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Autor Tópico: Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?  (Lida 6416 vezes)

Automek

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Lembrei-me de muitas conversas que temos tido por aqui sobre o valor das coisas. É longo mas acho que vale a pena...

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Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
Por que é que os intelectuais odeiam sistematicamente o capitalismo?  Foi essa questão que Bertrand de Jouvenel (1903-1987) fez a si próprio no seu artigo “Os intelectuais europeus e o capitalismo“.

Esta postura por parte dos intelectuais foi na realidade uma constante ao longo da história. Desde a Grécia antiga, os intelectuais mais distintos — começando por Sócrates, passando por Platão e incluindo o próprio Aristóteles — viam com receio e desconfiança tudo o que envolvia actividades mercantis, empresariais, artesanais ou comerciais.

E actualmente, não tenham nenhuma dúvida: desde actores e actrizes de cinema e televisão extremamente bem remunerados até intelectuais e escritores de renome mundial que colocam seu trabalho criativo em obras literárias — todos são completamente contrários à economia de mercado e ao capitalismo. Eles são contra o processo espontâneo de interacções voluntárias que ocorre no mercado.  Eles querem controlar o resultado destas interacções. Eles são socialistas. Eles são de esquerda. Por que é que é assim?

Vocês, futuros empreendedores, têm de compreender isso e já se irem acostumando. Amanhã, quando estiverem no mercado, gerido as vossas próprias empresas, vocês irão sentir uma incompreensão diária e contínua, um desprezo genuíno dirigido a vocês por toda a classe chamada intelligentsia, ou seja, a elite intelectual, aquele grupo de intelectuais que formam uma vanguarda. Todos eles estarão contra vocês.

“Por que razão agem eles assim?“, interrogou-se Bertrand de Jouvenel, que em seguida escreveu um artigo explicando as razões pelas quais os intelectuais — regra geral e salvo poucas e honrosas excepções — são sempre contra o processo de cooperação social que ocorre no mercado.

Eis as três razões básicas fornecidas por  Bertrand de Jouvenel.

A primeira razão é o desconhecimento. Mais especificamente, o desconhecimento teórico de como funcionam os processos de mercado. Como Hayek explicou bem, a ordem social empreendedora é a mais complexa que existe no universo.  Qualquer pessoa que queira compreender minimamente como funciona o processo de mercado deve se dedicar-se a várias horas de leituras diárias, e mesmo assim, do ponto de vista analítico, essa pessoa conseguirá entender apenas uma parte ínfima das leis que realmente governam os processos de interacção espontânea que ocorrem no mercado. Este trabalho deliberado de análise para se compreender como funciona o processo espontâneo de mercado — o qual só a teoria económica pode proporcionar — encontra-se infelizmente ausente da rotina da maior parte dos intelectuais.

Os intelectuais são normalmente egocêntricos e tendem a dar muita importância a si próprios; eles crêem genuinamente que são estudiosos profundos dos assuntos sociais. Porém, a maioria é profundamente ignorante em relação a tudo o que diz respeito à ciência económica.

A segunda razão é a soberba. Mais concretamente, a soberba do falso racionalista. O intelectual acredita genuinamente que é mais culto e que sabe muito mais do que o resto dos seus concidadãos, quer seja porque fez vários cursos universitários; ou porque se vê como uma pessoa refinada que leu muitos livros; ou porque participa em muitas conferências; ou porque já recebeu alguns prémios. Em suma, ele crê que é uma pessoa muito mais inteligente e muito mais preparada do que o resto da humanidade. Por agirem assim, tendem a cair no pecado fatal da arrogância ou da soberba com muita facilidade.

Chegam, inclusive, ao ponto de pensar que sabem mais do que nós mesmos sobre o que nós devemos fazer e como nós devemos agir. Eles crêem genuinamente que estão legitimados a decidir o que nós temos de fazer.  Eles riem-se dos cidadãos de ideias mais simples e mais práticas. É uma ofensa à sua fina sensibilidade assistir à televisão. Abominam anúncios comerciais. De alguma forma escandalizam-se com a falta de cultura (na concepção deles) de toda a população. E, dos seus pedestais, colocam-se a pontificar e a criticar tudo o que fazemos porque se crêem moral e intelectualmente acima de tudo e de todos.

E no entanto, como referido, eles sabem muito pouco sobre o mundo real. E isso é um perigo. Por trás de cada intelectual existe um ditador potencial. Qualquer descuido da sociedade e tais pessoas cairão na tentação de se apropriarem de plenos poderes políticos para impor a toda a população os seus pontos de vista peculiares, os quais eles – os intelectuais – consideram ser os melhores, os mais refinados e os mais cultos.

É justamente por causa desta ignorância, desta arrogância fatal de pensar que sabem mais do que nós todos, de que são mais cultos e refinados, que não devemos estranhar o facto de que, por trás de cada grande ditador da história, por trás de cada Hitler e Estaline, houve sempre uma corte de intelectuais aduladores que se apressaram e se esforçaram para lhes conferir base e legitimidade do ponto de vista ideológico, cultural e filosófico.

E a terceira e extremamente importante razão, o ressentimento e a inveja.  O intelectual é geralmente uma pessoa profundamente ressentida. O intelectual encontra-se numa situação de mercado muito incómoda: na maior parte das circunstâncias, ele apercebe-se que o valor de mercado que ele gera ao processo produtivo da economia é bastante pequeno. Pense apenas nisto: você estudou durante vários anos, passou vários maus bocados, teve de fazer o grande sacrifício de emigrar para Paris, passou boa parte da sua vida pintando quadros aos quais poucas pessoas dão valor e ainda menos pessoas se dispõem a comprá-los.  Você torna-se um ressentido.  Há algo de muito podre na sociedade capitalista quando as pessoas não valorizam como deve os seus esforços, os seus belos quadros, os seus profundos poemas, os seus refinados artigos e seus geniais romances.

