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Autor Tópico: Venezuela - Tópico principal  (Lida 152349 vezes)

pedferre

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #460 em: 2016-02-25 15:45:47 »
Um texto interessante do mises brasil sobre a impressão maciça de moeda que a Venezuela pediu.

Quando a moeda perde seu valor, toda a economia degringola. 
Sendo a moeda a metade de toda e qualquer transação econômica, se ela deixa de funcionar, você retorna a um estado de escambo.  Ninguém aceita abrir mão de bens — principalmente alimentos e outros produtos essenciais — em troca de uma moeda sem poder de compra nenhum.  Escassez e desabastecimentos se tornam rotineiros.
Uma moeda fraca destrói o aspecto econômico mais básico da economia de mercado, que é o sistema de preços.  Consequentemente, sem uma formação de preços minimamente racional, todo o cálculo econômico permitido pelo sistema de preços — o cálculo de lucros e prejuízos, que é o que irá estimular investimentos — se torna praticamente impossível.
Esta é exatamente a atual situação da Venezuela.
Uma moeda em contínuo enfraquecimento, que nenhum venezuelano quer portar e que nenhum estrangeiro está disposto a aceitar em troca de dólares (o que inviabiliza importações), levou a uma escassez generalizada de bens essenciais na economia — inclusive comida e remédios, que estão sendo substituídos por remédios para cachorros —, impondo um trágico suplício aos cidadãos daquele país.
Como já explicado detalhadamente nos artigos deste site, o valor do bolívar está desabando feito uma pedra.  O gráfico a seguir, elaborado pelo site Dolar Today, que mantém um histórico do valor do dólar no mercado paralelo da Venezuela, mostra a evolução da taxa de câmbio do bolívar em relação ao dólar americano. 

Como mostra o gráfico, em meados de 2014, um dólar custava 200 bolívares no mercado paralelo.  Atualmente, o bolívar já desabou acentuadamente, com um dólar valendo mais de 1.000 bolívares.  Isso implica uma desvalorização da moeda nacional de 80% em apenas um ano.

O país está hiperinflação.  Organismos internacionais, em uma projeção conservadora, estimam uma inflação de preços de 720% para este ano.

Uma das causas desta hiperinflação está na acelerada criação de dinheiro.

O gráfico abaixo mostra a evolução da quantidade de cédulas de papel e de depósitos em conta-corrente na economia venezuelana (agregado M1) de acordo com as estatísticas do próprio Banco Central venezuelano.  Em apenas dois anos, essa variável praticamente quadruplicou.

No entanto, segundo reportagem do The Wall Street Journal, as impressoras do Banco Central da Venezuela, localizadas na cidade industrial de Maracaíbo, não têm mais papel suficiente para continuar a impressão de cédulas.  Não no volume exigido pelo governo — que, após a queda do preço do petróleo, passou a se financiar quase que exclusivamente via impressão de dinheiro.

Sendo assim, como manter o ritmo dessa tresloucada criação de cédulas de papel? 

O próprio The Wall Street Journal respondeu: utilizando 36 Boeings 747, os famosos Jumbos.


Toneladas de provisões, amontoadas dentro de 36 Boeings 747 cargueiros, chegaram aqui em Caracas oriundos de vários países ao redor do mundo para trazer mantimentos para a estropiada economia venezuelana.

Porém, em vez de comida e de remédios, os aviões trouxeram um outro recurso que frequentemente se torna escasso aqui: cédulas da moeda venezuelana, o bolívar.

De acordo com sete pessoas que participaram do acordo, os suprimentos fazem parte de uma remessa de pelo menos cinco bilhões de cédulas que o governo do presidente Nicolás Maduro encomendou durante o segundo semestre de 2015 como forma de aumentar a oferta da cada vez mais desvalorizada moeda venezuelana.

E não acaba por aí.  Mais aviões estão chegando. 
Ainda segundo a reportagem, o Banco Central venezuelano começou negociações secretas para encomendar outros 10 bilhões de cédulas, o que, na prática, irá dobrar toda a quantidade de cédulas em circulação.  Para efeito de comparação, vale dizer que o Fed (o Banco Central americano) e o Banco Central Europeu, que atuam em regiões de dimensão continental, imprimem anualmente 8 bilhões de cédulas cada um — sendo que os dólares e euros, ao contrário do bolívar, são utilizados mundialmente, especialmente em outros países.

