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Autor Tópico: Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal  (Lida 655042 vezes)

Incognitus

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1540 em: 2014-08-10 12:22:54 »
Olha outro comunista  :D

"Se um escândalo deste género se passasse lá fora - por exemplo, nos Estados Unidos - a esta hora já haveria alguém detido. Em Portugal, é o que se vê", protestou hoje Marques Mendes

DN"

Em relação à gestão do BES/GES que levou a isto é possivelmente verdade.

Em relação à solução não é, este tipo de solução já foi aplicada centenas de vezes nos EUA.
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gaia

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1541 em: 2014-08-10 12:42:32 »
Vbm :

O segredo do Salazar , é que diminui dráticamente  a dívida externa , para níveis muitos baixos , para se sentir confortável de possíveis chantagens externas .

Outro segredo , jogava  em diversos tabuleiros , quando o eixo atlantico ( USA - GB) o afrontava  , tinha o eixo antagónico ( FRanco - Alemão ) , era perito a jogar ...

Os tempos atuais , não são muito diferentes , simplesmente a CEE ganhou força , e algumas "forças" até ganharam terreno com a queda do muro de Berlim, a atual guerra fria é jogada nas fronteiras Russas , porque o pacto de Varsóvia desapareceu ...

As " forças" que estão em jogo , até tem mais poder .


O BCE fez um xeque mate , a um banco , um governo , a um país . O interessante saber, quem está por detrás desta organização ? São os mesmos interesses da época de Salazar .

Isto foi um aviso sério , muito sério , não só a Portugal como um todo, como a todos os outros país da CEE , e seus governos .
Isto é um momento histórico ...

O porquê ?

Será ,que temos uma banca europeia  muito frágil , em que alguns dos seus bancos , até maiores que o BES ,  em situações mais problemáticas , e efeito dominó seria um tsunami , e caos financeiro , e económico ... O problema teve que ser estancado à força ....

Será que foi um aviso indireto à política externa portuguesa , e das relações comerciais , que estão a ser establecidas , ou existentes .

O que se passou no BES foi tudo uma operação encoberta,  bem montada , de uma organização não governamental , com um poder infinito financeiro ,,, ?

É um matéria fascinante , para um historidor , ou  jornalista .

Mas o jogo começa a ficar mais claro , isto é algo em grande ....  8)




vbm

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1542 em: 2014-08-10 12:45:09 »
O governador do BdP promoveu CORRECTAMENTE a confiança no banco. E até teve razão. E aliás, no meio disto tudo ninguém o coloca realmente em questão, pois os depositantes não estão com medo de que a sua palavra não seja verdadeira. Acontece é que a única confiança que o governador do BdP tem que promover é a dos depositantes. Para o governador do BdP, accionistas são uma almofada para absorver perdas, não um público a quem seja de promover confiança.

O BdP fez assim o seu trabalho. Fez o seu trabalho até de uma forma incomum para um país como Portugal. Se pecou por alguma coisa não foi por promover a confiança no BES, e sim por excesso de zelo ao tentar arranjar soluções para salvar arbitrariamente pessoas que podiam PENSAR que eram depositantes, não o sendo (caso do papel comercial).

Os accionistas arderam exactamente da forma como o sistema está concebido para os fazer arder protegendo os depositantes. Podem sempre ir para tribunal exigir da anterior gestão alguma compensação, mas se conseguissem algo via tribunais contra o Estado ou reguladores isto era uma verdadeira república das bananas.

(a banca é um sector especial e a solução actual é a que permite manter a actividade e proteger os depositantes. Uma liquidação normal seria impossível porque o capital é uma pequena parte do activo, e não existiria forma de financiar regularmente o restante activo num tal processo - como aliás o BCE ilustra. Os accionistas, aqui mais do que em qualquer outro sector, são uma almofada para absorver perdas. Quando o BdP recomenda ou exige um aumento de capital, não é para reestabelecer solidez ou para ser um bom investimento ou o diabo a sete - é para repor uma almofada confortável para absorver perdas)


Mas também acho justo um limite à quantia depositada garantida.

