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Autor Tópico: A Crise começou com a salvação da Alemanha  (Lida 4440 vezes)

Luso11

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A Crise começou com a salvação da Alemanha
« em: 2013-04-07 23:49:25 »

Singular e extraordinária esta perspectiva - o feitiço contra o feiticeiro.


http://inteligenciaeconomica.com.pt/?p=13488

Bons  negocios

valves1

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Re:A Crise começou com a salvação da Alemanha
« Responder #1 em: 2013-04-09 14:23:44 »
eu acredito que vivemos uma guerra económica implícita no seio da U.E e que Portugal luta pela sua sobrevivência económica;
triste e sintomática  imagem dada nos últimos dias quanto na  a disputa entre a Alemanha e a Grecia já entram os valores relativos a reparações de guerra entre os dois países ...
Se o problema é de confiança nos Governos dos estados do Sul no que concerne a governança  porque não avançar com uma união orçamental  federal com regras rígidas relativas a despesas mas que seja de soma positiva para todos ?
os países do Sul ao viverem sob uma moeda forte estão em subcapacidade produtiva
 a Alemanha e os países do norte  tem que ter consciência disso e estarem  disponível para repartir uma parte da riqueza que criam pelos países do Sul se não a consequência é mais tarde ou mais cedo os países do sul vão querer saír ao invés de estarem a ser cozidos sob lume brando que é o que se passa agora; a verdade tem que ser dita ...
« Última modificação: 2013-04-09 14:24:31 por valves1 »
"O poder só sobe a cabeça quando encontra o local vazio."

Incognitus

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Re:A Crise começou com a salvação da Alemanha
« Responder #2 em: 2013-04-09 14:41:16 »
valves, que é isso de "repartir uma parte da riqueza"? É o tipo que faz BMWs depois mandar parte do ordenado cá para baixo para podermos comprá-los?
 
Não faz um sentido assim como que incrível, faz? Não seria melhor para ele ficar quieto e não produzir o BMW que estava a dar, produzir apenas aqueles que vendia?
 
Nisto do "repartir a riqueza" só há uma solução - que é nos trabalharmos e produzirmos algo para trocar pelo BMW.
« Última modificação: 2013-04-09 14:42:03 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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valves1

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Re:A Crise começou com a salvação da Alemanha
« Responder #3 em: 2013-04-09 14:53:51 »
então se não há repartição de riqueza a única solução é sair porque o teu potencial produtivo não é o mesmo estando no Euro ou fazendo uma desvalorização interna ...
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JoaoAP

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Re:A Crise começou com a salvação da Alemanha
« Responder #4 em: 2013-04-09 14:56:14 »
E a salvação da Alemanha em tempos idos?

Os gregos:
Reparações de guerra. Governo grego afirma que Alemanha deve 162 mil milhões
Citar
O Ministério das Finanças grego apurou que a Alemanha deve mais de 162 mil milhões de euros à Grécia pelas indemnizações compensatórias que não foram pagas ao país após três anos de ocupação nazi durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar de o governo grego considerar que o assunto é sensível, especialmente pelo atraso das transferências da troika para o país, Christos Staikouras, ministro da Finanças adjunto, afirma que o assunto está em “aberto”.
...

IO

Incognitus

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Re:A Crise começou com a salvação da Alemanha
« Responder #5 em: 2013-04-09 15:07:01 »
então se não há repartição de riqueza a única solução é sair porque o teu potencial produtivo não é o mesmo estando no Euro ou fazendo uma desvalorização interna ...

Repartição de riqueza superior à que já existe (fundos de coesão, etc) é altamente improvável.
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Re:A Crise começou com a salvação da Alemanha
« Responder #6 em: 2013-04-09 15:18:22 »
Citar
Repartição de riqueza superior à que já existe (fundos de coesão, etc) é altamente improvável.

se é altamente improvável uma mudança face ao atual cenário Portugal tem que fazer as suas escolhas e decidir em conformidade ...
não existe nenhum drama nisto, Portugal faz as suas opções em função do que é melhor para si ... o problema é deixar arrastar isto por muitos mais anos ... um País que não cresce há mais de 10 anos mesmo tendo um salario medido em Euros ínfimo comparado com o que se pratica no Norte tem cerca de 4 x a taxa de desemprego tem mais dias de actividade por ano  do que muitos países do norte  inclusive a Alemanha    anormal sería  não agir deixar este estado de coisas continuar por muitos anos isso é que seria anormal ...
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Re:A Crise começou com a salvação da Alemanha
« Responder #7 em: 2013-04-09 15:23:34 »
Este país nunca vai sair da cepa torta enquanto as soluções encontradas passarem por fingir, enganar, deturpar, diluir, etc. Soluções que seriam tipicamente utilizadas num cenário de moeda própria.
 