Obviamente, o governo venezuelano tem de pagar por esse serviço:

Toda essa farra de encomenda de cédulas está custando ao governo venezuelano centenas de milhões de dólares, disseram as sete pessoas envolvidas no acordo entre o governo venezuelano e os produtores das cédulas de dinheiro.

[...]

A maioria dos governos ao redor do mundo terceirizou a atividade de impressão de cédulas para empresas privadas, as quais podem fornecer sofisticadas tecnologias anti-falsificação, como marcas d'água e faixas de segurança.

[...]

A enorme encomenda de 10 bilhões de cédulas do governo venezuelano não pôde ser atendida por apenas uma empresa, disseram as sete pessoas familiarizadas com o acordo.  Consequentemente, a medida do governo venezuelano despertou um enorme interesse entre as maiores empresas mundiais do ramo de impressão de dinheiro, cada qual ansiosa por uma fatia desse bolo, principalmente em uma época em que as baixas margens de lucro no ramo da impressão de cédulas de dinheiro obrigaram várias dessas empresas a cortarem seus custos.

Mas como o governo venezuelano está pagando por este serviço?  Exaurindo suas reservas internacionais em dólar e, principalmente, queimando todo o seu estoque de ouro. 

De acordo com informações da Reuters e da Bloomberg, todo o ouro provavelmente estará exaurido até o final deste ano, dado que o país tem dívidas de US$ 12 bilhões que vencerão este ano e terá de recorrer ao metal para quitar estas dívidas.  Após isso, a menos que ocorra um surpreendente aumento nos preços do petróleo — que sempre foi o grande garantidor de divisas para o país —, o país estará à deriva. 
Atualmente, já há enormes dificuldades para importar bens essenciais, como medicamentos contra o câncer, papel higiênico, e repelentes contra insetos para exterminar o vírus da Zika.

Mas tudo se torna ainda mais ridículo: o governo determinou que a cédula de maior denominação é a de 100 bolívares.  Não pode haver nenhuma cédula maior que a de 100 bolívares.  Segundo a reportagem, o governo venezuelano se recusa a imprimir cédulas de maior denominação — o que, por si só, geraria uma grande redução nos custos de impressão, poupando ao governo milhões de dólares — porque "fazer isso implicaria o reconhecimento de que o país está em hiperinflação, algo que o governo publicamente nega."

As mais recentes encomendas do Banco Central venezuelano contemplam exclusivamente cédulas de 100 e de 50 bolívares, pois as de 20, 10, 5 e 2 valem menos do que seu custo de produção.

Enquanto isso, a vida na Venezuela segue perturbadoramente semelhante àquela vivenciada pelos alemães durante a hiperinflação da República de Weimar em 1923, com os carrinhos de mão lotados de dinheiro e tudo:

Embora o uso de cartões de crédito e de transferências bancárias esteja em alta, venezuelanos têm de carregar pilhas enormes de cédulas de dinheiro, uma vez que os vendedores fazem de tudo para evitar as taxas governamentais que incidem sobre as transações eletrônicas.  Jantar em um restaurante bom pode custar um tijolo de cédulas de dinheiro.  Um pastel de queijo — localmente conhecido como arepa — custa aproximadamente 1.000 bolívares.  Como a cédula de maior denominação é a da 100 bolívares, um simples pastel de queijo exige que o comprador tenha ao menos dez cédulas de 100 bolívares — cada qual vale menos que US$ 0,10.

Por causa do rígido controle de preços implantado pelo governo, só é possível encontrar bens no mercado negro.  Desde pneus de carro até fraldas de bebê — os venezuelanos têm de recorrer ao mercado negro se quiser adquiri-los.  E o mercado negro, obviamente, só trabalha com dinheiro vivo, o que exige que os venezuelanos portem pilhas e pilhas de cédulas de dinheiro.