É bom que se compreenda objectivamente que o rendimento
que toda e qualquer propriedade proporcione,
fá-lo graças ao labor dos produtores,
e não por nenhuma geração
abstracta do dinheiro
como dinheiro.

Sem produtores,
não há rendimento de capital.

Sem capital não há produtividade.

Sem produtividade, tudo estagna ou regride, mesmo.

vbm

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1543 em: 2014-08-10 12:50:56 »
[ ]
É um matéria fascinante , para um historidor , ou  jornalista .

Mas o jogo começa a ficar mais claro , isto é algo em grande ....  8)

É uma perspectiva aliciante.

Mas o que ganharia o mundo
com a derrocada financeira da Europa?

Se há essa cabala,
a Europa vencê-la-á.

Espero.

Thorn Gilts

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1544 em: 2014-08-10 13:05:24 »
O governador do BdP promoveu CORRECTAMENTE a confiança no banco. E até teve razão. E aliás, no meio disto tudo ninguém o coloca realmente em questão, pois os depositantes não estão com medo de que a sua palavra não seja verdadeira. Acontece é que a única confiança que o governador do BdP tem que promover é a dos depositantes. Para o governador do BdP, accionistas são uma almofada para absorver perdas, não um público a quem seja de promover confiança.

O BdP fez assim o seu trabalho. Fez o seu trabalho até de uma forma incomum para um país como Portugal. Se pecou por alguma coisa não foi por promover a confiança no BES, e sim por excesso de zelo ao tentar arranjar soluções para salvar arbitrariamente pessoas que podiam PENSAR que eram depositantes, não o sendo (caso do papel comercial).

Os accionistas arderam exactamente da forma como o sistema está concebido para os fazer arder protegendo os depositantes. Podem sempre ir para tribunal exigir da anterior gestão alguma compensação, mas se conseguissem algo via tribunais contra o Estado ou reguladores isto era uma verdadeira república das bananas.

(a banca é um sector especial e a solução actual é a que permite manter a actividade e proteger os depositantes. Uma liquidação normal seria impossível porque o capital é uma pequena parte do activo, e não existiria forma de financiar regularmente o restante activo num tal processo - como aliás o BCE ilustra. Os accionistas, aqui mais do que em qualquer outro sector, são uma almofada para absorver perdas. Quando o BdP recomenda ou exige um aumento de capital, não é para reestabelecer solidez ou para ser um bom investimento ou o diabo a sete - é para repor uma almofada confortável para absorver perdas)

Tens uma compilação de tudo que ele disse? Eu tenho e ele não se limitou a dizer que os depositantes estariam protegidos, algo que se esperava que estivessem.

Um governador que sabe da situação TOTAL do Banco (já aprovas disso) mas se permite a deixar realziar um AC e ainda, de várias formas, o incentiva antes e depois... como se chama? Eu entendo que ele o fez, porque ainda acreditou que a coisa, com ajuda politica a coisa lá fosse, mas quando o BCE fechou a porta ele percebeu que o nepotismo não ia funcionar e tudo que ele ja sabia que estava mal desabou.

Esta é a diferença.

Parece-me que tu já acharias bem o BES ser ajudado pelo ESTADO com injecções da CGD, mas que os accionistas responsabilizem o estado já não parece bem. Isto porque o BES, grande e unico, tem esse acesso, os pequenos investidores, burlados e enganados, não podem reagir.

O BdP não trabalhou bem e não foi excesso de ZELO. Alguém que mente, não é excesso de zelo. Alguém que viola as LEIS não é excesso de zelo é crime. Claro que o que o BdP Esta a fazer é populista, é bom dar na cabeça aos que tinham algum dinheiro, etc... enfim.

Os accionistas deviam manter-se na sociedade normalmente, mas com gestão controlada. Não devia haver separação de activos toxicos.. na verdade, qual a diferença entre teres dois bancos ou um só? Se pedires protecção de credores esta feito. Ponto.
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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1545 em: 2014-08-10 13:08:13 »
Já agora inc, pelo que dizes, eu resolvi o problema de uma vez:

Todos os pequenos investidores deviam desinvestir imediatamente da Banca toda e deixar aquilo crashar. Deviamos matar já o capitalismo popular.

