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Autor Tópico: Japão - Tópico principal  (Lida 39594 vezes)

vbm

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Re:Japão
« Responder #60 em: 2014-06-22 13:52:21 »
O Japão deve estar a ser um dos casos mais interessantes de economia, nestes últimos vinte anos. Industrialmente fortes, estarão face a um mercado saturado dos seus produtos? Aparentemente, emitindo moeda à Lagardère, emprestando-a uns aos outros, endividados a si próprios, frustrados por terem dívida, qual é a lógica deste esquema? Eu li há já quatro ou cinco anos um autor japonês que sustentava estar o País preso numa "armadilha da dívida", pois a urgência de tornar o património e os balanços solventes, levava as empresas e os bancos a não gastarem, a pouparem o máximo, e pagarem a dívida. Fazer diferente, é o que propunha. Imagino, terão alterado a política, mas continuam mal... Precisava mesmo de uma 'narrativa' por um dos analistas aqui do fórum... 

Incognitus

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Re:Japão
« Responder #61 em: 2014-06-22 14:09:17 »
Também têm um problema demográfico que faz a economia estagnar.
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vbm

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Re:Japão
« Responder #62 em: 2014-06-22 16:30:39 »
Pois, está bem. Só que não vejo bem qual o problema de um crescimento-zero!

Zel

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Re:Japão
« Responder #63 em: 2014-06-22 22:21:49 »
Pois, está bem. Só que não vejo bem qual o problema de um crescimento-zero!

nao percebes? portugal tem crescido abaixo de 1% na ultima decada

valves1

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Re:Japão
« Responder #64 em: 2014-06-23 20:35:22 »
O japao esta num momento de viragem historica, a poupanca interna deixou de ser suficiente para financiar a enorme despesa publica, ate aqui a poupanca interna era abundante e reciclada pelos bancos para financiar a divida publica,
o banco do Japao tinha duas hipotesses : ou cortava na despesa e arriscava o pagamento de pensoes e outras despesas publicas  num horizonte nao muito longinquo, ou inflaccionava com o objectivo de estimular a economia e atrair poupanca externa : e o que esta a fazer;

 
"O poder só sobe a cabeça quando encontra o local vazio."

hermes

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Re:Japão
« Responder #65 em: 2014-06-24 09:38:52 »
Estás a dar muita presciência à classe política, parafraseando Kary Mullis:

Citar
When we were children, we thought our parents were taking care of things. Sometimes they were. As adults, we like to think that there are some very wise people, usually older than we are, taking care of the planet and us. As a result of this wishful thinking, a lot of people make a living under the pretense of doing just that.

Ainda tendo outras opções, jamais o governo japonês optará por fazer harakiri. O governo nunca vai deixar de cumprir as suas promessas ou fechar parte da loja, enquanto controlar quem controla a impressora. Quem vier atrás, que feche a porta e apague a luz.
"Everyone knows where we have been. Let's see where we are going." – Another

vbm

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Re:Japão
« Responder #66 em: 2014-06-24 11:39:27 »
Pois, está bem. Só que não vejo bem qual o problema de um crescimento-zero!

nao percebes? portugal tem crescido abaixo de 1% na ultima decada

Uma coisa não tem a ver com a outra.
Isto é, o Japão é desenvolvido
e Portugal, não.
« Última modificação: 2014-06-24 20:24:27 por vbm »