E as coincidências se tornam ainda mais desesperadoras.  De acordo com as pessoas que participaram do acordo entre o Banco Central da Venezuela e as empresas privadas que estão fornecendo as cédulas:

As empresas escolhidas são a britânica De La Rue, a canadense Bank Note Co., a francesa Oberthur Fiduciaire e sua subsidiária em Munique chamada Giesecke & Devrient, que é a mesma que imprimiu as cédulas alemãs durante a hiperinflação da República de Weimar, em 1923, quando os cidadãos tinham de utilizar carrinhos de mão lotados de dinheiro para comprar pão. 

Mais recentemente, essa mesma empresa forneceu as cédulas de dinheiro para o Zimbábue quando o país entrou em hiperinflação em 2008.  À época, os preços dobravam diariamente.

Conclusão

Recentemente, uma foto de um venezuelano utilizando uma cédula de 2 bolívares como guardanapo para segurar uma empanada tornou-se viral na internet.  A imagem é uma perfeita ilustração da teoria econômica: se a moeda é fraca, ela perde toda a sua função de meio de troca, e passa a ser utilizada em aplicações mais cotidianas.




Uma cédula de 2 bolívares vale muito menos que US$ 0,01 (na prática, vale um terço de um cent, ou US$ 0,002).  Já um pacote de guardanapos custa mais de 600 bolívares. 

Essa foto é pavorosamente parecida com as fotos oriundas do episódio da hiperinflação alemã na época da República de Weimar, em que o índice da inflação de preços mensal saltou de 100% em julho de 1922 para 29.500% em novembro de 1923. A cédula de 100 trilhões de marcos foi criada e as impressoras do Reichsbank passaram a imprimir dinheiro ao ritmo recorde de 74 trilhões de cédulas de marcos por semana.

Como consequência dessa inflação de dinheiro, os alemães passaram a utilizar as cédulas como lenha para fogueiras e para fogões.

Por ora, podemos apenas especular a extensão do estrago que esse episódio trará à poupança dos venezuelanos.  À medida que as notícias sobre a economia do país vão sendo reveladas é inevitável não ter aquela sensação de horror.

Não deixa de ser fascinante constatar que, mesmo com a história nos fornecendo inúmeros exemplos, os governos parecem nunca aprender.  Eles continuam acreditando que podem, de alguma maneira, sobrepujar as leis econômicas por decreto.  E isso se aplica não apenas ao governo da Venezuela, mas também a todos os governos do mundo.  O planejamento central da moeda é uma prática adotada por todos os governos de todos os países.  A Venezuela é apenas o exemplo mais extremo.

Em algum momento, todos os estados deixarão de ser capazes de honrar suas promessas feitas aos seus cidadãos.  E quanto isso ocorrer, ou seja, quando os governos não mais forem capazes de manter suas promessas por meio da tributação e do confisco de riqueza, eles recorrerão à impressora de dinheiro.

Essencialmente, todos os governos do mundo controlam suas moedas da mesma maneira que o governo Maduro.  Varia apenas a intensidade com que cada governo destrói o poder de compra de suas respectivas moedas.  Ao redor de todo o mundo, o que temos no âmbito monetário é socialismo puro, de modo que todas as moedas nacionais estão sujeitas unicamente ao poder político. 

É inevitável imaginar (e temer) quantos outros desastres econômicos terão de ocorrer até que se torne claro que o socialismo — de todos os tipos, tamanhos e graus de intensidade — é impraticável, intolerável e indesculpável.


amsf

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #461 em: 2016-02-25 18:58:06 »
Pedferre

Comparar a impressão da moeda venezuelana com a impressão de moeda americana e europeia não é justo pois a primeira por ser "primitiva" recorre à moeda em papel enquanto que o papel é uma pequena percentagem da moeda criada nos EUA e Europa. Nestes a moeda cria-se através da concessão de crédito mais do que através dos bancos centrais.
Com isto não quero dizer que a Venezuela vá pelo caminho certo...

Incognitus

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #462 em: 2016-02-25 19:01:56 »
A grande diferença é que a moeda na Venezuela é impressa para gastar, ao passo que nos EUA e EU é impressar para suster os valores mobiliários detidos pelas classes mais endinheiradas, que não têm grande forma de aumentar a sua propensão a gastar (mais do que já gastam).
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Kin2010

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #463 em: 2016-02-26 01:52:06 »
"As empresas escolhidas são a britânica De La Rue, a canadense Bank Note Co., a francesa Oberthur Fiduciaire e sua subsidiária em Munique chamada Giesecke & Devrient".