Depois, era retirar o dinheiro dos fundos e investimentos dos bancos, pois eles acabam por alocar também aos bancos. E pronto.

Na verdade, eu já faço isso. Banca sempre me recusei a investir, seja ela qual for e a saúde que tenha.

Alias, desde há muitos anos que tenho vindo a estar short na banca (com pequenos longos de curto prazo). O primeiro short na banca foi em 2000 no BCP.

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1546 em: 2014-08-10 13:12:41 »
O governador do BdP promoveu CORRECTAMENTE a confiança no banco. E até teve razão. E aliás, no meio disto tudo ninguém o coloca realmente em questão, pois os depositantes não estão com medo de que a sua palavra não seja verdadeira. Acontece é que a única confiança que o governador do BdP tem que promover é a dos depositantes. Para o governador do BdP, accionistas são uma almofada para absorver perdas, não um público a quem seja de promover confiança.

O BdP fez assim o seu trabalho. Fez o seu trabalho até de uma forma incomum para um país como Portugal. Se pecou por alguma coisa não foi por promover a confiança no BES, e sim por excesso de zelo ao tentar arranjar soluções para salvar arbitrariamente pessoas que podiam PENSAR que eram depositantes, não o sendo (caso do papel comercial).

Os accionistas arderam exactamente da forma como o sistema está concebido para os fazer arder protegendo os depositantes. Podem sempre ir para tribunal exigir da anterior gestão alguma compensação, mas se conseguissem algo via tribunais contra o Estado ou reguladores isto era uma verdadeira república das bananas.

(a banca é um sector especial e a solução actual é a que permite manter a actividade e proteger os depositantes. Uma liquidação normal seria impossível porque o capital é uma pequena parte do activo, e não existiria forma de financiar regularmente o restante activo num tal processo - como aliás o BCE ilustra. Os accionistas, aqui mais do que em qualquer outro sector, são uma almofada para absorver perdas. Quando o BdP recomenda ou exige um aumento de capital, não é para reestabelecer solidez ou para ser um bom investimento ou o diabo a sete - é para repor uma almofada confortável para absorver perdas)

Tens uma compilação de tudo que ele disse? Eu tenho e ele não se limitou a dizer que os depositantes estariam protegidos, algo que se esperava que estivessem.

Um governador que sabe da situação TOTAL do Banco (já aprovas disso) mas se permite a deixar realziar um AC e ainda, de várias formas, o incentiva antes e depois... como se chama? Eu entendo que ele o fez, porque ainda acreditou que a coisa, com ajuda politica a coisa lá fosse, mas quando o BCE fechou a porta ele percebeu que o nepotismo não ia funcionar e tudo que ele ja sabia que estava mal desabou.

Esta é a diferença.

Parece-me que tu já acharias bem o BES ser ajudado pelo ESTADO com injecções da CGD, mas que os accionistas responsabilizem o estado já não parece bem. Isto porque o BES, grande e unico, tem esse acesso, os pequenos investidores, burlados e enganados, não podem reagir.

O BdP não trabalhou bem e não foi excesso de ZELO. Alguém que mente, não é excesso de zelo. Alguém que viola as LEIS não é excesso de zelo é crime. Claro que o que o BdP Esta a fazer é populista, é bom dar na cabeça aos que tinham algum dinheiro, etc... enfim.

Os accionistas deviam manter-se na sociedade normalmente, mas com gestão controlada. Não devia haver separação de activos toxicos.. na verdade, qual a diferença entre teres dois bancos ou um só? Se pedires protecção de credores esta feito. Ponto.

Chama-se um governador responsável. Quanto PIOR a situação real, maior a responsabilidade dele para incentivar e promover um aumento de capital. Ou até para o exigir. O BdP dizer que a coisa é sólida e não há nada a temer é sempre na perspectiva de depositantes e não accionistas.

A diferença de teres dois bancos ou um só e de separares os activos tóxicos é a de permitir que financiadores "regulares" continuem a sustentar a parte boa (incluindo o BCE). Protecção de credores tradicional não tem como funcionar num banco onde se pretende preservar os depositantes, dado que muitos dos que financiam esse banco continuamente e recorrentemente só o fazem enquanto acharem que é viável e tem uma almofada de capital para derreter.