Isto só sai da cepa torta quando se tornar óbvio que o caminho para maior riqueza é fazer coisas para os outros.
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Re:A Crise começou com a salvação da Alemanha
« Responder #8 em: 2013-04-09 15:33:43 »
um cenário de moeda própria não é um cenário idílico no entanto  com moeda própria tu podes reter e ampliar o ainda é produzido cá ... podes atrair mais investimento estrangeiro e claro tem um parcela de banha da cobra que é  o que vai provocar inflacção  mas também permite por outro lado suster a sangria demográfica e que se persistir   inviabiliza a existência da economia Portuguesa tal como ainda hoje a conhecemos ...
No fundo o Euro com este cenário  e a longo prazo  nem sequer vai conseguir fazer a separação do trigo do joio económico ... vai haver muito trigo a cair em virtude da diminuição do potencial económico e muito joio a persistir em virtude de ter acesso a credito externo eterno ...
 
« Última modificação: 2013-04-09 15:37:13 por valves1 »
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JoaoAP

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Re:A Crise começou com a salvação da Alemanha
« Responder #9 em: 2013-04-22 19:57:43 »
Faz hoje 60 anos – Acordo de Londres sobre as Dívidas Alemãs

Entre os países que perdoaram 50% da dívida alemã estão a Espanha, Grécia e Irlanda

O Acordo de Londres de 1953 sobre a divida alemã foi assinado em 27 de Fevereiro, depois de duras negociações com representantes de 26 países, com especial relevância para os EUA, Holanda, Reino Unido e Suíça, onde estava concentrada a parte essencial da dívida. A dívida total foi avaliada em 32 biliões de marcos, repartindo-se em partes iguais em dívida originada antes e após a II Guerra. Os EUA começaram por propor o perdão da dívida contraída após a II Guerra. Mas, perante a recusa dos outros credores, chegou-se a um compromisso. Foi perdoada cerca de 50% (Entre os países que perdoaram a dívida estão a Espanha, Grécia e Irlanda) da dívida e feito o reescalonamento da dívida restante para um período de 30 anos. Para uma parte da dívida este período foi ainda mais alongado. E só em Outubro de 1990, dois dias depois da reunificação, o Governo emitiu obrigações para pagar a dívida contraída nos anos 1920.

O acordo de pagamento visou, não o curto prazo, mas antes procurou assegurar o crescimento económico do devedor e a sua capacidade efectiva de pagamento.

O acordo adoptou três princípios fundamentais:
1. Perdão/redução substantial da dívida;
2. Reescalonamento do prazo da divída para um prazo longo;
3. Condicionamento das prestações à capacidade de pagamento do devedor.

O pagamento devido em cada ano não pode exceder a capacidade da economia. Em caso de dificuldades, foi prevista a possibilidade de suspensão e de renegociação dos pagamentos. O valor dos montantes afectos ao serviço da dívida nao poderia ser superior a 5% do valor das exportações. As taxas de juro foram moderadas, variando entre 0 e 5 %.

A grande preocupação foi gerar excedentes para possibilitar os pagamentos sem reduzir o consumo. Como ponto de partida, foi considerado inaceitável reduzir o consumo para pagar a dívida.

O pagamento foi escalonado entre 1953 e 1983. Entre 1953 e 1958 foi concedida a situacao de carência durante a qual só se pagaram juros.

Outra característica especial do acordo de Londres de 1953, que não encontramos nos acordos de hoje, é que no acordo de Londres eram impostas também condições aos credores – e não só aos paises endividados. Os países credores, obrigavam-se, na época, a garantir de forma duradoura, a capacidade negociadora e a fluidez económica da Alemanha.

Uma parte fundamental deste acordo foi que o pagamento da dívida deveria ser feito somente com o superavit da balança comercial. 0 que, “trocando por miúdos”, significava que a RFA só era obrigada a pagar o serviço da dívida quando conseguisse um saldo de dívisas através de um excedente na exportação, pelo que o Governo alemão não precisava de utilizar as suas reservas cambiais.

EM CONTRAPARTIDA, os credores obrigavam-se também a permitir um superavit na balança comercial com a RFA – concedendo à Alemanha o direito de, segundo as suas necessidades, levantar barreiras unilaterais às importações que a prejudicassem.

Hoje, pelo contrário, os países do Sul são obrigados a pagar o serviço da dívida sem que seja levado em conta o défice crónico das suas balanças comerciais

Marcos Romão, jornalista e sociólogo, 27 de Fevereiro de 2003

5555

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Re:A Crise começou com a salvação da Alemanha
« Responder #10 em: 2013-04-23 13:08:04 »
Citar
Merkel: países do euro devem estar preparados para ceder soberania

Chanceler alemã considera que membros da Zona Euro devem ceder o controle de alguns aspetos de política a instituições europeias

Video: http://www.tvi24.iol.pt/economia---troika/merkel-paises-do-euro-soberania/1442237-6375.html

Angela Merkel disse esta segunda-feira que os países membros da Zona Euro têm de estar preparados para ceder a soberania, em determinados domínios, às instituições europeias. Isto caso a Europa consiga superar a crise de dívida e recuperar os investidores estrangeiros.

A chanceler alemã avisou ainda que a Europa tem de encontrar uma forma de assegurar crescimento e consolidação financeira. Estas declarações acontecem dois meses antes de um encontro de líderes europeus que irá acontecer em Bruxelas para discutir o caminho da denominada «união fiscal».