Mesmo aqueles intelectuais que conseguem obter sucesso e prestígio no mercado capitalista nunca estão satisfeitos com o que lhes pagam. O raciocínio é sempre o mesmo: “Levando em conta tudo o que faço como intelectual, sobretudo levando em conta toda a miséria moral que me rodeia, o meu trabalho e meu esforço não são devidamente reconhecidos e remunerados.  Não posso aceitar, como intelectual de prestígio que sou, que um ignorante, um parvo, um inculto empresário ganhe 10 ou 100 vezes mais do que eu simplesmente por vender qualquer coisa absurda, como carne de vaca, sapatos ou máquinas de barbear num mercado orientado para a satisfação dos desejos artificiais das massas incultas.”

“Esta é uma sociedade injusta“, prossegue o intelectual. “A nós intelectuais não é pago o que valemos, ao passo que qualquer ignóbil que se dedica a produzir algo procurado pelas massas incultas ganha 100 ou 200 vezes mais do que eu“. Ressentimento e inveja.

Segundo Bertrand de Jouvenel,“O mundo dos negócios é para o intelectual um mundo de valores falsos, de motivações vis, de recompensas injustas e mal direccionadas … Para ele, o prejuízo é o resultado natural da dedicação a algo superior, algo que deve ser feito; enquanto que o lucro representa apenas uma submissão às opiniões das massas. [...] Enquanto o homem de negócios tem que dizer que “O cliente sempre tem razão”, nenhum intelectual aceita este modo de pensar.”

E prossegue Jouvenel:

“De entre todos os bens que são vendidos em busca do lucro, quantos podemos definir de forma inequívoca como sendo prejudiciais? Por acaso não são muito mais numerosas as ideias prejudiciais que nós, intelectuais, defendemos e avançamos?”

Conclusão

Somos humanos, meus caros. Se ao ressentimento e à inveja acrescentarmos a soberba e a ignorância, não há porque estranhar que a corte de homens e mulheres do cinema, da televisão, da literatura e das universidades — considerando as possíveis excepções — actue sempre de maneira cega, obtusa e tendenciosa em relação ao processo empreendedor do mercado, que seja profundamente anticapitalista e se apresente sempre como porta-voz do socialismo, do controlo do modo de vida da população e da redistribuição da riqueza.

http://mises.org.pt/posts/artigos/porque-e-que-os-intelectuais-odeiam-o-capitalismo/

Zel

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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #1 em: 2013-07-19 00:02:06 »
nos defendemos sistemas descentralizados bottom-up que funcionam essencialmente sozinhos e sem intervencao, o intelectual assim nao pode ser o heroi do povo que tudo entende e que todos ajuda, para isso ele precisara de um sistema regulado e centralizado que lhe reconheca um papel importante. outro problema eh a procura da teoria perfeita, um sistema que se auto-regule com alguns ajustes empiricos nao satisfaz o intelecto. os intelectuais por exemplo desprezam democracias empiricas como a inglesa mas adoram experiencias centralizadoras como a revolucao jacobina. nunca ouvem o soares elogiar a democracia inglesa, ele diz que a democracia foi inventada pelos franceses. portugal eh alias um pais de grandes teorias, somos uma cultura de ideologos.
« Última modificação: 2013-07-19 00:08:19 por Zelture »

Zenith

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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #2 em: 2013-07-19 01:13:15 »
Primeiro era necessario definir o que é um intelectual.
Mas provavelmente se se fizesse uma sondagem verificar-se-ia que as percentagens capitalista - anticapitalista teriam ao longo do tempo flutuações semelhantes ás da população em geral embora não coincidentes.
Mas o erro que se faz creio que é tomar aqueles que gritam mais alto como sendo os representantes da maioria. E os que são do contra são sempre os que fazem mais barulho. Ficando nas ciencias humanisticas, há decerto muita gente que pode ser considerada intelectual e que nunca escreveu nenhum artigo ou interveio em debates acerca de sistemas economicos, e deduzir que são anticapitalistas porque uns 3 ou 4 filosfos tem garnde visibilidade nos debates anticapitalistas é uma estupidez.
Tal como a população em geral tem opinioes mas não anda para aí a escrever artigos em jornais ou blogs, também diria que a maioria dos intelectuis escreve sobre o seu tema de espacialização e para o resto tem opinioes que emite em conversas como todos nós sem sentir o imperativa de enviar isso logo para a tipografia. Pode haver um historiador eminente da Gracia no imperio bizantino que tem montes de livros sobre o seu tema da espacialidade mas nunca escreveu nada sobre as suas posições economicas embora os amigos saibam que se reve numa sociedade de mercado, ou um linguista que só escreve sobre as relações entre linguas indo-europeias mas que se lhe perguntarem diz que é a favor de um sistema capitalista.

Lucky Luke

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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #3 em: 2013-09-26 13:16:14 »
este tópico está enfermo de preconceitos
uma miséria pegada

Incognitus

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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #4 em: 2013-09-26 13:47:24 »
este tópico está enfermo de preconceitos
uma miséria pegada

Fénix, onde é que estão? A tua resposta está completamente vazia de argumentos.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #5 em: 2013-09-26 14:13:05 »
este tópico está enfermo de preconceitos
uma miséria pegada

Fénix, onde é que estão? A tua resposta está completamente vazia de argumentos.
para já estás fora de moda  ;D
não é fénix mas sim fónix o que ainda vai vagueando, cada vez menos, no linguajar das ruas
onde estão os preconceitos ? não me faças rir
aquele retrato do intelectual é para rir, não ?
qual é o estudo que foi feito para assumir que , pelo menos a maioria dos intelectuais são assim ?
depois um intelectual é o quê ? um gajo que usa o intelecto ?
eu não tenho que argumentar nada  de extraordinario e rigoroso e cientifico quando o que há a fazer é simplesmente apontar o óbvio - existência de preconceito ou se quiseres de pré-conceito
aliás, se calhar, um estudo que definisse um intelectual e ainda lhe acrescentasse uns quantos atributos especificos deveria ser uma dos candidatos a prémio igNobel