As pessoas esperam deste processo algo que ele não é nem nunca podia ser. O mesmo esperam do BdP, algo que ele não é nem nunca poderia ser. Talvez se devessem virar mais para berrar contra a CMVM, pois essa teria maiores responsabilidades num aumento de capital por alguma razão, manhoso. Para o BdP a única coisa que interessa é os accionistas meterem mais capital para reestabelecer a almofada que absorve perdas. Quanto mais perdas o BdP esperar, mais o BdP quererá que os accionistas entrem com capital.
« Última modificação: 2014-08-10 13:13:20 por Incognitus »
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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1547 em: 2014-08-10 13:14:31 »
por favor, nao acabem com o capitalismo popular que o mercado precisa de patos 

« Última modificação: 2014-08-10 13:27:42 por Neo-Liberal »

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1548 em: 2014-08-10 13:16:13 »
Já agora inc, pelo que dizes, eu resolvi o problema de uma vez:

Todos os pequenos investidores deviam desinvestir imediatamente da Banca toda e deixar aquilo crashar. Deviamos matar já o capitalismo popular.

Depois, era retirar o dinheiro dos fundos e investimentos dos bancos, pois eles acabam por alocar também aos bancos. E pronto.

Na verdade, eu já faço isso. Banca sempre me recusei a investir, seja ela qual for e a saúde que tenha.

Alias, desde há muitos anos que tenho vindo a estar short na banca (com pequenos longos de curto prazo). O primeiro short na banca foi em 2000 no BCP.

Os investidores que não compreendem como a banca funciona, qual o papel do equity na banca, qual o papel do BdP no sistema, etc, deveriam certamente abandonar o sector.

Se alguma coisa, é mais provável a equity ir a zero na banca do que noutros sectores, não obstante ser um sector muito regulado para evitar estoiros. E não é só por ser um sector muito alavancado que isso acontece, mas também porque a equity é vista primeiramente como uma almofada para absorver perdas.
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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1549 em: 2014-08-10 13:25:02 »
Chama-se um governador responsável. Quanto PIOR a situação real, maior a responsabilidade dele para incentivar e promover um aumento de capital. Ou até para o exigir.

Tens a certeza que queres mesmo dizer "take the baite"?


O BdP dizer que a coisa é sólida e não há nada a temer é sempre na perspectiva de depositantes e não accionistas.

Lestes mesmo todas as declarações? Se leres vais ver que ele disse mais do que isso. Para além disso há que reportar também ao AC chancelado pelo BdP.

Ah... desculpa, esqueci-me, é licito, moralmente correcto e legitimo o BdP incentivar, EXIGIR e promover um aumento de capital mesmo sabendo que é apenas um isco para a morte do artista.

Já agora, eu até simpatizava com este governo, mas para mim alguém que viola um estado de DIREITO e democrático, operando, nomeadamente, um confisco. Acabou. E a mim ou a minha familia, não lhes meteram a mão nesta operação, felizmente ninguém tinha BES ou obrigações do BES há já muitos anos.
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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1550 em: 2014-08-10 13:29:28 »
Já agora inc, pelo que dizes, eu resolvi o problema de uma vez:

Todos os pequenos investidores deviam desinvestir imediatamente da Banca toda e deixar aquilo crashar. Deviamos matar já o capitalismo popular.

Depois, era retirar o dinheiro dos fundos e investimentos dos bancos, pois eles acabam por alocar também aos bancos. E pronto.

Na verdade, eu já faço isso. Banca sempre me recusei a investir, seja ela qual for e a saúde que tenha.

Alias, desde há muitos anos que tenho vindo a estar short na banca (com pequenos longos de curto prazo). O primeiro short na banca foi em 2000 no BCP.

Os investidores que não compreendem como a banca funciona, qual o papel do equity na banca, qual o papel do BdP no sistema, etc, deveriam certamente abandonar o sector.

Se alguma coisa, é mais provável a equity ir a zero na banca do que noutros sectores, não obstante ser um sector muito regulado para evitar estoiros. E não é só por ser um sector muito alavancado que isso acontece, mas também porque a equity é vista primeiramente como uma almofada para absorver perdas.