Não há ADRs destas empresas? ;)

Automek

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #464 em: 2016-02-26 09:37:10 »
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Venezuela is shipping gold to Europe so that it can pay its debt.

Venezuela sent $1.3 billion worth of gold bars to Switzerland in mid-January, according to data from the Swiss Federal Customs Administration.

That gold was shipped out just weeks before two big debt payments due this month, totaling $2.3 billion. On Friday alone, Venezuela has to pay bondholders $1.5 billion.

Venezuela is running out of cash and many experts believe there's a high chance it will default by this fall when a string of big debt payments are due.

"It's a question of when Venezuela will default, not if," says Russ Dallen, managing partner at LatInvest, a firm that invests in Latin America. "They're running out of options."

That's why the country is using its dwindling gold reserves to make debt payments. But experts say it has to ship the gold all the way to Switzerland for two likely reasons:

1. Switzerland is one of the largest hubs for gold in transit and has the most trusted stamp of purity. So once Switzerland verifies the quality of the gold, Venezuela can then sell it for cash.

2. Venezuela can also put up its gold as collateral in exchange for a cash loan from banks in what is known as a "gold swap."

Some believe the second option is the more likely reason behind the shipment.

Reuters reported earlier in February that Deutsche Bank and Venezuela were negotiating a gold swap. Deutsche Bank declined to comment and Venezuela's central bank did not respond to a request for comment.

This shipment is pretty unusual. Gold is traded a lot, but countries usually keep their gold for safekeeping in places like the Federal Reserve Bank's vault in New York. When they trade gold, it usually goes from one vault to another.

But Venezuela's late president, Hugo Chavez, brought the country's gold bars back to his country in 2011 and 2012, in a show of patriotism.

In the face of major debt payments and economic crisis, now Venezuela is sending its gold back to Europe.

This week, Venezuela revealed that it's total reserves in November had fallen to $14.5 billion, the lowest level since 2003. Of that total sum, $10.9 billion is in gold. It has other reserves at the International Monetary Fund and in other precious items, like diamonds and silver.

Experts believe Venezuela has less than $1 billion in cash reserves.

"There are not enough dollars to pay their external debts," says Mauro Roca, an economist at Goldman Sachs. "The economic environment is one of the worst in the world. It's clearly unsustainable."

Any way you look at it, Venezuela is in a severe economic recession. Inflation is skyrocketing -- the IMF estimates it will rise 720% this year. Its economy tanked last year, shrinking 10%. The value of its currency, the bolivar, has plummeted.

Default could soon be knocking on Venezuela's doorstep. In November and October, Venezuela must pay almost $5 billion in debt. Barring lots of help from China -- one of Venezuela's popular sources of finance -- experts believe Venezuela probably will default.
http://money.cnn.com/2016/02/25/news/economy/venezuela-gold-debt/

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tommy

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #466 em: 2016-04-15 08:50:57 »
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Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou hoje que o setor público e privado do país paralisarão na segunda-feira, 18 de abril, em mais uma medida para poupar energia elétrica.

"Estou decretando a segunda-feira 18 de abril como dia não trabalhável e também não haverá aulas", disse Maduro durante uma reunião no palácio presidencial de Miraflores em Caracas.

Por outro, lado explicou que a paralisação faz parte de uma série de medidas orientadas a evitar "que a Venezuela entre num duro racionamento" de energia elétrica, num país afetado pelo fenómeno meteorológico "El Niño".

O "El Niño" converteu-se "num fenómeno extremo" e "se normalmente trazia seca e calor, desta vez trouxe o dobro da seca", frisou.

A 6 de abril, o Presidente da Venezuela anunciou que a administração pública reduziria o horário de atendimento ao público, passando a funcionar apenas até às 13:00, e decretou as sextas-feiras como dia não trabalhável, até o próximo mês de junho.


Com o anúncio de hoje os funcionários da administração pública venezuelana retomarão as atividades na próxima quarta-feira, 20 de abril, uma vez que na terça-feira é feriado.