Zel

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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #6 em: 2013-09-26 14:15:12 »
outra razao para os intelectuais nao gostarem do capitalismo eh que se o capitalismo fosse justo eles seriam ricos  :D
« Última modificação: 2013-09-26 14:16:06 por Neo-Liberal »

Incognitus

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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #7 em: 2013-09-26 14:23:26 »
este tópico está enfermo de preconceitos
uma miséria pegada

Fénix, onde é que estão? A tua resposta está completamente vazia de argumentos.
para já estás fora de moda  ;D
não é fénix mas sim fónix o que ainda vai vagueando, cada vez menos, no linguajar das ruas
onde estão os preconceitos ? não me faças rir
aquele retrato do intelectual é para rir, não ?
qual é o estudo que foi feito para assumir que , pelo menos a maioria dos intelectuais são assim ?
depois um intelectual é o quê ? um gajo que usa o intelecto ?
eu não tenho que argumentar nada  de extraordinario e rigoroso e cientifico quando o que há a fazer é simplesmente apontar o óbvio - existência de preconceito ou se quiseres de pré-conceito
aliás, se calhar, um estudo que definisse um intelectual e ainda lhe acrescentasse uns quantos atributos especificos deveria ser uma dos candidatos a prémio igNobel

Não temos aqui grandes dados para discutir, mas empiricamente dir-se-ia que a esmagadora maioria dos artistas e afins que abrem a boca caem um bocado naquilo do anti-capitalismo. O que é um bocado absurdo, porque é como dizer que o resto da população lhes devia prestar vassalagem.
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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #8 em: 2013-09-26 14:37:15 »
o teu empirismo deve estar inquinado pelos teus pré-conceitos e pelos contextos que procuras, em suma, por quem és
como aliás, todos os empirismos, até o meu, vê lá tu   ::) ;D

o meu empirismo não vê anti-capitalismo vê mais anti-sistema
e também vê uma imensa horda desses que queres chamar intelectuais a viver à sombra do regime
muito sinceramente este artigo aqui postado não é muito melhor que qualquer conversa de café
até poderiamos falar agora de anti-intelectualismo por parte dos capitalistas e começar a avançar uns quantos atributos típicos dos capitalistas
a soberba, a arrogância, o julgarem que só por terem dinheiro estão acima do comum mortal etc etc etc etc
enfim...

Incognitus

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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #9 em: 2013-09-26 14:48:26 »
o teu empirismo deve estar inquinado pelos teus pré-conceitos e pelos contextos que procuras, em suma, por quem és
como aliás, todos os empirismos, até o meu, vê lá tu   ::) ;D

o meu empirismo não vê anti-capitalismo vê mais anti-sistema
e também vê uma imensa horda desses que queres chamar intelectuais a viver à sombra do regime
muito sinceramente este artigo aqui postado não é muito melhor que qualquer conversa de café
até poderiamos falar agora de anti-intelectualismo por parte dos capitalistas e começar a avançar uns quantos atributos típicos dos capitalistas
a soberba, a arrogância, o julgarem que só por terem dinheiro estão acima do comum mortal etc etc etc etc
enfim...

É natural que um intelectual anti-capitalista queira viver à sobra do regime. Pois então se ele rejeita o mercado é porque abraça formas involuntárias de tirar aos outros que apenas o regime pode providenciar.

Os capitalistas deverão ser anti-intelectuais sempre que a intelectualidade não seja aproveitável no mercado, para servir as outras pessoas.

O resto é pancada tua.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Zel

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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #10 em: 2013-09-26 14:50:39 »
o teu empirismo deve estar inquinado pelos teus pré-conceitos e pelos contextos que procuras, em suma, por quem és
como aliás, todos os empirismos, até o meu, vê lá tu   ::) ;D

o meu empirismo não vê anti-capitalismo vê mais anti-sistema
e também vê uma imensa horda desses que queres chamar intelectuais a viver à sombra do regime
muito sinceramente este artigo aqui postado não é muito melhor que qualquer conversa de café
até poderiamos falar agora de anti-intelectualismo por parte dos capitalistas e começar a avançar uns quantos atributos típicos dos capitalistas
a soberba, a arrogância, o julgarem que só por terem dinheiro estão acima do comum mortal etc etc etc etc
enfim...

isso nao sao defeitos do capitalismo mas defeitos humanos

Zenith

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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #11 em: 2013-09-26 16:28:15 »
Mas o que é um intelectual?
Só quem tenha um curso de filosofia?
Um matemático é um intelectual? também é uma actividade extremamente cerebral.
Os artistas são intelectuais? Há diferenças entre a intelectualidade de um músico clássico e um músico pimba?
E nos economistas? O Hayek que é mencionado no artigo não é intelectual? O Krugman é? O Friedman que não é supeito de ser anti-capitalista era trabalhador manual?

É o que artigo não definindo nada pode dizer o que quiser.


Zel

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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #12 em: 2013-09-26 16:44:48 »
existe toda uma classe de gente que sao vulgarmente chamados de intelectuais, eh desses que se fala

se merecem ou nao esta para la deste topico

Lucky Luke

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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #13 em: 2013-09-26 17:59:17 »
o teu empirismo deve estar inquinado pelos teus pré-conceitos e pelos contextos que procuras, em suma, por quem és
como aliás, todos os empirismos, até o meu, vê lá tu   ::) ;D

o meu empirismo não vê anti-capitalismo vê mais anti-sistema
e também vê uma imensa horda desses que queres chamar intelectuais a viver à sombra do regime
muito sinceramente este artigo aqui postado não é muito melhor que qualquer conversa de café
até poderiamos falar agora de anti-intelectualismo por parte dos capitalistas e começar a avançar uns quantos atributos típicos dos capitalistas
a soberba, a arrogância, o julgarem que só por terem dinheiro estão acima do comum mortal etc etc etc etc
enfim...

