Cada vez mais se vê que estas "crises políticas" são todas irrelevantes. Passados uns dias/semanas de muito paleio e discussões e retórica, aquilo que interessa, que é a governação, e que medidas governativas serão tomadas, fica exactamente na mesma. E esse exactamente na mesma não é de direita, nem de esquerda, nem de centro-direita, nem centro-esquerda, mas sim de centro-centro, qualquer que seja o partido(s) que lá está(ão). E bem orquestrado com a Troika, UE, FMI, em suma a elite mundial.
Viu-se em Portugal nestas semanas. Viu-se na Grécia em várias "crises políticas". A transição Papandreou - Samaras fez-se e ficou tudo na mesma. Na Itália a saída de Berlusconi e a entrada de Monti, e depois a de Letta, também foram irrelevantes.
Mais. Os partidos da esquerda mais intelectual (BE em Portugal, Syriza na Grécia, Grillo na Itália) são também parte do statu quo pois na retórica atacam muito os do centro, mas auto-excluem-se da governação, e assim pactuam, deliberadamente, com a manutenção do statu quo.
Ou seja, vivemos num regime de partido único - tipo Salazar - mas com umas encenações teatrais para fazer de conta que há várias opções diferentes.
Pelo caminho, os comentadores, outra parte integrante do sistema, tecem inumeráveis comentários a dizer que este ou aquele político ficaram "fragilizados", "desgastados", etc, com a crise, sem que isso tenha a mais pequena relevância.