Em março, o Presidente da Venezuela suspendeu as atividades do país entre 19 e 27 de março, coincidindo com a época da Páscoa. A medida teve como propósito poupar energia e água.

Breve deixa de ser preciso trabalhar na venezuela.  :D

Pangloss

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tommy

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #468 em: 2016-04-18 09:44:04 »
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Em alguns países, as pessoas não têm acesso a contas bancárias com as quais podem comprar qualquer produto do estrangeiro

 Porque é que as offshore existem? Uma das principais razões é permitir esconder a riqueza dos tribunais, sobretudo nos processos de divórcio ou insolvência. A outra principal razão é a evasão fiscal. Estas duas razões são justificação para acabar com as offshore, pois a sociedade fica a perder em ambos os casos. Porque os “Panama papers” estão aqui para ficar, espero voltar a elas nas próximas semanas. Mas hoje debruço-me sobre um terceira razão, talvez a única benigna. Em alguns países do mundo, as pessoas simplesmente não têm acesso a contas bancárias com as quais podem comprar qualquer produto do estrangeiro. Uma conta no Panamá permite-lhes comprar bilhetes de avião ou mesmo só encomendar livros da amazon. Para que não se pense que isto só se refere a países remotos, temos um exemplo bem perto dos nossos olhos.

 Milhares de portugueses têm familiares na Venezuela. Esta semana, foi inaugurada na Amadora a “Praça Hugo Chavez” em homenagem ao “presidente eterno” que tomou o poder nesse país em 1999. Usando a habitual retórica de inspiração comunista que há um século seduz pessoas pelo mundo fora, e com o apoio dos também habituais intelectuais utópicos do Ocidente, Chavez fez o habitual nestas revoluções que prometem substituir o capitalismo pelo marxismo. Também como habitual, o país está hoje num estado miserável. Um venezuelano não pode ter dinheiro guardado num banco sem correr enorme risco de ser expropriado pelo Estado. Para além da homenagem na Amadora, a Venezuela também esteve nas notícias do Dinheiro Vivo esta semana porque a TAP sofreu um rombo nas contas de 90 milhões de euros por as receitas das suas vendas na Venezuela estarem retidas pelo Estado.

O estado venezuelano bloqueia qualquer pagamento ao estrangeiro, através dos controles de capital que tantos elogiam para combater o neoliberalimo, e da recusa de pagar os imperialistas e gananciosos capitalistas, que neste caso são os contribuintes portugueses donos de metade da TAP. É difícil hoje para um venezuelano comprar um bilhete de avião quando o seu país deve 3,4 mil milhões de euros às companhias de aviação estrangeiras. Esta semana, almocei com uma pessoa que tem família na Venezuela. Não sendo uma pessoa rica, nem perto de o ser, ela estava apreensiva com o escândalo da Mossak Fonseca. A sua sogra venezuelana tem uma conta offshore no Panamá. Só assim consegue comprar bilhetes de avião para sair de Caracas e visitar a família em Londres. Nenhum banco português ou inglês abriria uma conta a um cidadão residente na Venezuela, mas o Panamá deixa. O Panamá devolve a esta família a liberdade que o Estado venezuelano lhe tirou. Dos milhares de milhões no Panamá, provavelmente só uma muito pequena parte corresponde a estes casos. Mas eles importam, porque sem eles não sobra quase nenhuma razão legítima para as offshores. Evitar novas Venezuelas defendendo a liberdade, a democracia e o capitalismo são um passo para abolir as offshore. - Veja mais em: http://www.dinheirovivo.pt/opiniao/o-proposito-das-offshore/#sthash.VOD0daPv.dpuf

pedferre

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #469 em: 2016-04-18 10:43:23 »
E o Maduro que se cuide pois o Brasil (maior potência da América do Sul) que era comandado pelo PT e dava cobertura à ditadura Venezuelana, já mudou, a Argentina também já tinha virado, a Cuba virou-se mais para o lado dos malvados Americanos... a Colombia sempre foi um protetorado Americano. O Maduro vai estar rodeado de "inimigos" por todos os lados no mapa. :)

tommy

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #470 em: 2016-04-21 08:12:31 »
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A Venezuela vai racionar a eletricidade em dez dos seus estados mais populosos e industrializados, incluindo em Caracas, anunciou na quarta-feira o Governo.