É natural que um intelectual anti-capitalista queira viver à sobra do regime. Pois então se ele rejeita o mercado é porque abraça formas involuntárias de tirar aos outros que apenas o regime pode providenciar.

Os capitalistas deverão ser anti-intelectuais sempre que a intelectualidade não seja aproveitável no mercado, para servir as outras pessoas.

O resto é pancada tua.

pancada minha ?

já vi que não percebeste que estava a ironizar
que podia ser outro ponto de vista e também ele ridiculo

Lucky Luke

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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #14 em: 2013-09-26 18:05:23 »
existe toda uma classe de gente que sao vulgarmente chamados de intelectuais, eh desses que se fala

se merecem ou nao esta para la deste topico
isso é bestial
pega-se no senso comum do que é um intelectual
agarrado a esse senso comum já vem todo um saco de atributos e preconceitos e depois quer-se que a conversa seja tida por séria ?!  ;D

isto já faz lembrar a imagem associada ao teu avatar do capitalist pig que, no fundo, fala de pretensas ideias feitas
tentemos ser coerentes

Automek

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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #15 em: 2013-09-26 18:20:29 »
Mas o que é um intelectual?
Só quem tenha um curso de filosofia?
Um matemático é um intelectual? também é uma actividade extremamente cerebral.
Os artistas são intelectuais? Há diferenças entre a intelectualidade de um músico clássico e um músico pimba?
E nos economistas? O Hayek que é mencionado no artigo não é intelectual? O Krugman é? O Friedman que não é supeito de ser anti-capitalista era trabalhador manual?

É o que artigo não definindo nada pode dizer o que quiser.

Em sentido lato parece-me que o artigo se refere a todos aqueles que, se colocarem a sua produção (intelectual, artistica, etc.) à venda, ninguém a comprará a não ser com um sistema compulsivo desenvolvido pelo estado.

Zel

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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #16 em: 2013-09-26 18:38:44 »
existe toda uma classe de gente que sao vulgarmente chamados de intelectuais, eh desses que se fala

se merecem ou nao esta para la deste topico
isso é bestial
pega-se no senso comum do que é um intelectual
agarrado a esse senso comum já vem todo um saco de atributos e preconceitos e depois quer-se que a conversa seja tida por séria ?!  ;D

isto já faz lembrar a imagem associada ao teu avatar do capitalist pig que, no fundo, fala de pretensas ideias feitas
tentemos ser coerentes

estas a ficar um especialista a desconversar, se calhar queres comecar por definir as palavras uma a uma?
"bestial", isso eh o que? define la isso bem. e depois define "definicao" por favor. define "serio". define "coerente". define "ideia". desculpa la mas nao te entendo.

Lucky Luke

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Re:Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #17 em: 2013-09-26 18:46:28 »
existe toda uma classe de gente que sao vulgarmente chamados de intelectuais, eh desses que se fala

se merecem ou nao esta para la deste topico
isso é bestial
pega-se no senso comum do que é um intelectual
agarrado a esse senso comum já vem todo um saco de atributos e preconceitos e depois quer-se que a conversa seja tida por séria ?!  ;D

isto já faz lembrar a imagem associada ao teu avatar do capitalist pig que, no fundo, fala de pretensas ideias feitas
tentemos ser coerentes

estas a ficar um especialista a desconversar, se calhar queres comecar por definir as palavras uma a uma?
"bestial", isso eh o que? define la isso bem. e depois define "definicao" por favor. define "serio". define "coerente". define "ideia". desculpa la mas nao te entendo.
estou só a dizer que definições de senso comum vêm já com atributos preconceituosos  ;D
estou só a dizer que o texto razão deste tópico à luz dum mero intuito provocatório tem razão de ser mas não mais do que isso
não estou a desconversar...

karnuss

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Re: Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #18 em: 2015-05-18 11:10:54 »
Não sei se este será o tópico mais adequado, mas gostei bastante deste texto e resolvi partilhar.

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O capitalismo faz o trabalho de Deus ou do Diabo?
16 Maio 2015

José Carlos Fernandes
Nunca se publicaram tantos livros e opiniões sobre o estado do mundo e as perspectivas para o futuro, mas a maioria é de escasso valor, pois é deformada por visões sectárias e maniqueístas.

Dêmos a palavra aos “apocalípticos”: isto está nas últimas, o euro vai rebentar, a UE vai desagregar-se, a Europa está em ruínas, a classe média está a ser esmagada e extinguir-se-á em breve, a culpa é do FMI, da troika, dos bancos suíços, da Goldman Sachs, dos especuladores, do Clube de Bilderberg e, genericamente, do capitalismo e da globalização, que são intrinsecamente maus.

Já os “integrados” acham que está tudo bem: vai haver cada vez maior prosperidade, não há problemas sociais, políticos ou ambientais graves que não se encaminhem para a resolução, os povos do mundo inteiro partilham um genuíno amor pela democracia liberal e pela economia de mercado e o capitalismo e a globalização são intrinsecamente bons.


Estarão a falar do mesmo planeta? Como pode uma mesma realidade ter leituras tão diversas? Será que, como nas telenovelas, o capitalismo se divide por um gémeo bom e um gémeo mau e os integrados só conhecem o primeiro e os apocalípticos o segundo?