Primeiro o maior passivo do banco é o activo das famílias e das empresas (depositantes) e o activo é, grosso modo, o passivo das famílias e das empresas. O que gera aqui uma  serie de assimetrias, embora não fáceis de perceber imediatamente.

Em segundo, o capital proprio de qualquer empresa serve para 1) financiar a actividade da empresa e 2) caso chegue ai, responder pelas perdas. A banca é igual, a diferença é que na banca existe uma "obrigação" de a salvar devido ao seu papel na economia e afins, o que leva a um confisco e leva a que as pessoas digam que nessa optica tudo é legitimo, até enganar a malta para meter dinheiro num AC que até poderia ser exigido.

Para mim ser accionista de uma empresa é poder quinhoar nos resultados e na liquidação de acordo com a LEI...

Banca, para mim, já há muito estava afastada, porque não funciona normalmente, mas sim com base em decisões politicas.
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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1551 em: 2014-08-10 13:32:35 »
Chama-se um governador responsável. Quanto PIOR a situação real, maior a responsabilidade dele para incentivar e promover um aumento de capital. Ou até para o exigir.

Tens a certeza que queres mesmo dizer "take the baite"?


O BdP dizer que a coisa é sólida e não há nada a temer é sempre na perspectiva de depositantes e não accionistas.

Lestes mesmo todas as declarações? Se leres vais ver que ele disse mais do que isso. Para além disso há que reportar também ao AC chancelado pelo BdP.

Ah... desculpa, esqueci-me, é licito, moralmente correcto e legitimo o BdP incentivar, EXIGIR e promover um aumento de capital mesmo sabendo que é apenas um isco para a morte do artista.

Já agora, eu até simpatizava com este governo, mas para mim alguém que viola um estado de DIREITO e democrático, operando, nomeadamente, um confisco. Acabou. E a mim ou a minha familia, não lhes meteram a mão nesta operação, felizmente ninguém tinha BES ou obrigações do BES há já muitos anos.

Sim, é. Particularmente o EXIGIR. O ser um risco para a morte do artista é algo que ao BdP não assiste. Pelo contrário, quanto mais o BdP achar que é a morte do artista, mais tem que EXIGIR capital para arder nessa fogueira.

É da natureza da coisa.

O que ele disse ou deixou de dizer é irrelevante fora do que se dirija a manter a estabilidade do sistema e salvaguardar os depositantes. Em "manter a estabilidade do sistema" inclui-se salvaguardar a confiança de alguns CREDORES para lá dos depositantes, mas nunca existe implicação nenhuma que não seja potencialmente negativa para os accionistas.

Dito de novo - se o BdP achar que um dado banco está exposto a perdas para as quais o capital actual não é suficiente, decorre das suas funções que deve EXIGIR mais capital para suportar essas mesmas perdas.

(A CMVM é que poderia ter a responsabilidade de bloquear um tal aumento de capital por achar que os investidores não estavam a ser devidamente informados. De parte do BdP a única coisa que se poderia esperar é exigirem esse aumento de capital)
« Última modificação: 2014-08-10 13:40:07 por Incognitus »
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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1552 em: 2014-08-10 13:38:11 »
Já agora inc, pelo que dizes, eu resolvi o problema de uma vez:

Todos os pequenos investidores deviam desinvestir imediatamente da Banca toda e deixar aquilo crashar. Deviamos matar já o capitalismo popular.

Depois, era retirar o dinheiro dos fundos e investimentos dos bancos, pois eles acabam por alocar também aos bancos. E pronto.

Na verdade, eu já faço isso. Banca sempre me recusei a investir, seja ela qual for e a saúde que tenha.

Alias, desde há muitos anos que tenho vindo a estar short na banca (com pequenos longos de curto prazo). O primeiro short na banca foi em 2000 no BCP.

Os investidores que não compreendem como a banca funciona, qual o papel do equity na banca, qual o papel do BdP no sistema, etc, deveriam certamente abandonar o sector.