valves1

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Re:Japão
« Responder #67 em: 2014-06-24 20:10:20 »
Bem o Japao debate-se com uma questao de fundo, tem uma sociedade envelhecida a qual precisa de pagar pensoes, cuidados de saude etc etc;
No entanto como bem aqui foi dito a economia do Japao e uma economia de base industrial ( automovel; electronica; bens de consumo etc etc; ) pelo que a politica de expansao monetaria  vai estimular concerteza    alem do mercado de capitais a procura de bens japoneses e  evidentemente e isso vai  funcionar como um contrapeso uma atenuante a desvalorizacao do yen;
repara que eu ja varias vezes tenho referido que num mundo em que cada vez se produz maior numero de bens apartir de uma quantidade fixa de capital, nao alinhar a politica monetaria com esta realidade e provocar uma excessiva e sobretudo desnecessaria  valorizacao da moeda; pelo contrario se a impressao for feita com cuidado pode resultar;
Ja na optica do investidor optar por accoes japonesas  e tao importante quanto fazer uma cobertura de risco basta por exemplo vender yens contra Euros;
Se quiser optar por fundos escolher os fundos em que o Hedging da desvalorizacao cambial do yen esteja assegurada;
"O poder só sobe a cabeça quando encontra o local vazio."

vbm

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Re:Japão
« Responder #68 em: 2014-06-24 20:29:39 »
Preciso de ver, i.e.,
de reler e ver, com olhos
de ver, esta análise do valves.

Vou pôr a página
no workspace de abertura
para cá voltar! Parece-me
bem apropriada!

vbm

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Re:Japão
« Responder #69 em: 2014-06-25 23:55:11 »
[ ] num mundo em que cada vez se produz maior numero de bens apartir de uma quantidade fixa de capital, nao alinhar a politica monetaria com esta realidade e provocar uma excessiva e sobretudo desnecessaria  valorizacao da moeda; pelo contrario se a impressao for feita com cuidado pode resultar;[ ]

É uma observação interessante, mas para a compreender, sinto tanta dificuldade como em escolher uma jogada crítica de xadrez estratégico...

É verdade, o mundo está nessa situação: produz quantidades crescentes de bens com uma dotação fixa de capital. E daí? Porque há-de tal condição carecer de uma expansão da moeda?

O sistema produtivo, justamente produz mais bens com o capital fixo constante: basta-lhe receber quanto requeira para o reintegrar! Logo, por definição a maior quantidade de produto pode vender-se a preço unitário diminuído, sem diminuição de rendimento líquido. (Quando digo reintegrar, reporto-me ao preço corrente de reposição do capital que substituirá o anterior).

O envelhecimento demográfico, por outro lado, parece-me um histerismo jornalístico dos analistas económicos. Os 'velhos' morrem, não são eternos, e a  população constante ou diminuída favorece sim a capitação média do produto - tanto mais quanto a capitalização  da produção  é menos exigente em quantidade de pessoal.

O que me parece natural nas economias evoluídas é justamente um modo de vida com crescimento zero, preços baixos, i.e., forte poder de compra da moeda. Os países atrasados, esses é que precisam de estímulos monetários para embarcarem na ilusão de que estão a crescer (mais) (do que de facto estejam).

Mas não sei. Bom jogador de xadrez, não sou.
E economista hábil e actualizado, creio que também não.

Mas gostava de perceber o Japão!

valves1

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Re:Japão
« Responder #70 em: 2014-06-30 20:29:29 »
Citar
  Logo, por definição a maior quantidade de produto pode vender-se a preço unitário diminuído, sem diminuição de rendimento líquido. 


sim mas para o Japao o rendimento liquido parece nao chegar  para as despesa publica que cresce em bola de neve;
 sobretudo parece que no agregado as pessoas nao estao a poupar o suficiente para a acautelar despesas como as da saude ou reforma; ( e nota pelo que tenho lido o basic pension no  japao e muito modesto nao chega a 8000 euros anuais per capita. e a economia japonesa e  muito industrializada )  o que so indicia a gravidade do problema;

 
Citar
O que me parece natural nas economias evoluídas é justamente um modo de vida com crescimento zero, preços baixos, i.e., forte poder de compra da moeda. Os países atrasados, esses é que precisam de estímulos monetários para embarcarem na ilusão de que estão a crescer (mais) (do que de facto estejam).