Os integrados

Uma característica inquietante dos comentadores e autores “integrados” é que alguns deles são “integrados” no sentido da palavra inglesa “embedded” – isto é, fazem parte das elites que têm gerido a economia e a política mundial. Poderemos esperar isenção de A Ordem Mundial (2014, publicado em Portugal pela D. Quixote), de Henry Kissinger, que foi, entre 1969 e 1977, Conselheiro de Segurança Nacional e Secretário de Estado de Nixon e Ford, e tem continuado, através da participação na Comissão Trilateral e vários think tanks e na qualidade de membro de conselhos de administração de empresas e fundações, professor universitário, conferencista e consultor, a ser figura influente na condução dos destinos do mundo?

Ordem Mundial

Que crédito pode dar-se a uma análise da presente ordem mundial e das vias prováveis da sua evolução que não dedica à globalização mais de quatro parágrafos (num livro de 476 páginas) e não faz referência ao peso desproporcional da finança virtual face à economia real, à desregulação dos mercados financeiros, ao crescimento das desigualdades na distribuição de rendimentos, à diminuição da remuneração do trabalho face à remuneração do capital, à desindustrialização do Ocidente em favor da Ásia, à crise das dívidas soberanas europeias, à ascensão do poderio económico e relevância internacional dos BRICs, à persistente estagnação da economia japonesa, à aquisição de nacos apetitosos (e emblemáticos) do tecido económico ocidental por empresas de países emergentes, fundos soberanos da região do Golfo e cleptocratas africanos enriquecidos pelo petróleo, ou à aquisição pela China de terrenos agrícolas e fontes de matérias-primas em África?

A demografia também não entra nas contas da ordem mundial de Kissinger, pelo que nada diz sobre estagnação e envelhecimento da população europeia, crescimento demográfico nos países em desenvolvimento, fluxos migratórios, integração de imigrantes, crescimento do peso e das reivindicações das comunidades islâmicas nos países europeus. Fechando os olhos a tudo isto, é natural que se seja optimista e se creia na bondade inata do capitalismo e no inelutável e benfazejo alastrar do modelo de vida ocidental a todo o planeta.

Matt Ridley, autor de O Optimista Racional (2010, publicado em Portugal pela Bertrand) entende que os mercados de capitais e valores são instáveis e propensos a “bolhas”, pelo que “necessitam de uma regulação eficaz”, e manifesta desagrado pela ganância que “leva os mercados de valores a passar das marcas”. O que é curioso é que este Matt Ridley é o mesmo que em 2007 era chairman do Northern Rock, banco que teve a duvidosa honra de ter sido o primeiro, em 150 anos de história da banca britânica, a ser alvo de uma corrida dos clientes aos depósitos, depois de se ter dado mal com um esquema manhoso de securitização de hipotecas. Os contribuintes britânicos pagaram 27 mil milhões de libras pelo violento despiste do Northern Rock – que foi nacionalizado e separado num “banco bom” e num “banco mau”, prefigurando um cenário que se tornaria demasiado familiar – e Ridley safou-se sem um arranhão, o que deve tê-lo convencido de que era invulnerável.

Otimista Racional

Só assim se explica que conclua o livro com um petulante “Atreva-se a ser optimista”, alicerçado na convicção de que a “destruição criativa” é o motor da economia, de que a liberdade “deve muito ao comércio”, de que “os mercados são bons a sustentar as necessidades das minorias”, de que teremos a ganhar com uma maior intensificação da agricultura, de que “as situações climáticas extremas [decorrentes do aquecimento global] são tão improváveis e dependem de pressupostos tão extravagantes que não provocam a mais pequena mossa no meu optimismo”, de que poderá assegurar-se o abastecimento ilimitado de energia a partir do aproveitamento do vento solar ou da rotação da Terra, ou ainda de “aparelhos que cubram o planeta de espelhos colocados no ponto de Lagrange, entre o Sol e a Terra” (tudo fantasias que os adeptos da ficção científica acarinham há décadas mas para as quais não existe sustentação do ponto de vista de exequibilidade e, menos ainda, da rentabilidade).

O entusiasmo de Ridley leva-o a ignorar a evolução dos coeficientes de Gini nas últimas duas ou três décadas, a proclamar que “as desigualdades estão a diminuir por todo o mundo” (ou, como afirma noutro ponto, “os ricos ficaram mais ricos, mas os pobres ficaram ainda melhor”) e a prever que “seguindo o ritmo provável de declínio [a percentagem de pessoas que vivem em absoluta pobreza] atingiria o zero por volta de 2035” – ainda que, enigmaticamente, acrescente: “embora seja provável que tal não aconteça”.

Será que, como nas telenovelas, o capitalismo se divide por um gémeo bom e um gémeo mau e os integrados só conhecem o primeiro e os apocalípticos o segundo?
Mas para que este Admirável Mundo Novo se concretize, é preciso, diz-nos Ridley, que o Estado se retire de cena e deixe de “sobrecarregar a economia com regras, restrições, subsídios, distorções e corrupção” (em 2006, tinha afirmado que “quanto mais limitarmos o crescimento do Estado, melhor será para todos”). O outro obstáculo, embora de proporções menores, é “a lengalenga queixosa dos intelectuais pessimistas”, dos ambientalistas, dos inimigos da “cultura do empreendedorismo” e dos profetas do apocalipse – “o catastrofismo vende bem, basta olhar para as livrarias”, aponta Ridley.

Depois de conviver com a exuberância destravada de O Optimista Racional, O Consolo da Economia: Como todos iremos beneficiar com a nova ordem mundial (2014, publicado em Portugal pela Temas & Debates), de Gerard Lyons, parece um modelo de sensatez. Mas não tarda que se perceba que também a sua visão do mundo está seriamente distorcida, o que não é supreendente para quem conheça o currículo do autor: economista-chefe em vários bancos de prestígio, membro do Fórum Económico Mundial, conselheiro económico do actual mayor de Londres, habituado ao convívio com a alta roda do poder mundial.

