Não acho isso, porque há pessoas que estão muito bem de saúde, mas querem morrer, porque simplesmente sentem-se velhas, ou o marido ou esposa já morreram e querem morrer também, ou porque têm uma depressão, mesmo sendo novas... etc
Na minha opinião, a eutanásia a ser aplicada, só de deveria ser aplicada em casos de pessoas acamadas para toda a vida ou com grande grau de deficiência física.
Mas o foco não deverá estar ai, mas sim em melhorar-se a saúde das pessoas.
Mas eu não digo que o foco não deva ser a melhoria da saúde, neste caso psicológica, das pessoas. Mas passado um determinado tempo (que deverá variar consoante a patologia), ninguém deve poder negar a morte a quem quer que seja. Caso contrário estamos a colocar-nos num plano moral superior ao achar que temos mais direito de decidir sobre a vida duma pessoa do que ela própria. Isso não é eticamente aceitável IMO.
A titulo de exagero, se um gajo achou que viveu uma boa vida, porque diabo é que não há-de poder marcar a data da sua morte, gastando, por exemplo, todo o dinheiro que tem até lá, fazendo uma festa de despedida com amigos, etc. A partir do momento em que existe um consentimento consciente e que esteja sempre salvaguardados o arrependimento last minute, não vejo porque é que se há-de impedir isso.
Saiu uma noticia há poucos dias que diz que em média duas crianças em Portugal são abusadas sexualmente por dia.
A maioria dessas crianças não vai esquecer isso nunca e existe uma grande probabilidade de viverem infelizes durante décadas da vida delas, ou a totalidade da vida delas.
Caso existisse eutanásia para maiores de 18, muitas morreriam de livre vontade, por “n” factores (não conseguirem esquecer, não conseguirem dormir, sentirem infelizes etc)… que não foram da responsabilidade delas. Muitas não têm apoios psicológicos para recuperar por motivos financeiros ou porque os psicólogos gratuitos não querem saber delas.
Este é um exemplo que serve para mostrar que em vez de legalizar a eutanásia, deve-se é melhorar a saúde das pessoas. Há muitas coisas que faltam fazer em relação a isso.
A questão do arrependimento “last minute” também não é simples. Infelizmente, eu já tive uma pessoa da minha família que deu um tiro nela própria, e que depois disse: ”O que é que fui fazer?”, e acabou por morrer no hospital.
Acredito que se a eutanásia fosse legalizada a maioria das pessoas se iria arrepender quando já não havia nada a fazer.