Isto deveria estar noutro tópico, mas como o straw-man da lei da greve foi lançado neste tópico (para desviar as atenções da duplicidade dos socialistas franceses - que tem uma propaganda incompativel com a prática, mas isso tem de ser ignorado para manter a propaganda intacta), segue mesmo aqui uma opinião:
O problema da actual lei da greve portuguesa não é permitir greves.
Obviamente, a greve deve ser permitida.
O problema é que é uma lei 100% dirigida para favorecer de uma das partes contra a outra.
Por exemplo:
a)
Os trabalhadores (os bons) podem fazer greve, mas os donos das empresas (os maus) não podem fazer o equivalente (que seriam lock-outs) - os meios de produção são dos seus donos, mas só até que contratem trabalhadores...
b)
Os trabalhadores que fazem greve não podem ser substituidos por outros (mesmo que haja muitos que quereriam esses empregos, nas condições oferecidas).
c)
Os trabalhadores podem fazer greves cirurgicamente dirigidas a pequenas parcelas do tempo de trabalho (sacrificando uma proporção insignificante dos salários), e com isso bloquear um turno inteiro (ou até mais).
Este ultimo ponto é o que permite aos trabalhadores portuários manter esta greve indefinidamente: Os altos salários e os periodos de greve limitados permitem quase bloquear os portos e manter os grevistas a receber rendimentos muito superiores aos da média dos trabalhadores nacionais.
De resto tem piada que por cá o esquerdismo seja tão entranhado e radical que ninguem se tenha atrevido até agora a levantar a possibilidade de ser preciso rever a lei da greve.
Qualquer um pode sentir que foi preciso grande coragem (e uma greve especialmente insidiosa e danosa) para que alguem mais bravo se tenha atrevido a aflorar esse assunto, mesmo muito ao de leve, e mesmo se os malefícios do presente regime são absolutamente óbvios...