Nota que e o proprio  poder de compra que  parece estar em perigo (mantendo-se o status quo tal como esta uma vez que  o Japao deixou de criar riqueza   suficiente para fazer face a despesas publicas ); ( despesas publicas sao como facilmente reconheces  rendimento de uma parte da População )

ja agora voltando  ao tema central do topico (  Nikkey 225 ), nao existindo grandes novidades aproveito para
relembrar para quem esta investido com fundos que a diferenca entre o fundo com Hedging e um fundo sem Hedging pode fazer a diferenca entre uma rentabilidade anual  de dois digitos  ou pelo menos consistentemente acima de depositos a prazo nos proximos anos  e uma rentabilidade negativa;
fica a foto da semana :

 
« Última modificação: 2014-06-30 20:37:49 por valves1 »
"O poder só sobe a cabeça quando encontra o local vazio."

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Re:Japão
« Responder #71 em: 2014-06-30 20:51:06 »
Obrigado, valves.

Eu tenho mesmo curiosidade
de olhar e perceber a economia
do Japão. Tenho alguns artigos
selecionados para me debruçar
sobre eles. A despesa pública
exceder os recursos possíveis,
causada pelo envelhecimento 
populacional é parte
da inequação
de Malthus

população a mais para recursos a menos...


Mas eu gosto do Japão;
se bem que nunca lá fui...
mas queria o país saudável,
e que aprendêssemos com eles!


itg00022289

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Re:Japão
« Responder #72 em: 2014-07-01 11:13:00 »
Citar
Japan Prices Rise Most Since ’82 on Tax, Utility Fees: Economy

By Toru Fujioka and Chikako Mogi - Jun 27, 2014

Japan’s consumer prices climbed at the fastest pace in 32 years, boosted by higher utility charges and a sales-tax increase that contributed to the biggest slide in household spending since the March 2011 earthquake.

Consumer prices excluding fresh food rose 3.4 percent in May from a year earlier, the statistics bureau said today in Tokyo, matching the median projection in a Bloomberg News survey of 30 economists. Household expenditure dropped 8 percent on year, more than any forecast, separate data showed.

Price gains will probably slow in coming months before accelerating again toward the Bank of Japan’s 2 percent target - - a goal that strips out the impact of April’s tax rise, Governor Haruhiko Kuroda said this week. Prime Minister Shinzo Abe’s task is to convince companies to dig into record cash stockpiles and raise wages to keep up with inflation.

“The bigger than forecast drop in spending indicates that households are starting to struggle with faster inflation coupled with the sales-tax hike,” said Taro Saito, director of economic research at NLI Research Institute in Tokyo. “It’s hard to imagine households are happy with Abenomics.”

Overall inflation was 3.7 percent, while the gauge excluding perishables and energy was 2.2 percent. Electricity charges rose 11.4 percent on year and gasoline gained 9.6 percent, while fresh seafood prices jumped 14.3 percent.

The yen’s 18 percent decline against the dollar in 2013 raised prices of imported energy and other goods. The currency strengthened 0.3 percent to 101.44 as of 1:51 p.m. in Tokyo.

BOJ Stimulus
The BOJ has estimated the sales-tax increase would add 2 percentage points to the core inflation rate in May. Kuroda said this week the pace will slow to around 1 percent through summer before likely re-accelerating to reach the 2 percent target “in or around” the fiscal year starting in April.

The BOJ won’t add stimulus until next year as the bank has made it clear it expects a slowdown in prices, said Takuji Aida, chief economist at Societe Generale SA in Tokyo.

In an interview this week, Prime Minister Shinzo Abe declared the end of the deflation that wiped out much of Japan’s growth over the past 15 years. “Through bold monetary policy, flexible fiscal policy and the growth strategy we have reached a stage where there is no deflation,” Abe said.

Utility Charges
Wages excluding overtime payments and bonuses fell for a 23rd month in April. Regular gasoline prices were the highest since September 2008 as of June 23, according to the trade ministry.