«Parece que conseguimos encontrar soluções comuns quando estamos a olhar para o abismo. Mas assim que a pressão diminui, todos dizem que querem seguir seu próprio caminho. Temos de estar preparados para aceitar que a Europa tem a palavra final em certas áreas. Caso contrário, não seremos capazes de continuar a construir a Europa», disse a chanceler num evento organizado pelo Deutsche Bank, em Berlim, onde estava também presente o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, cita a agência Reuters.
 
«Não precisamos de abdicar de práticas nacionais, mas devemos ser compatíveis. Da forma como está agora, é um caos. Precisamos de estar prontos para romper com o passado e dar o passo em frente. Eu estou pronta para o fazer», assegurou.

Horas antes, Merkel rejeitou a ideia de que a Alemanha procura «hegemonia» na União Europeia e apelou à busca de consenso entre os parceiros.

«A Alemanha (...) desempenha por vezes um papel complicado porque nós somos a maior economia - não somos a mais rica mas somos a maior», disse, antes de acrescentar: «A Alemanha atua sempre em conjunto com os outros» e é completamente «alheia à hegemonia».

A chanceler alemã disse ainda que a Europa precisa de uma cooperação mais estreita para enfrentar a «dura competição global» e evitar o «declínio».

karnuss

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Re:A Crise começou com a salvação da Alemanha
« Responder #11 em: 2013-04-24 10:34:11 »
Um estudo interessante que veio desmistificar algumas conclusões do BCE que apontavam no sentido de os contribuintes alemães, embora mais "pobres" que os gregos ou portugueses, estariam a financiar o regabofe destes últimos (http://online.wsj.com/article/SB10001424127887323820304578412540882466844.html).

Não invalida que portugal (e os portugueses) tenham de resolver os seus problemas, claro. Mas pelo menos corrige algumas ideias falsas que foram postas a circular.


Citar
A recent ECB household-wealth survey was interpreted by the media as evidence that poor Germans shouldn’t have to pay for southern Europe. This column takes a look at the numbers. Whilst it’s true that median German households are poor compared to their southern European counterparts, Germany itself is wealthy. Importantly, this wealth is very unequally distributed, but the issue of unequal distribution doesn’t feature much in the press. The debate in Germany creates an inaccurate perception among less wealthy Germans that transfers are unfair.


http://www.voxeu.org/article/are-germans-really-poorer-spaniards-italians-and-greeks

Incognitus

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Re:A Crise começou com a salvação da Alemanha
« Responder #12 em: 2013-04-24 13:58:46 »
A distribuição desigual da riqueza é algo que vai sempre ocorrer numa sociedade que consiga ficar muito rica. Basta pensar como é determinada: Vai-se buscar as famílias ou indivíduos que conseguiram ficar mais ricos, e compara-se isso aos que ficaram pior. Como é que tal pode não dar sempre uma discrepância brutal em qualquer local onde tenha existido grande criação de riqueza? No fundo teremos quem não tem riqueza nenhuma, e no topo estará uma medida daqueles que maior sucesso tiveram num sistema capaz de gerar riqueza!
 
Não admira assim que até países como a Alemanha ou a zona da Escandinávia, onde a distribuição do rendimento é mais similar, tenham também uma distribuição de riqueza extraordinariamente desequilibrada.
 
Diria mais, se fossemos criar um sistema que distribuísse a riqueza aleatoriamente e de seguida verificássemos qual a discrepância entre os elementos com menor e maior riqueza, esta discrepância seria tanto maior quanto maior a riqueza que fosse distribuída aleatoriamente.
 
Ou seja, estas medidas da distribuição da riqueza são basicamente um absurdo.
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karnuss

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Re:A Crise começou com a salvação da Alemanha
« Responder #13 em: 2013-04-24 14:47:38 »
De acordo. Mas isso não invalida o facto de o estudo do ECB ter sido usado erradamente, manipulado e divulgado tendo como base uma mentira pegada que apenas serve de propaganda nacionalista e perigosa (o "sul" é mais rico, e pior ainda, mais preguiçoso que o "norte" que ainda por cima tem de os sustentar)

Incognitus

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Re:A Crise começou com a salvação da Alemanha
« Responder #14 em: 2013-04-24 14:50:26 »
De acordo. Mas isso não invalida o facto de o estudo do ECB ter sido usado erradamente, manipulado e divulgado tendo como base uma mentira pegada que apenas serve de propaganda nacionalista e perigosa (o "sul" é mais rico, e pior ainda, mais preguiçoso que o "norte" que ainda por cima tem de os sustentar)

Mas dá a ideia que a conclusão foi a mesma. De resto, o endividamento tem como contraparte alguém deter os activos. Claro que se existe um desequilíbrio externo forte parte dessa detenção vai para fora, mas por exemplo em Portugal o endividamento anda próximo dos 400% do PIB e a posição líquida face ao exterior é negativa em cerca de 130%, pelo que ainda tem que estar muita gente bem capitalizada em Portugal.
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