 em: 2013-09-28 21:07:18 »
Não posso estar mais de acordo em adaptar o consumo ao que produzimos no imediato. Agora, o que é destrutivo do país é querer adaptar o consumo no imediato, acrescido dos excessos das últimas décadas, ao que é produzido no imediato. Isto causa tensões brutais que provocam roturas irreversíveis, e é um erro.


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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #7 em: 2013-09-28 21:16:03 »
Não posso estar mais de acordo em adaptar o consumo ao que produzimos no imediato. Agora, o que é destrutivo do país é querer adaptar o consumo no imediato, acrescido dos excessos das últimas décadas, ao que é produzido no imediato. Isto causa tensões brutais que provocam roturas irreversíveis, e é um erro.

O que é resultado dos excessos não é no imediato que senão passávamos 1-2 anos sem comer ... não sendo no imediato, porém, pagamos juros sobre esse excesso. Que é a razão para o debelarmos quanto antes, mesmo sendo os juros historicamente baixos.
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Automek

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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #8 em: 2013-09-28 21:21:32 »
Não posso estar mais de acordo em adaptar o consumo ao que produzimos no imediato. Agora, o que é destrutivo do país é querer adaptar o consumo no imediato, acrescido dos excessos das últimas décadas, ao que é produzido no imediato. Isto causa tensões brutais que provocam roturas irreversíveis, e é um erro.
Mas quanto mais lento for ajustamento maior o volume de crédito precisamos para manter os défices durante mais tempo (mesmo que vão baixando). Ou seja, a velocidade de ajustamento não depende exclusivamente do país.

No limite, se não houver crédito, o ajustamento de décadas dá-se quase de um dia para o outro (e não em 2 ou 3 anos), seja saindo do euro, seja incumprindo, seja com ruptura de bens essenciais, combustíveis, etc.

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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #9 em: 2013-09-28 21:22:18 »
Mas a quota dos excessos que estamos a pagar na minha opinião ainda é muito elevada. Terá de ser mais moderada, terá de ser dispersada por muitas dezenas de anos. A dose actual ainda é intolerável. Há aí uns juros de 5 e tal por cento que podem muito bem ser renegociados.

valves1

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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #10 em: 2013-09-28 21:42:15 »
Citar
No limite, se não houver crédito, o ajustamento de décadas dá-se quase de um dia para o outro (e não em 2 ou 3 anos), seja saindo do euro, seja incumprindo, seja com ruptura de bens essenciais, combustíveis, etc.

o que e  saida do Euro nao e se nao uma forma de   incumprimento !
 e repara que mesmo no Euro  nos so nao incumprimos porque nos continuam a  emprestar  dinheiro para nao incumprir.
Alias nos ja desistimos de cumprir ( ver por exemplo o defice orcamental no 1 . semestre de 2013 )
neste momento nao existe ruptura,  mas o ajustamento no consumo de combustiveis ja esta em marcha, o numero de carros a circular na estrada teve uma reducao significativa nos ultimos dois anos
o nivel de medio  das pessoas afundou em relacao a media Europeia ( nao querendo dizer que nao existam em Portugal salarios europeus e provavelmente melhores do que a media europeia ) e portanto a Pergunta se vale apena forcar o povo a tantos sacrificios sem experimentar caminhos monetarios novos  mantem-se mais atual do que nunca
« Última modificação: 2013-09-28 21:45:50 por valves1 »
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Automek

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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #11 em: 2013-09-28 21:50:31 »
É a perspectiva do copo meio cheio ou meio vazio. Queixamo-nos que a austeridade não pode ser tão violenta e, no entanto, ela não foi da violência que poderia ter sido se não tivéssemos quem nos financiasse. Portanto a resposta à pergunta "se vale apenas forcar o povo a tantos sacrifícios" depende daquilo que outros quiserem e não do que nós quisermos (se nos querem no euro/UE, se querem pagar para manter o nosso défice durante mais tempo, etc).

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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #12 em: 2013-09-28 22:09:04 »
É a perspectiva do copo meio cheio ou meio vazio. Queixamo-nos que a austeridade não pode ser tão violenta e, no entanto, ela não foi da violência que poderia ter sido se não tivéssemos quem nos financiasse. Portanto a resposta à pergunta "se vale apenas forcar o povo a tantos sacrifícios" depende daquilo que outros quiserem e não do que nós quisermos (se nos querem no euro/UE, se querem pagar para manter o nosso défice durante mais tempo, etc).

A este raciocínio falta-lhe a dimensão da solidariedade. Se abolirmos este conceito, então é correcto pensar que ou aceitamos o que os mercados estão dispostos a dar-nos ou então é o colapso.

Automek

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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #13 em: 2013-09-28 22:14:30 »
Também é preciso delimitar o conceito de solidariedade (que na prática significa ter um alemão, um inglês ou um francês a trabalharem para nós). É normal que alguém do outro lado não queira sustentar determinadas coisas nem um país que resiste a muitas reformas. Em boa medida é como as reacções legítimas que vemos no Continente quando se assiste aos desvarios do Alberto João Jardim.

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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #14 em: 2013-09-28 22:20:41 »
Julgo que qualquer Alemão, ou outro, está disposto a ser solidário com o Sul num determinado momento, para que no futuro o conjunto dos europeus viva melhor como um todo, incluindo os que agora são solidários. O Sul já foi solidário com a Alemanha no passado, agora que estão na mó de cima é a vez deles. Será positivo para todos.