Se alguma coisa, é mais provável a equity ir a zero na banca do que noutros sectores, não obstante ser um sector muito regulado para evitar estoiros. E não é só por ser um sector muito alavancado que isso acontece, mas também porque a equity é vista primeiramente como uma almofada para absorver perdas.


Primeiro o maior passivo do banco é o activo das famílias e das empresas (depositantes) e o activo é, grosso modo, o passivo das famílias e das empresas. O que gera aqui uma  serie de assimetrias, embora não fáceis de perceber imediatamente.

Em segundo, o capital proprio de qualquer empresa serve para 1) financiar a actividade da empresa e 2) caso chegue ai, responder pelas perdas. A banca é igual, a diferença é que na banca existe uma "obrigação" de a salvar devido ao seu papel na economia e afins, o que leva a um confisco e leva a que as pessoas digam que nessa optica tudo é legitimo, até enganar a malta para meter dinheiro num AC que até poderia ser exigido.

Para mim ser accionista de uma empresa é poder quinhoar nos resultados e na liquidação de acordo com a LEI...

Banca, para mim, já há muito estava afastada, porque não funciona normalmente, mas sim com base em decisões politicas.

Sim, como muitas outras pessoas neste episódio estás a cometer um erro na forma em como pensas que o BdP deve ver a exigência de um AC. É exactamente ao contrário do que imaginas. Quanto maior a probabilidade de perdas, maior a probabilidade do BdP exigir mais capital (mais aumentos de capital). Aliás, no caso em apreço certamente só não exigiram mais um aumento porque não existia tempo útil.

A operação é estruturada de forma a que os accionistas possam na mesma quinhoar nos resultados e liquidação. Apenas lhe dá uma forma que permite existir uma entidade (o Novo Banco) que consegue funcionar normalmente e financiar-se normalmente no sistema monetário, coisa que não ocorreria se tudo aquilo falisse e partisse para uma protecção de credores.
« Última modificação: 2014-08-10 13:46:13 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1553 em: 2014-08-10 13:41:53 »
exacto: ao BdP cabe apenas exigir um aumento de capital, o resto eh problema da CMVM

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1554 em: 2014-08-10 13:46:49 »
Ok. Já percebi que para ti é licito e moralmente correcto o BdP ENGANAR os investidores porque quanto maior for a probabilidade de falência, maior é o dever de enganar (exigir o AC). O que é engraçado, pois só engana (exige) se a probabilidade existir, pelo que senão há probabilidade o BdP não engana (não exige).

Claro que o BdP só EXIGE (e tem de enganar) quando há um forte risco para a actividade, caso contrário não necessitava e um eventual AC seria na otica de crescimento do banco. Mas exigir um AC, não significa que tenha de enganar e promover (enganar) para que a malta meta o guito para derreter.

Citar
quanto mais o BdP achar que é a morte do artista, mais tem que EXIGIR capital para arder nessa fogueira.

Registo apenas esta tua posição. Eu respeito imenso o que dizes e 99.99% das vezes são do mais acertado possível, mas confesso que esta me choca profundamente...
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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1555 em: 2014-08-10 13:47:32 »
Inc, à CMVM apenas é possível exigir que a informação seja de qualidade.... e, dentro do que sabe, verifica-lo. Não pode impedir o AC. Já o BdP pode.
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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1556 em: 2014-08-10 14:17:59 »
Inc, à CMVM apenas é possível exigir que a informação seja de qualidade.... e, dentro do que sabe, verifica-lo. Não pode impedir o AC. Já o BdP pode.
Como é que é possível dizer que BdP podia se tal acto conflituaria e até aceleraria a situação que o BdP tem por obrigação primeira preservar a todo o custo?

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1557 em: 2014-08-10 14:25:09 »
BES: Contas dos familiares no 'bad bank' vão ser libertadas


A medida que antecedeu esta , é muito interessante , para ver até aonde vão estes bolcheviques azuis e laranjas  , isto é um aviso á navegação , para verem o que o futuro nos reserva , governados por estas  mentes .

Depois , voltam atrás , porque há elementos da família , que são pessoas honestas , que tem a suas vidas normais .

