Bem, é aquilo de que tenho falado, um Estado que incorpora as suas funções essenciais de garantir saúde, educação, segurança, segurança social, justiça e algum planeamento territorial. Dentro do possível garantiria essas funções sem as prestar (ou seja, cada cidadão teria direito a saúde gratuita, uma educação gratuita, etc, mas o provimento tanto poderia ser feito por entidades públicas quanto privadas, e a escolha destas seria livre - sendo as entidades financiadas exactamente da mesma forma, no caso da educação por aluno captado, no caso da saúde por acto médico prestado. As entidades prestadoras, fossem públicas ou privadas, seriam autónomas - a sua gestão não seria centralizada).
Fora das funções essenciais, o Estado providenciaria um enquadramento legal para os diversos interesses se organizarem, nos campos do desporto, cultura, etc.
Não é nenhuma "departure" muito radical do que existe hoje. A concepção de cada sistema de forma a expô-lo a concorrência e a minimizar corrupção seria igualmente importante, embora este desenho global já seja um bom passo nesse sentido (ao retirar do Estado os interesses particulares numa série de áreas, e ao descentralizar e autonomizar a prestação de uma série de garantias).
De notar que a autonomização também implicaria as entidades autónomas contratarem, promoverem, remunerarem, etc, os seus funcionários de acordo com as suas próprias regras (ou seja, deixariam de existir tabelas salariais, regras de avaliação, etc, a nível de todo o Estado, na maioria dos casos).
Outras alterações importantes passariam por minimizar o IRC ao longo do tempo, por criar um sistema de justiça comercial muito mais eficiente - eventualmente incluindo tribunais privados, visto que os contratos poderiam especificar em que tribunal seriam derimidos os conflitos e um tribunal privado teria que manter uma reputação de baixo custo e grande eficiência para atrair clientela (sendo que poderiam ser financiados não só pelos conflitos resolvidos mas também pela mera possibilidade, registando-se contratos e aplicando-se uma taxa). A prazo a ideia seria não só ter um sistema de justiça brutalmente mais eficiente, mas também e até usá-lo como um gerador de fundos a nível internacional. Se o sistema fosse suficientemente competente seria possível que até negócios estrangeiros quisessem ser julgados em Portugal. Ainda na justiça seria de criar uma espécie de juízo "JIT" para casos menores, em que o juíz se deslocaria ao conflito e o resolveria na hora, de forma a que o que sobraria para os tribunais tradicionais seriam apenas casos não-comerciais nem simples e rápidos de resolver.
Etc, etc.