Interessante ... adoro os figos de pita
Agricultura - Portugal redescobre Figo-da-Índia para a gastronomia e medicina
Fresco ou em polpa, em néctares, gelados, doces, compotas ou licores. O Figo-da-Índia pode ser consumido das mais variadas formas e regista em Portugal um crescimento na produção e no consumo. Em Abril de 2012 nasceu uma associação que divulga e dinamiza a produção desta planta, conhecida por crescer em estado selvagem e que ganha expressão económica.
Embora o Figo-da-Índia «seja um fruto conhecido», sobretudo no seu estado selvagem, a produção em Portugal «sempre foi apenas para consumo próprio», começa por explicar José Garcia, vice-presidente de Direcção da Associação de Produtores e Profissionais de Figo da Índia Portugueses ( APROFIP).
Sendo uma planta cultivada em pomar e em linhas, não necessita de terrenos muito férteis e nem de rega para o seu desenvolvimento. Originário dos climas semi-desérticos, o Figo-da-Índia «dá-se melhor em terrenos com boa exposição solar», sendo que no primeiro ano de cultivo, a planta pode dar alguns frutos mas «ainda com pouca expressão».
É só no terceiro ano, afirma José Garcia, que se «pode considerar uma produção à volta de dez toneladas por hectare, sendo que a partir do sexto, sétimo ano poderá atingir as 25 toneladas por hectare».
A colheita é realizada entre os meses de Julho e Setembro, podendo em algumas regiões do país e «devido à influência do clima» haver outra pequena produção no princípio do ano.
Uma produção que ganha terreno no país e que atraí gradualmente mais produtores, sobretudo jovens, afiança o responsável da APROFIP: «aproximadamente 80% dos actuais produtores pertencem a uma faixa etária jovem e com formação académica em várias áreas».
A impulsionar o desenvolvimento da produção e consumo do Figo-da-Índia está a APROFIP, criada a 4 de Abril de 2012, nascida após «30 anos de experiências e estudos realizados», tendo atingido a «maturidade» em 2009 com a primeira plantação ordenada (em Sesimbra) e em 2011 com o concurso «Aromas e Sabores» com Figo-da-Índia em Martilongo e com um Campo Experimental, em Pessegueiro (Alcoutim).
«A sua dedicação e entusiasmo levaram a que um grupo de amigos se juntasse para avançar com este projecto», acrescenta o vice-presidente da APROFIP.
A comercialização desta planta está agora a dar os primeiros passos, sendo que a associação irá levar a cabo uma série de iniciativas de sensibilização ao longo de 2013, para promover junto dos portugueses o consumo do fruto, tanto em fresco como transformado.
«Pensamos que este produto, com tantas qualidades e potencialidades poderá ter sucesso em Portugal, a exemplo do que já acontece em outros países», sublinha José Garcia.
Gastronomia e medicina:
Na gastronomia, o Figo-da-Índia pode ser consumido em fresco ou transformado em polpa, mas também em sumos, néctares, gelados, doces, compotas ou licores. «Noutros países as palmas da planta são consumidas como legume fresco, grelhadas ou tipo feijão-verde ou em pickles e conservas», informa o responsável.
No que respeita ao seu uso na cozinha nacional, «a criatividade dos novos chefes de cozinha poderá ser um importante ponto de partida para se introduzir este produto nos hábitos alimentares dos portugueses», salienta José Garcia. Para isso, sustenta, «será fundamental realçar a mais-valia deste fruto para a saúde, nomeadamente as suas importantes qualidades nutricionais e medicinais como anti-inflamatório, anti-diabético, antioxidante, antiviral, redução de colesterol, controlo de peso e actividade neuro-protectora».
Ainda pouco conhecido em Portugal, o Figo-da-Índia começa a ser «cada vez mais divulgado» e, no último ano, começou já a despertar «alguma curiosidade e interesse sobre este fruto, não só nos consumidores mas também em novos produtores», sublinha o nosso interlocutor.
E adianta: «precisamente por ser um fruto pouco conhecido, o seu consumo ainda não está muito difundido, o que sem dúvida limitará uma comercialização mais plena. Quando os portugueses tomarem mais contacto com o fruto e com os seus benefícios para a saúde, certamente a sua comercialização será naturalmente implementada como acontece com os restantes frutos nacionais».
O dirigente da APROFIP considera que o Figo-da-Índia tem «excelentes possibilidades de exportação», especialmente para os mercados do norte da Europa «com maior poder decompra e muito sensibilizado para as vantagens nutricionais e medicinais dos alimentos, inclusivamente solicitando cada vez mais produtos biológicos».
Por isso, diz que «cabe ao agricultor ponderar o modo de produção que pretende, podendo criar uma mais-valia se procurar obter as respectivas certificações, biológicas e outras».
Recorde-se que a APROFIP, sediada em Alcoutim (Algarve), tem como objectivo proporcionar apoio técnico aos seus associados (59), no âmbito da implementação, manutenção, exploração e comercialização da Figueira-da-Índia (Opuntia Ficus Índica) e seus derivados.
Com carácter nacional, a Associação tem representações em vários distritos do país, embora com maior incidência no centro e sul do país, regiões onde «o clima é mais favorável para o desenvolvimento da planta», informa José Garcia, acrescentando que actualmente estão também a despontar alguns projectos com interesse no norte do país.
Rico em açúcar, com elevados níveis de potássio, magnésio, cálcio e vitaminas, o Figo-da-Índia chegou à Europa (oriundo das américas), pelas mãos dos espanhóis, no século XVII, tendo-se espalhado sobretudo na região do Mediterrâneo.
Sabe-se que no Algarve e no Alentejo, o Figo-da-Índia que assume diversas tonalidades, dependendo da variedade (branco, amarelo, roxo ou vermelho), cresce naturalmente, em estado selvagem, e no passado servia para delimitar as propriedades e alimentar os porcos.
http://www.cafeportugal.net/pages/dossier_artigo.aspx?id=6102