Consolo da Economia

Lyons até é capaz de inventariar muitos dos problemas e focos de tensão no mundo actual, mas quando chega à fase de apresentar soluções, limita-se a frases evasivas ou levianas e recomendações tão vagas que são inúteis.

Veja-se o caso do crescimento desmesurado dos mercados financeiros, da sua desregulação e dos riscos de crise que tal acarreta, com terríveis consequências para a economia real. Lyons cita Lord Turner, que classifica os mercados financeiros como “socialmente inúteis”, e um relatório da Mackinsey que mostra que “o financiamento aos agregados familiares e às empresas não financeiras [que deveria ser a finalidade fundamental do sector financeiro] correspondeu a pouco mais de um quarto do aumento” da actividade financeira mundial entre 1995 e 2007.

Mas quando chega a altura de enfrentar esta aberração, Lyons sugere, simplesmente, que o sector financeiro deveria “retirar as lições adequadas” da crise do sub-prime de 2008. Ora, não há sinais de que essas lições tenham sido retiradas ou, sequer, de que os fautores do caos e da miséria à escala global tenham reconhecido que procederam mal: Lloyd Blankfein, CEO da Goldman Sachs, declarou, logo em 2009, que ele e os seus congéneres estavam, afinal de contas, “a fazer o trabalho de Deus” e não foi preciso esperar muito para que alguns dos bancos salvos com o dinheiro dos contribuintes voltassem, após breve período de falsa contrição, às práticas temerárias de sempre e a arranjar novos ardis para contornar os mecanismos de regulação entretanto implementados.

Aliás, Portugal oferece instrutivos exemplos de como, mesmo depois do (suposto) reforço da regulação, as entidades supervisoras continuam a ser impotentes para travar as moscambilhas dos grupos financeiros, sem que se perceba se a inoperância decorre dos regulamentos ou das pessoas que os deveriam aplicar.

Uma crença – muito perigosa – que é comum à maioria dos “integrados” é a de que chegámos ao fim da história. Afirma Lyons que, “globalmente, as sublevações da Primavera Árabe de 2011 mostraram que os povos aspiram à democracia”, pelo que se presume que Lyons crê que atingimos o ponto terminal da evolução ideológica da humanidade e que, mais tarde ou mais cedo, é inevitável que todo o mundo adopte o modelo ocidental de democracia liberal e economia de mercado.

Alguns dos países envolvidos na Primavera Árabe conheceram, por comparação com o período em que eram ditaduras, um retrocesso no campo dos direitos humanos, e em particular no domínio do estatuto das mulheres e das liberdades civis.
O rescaldo das Primaveras Árabes tem vindo a mostrar algo bem diverso. É verdade que as elites urbanas, jovens e com estudos dos países árabes “aspiram à democracia”, mas elas não representam o sentir de toda a população. Os tiranos depostos pelas Primavera Árabe têm sido substituídos por forças políticas de inspiração islamista, desejosas de substituir as leis civis pela sharia, ou por caóticos e insolúveis conflitos entre facções tribais e religiosas, dando origem a estados falhados. Alguns desses países conheceram, por comparação com o período em que eram ditaduras, um retrocesso no campo dos direitos humanos, e em particular no domínio do estatuto das mulheres e das liberdades civis.

Juntamente com a derrota, nos países árabes, da democracia liberal pelo fundamentalismo islâmico, também o recrudescer dos nacionalismos na Europa, o alastramento das ambições imperiais da Rússia (criando em seu trono uma almofada de estados-clientes ou de estados falhados) e a robustez do regime autoritário de capitalismo de Estado na China contribuem para desmentir a visão de “fim da história” e são sérias ameaças ao cenário de estabilidade e prosperidade que Lyons tenta vender – não será por acaso que não menciona nenhuma destas realidades no seu livro.

Outra característica comum aos “integrados” é a leviandade com que abordam os problemas de ambiente e de esgotamento de recursos naturais. A tecnologia – ainda por inventar e testar ou demonstrar a viabilidade económica – é solução para tudo: se Ridley entra literalmente em órbita, Lyons vê “as cidades inteligentes [a] tornarem-se uma realidade” e dá como exemplo o Abu Dhabi – que, por ironia é, com os parceiros dos Emiratos Árabes Unidos, um dos mais insustentáveis estados do mundo, assente no consumo perdulário de combustíveis fósseis – e elogia-lhe as “cidades inteligente e amigas do ambiente”. Afirma confiar nas “tecnologias verdes” para resolver tudo, embora sem esclarecer como vai dar-se tal milagre.

Mas mesmo que não consiga contrariar-se o aquecimento global, Lyons exulta com a eventualidade de a fusão do gelo no Árctico “abrir novas rotas marítimas que poderiam ter um impacto transformador no comércio, em particular no caso de economias como a China, a Rússia e a Islândia”. Dir-se-ia que o nome do meio de Gerard Lyons é Pangloss, mas a verdade é que para ele, como para os outros economistas, consultores, gestores, decisores, administradores e políticos que conduzem os destinos do mundo, as alterações climáticas são assuntos remotos e abstractos.

Eles não são ursos polares nem caçadores inuit, passam a maior parte da sua vida em ambientes climatizados e o único gelo que os preocupa é o que dança nos seus copos de whiskey – há que assegurar que é feito com uma boa água mineral e não com ordinária água da torneira. E se, no próximo Inverno, não houver neve suficiente em Davos, poderão sempre ir esquiar para outro resort.