Para garantir que os desvarios não continuam, a solução pode passar pela perda parcial da soberania orçamental que actualmente os estados do euro têm. Se estivermos atentos à evolução da crise europeia, nota-se que a evolução vai nesse sentido, de maior solidariedade e perda de soberania, o que está a ser é um processo muito lento.
« Última modificação: 2013-09-28 22:28:45 por Visitante »

Automek

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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #15 em: 2013-09-28 22:24:15 »
Bom, nós já recebemos (e continuamos a receber) milhares de milhões de euros em fundos europeus. Já é uma razoável dose de solidariedade...

valves1

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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #16 em: 2013-09-29 11:57:37 »
Citar
Também é preciso delimitar o conceito de solidariedade (que na prática significa ter um alemão, um inglês ou um francês a trabalharem para nós). É normal que alguém do outro lado não queira sustentar determinadas coisas nem um país que resiste a muitas reformas. Em boa medida é como as reacções legítimas que vemos no Continente quando se assiste aos desvarios do Alberto João Jardim.

Essa e uma visao de quem nunca deve ter saido do pais a nao ser em Turismo ...
 em Portugal nao se trabalha  menos no que em outros paises da Europa embora essa seja a visao dominante ou a visao que se queira passar. Na europa o nivel  de  impostos e alguns paises bastante menor do que  o nivel de impostos em Portugal e se cruzarmos nivel de fiscalidade com preco dos bens e servicos publicos entao Portugal deve estar bem no top
 e mais importante que tudo e tu ainda nao percebeste a economia Portuguesa precada em Euros nao e a mesma coisa que a economia Portuguesa precada em escudos e isso  os Alemaes ja compreenderam.
A opcao da saida deve estar presente e deve ser levada naturalmente  a mesa das negociacoes.

 
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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #17 em: 2013-09-29 12:12:35 »
É uma questão de simples bom senso no que toca a gastar. Se os portugueses se insurgem por ter de pagar BPNs, PPPs, aeroportos de Beja, fundações e muitas outras porcarias, queres que os alemães, franceses e outros mostrem algum tipo de solidariedade ? Ou tu és daqueles que não gostas de pagar por algo escandaloso mas queres que um alemão o faça de cara alegre, sob a capa da 'solidariedade' ?

valves1

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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #18 em: 2013-09-29 12:28:53 »
Estou absolutamente de acordo que tudo o que se sabe e mais o que nao sabe mas que provavelmente eles Alemaes, Franceses Ingleses  sabem  pesou decisivamente para uma cultura de falta de confianca que paira sobre Portugal.
e que em ultima analise os Portugueses estao a pagar.
Mas em Portugal existe um problema da economia que vai para alem de toda a irresponsabilidade e incompetencia de governantes e e precisoseparar as aguas.
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Kin2010

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Re:Depois de amanhã em Portugal
« Responder #19 em: 2013-09-29 23:18:01 »
É uma análise típica de quem não tem a mínima noção do que fala. Se tivesse, não se lembraria de culpar o Portas (ainda que o Portas tenha estado errado) por parte da crise actual. É uma coisa perfeitamente absurda.

A crise actual foi criada com endividamento, gastos e uma ideologia de não ser necessário fazer para os outros para dos outros obter. Nada mais. A crise seria igual com ou sem Portas.

Mas o JPP não faz ideia nenhuma do que a crise é, nem nunca viu tal coisa.

(a ideia base do JPP é de que sem maluqueiras como as do Portas o dinheirinho alheio continuava a chegar sem problemas, e portanto não existia realmente crise. O que mostra que para ele as causas reais da crise são irrelevantes - a "crise" é não se poder mamar mais dinheiro a terceiros. È como um ladrão que não vê no crime a fonte dos seus problemas. Os seus problemas são mesmo todos provocados por ser apanhado)

Isto é talvez um pouco injusto para com o Pacheco Pereira, pois ele não pretende estar a explicar os detalhes financeiros que explicam a crise. Ele não os explica, talvez nem os conseguisse explicar, mas isto não quer dizer que ele discorde de que é necessária austeridade e voltarmos a viver do que produzimos. Simplesmente, ele chama a atenção para problemas sociais e outras coisas, que não negam a frase anterior, mas que devem ser tidas em conta. Por ex, ele tem alguma razão em que o que se está a passar não é tudo inevitável. Podia-se renegociar as PPP e os lucros das PT, EDP, e bancos de forma muito muito mais agressiva, cortando nas margens de lucro dessas entidades, ainda que violando contratos (pois se já se admite retirar "direitos adquiridos" aos FPs e aos pobres, por ex, por que não a esses?). Além disso poder-se-ia começar a propor reestruturação da dívida. E além disso, poder-se-ia formar uma frente com os outros países do Sul e negociar com o Norte numa posição de força. Sim, porque se os países do Sul entrarem em incumprimento em bloco, tanto ficam falidos os do Sul como os do Norte. Ou seja, os do Sul têm o poder de deitar a casa abaixo, e poderiam negociar numa posição de força por causa disso. É por isso que compreendo a posição moral do Pacheco Pereira.