Zenith

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1558 em: 2014-08-10 14:30:22 »
O governador do BdP promoveu CORRECTAMENTE a confiança no banco. E até teve razão. E aliás, no meio disto tudo ninguém o coloca realmente em questão, pois os depositantes não estão com medo de que a sua palavra não seja verdadeira. Acontece é que a única confiança que o governador do BdP tem que promover é a dos depositantes. Para o governador do BdP, accionistas são uma almofada para absorver perdas, não um público a quem seja de promover confiança.

O BdP fez assim o seu trabalho. Fez o seu trabalho até de uma forma incomum para um país como Portugal. Se pecou por alguma coisa não foi por promover a confiança no BES, e sim por excesso de zelo ao tentar arranjar soluções para salvar arbitrariamente pessoas que podiam PENSAR que eram depositantes, não o sendo (caso do papel comercial).

Os accionistas arderam exactamente da forma como o sistema está concebido para os fazer arder protegendo os depositantes. Podem sempre ir para tribunal exigir da anterior gestão alguma compensação, mas se conseguissem algo via tribunais contra o Estado ou reguladores isto era uma verdadeira república das bananas.

(a banca é um sector especial e a solução actual é a que permite manter a actividade e proteger os depositantes. Uma liquidação normal seria impossível porque o capital é uma pequena parte do activo, e não existiria forma de financiar regularmente o restante activo num tal processo - como aliás o BCE ilustra. Os accionistas, aqui mais do que em qualquer outro sector, são uma almofada para absorver perdas. Quando o BdP recomenda ou exige um aumento de capital, não é para reestabelecer solidez ou para ser um bom investimento ou o diabo a sete - é para repor uma almofada confortável para absorver perdas)

Não me parece que seja bem assim. Se o BdP tivesse como missão proteger exclusivamente  os depositantes provavelmente chamar-se o provedor dos depositantes. A missão do BdP (que está no site) é garantir estabilidade financeira e a confiança no sistema protegendo todos os utilizadores (depositantes, comerciantes quando aceitam um cheque, investidores etc). Claro que o BdP não tem de assegurar aos investidores em ações de bancos que vão ter retorno ou sequer perdas limitadas. O que potenciais compradores de ações de bancos é que a supervisão esteja a funcionar normalmente assegurando (isso também tem a ver com CMVM) que informação disponível é completa e verídica e que medidas corretivas (se as houver) estão a ser implementadas e fiscalizadas.

Ora no caso do aumento de capital o que temos.?
Relatório do 1º trimestre:
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rácio Common Equity Tier I, calculado nos termos definidos pelo CRD IV/CRR e pelo Banco de Portugal, era de 9,8% utilizando os períodos transitórios (mínimo fixado pelo Banco de Portugal: 7%) e de 8,0% em base de aplicação total (fully implemented).
veio-se a saber mais tarde que já na altura se considerassem provisões adequadas os nºs ficariam abaixo, e também se veio a saber mais tarde que isso era precisamente uma exigencia do BdP e por isso estava a ser preparado aumento de capital. Nem CMVM nem BdP disse nada.

O anuncio do aumento de capital que sai no mesmo dia diz
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O aumento de capital permitirá ao BES reforçar a sua base de capital, por forma a potenciar a sua
vantagem competitiva na recuperação da economia portuguesa ...
criar reservas adicionais de capital para fazer
face: (a) ao novo enquadramento regulamentar conhecido como CRD IV,e (b) aos stress tests ...
O aumento de capital terá um impacto no rácio Common Equity Tier I do BES fully-loaded BIS III de +162
p.b., aumentando de 8,0% a 31 de Março de 2014 para 9,6% em termos pro-forma à mesma data

o aumento de capital foi apresentado como uma injecção necessária para cumprir critérios que ao tal BaselIII definiu que deveriam ser usados no futuro e ser alcançados de forma faseada (acho q a data final é 2019 para todos os requisitos que são muito mais exigentes que os actuais serem cumpridos).

O AC não foi apresentado como uma medida decidida a criar uma almofada porque havia o perigo de que rácios se deteriorassem e nem sequer cumprissem os mínimos atuais, mas sim numa perspectiva de planeamento futuro em que se sabe que gradualmente rácios vão ficar mais exigentes. Mais uma vez nem CMVM nem BdP tossiu ou mugiu.

