A Mota-Engil é uma das que escolhi para 2014 (ver tópico de Acções para 2014). Mas já a tinha comprado antes, em meados deste ano, e não tenho medo nenhum de a manter, apesar das subidas. Ela tem muito mais aspectos positivos que negativos, como vou passar a expor.
As vendas + p.serviços têm subido ao ritmo de 9% / ano nos últimos 5 anos, já contando com a queda da crise de 2008, e a tremenda queda da construção em Portugal. A empresa conseguiu isso porque está cada vez mais internacionalizada.
À primeira vista, havia 2 factores que me fizeram quase rejeitar a empresa agora: as vendas em 2012 subiram só 3.1% e as dos 9 meses de 2013 só 2.3%. Parecia uma desaceleração estrutural.
No entanto, li os relatórios da empresa, e percebi que isso era explicado pela enorme recessão das obras públicas em Portugal e, em menor grau, na Europa. Por ex, nos 9 meses 2013 as vendas desceram 20% na Europa e subiram 40% (!) na América Latina, Médio Oriente, e África.
Ora, a grande descida na Europa não pode continuar assim. É óbvio que, em 2014, a construção na Europa (claro que, para a Mota-Engil, "Europa" tem um grande peso de Portugal) não pode descer 20% de novo. Ou desce pouco ou até sobe, dados os sinais de reanimação em Portugal e Espanha, por exemplo. Se admitirmos que as vendas da empresa na Europa ficam estagnadas ou variam pouco em 2014, e as nos outros continentes continuam a subir ao ritmo de 30-40%, teremos um forte aumento, já que a facturação fora da Europa é a maioria do total.
Além disso, uma análise do relatório dos 9 meses mostra que os negócios na Am.Latina, África, etc, podem ter subido ainda mais do que o reportado se tivermos em conta os problemas cambiais: o euro subiu e esses negócios são facturados em USD (na sua maioria). Isso é um factor que leva muitas empresas que estudei a dizerem que o crescimento orgânico dos 9 meses foi maior que o reportado, após considerar essas perdas cambiais. Assim, estimo que o crescimento dos 9 meses da Mota-Engil tenha sido 5% e não 2.3%.
O Ebitda teve um forte aumento. Com isso, o EV/Ebitda está em 5.4, dos mais baratos que há.
Muitos analistas podem não ter ainda reparado nalguns destes factores. Por ex, podem ter pensado muito na aparente desaceleração de 2012 e 2013 como um factor negativo, sem ter em conta a recessão europeia que tenderá a ficar menos importante, pelas razões expostas. Ou podem ter dado importância ao PER = 22, considerando-o caro.
Mas, apesar desta minha perspectiva positiva sobre a Mota-Engil, tenho que avisar que há potenciais perigos no horizonte.
Um deles é que, já que a facturação está tão concentrada em mercados emergentes, isso torna a empresa praticamente uma empresa de um mercado emergente também, daí valorizada com múltiplos menores.
Um outro é que, se a Fed acabar com o Quantitative Easing, poderá haver um colapso de muitos mercados emergentes, incluindo o Brasil, causando grandes recessões neles. Isso afectaria fortemente esta empresa. Vamos esperar que a Fed se porte bem!