Esta é a mais recente medida para atenuar a crise de eletricidade, pela qual o Presidente Nicolas Maduro e o seu Governo responsabilizam o fenómeno meteorológico “El Niño”, mas que os críticos dizem ser resultado de má gestão económica.

Luis Motta Dominguez, ministro da Energia Elétrica, anunciou a medida durante uma emissão televisiva e remeteu pormenores para mais tarde.

A economia da Venezuela está em queda, bem como os preços do petróleo, do qual o país depende. A falta de medicamentos e bens básicos, como papel higiénico ou óleo alimentar, é generalizada.

Na semana passada, o Governo anunciou uma mudança do fuso horário, adiantando 30 minutos, para poupar energia. Outras medidas incluem dar aos funcionários públicos um dia de folga extra nos próximos dois meses.

Maduro sugeriu ainda que as mulheres venezuelanas deviam deixar de usar secadores de cabelo.

http://observador.pt/2016/04/21/venezuela-vai-racionar-eletricidade-dez-estados/

 :D

Incognitus

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #471 em: 2016-04-21 11:50:38 »
Imagino que só se aplique às mulheres que não fazem parte da sua corte. Porque claro, estes ditadores socialistas têm sempre um belo harém. Como sempre são todos iguais mas uns são mais iguais que os outros.
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tommy

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #472 em: 2016-04-28 10:47:42 »
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O racionamento da distribuição de electricidade na Venezuela está a deixar o país num caos, com a multiplicação dos protestos – que chegaram a assumir proporções violentas – e o saqueamento de dezenas de lojas. O governo de Nicolas Maduro não reconhece oficialmente a existência de problemas de maior.

Zulia, Miranda, Bolívar, Trujillo, Lara, Vargas e Carabobo, são, para já, os estados venezuelanos onde se deram casos de saques como resultado das dificuldades causadas pelo racionamento da energia e pelas altas temperaturas sentidas no país. Padarias, lojas de electrodomésticos, supermercados e instituições governamentais têm sido os locais escolhidos para os protestos – de que resultaram também mais de uma centena de detidos. O balanço é, contudo impossível de estabelecer, dado que as autoridades oficiais preferem, segundo a imprensa do país, escamotear a violência que vai tomando conta da sociedade.

A Venezuela está à beira do colapso por uma combinação de factores: a seca prolongada causada pelo El Niño;  a falta de investimento no sector da electricidade, controlado pelo Estado desde 2007; e o fracasso dos investimentos nas centrais termoeléctricas, instaladas em 2010 para minimizar a dependência de geração de energia hidroeléctrica. Segundo a Comunicação Social, parte do equipamento adquirido não funciona e existem suspeitas de que o dinheiro fornecido pelo Estado para a aquisição das centrais foi desviado.

http://economico.sapo.pt/noticias/venezuela-a-beira-do-caos_248257.html

Incognitus

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #473 em: 2016-04-28 11:25:27 »
O resultado natural do sistema é faltarem coisas, e a electricidade é apenas mais uma. Em Cuba também existia racionamento da mesma (não sei se ainda existe).

O sistema não providencia incentivo para as pessoas produzirem, as pessoas não produzem. O que provoca a abundância do capitalismo é a necessidade de reciprocidade na produção e o incentivo implícito a produzir para os outos para dos outros se obter em igual medida.
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Vanilla-Swap

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #474 em: 2016-04-28 11:47:01 »
O Costa devia oferecer este livro ao Maduro.

http://www.deswater.com/home.php

camisa

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #475 em: 2016-04-28 13:07:02 »
This Is The End: Venezuela Runs Out Of Money To Print New Money

http://www.zerohedge.com/news/2016-04-27/end-venezuela-runs-out-money-print-new-money

 :D :D
« Última modificação: 2016-04-28 13:08:06 por camisa »

pedferre

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #476 em: 2016-04-28 16:24:07 »
A conselheira das comunidades portuguesas na Venezuela Maria de Lurdes Traça considerou esta quinta-feira que a situação no país “é muito grave” e que a população teme mesmo “uma guerra civil”.