All 14 major gas and electricity companies raised prices from May to the highest level since the current pricing system began in May 2009, according to the Asahi Newspaper. Tokyo Electric Power Co. announced a price increase of 5.3 percent in May for households, reflecting the higher tax, rising energy costs and other factors.

Fast Retailing Co. (9983), the operator of Uniqlo clothing chain, said this month it will raise price of goods by about 5 percent.

“Uncertainties remain for consumer spending as it’s hard to imagine households will stay willing to spend when their real income is clearly dropping,” said Nobuyasu Atago, principal economist at the Japan Center for Economic Research who was previously a BOJ official in charge of price data.

Separate data today showed the nation’s labor market is tightening. The jobless rate fell to 3.5 percent, while the number of job openings per applicant rose to 1.09, the highest ratio since 1992.

To contact the reporters on this story: Toru Fujioka in Tokyo at tfujioka1@bloomberg.net; Chikako Mogi in Tokyo at cmogi@bloomberg.net

To contact the editors responsible for this story: Paul Panckhurst at ppanckhurst@bloomberg.net James Mayger, Andy Sharp

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Re:Japão
« Responder #73 em: 2014-07-01 20:45:02 »
Sim mas o nivel de inflaccao  nao e o suficiente para retirar potencial de valorizacao ao investimento em accoes japonesas;
 provavelmente quando a inflaccao exceder os 5 % podera ter que se equacionar se faz sentido continuar a apostar em accoes japonesas ( com hedging cambial )
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Incognitus

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Re:Japão
« Responder #75 em: 2014-10-31 11:41:18 »
Não só o Japão aumentou brutalmente o programa de compra de activos, para 14.7% do PIB por ano (!!!!), como triplicou a compra de ETFs accionistas e REITs.

É simplesmente uma coisa estranha, o que ali se está a passar.
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Re:Japão
« Responder #76 em: 2014-10-31 11:45:16 »
Vai comprando tu também....
"Como seria viver a vida que realmente quero?"

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Re:Japão
« Responder #77 em: 2014-10-31 12:15:43 »
Outra cena surreal é que isto é feito supostamente porque o CPI não está a manter os 2% e o petróleo está a cair puxando-o ainda mais para baixo.

Tudo bem, mas o CPI na realidade anda pelos 3%. A ideia de que não está a manter os 2% vem de um CPI "especial" em que ignoram o efeito de subidas de impostos. Mas se ignoram esse efeito temporário, porque é que não ignoram o efeito temporário da descida do petróleo?

Enfim, é a vontade de imprimir dinheiro, provavelmente devido à dívida pública maciça que o Japão tem (e que a esta velocidade de impressão até diminui de ano para ano - eles irão agora imprimir 14.7% do PIB por ano).
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Re:Japão
« Responder #78 em: 2014-10-31 13:42:22 »
Japan's top 10 exports
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Japan’s Top 10 ExportsThe following export product groups represent the highest dollar value in Japanese global shipments during 2013. Also shown is the percentage share each export category represents in terms of Japan’s overall exports.
  • Vehicles excluding trains and streetcars: $148,516,005,000 (20.8% of total exports)
  • Machinery: $135,170,603,000 (18.9%)
  • Electronic equipment: $108,196,915,000 (15.1%)
  • Optical, technical and medical apparatus: $40,098,608,000 (5.6%)
  • Iron and steel: $35,354,109,000 (4.9%)
  • Organic chemicals: $26,338,964,000 (3.7%)
  • Plastics: $25,687,461,000 (3.6%)
  • Mineral fuels including oil: $16,620,425,000 (2.3%)
  • Ships, boats and other floating structures: $15,559,127,000 (2.2%)
  • Articles of iron or steel: $13,464,169,000 (1.9%)
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Re:Japão
« Responder #79 em: 2014-10-31 15:23:00 »
Não será mais seguro apostar contra o iene?