O que depois se veio progressivamente a saber é que tal AC de capital não era o resultado de um planeamento a longo prazo por parte de uma administração com visão que pretende preparar o banco para enfrentar os desafios de um futuro mais exigente.
Aqui houve falha no que respeita a proporcionar informação completa e verdadeira, e responsabilidade é mais da CMVM.

Mas se passarmos por cima disso, o que se verificou a seguir (que só se veio a saber a posteriori), é que no segundo trimestre fiscalização do BDP falhou.

Quanto ao papel comercial. Também é um bom exemplo de como banco de Portugal até identifica bem os problemas e arranja solução, mas depois por desleixo ou um porreirismo que o leva a confiar demasiado nas pessoas não se assegura que medidas estão a ser cumpridas.
1) Na sua função de supervisão comportamental, BdP detecta praticas pouco recomendáveis que consiste em colocar junto de clientes de retalho (em que maior parte não tem conhecimentos adequados para compreender a natureza do produto e muito menos de ter acesso á informação) papel comercial de empresas ligadas grupo da administração e que administração do banco sabe que estão pressionadas por liquidez.
2) Tendo detectado isso, o BdP decidiu corretamente, é necessário parar a música, antes que chegue a meia noite e tudo se transforme em abóbooras.
3) O problema é que emitentes nem eram financeiros nem portugueses e BdP não tinha poderes para lhes impor nada.
4) O BdP foi então o mais alto que podia na hierarquia do GES, ou seja ao ESFG Portugal. Chegou la e disse "os vossos donos em conluio com a administração do BES andam a inundar o retalho com PC de qualidade duvidosa, isso não é aceitável, acaba-se já com brincadeira e para o que está em curso vocês ficam responsáveis e tem de constituir provisão de 700 milhões". Não foi nada imposto ao BES o BdP foi tão alto quanto podia na estrutura do GES.
5) Responsáveis da ESFG, fizeram um mea culpa com ar de arrependimento tão sincero que BdP achou que com gente dessa era desnecessário pedir cheque e para já uma penhora sobre as ações da tranquilidade que valiam 30 ou 40% da provisão seria suficiente.
6) Mal o BdP vira costas a administração da ESFG coloca 150milhões de divida na tranquilidade. A penhora que valia 30-40% da provisão passou num abrir e fechar de olhos a valer apenas 5-10%
7) ESFG pede insolvência controlada. garantia deixa de valer e BES fica com uma penhora que cobre 5-10% das necessidades.
8- Para não quebrar a confiança (é isso que BdP tem de garantir), BES assume (provavelmente por pressão do BdP) pagamento aos clientes do retalho.

Portanto aqui também o BdP fez tudo bem excepto na fase final de policiamento em que tinha de se assegurar que o que tinha sido acordado estava a ser cumprido. Exatamente o mesmo tipo de comportamento que teve na supervisão do BES.

Provavelmente o Carlos Costa é apenas o rosto visivel do BdP, mas até sinto simpatia pelo homem. Parece se aquilo que em português se designa por "um gaijo porreiro". O problema é que do outro lado não estavam gaijos porreiros e o porreirismo do BdP teve consequências que poderiam ter sido significativamente atenuadas, com uma atitude de policiamento mais incisiva.

 
« Última modificação: 2014-08-10 15:08:46 por Zenith »

gaia

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1559 em: 2014-08-10 14:35:32 »
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Foram os Bilderberges , que ditaram , e obrigaram o BCE  ,  a ter esta atitude ... ?  8)

Creio que é um procedimento autómático. A partir do momento em que DBRS classificou dívida do BES como lixo, creio que rating das 4 agencias ficou abaixo do mínimo e BCE fechou automaticamente acesso a crédito.

Isto não é automático , isto foi programado , quem controla as agências de rating ?

Isto é um ataque directo , a um banco e um  país . Por isso os  políticos , e reguladores ficam sériamente atrapalhados .

O problema que internamente , para o país isto vai custos incalculáveis , políticos , empresariais , familías , muito mais pobres .

O caso BES é o countdown , do fim do regime que conhecemos aqui em Portugal , e também da europa .