Os apocalípticos

Os “integrados” poderão viajar em classe executiva e jantar em restaurantes selectos e até jogar golfe com sheiks e CEOs, mas os “apocalípticos” levam-lhes clara vantagem no número. A quantidade de livros que pretendem denunciar os podres do capitalismo, a confraria secreta dos banqueiros centrais, os tentáculos do FMI ou do menos conhecido (mas não menos temível) Banco de Pagamentos Internacionais (BIS), o poder ilimitado das multinacionais, ou o jugo desumano imposto pelo BCE, é esmagador – e nem é preciso contabilizar a abundante produção no domínio das teorias conspirativas, onde se contam títulos suficientes para encher uma estante ou duas sobre os desígnios malévolos do Clube de Bilderberg e títulos tão impagáveis como Rule by Secrecy: The hidden history that connects the Trilateral Comission, the Freemasons & the Great Pyramids ou Our Occulted History: Do the global elite conceal ancient aliens?.

A maioria dos “apocalípticos” não acredita que sob a aparência humana de Mario Draghi, Christine Lagarde, Angela Merkel, Wolfgang Schäuble ou Jeroen Dijsselbloem se ocultem cefalópodes-vampiros de Antares, mas também não espera que algo de bom possa vir do capitalismo ou da globalização. Alguns parecem mesmo crer que o modelo ocidental de democracia liberal e economia de mercado – no qual estão integrados e que lhes assegura a subsistência, os confortos, as liberdades e as garantias – é o mal encarnado, que a história do Ocidente se resume a guerras, pilhagens e exploração colonial e que aquilo a que chamamos progresso foi uma longa série de equívocos. Se muitos defendem que a Grande Iniquidade começou com a Revolução Industrial, uma minoria até sugere que a Humanidade começou a asnear com a invenção da agricultura (ou, como diria Jean-Jacques Rousseau, com “o primeiro que vedou um terreno, e se lembrou de dizer ‘Isto é meu’”).

O problema de muitos inimigos do capitalismo e do progresso é que têm memória muito curta. Gavin Hweitt (n. 1951), autor de O Continente Perdido (publicado em Portugal pela Bizâncio), não proclama que a agricultura tenha sido um erro, mas qualifica o nosso tempo como “o mais negro momento da Europa desde a II Guerra Mundial”. Hewitt estará certamente esquecido de que no ano do seu nascimento Portugal e Espanha viviam sob regimes autoritários de direita, enquanto todo o Leste europeu vivia sob regimes autoritários de esquerda, e que as mulheres suíças ainda estavam a 20 anos de conquistar o direito de voto. O racionamento na Grã-Bretanha, que começara com o início da II Guerra Mundial, só terminara um ano antes do seu nascimento e a guerra civil na Grécia, que começara pouco depois do fim da II Guerra Mundial, concluíra-se dois anos antes.

Mas para se apreciar devidamente o panorama convém recuar bem mais. Hoje em dia, quando um país apresenta taxas de crescimento anuais do PIB de 1%, os comentadores e os políticos na oposição, da extrema-direita à extrema-esquerda, não hesitam em rotulá-las de “anémicas” e em ver nelas um sintoma inequívoco do total fracasso da governação. As recentes estimativas do World Economic Outlook do FMI apontando para um crescimento médio do PIB dos países desenvolvidos de 1,6% durante o período 2015-2010 levaram mesmo a que se falasse de “estagnação secular”, uma expressão de ressonâncias ominosas, evocadora de um regresso a tempos anteriores à existência de roaming, banda larga, impressoras 3D e até papel higiénio de folha dupla.

Porém, entre a Antiguidade e a Idade Média, estima-se que as taxas de crescimento tivessem rondado 0.05 a 0.1% ao ano. Durante milénios, o destino mais provável de cada novo ser humano vindo ao mundo seria viver exactamente como viveram os seus pais, sem acesso a mais bens, facilidades, confortos, saúde, educação ou informação do que as gerações precedentes – uma constatação que não será fácil de apreender por quem se habituou a trocar de iPhone de cada vez que surge um novo modelo.

Tome-se o caso das taxas de crescimento económico anual da Grã-Bretanha: estima-se que entre 1270 e 1700 a média foi de 0,2%. Entre 1700 e 1870, período que assiste, primeiro à ascensão da Grã-Bretanha a maior potência naval e comercial do mundo e, depois, à liderança da Revolução Industrial, ficou-se por uns modestos 0,48% (Broadberry et al., 2010), se bem que esta média oculte que a partir de 1820, com a Revolução Industrial a carburar em pleno, se registaram taxas de crescimento anual de 2%.

Entre 1900 e 2000, o PIB per capita dos EUA passou de 5000 para 35.000 dólares (valores corrigidos para a inflação), o que representa um incremento da riqueza média individual de 7.5 vezes. Mas é preciso considerar que, durante esse período, o horário de trabalho médio diminuiu e a oferta de bens e serviços se expandiu – e quando se entra em conta com esses factores de correcção, estima-se que os padrões de vida se elevaram 20 vezes entre 1900 e 2000. Esta última estimativa é, todavia, muito discutível, uma vez que compara coisas substancialmente diferentes: não seria possível adquirir um computador portátil em 1900, mesmo que se tivesse todo o dinheiro do mundo.

Entre a Antiguidade e a Idade Média, estima-se que as taxas de crescimento tivessem rondado 0.05 a 0.1% ao ano. Durante milénios, o destino mais provável de cada novo ser humano vindo ao mundo seria viver exactamente como viveram os seus pais.
Na parte sensata de O Optimista Racional, Matt Ridley lembra que “a prosperidade é isto: o aumento da quantidade de bens e serviços que se pode adquirir com a mesma quantidade de trabalho” e apresenta numerosos e reveladores exemplos de como as nossas vidas prosperaram em todos os domínios. O exemplo mais esmagador é o da luz artificial: “uma hora de trabalho, hoje, paga 300 dias de luz de leitura, uma hora de trabalho em 1800 pagava dez minutos de luz de leitura”. Ainda assim, esta comparação deixa de fora as tremendas vantagens da iluminação moderna: “o fácil que é ligá-la, a ausência de fumo, cheiro e tremeluzir, o menor [nulo?] risco de incêndio”.

