Abba Kovner tinha 23 anos quando foi confinado num gueto da Lituânia, em 1941. Ele liderou uma revolta, fugiu para a floresta vizinha e combateu os alemães ao lado da mulher, Vitka. Após a guerra, integrou um esquadrão de judeus que envenenou milhares de nazistas. O nome do grupo: Vingança.
Kovner não foi o único a reagir como no filme de Quentin Tarantino. Durante a ocupação alemã, 25 mil judeus se refugiaram nas florestas da Europa Oriental e viraram guerrilheiros – os partisans.
“Ser um partisan judeu era se sentir sozinho contra todos. Os nazistas queriam te matar. Os soviéticos te odiavam e a população local também. Não tínhamos casa nem comida. E, mesmo se vivêssemos, para onde retornar?”, diz Shalom Yoram num documentário da TV americana PBS. Yoram tinha 17 anos quando correu para os bosques da Polônia, depois de ver os alemães matar seus pais.
Havia guerrilhas só de judeus, mas muitos se uniram a brigadas comunistas ou grupos de ex-soldados soviéticos que ficaram no Leste Europeu quando a região caiu sob domínio alemão. “Nosso grupo tinha 400 pessoas e 30 rifles. Já os russos tinham muitas armas, mas não nos davam nenhuma. Então nós roubávamos deles”, diz a polonesa Eta Wrobel.
Partisans como Frank Blaichman lutaram contra os nazistas. Outros, como Túvia Bielski, priorizaram o resgate de judeus. Juntos, eles descarrilaram trens inimigos, sabotaram usinas, instigaram levantes e contrabandearam judeus para fora da Europa.
Eles eram refugiados europeus, a maioria judeus alemães, que migraram para os EUA e retornaram à Europa com uniforme americano para enfrentar os nazistas. Treinados em inteligência militar no campo de Ritchie, em Maryland, sua missão era interrogar os militares alemães que tinham sido presos durante a guerra. “Eu queria tomar parte nessa guerra.
os arianos! judeus da lituania
Misha Gildenman fugiu com o filho do gueto de Korets, na Ucrânia, e montou um grupo partisan na floresta. Um de seus principais “soldados” era um garoto de 12 anos, Mordechai “Mótele” Shlayan, único sobrevivente de sua família. Loiro, Mótele se fazia passar por polonês e entretinha os nazistas tocando violino num restaurante da cidade de Ovruch. Mal sabiam que ele roubava explosivos na caixa do instrumento e os escondia no porão do restaurante. Em 1943, depois de almoçar como de costume, Mótele fez o lugar voar pelos ares.
Em 31 de dezembro de 1941, 150 jovens se reuniram num refeitório do gueto de Vilna, na Lituânia. Fingindo celebrar o Ano-Novo, eles planejaram uma rebelião. Dois terços dos 60 mil judeus da cidade haviam sido mortos, e eles sabiam que seriam os próximos. “Não nos deixemos levar como ovelhas ao matadouro”, dizia o líder Abba Kovner. “Estamos fracos, mas a única resposta ao assassino é pegar em armas.” Pistolas e munições valiam fortuna no mercado negro, e os judeus mais velhos se opunham à resistência com medo dos nazistas. Ainda assim, os jovens fundaram a Organização Partisan Unida (FPO) com o apoio de guerrilhas comunistas da floresta de Rudniki. Escondiam as armas em paredes, sob o chão e em fundos falsos de baldes. Ser pego com uma delas era morte certa. A revolta explodiu em 1943, quando os alemães liquidaram o gueto. Mas a FPO viu que não tinha chance e fugiu para a floresta, onde se aliou a partisans lituanos. Kovner e sua mulher, Vitka, combateram até a derrota alemã. Depois caçaram nazistas no esquadrão Nakam (“Vingança”), que pincelou arsênico no pão de milhares de alemães que tinham sido detidos como prisioneiros de guerra. Estima-se que a ação deixou entre 200 e 800 mortos.