“Este ano tem sido uma situação terrível porque tem-se agravado mais a escassez da comida, de medicamentos, os cortes de luz. Algumas zonas do país estão sete e oito horas sem luz e não quatro como anunciado”, disse Maria de Lurdes Traça, em declarações à Lusa à margem da reunião plenária do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), que termina esta quinta-feira em Lisboa.

“[A situação] está insustentável e o nosso maior receio neste momento é que estejamos a caminhar para uma guerra civil. A situação é grave”, disse.

Mais de uma centena de pessoas tentou na quarta-feira pilhar um supermercado em Los Teques, a sul de Caracas, levando ao encerramento de vários estabelecimentos comerciais, com a imprensa local a dar conta de vários feridos e de pelo menos 50 detidos.

Segundo fontes da comunidade portuguesa local, a tentativa de pilhagem ocorreu depois da chegada de produtos de primeira necessidade que entretanto se esgotaram.

Por outro lado, na localidade de Bello Campo (leste de Caracas) ocorreu hoje uma tentativa de pilhagem de uma sucursal da rede de supermercados Central Madeirense, propriedade de portugueses radicados na Venezuela.

Segundo a conselheira, a medida anunciada pelo Governo de que a administração pública passa a trabalhar apenas dois dias por semana para se poupar energia “não faz sentido porque está provado que as pessoas gastam mais luz em casa do que no trabalho”.

“Os empresários também se queixam e com toda a razão porque quem tem uma empresa, como muitos na comunidade portuguesa, têm que pagar aos empregados e praticamente mandá-los embora porque não têm luz para trabalhar”, disse a portuguesa, emigrada na Venezuela há 50 anos.

Maria de Lurdes Traça destacou ainda a mobilização popular para a recolha de assinaturas que permita a realização de um referendo para a revogação do mandato do Presidente Nicolas Maduro.

“As filas eram intermináveis, o pessoal deixou de fazer fila para comprar comida e foi fazer fila para as assinaturas para revogar o mandato porque a situação é insustentável”, disse.

Questionada sobre se há portugueses a sair do país devido à instabilidade, a conselheira respondeu que “há muita juventude a abandonar o país, os pais estão a optar mandar os filhos para outros destinos, como Portugal, Canadá ou Estados Unidos porque os jovens estão a ver que não têm oportunidades de vida, de um futuro melhor” na Venezuela.

Maria de Lurdes Traça reclamou ainda do Governo mais atenção à comunidade portuguesa na Venezuela e lamentou que a embaixada não faça recomendações de segurança em caso de emergência.

“A embaixada não nos contacta para dizer nada, talvez também porque a situação não era tão grave, mas agora sim, acho que é tempo de alguém tomar a precaução de contactar a comunidade”, disse, ressalvando, no entanto, que a embaixada pode estar a evitar alarmar as pessoas.

“Mas alarmadas já as pessoas estão”, concluiu.

Apesar da situação, esta professora reformada não pensa sair da Venezuela.

Automek

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #477 em: 2016-04-30 00:32:43 »
A Venezuela atinge um novo marco. Um país que não tem dinheiro para mandar imprimir dinheiro. ;D
Venezuela Doesn't Have Enough Money to Pay for Its Money

(custa-me a acreditar que isto esteja a acontecer - podem faltar reservas para todo o tipo de importações, mas faltar para importar dinheiro ?!)

Zel

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jeab

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Re: Venezuela - Tópico principal
« Responder #479 em: 2016-05-01 11:17:16 »
Salário mínimo na Venezuela vai aumentar 30%




A Venezuela encerrou 2015 com uma inflação de 180%, segundo dados oficiais. Este ano deve atingir 720% e 2.200% em 2017, de acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) difundidas na quarta-feira.


http://observador.pt/2016/05/01/salario-minimo-na-venezuela-vai-aumentar-30/


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O Socialismo acaba quando se acaba o dinheiro - Winston Churchill

Toda a vida política portuguesa pós 25 de Abril/74 está monopolizada pelos partidos políticos, liderados por carreiristas ambiciosos, medíocres e de integridade duvidosa.
Daí provém a mediocridade nacional!
O verdadeiro homem inteligente é aquele que parece ser um idiota na frente de um idiota que parece ser inteligente!