Uma pergunta interessante. Qual aqui o sentido da palavra nobre? Distinto, superior, honroso?
O Incognitus estaria a pensar em “superior” e afirmou pensar que nada é superior:
“Pensa de outra forma. Nós nascemos, vivemos e morremos, e não existe uma forma "superior" de o fazermos.”
Mas superior em relação a quê? Melhor para o indivíduo? Para os amigos/conhecidos do indivíduo? Para a sociedade?
Bem, para o indivíduo, ganhando o mesmo, será melhor um trabalho que seja pouco monótono, que lhe dê prazer, que permita conviver, que tenha alguma flexibilidade de horário e, muito importante, que não prejudique a sua saúde.
Para os amigos é importante conhecer um médico no hospital da zona, um mecânico competente e honesto pode ser muito útil e até um porteiro num bar da moda pode ser uma ajuda.
Para a sociedade, é diferente ser médico ou engenheiro do que ser ladrão ou traficante de drogas. Claro que todos precisamos de comer, mas nas sociedades de consumo atuais a maioria das pessoas não está propriamente preocupada em não morrer à fome. Uma profissão que tenha prestígio social tem algum valor muitas vezes superior aos bens materiais. Quem não ouviu já frases como: “aquele vai todo bem vestido, até parece um doutor” , “ali vai o pato–bravo no seu mercedes” ou “aquele é um homem muito importante mas muito simples”
Mesmo que não pensemos em serviços (médicos) e em atividades ilícitas (traficantes de drogas), nem todos os produtos são igualmente prestigiantes. Produzir ou vender iphones será melhor do que vender tabaco ou refrigerantes (embora reconheça que a diferença de prestígio não seja muita para o operário ou para o vendedor. Já se tivermos a pensar no desenvolvimento de novos modelos, um engenheiro que desenvolva o iPhone 6 tem mais prestígio do que quem desenvolve cigarros com um novo aroma).
Esse prestígio incentiva mais pessoas a escolher profissões socialmente úteis.
Claro que Nietzsche diria que isto tem mais de moral de escravos do que moral de nobre. Os valores nobres clássicos foram inquinados pelo pensamento cristão (dos escravos). Podem ver:
http://www.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/topicosmoralnietzsche.htmlou um pouco mais aprofundado:
http://www.ufpel.edu.br/cic/2009/cd/pdf/CH/CH_01809.pdf