Entre 1895 e 2000 as horas de trabalho necessárias para adquirir uma bicicleta reduziram-se de 260 para 7,2 e isto sem ter em conta que uma bicicleta de 1895 é, pelos padrões de hoje, um mono pesado, esconfortável, pouco eficaz e muito perigoso. No caso de uma cadeira de escritório passou-se de 24 para 2,0, no de um serviço de jantar de 100 peças de 44 para 3,6, no de uma escova de cabelo de 16 para 2,0. Só no caso de um piano Steinway (cujo fabrico continua a requerer muitas horas de trabalho manual altamente especializado) o decréscimo foi menos significativo: de 2400 para 1107,6 horas – e um Steinway de 2000 não é melhor do que um de 1895.

Mas o que esta elementar comparação de valores deixa de fora é que enquanto em 1895 as possibilidades de desfrutar de música no lar estavam limitadas ao piano (não contando com o grasnido roufenho e a limitada escolha de discos do fonógrafo) e este requereria, obrigatoriamente, a intervenção de alguém que o soubesse tocar e possuía um repertório limitado, hoje dispomos de muitas soluções que proporcionam acesso a milhões de horas de música de todos os géneros a custos comparativamente irrisórios – se o objectivo for só ouvir música, pense-se nas horas de Spotify que podem comprar-se pelo preço de um Steinway (embora, para este fim, a comparação legítima devesse ser feita entre um piano mecânico e o Spotify).

O Ocidente perdeu e continuará a perder parte da preponderância de que gozou nos dois últimos séculos, mas o mundo como um todo está melhor.
E esta prosperidade acrescida foi, em boa medida, fruto do capitalismo – sem capitalismo para fomentar a investigação e desenvolvimento de novas tecnologias, organizar a sua produção em massa e financiar todas as etapas do processo nada disto seria possível. Divisão do trabalho, racionalização de processos, padronização de procedimentos, gestão de stocks e logística sofisticada são alguns dos truques do capitalismo para proporcionar melhores produtos por menores preços. E foi a aliança do capitalismo e da globalização que permitiu que bens que em tempos foram vistos como “luxos” ou “produtos supérfluos”, como café, chá ou açúcar, tivessem passado a fazer parte das necessidades básicas da maior parte da população do mundo desenvolvido.

Não se trata de abolir diferenças ideológicas e fazer convergir mundivisões – mas para haver diálogo, é indispensável compartilhar pressupostos básicos. Os “apocalípticos” deveriam reconhecer que nem tudo na indústria se resume a “dark Satanic mills” e que muito daquilo que hoje damos por garantido nas vidas confortáveis do mundo desenvolvido só é possível graças ao Grande Capital e que este pressupõe a existência de bancos e bolsas de valores. Por outro lado, a prosperidade acrescida resulta também da abolição de barreiras alfandegárias e da intensificação do comércio internacional.

O Ocidente perdeu e continuará a perder parte da preponderância de que gozou nos dois últimos séculos, mas o mundo como um todo está melhor – é por isso que os habitantes de Guangzhou, Kuala Lumpur, Bangalore, Hanoi ou Seul não se mobilizam em manifestações contra a globalização. Outro passo decisivo para os “apocalípticos” seria admitir que quando os eleitores acreditam em políticos que lhes prometem que podem ter tudo sem nada sacrificar, comprometem o seu futuro e que os males que depois se abatem sobre eles não resultam apenas das maquinações sinistras das multinacionais e dos jogos herméticos dos especuladores – com a liberdade para escolher vem a responsabilidade.

Por outro lado, os “integrados” deveriam deixar de escudar-se atrás da falácia de que não há nada no mundo tão regulado como os mercados financeiros (o facto de existirem milhares de páginas de regulamentos não quer dizer que a regulação funcione, como temos visto) e admitir que boa parte do sector financeiro é não só completamente improdutivo como é uma fonte de instabilidade para a economia global. Também seria um bom princípio reconhecer que não é defensável a existência de off-shores e do uso de esquemas de “planeamento fiscal agressivo” pelos grandes grupos económicos e financeiros – “planeamento fiscal agressivo” é mero eufemismo para “evasão fiscal”.

E tal como a estratégia de privatização dos lucros e nacionalização das perdas da banca é inadmissível do ponto de vista dos contribuintes, também o é a atitude análoga de fazer recair sobre a sociedade – e, preferencialmente, sobre as gerações futuras – os custos de reparar os danos ambientais causados por actividades exclusivamente norteadas pela maximização do lucro imediato. Acima de tudo, há que reconhecer que está sobejamente provado que a “mão invisível” das forças de mercado é insuficiente para assegurar o funcionamento da economia e da sociedade e que o Estado, longe de dever eclipsar-se, tem uma palavra decisiva nesse domínio.

Fora dos conceitos dogmáticos e maniqueístas que moldam o discurso de “apocalípticos” e “integrados”, até é fácil perceber que o capitalismo é um bom servo mas um péssimo amo.

Deus Menor

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Re: Porque é que os Intelectuais Odeiam o Capitalismo?
« Responder #19 em: 2015-05-18 12:14:53 »

Grande artigo AutoMek ;)

Esta passagem é deliciosa:

"Você torna-se um ressentido.  Há algo de muito podre na sociedade capitalista quando as pessoas não valorizam como deve os seus esforços, os seus belos quadros, os seus profundos poemas, os seus refinados artigos e seus geniais romances."

Porém consigo distinguir dois tipos de intelectuais:

- os obtusos, com os quais me divirto :)
- os abertos, muito menos mas bastante estimulantes em termos de raciocínio mental.